sexta-feira, 4 de maio de 2007

O esquecimento da ideia de Europa

Em campanha, Sarkozy fala contra a entrada da Turquia na UE: «não serei eu a explicar às crianças que as fronteiras da Europa são com o Irão e a Síria» (cito de memória). Mas sempre foram, desde os Gregos, os que criaram o nome e o ideal Europa, definindo-se em sucessivas guerras contra os Persas (hoje Irão). Já na nossa era, a meio da expansão moderna, não deixámos de enviar a nossa armada em auxílio de Veneza quando os Turcos a assediaram. A diferença: desde há 100 anos, os turcos ocidentalizaram-se, europeizaram-se, e os iranianos não. Por terem permanecido durante séculos às portas da Europa Central? Por Ataturk? Por mais motivos? Por tudo, decerto. Mas hoje é indubitável que a Turquia é uma verdadeira república, que o seu laicismo é defendido por todos os sectores sociais (de diferentes modos, claro), e que o seu governo é democrático. Na região, só Israel lhe faz companhia, nas características e na relação com a Europa (desde logo pelo local de origem do Cristianismo). A Europa (a UE) não tem de ser, nem nunca foi, uma unidade geográfica. Não deixa de ser união por a Suíça não a integrar, nem o será menos por integrar países ainda insuficientemente europeus na sua actividade quotidiana (direitos humanos, níveis de vida, etc.), como a Turquia e Israel. Mas pode perder muito de si, do que foi e do que pode ser, se se afastar desses países. E, só a terminar, isto estende-se ainda, pelo menos, à Ucrânia – se a Polónia é europeia, por que motivo a Ucrânia não será?

8 comments:

Hugo Mendes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CLeone disse...

Eu não apaguei nada aqui, se me souberem explicar o que se passa, agradeço. COmo é público, não tenho pachorra para tretas técnicas...

Hugo Mendes disse...

Isso sucede quando alguém fez um comentário e depois decidiu apagá-lo, não tem a ver com a tua inépcia :)

Daniel Melo disse...

Já que estamos em maré de instruções de bordo, sucede ainda que ficar sempre com o lastro "This post has been removed by the author" sempre que o blogger que apagou a respectiva mensagem se esqueceu de inserir um «V» no quadrado para remover para sempre (Remove forever) a mensagem que não queria publicar.
Aqui fica a dica para quem não quiser deixar lastro saber o que lhe falta afinar... ;)

Daniel Melo disse...

Já agora, quer dizer, o post merece um comentário: sou adepto ferveroso da entrada da Turquia, desde que salvaguardadas as regras democráticas (enfim, até isto está complicado, veja-se o caso da Polónia).
A Turquia deveria fazer parte de qualquer estratégia de segurança básica da Europa.
A Europa também devia incentivar a criação duma união similar no Médio Oriente, para começar juntando Israel, Palestina, Egipto e, se possível, a Síria. Seria outra bom instrumento de política de segurança, bem como de política externa e económico-social.

CLeone disse...

Apoiado, a questão é sempre gerir os timings, aqui necessariamente longos. E até acho que isto se deve estender ao magrebe

Anónimo disse...

Este argumento geografico dos limites da Europa é ridiculo e nao corresponde a realidade:
1) As "antilles" y a Guyane (ao norte do Brasil) francesas ainda estao mais longe do que a Turquia e nao as impede de fazer parte E da França E da Uniao Europeia. E nem falo das ilhas francesas no pacifico.
2) A Uniao Europeia é um IDEAL com valores universais. Se a Turquia respeitar isso, nao vejo nenhum problema acerca da sua entrada.
3)Em França, o que as pessoas dizem da Turquia (salvo o perigo do terrorismo, é claro) dizia-se de Portugal quando queria entrar na CEE. De facto, Chirac estava contra a entrada de Portugal e de Espanha. Agora mudou de opiniao mas é verdade que nunca foi um homem de convicçoes.

CLeone disse...

Prontos, estmaos todos de acordo (e contra o Sarko, que bom!).
Obrigado pelas instruções técnicas