quinta-feira, 26 de abril de 2007

Rire jaune

O ex-ministro do Interior, ex-ministro da Economia e das Finanças, o presidente do partido que reúne a maioria na Assembleia Nacional, o qual é apoiado por quase todos os ministros do governo Villepin (menos individualidades com pouco peso como o Azouz Begag), consegue obter 30% dos votos. 30% dos eleitores acham que um dos principais actores políticos dos 5 últimos anos vai conseguir resolver os problemas que a direita não conseguiu resolver até agora, tendo Chirac sido eleito com mais de 80% e os governos tendo usufruído de uma maioria absoluta na Assembleia e no Senado. Ora, em 5 anos, Chirac e Sarkozy não conseguiram lograr sucessos na agenda da direita (seja ela má ou boa, isso não é o problema aqui). A insegurança (tema principal de 2002) não desapareceu. Isso não aparece mais porque há várias manipulações dos dados policiais e que, de forma pouco misteriosa, a insegurança quase não aparece nas televisões como a TF1. O problema do endividamento não foi resolvido. A dívida aumentou. O “buraco” da Sécu não desapareceu também. O deficit continua (com a agravante de se instalar uma protecção médica pública a duas – ou mais - velocidades). Os impostos (grande promessa de Chirac e da direita em geral) não baixaram (no conjunto – impostos directos e indirectos). O desemprego também não baixou de forma substancial e aqui também há problemas de manipulações de dados. O problema das pensões também não foi resolvido. E o crescimento económico sempre é baixo, mais baixo que a maioria dos outros países ocidentais. Apesar de todos esses insucessos (tendo como ponto de partida a agenda de direita) o Sarkozy consegue ter 30% dos votos. Bravo!

PS : Para vencer o Sarkozy, parece-me que não é suficiente fazer uma crítica da sua personalidade. É preciso impor na campanha um programa de esquerda coerente e recordar o fracasso da direita de Sarkozy, político que muito se mexe mas pouco faz (com sucesso).

1 comments:

Hugo Mendes disse...

Por isso escrevi há dias que dificilmente Sarkozy vai conseguir fazer grandes mudanças; ele vai forçar rupturas que não acredito que resultem. Vai ser preciso negociar muito, e só alguém à esquerda me parece capaz de o fazer. Mas infelizmente a esquerda tem a fama - não infundada, tirando o período de Jospin - de não saber gerir o país do ponto de vista económico e de não ser capaz de o reformar. E essa fama paga-se caro, acabando as pessoas por regressar ao mito Gaullista do "homem forte". Foi primeiro Chirac, parece ser agora Sarkozy.