quarta-feira, 25 de julho de 2007

Por culpa de Fidel

Je suis tombé par terre, c’est la faute à Voltaire
Le nez dans le ruisseau, c’est la faute à Rousseau
Je ne suis pas notaire, c’est la faute à Voltaire
Je suis petit oiseau, c’est la faute à Rousseau

No meio do deserto fílmico que é o Verão, há, pelo menos, um filme bastante interessante: Por culpa de Fidel de Julie Gavras. O título foi herdado de uma canção entoada por Gavroche durante as barricadas de Os miseráveis, a capacidade de filmar terá sido herdada do pai Costa-Gavras e a vivência política herdada da sua própria infância. E é exactamente neste equilíbrio «hereditário» que a realizadora nos mostra de um modo bastante sensível o choque de uma criança que vê o seu mundo burguês, (colégio de freiras, avós com vinhedos, casa com jardim), ser abalado com a adesão dos pais ao comunismo. A história passa-se nos anos 70, e a cruzada paterna centra-se no apoio a Allende no Chile e na luta contra o franquismo.
Quase vinte anos depois de Costa-Gavras nos ter colocado uma enorme interrogação e dúvida filial em O enigma da caixa de música, uma filha que descobre o passado nazi do pai e que o denuncia, Julie Gavras, embora numa situação menos dramática, devolve-nos a pergunta, desta vez de uma forma invertida, e fá-lo de um modo muito próprio e original.

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