terça-feira, 24 de abril de 2007

Só mais um brilhante contributo

Nuno Pacheco hoje no "Público":
"Além do que já foi dito e redito sobre a mísera ideia de que há horríveis profissões inferiores e temos que ser salvos delas para abraçar as superiores que a glória universitária nos dá, existe nesta campanha outra intenção. Tipo: frequentar universidades é dar o pão a uns largos milhares de portugueses. Porque, coitadas, têm cada vez menos clientela. Só entre 1997 e 2005, as universidades portuguesas terão perdido 15 mil alunos. Terão perdido também outras coisas, como algum orgulho, eficácia, seriedade e até vergonha, mas disso a propaganda não reza. É preciso que a universidade, mesmo má, resista! Daí a tal campanha, género "tirem um diplomazinho, pelo amor de Deus". O problema é que muitos milhares tiraram o tal diplomazinho e andam por aí a fazer coisas que nada têm a ver com a almejada profissão: vender bugigangas, pizzas ao domicílio, uma temporada num call-center, outra num bar ou restaurante. Licenciados, todos eles, cumpridores da regra "sem-diploma-não-és-ninguém", todos a tentarem ser alguém apesar do diploma. Seria assim o cartaz: Asdrúbal, licenciado, vendedor de quinquilharia, a fazer o mesmo que faria se não tivesse acabado os estudos."
Mais um brilhante contributo para a discussão pública de um dos membros da actual direcção desse jornal sério que é "Público". Um dos problemas do país é ter falta de pessoas qualificadas. Muito jornalismo, aparentemente, sofre também desse síndroma. Caso contrário, seriam ditas menos asneiras, daquelas que podem ser desfeitas num par de minutos olhando para algumas estatísticas. Mas confesso que começo a ficar habituado à incríveis semelhanças de nível intelectual entre as opiniões dos membros da direcção do Público e as conversa de "taxista". São estes que passam a vida a acusar os outros - o "Governo", os "portugueses", o "país", etc. - de incompetência, preguiça, mediocridade e outros pecados com muitos séculos, não é?

2 comments:

L. Rodrigues disse...

Entretanto ao que parece, a campanha afinal não é uma má campanha:

http://www.jornalbriefing.iol.pt/noticia.php?id=800880&div_id=3496

Hugo Mendes disse...

Caro l.rodrigues, obrigado pelo texto, que não conhecia. Foi das coisas mais lúcidas que li sobre tudo isto nos últimos dias.