sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A cozinha

A cozinha é um espaço em perpétua mutação. Arruma-se e desarruma-se várias vezes por dia. E é tão fácil sujar uma cozinha: qualquer reles refeição enche o lava-loiça. O fogão fica sempre numa lástima. A toalha de mesa transforma-se todos os dias numa pintura abstracta cheia de cores diversas, composta pelas mais variadas texturas, sobretudo, do lado dos pequenotes. E o chão… o chão nem vale a pena falar. Sujar não só é fácil, como dá um certo prazer. Gosto de cozinhar, é uma tarefa que não me importo realizar todos os dias. A composição de um prato acaba por ser um acto de recriação, que aprecio. Às vezes exagero na imaginação e a coisa nem sempre corre bem. Mas é esse o desafio: fazer com que os ingredientes entrelacem entre si e formem um todo harmonioso, que saiba bem.
Já limpar a cozinha é uma chatice. Os restos amontoam-se no caixote do lixo e alguns despojos teimam em agarrar-se aos tachos e, também, aos pratos, aos copos, às travessas, aos talheres…. Metade da loiça não pode ir para a máquina. Por isso, às vezes, dá mais trabalho separá-la e passá-la por água do que lavá-la e esfregá-la todinha no lava-loiça. Mas o prior de tudo é limpar o fogão. Por mais que se limpe parece que a gordura nunca sai. Não há pachorra para o fogão. Que se lixe o fogão! Em certos dias nem olhamos para ele, fica para ali a um canto à sombra da chaminé. Na verdade, em certas alturas dá mesmo vontade de fechar a porta da cozinha, trancá-la a cadeado e nunca mais voltar.

3 comments:

GG disse...

É isso, há que lançar esse grito revolucionário: "Abaixo o fogão!"

Olha, espero que esteja tudo bem por esses lados. Venho convidar-te a dar uma vista de olhos no meu novo blogue que fica em http://vanitate.blogspot.com/
Um abraço
Gabriel

Zèd disse...

Vendo pelo lado positivo Renato, quer dizer que os miúdos estão a ter um crescimento saudável, cheio de energia, como convém. Estou a falar da pintura abstracta, já o fogão... Não sei. Acho que não há volta a dar.

Iolanda Évora disse...

Se entendi que a queixa não é apenas uma metáfora, que tal forrar o dito cujo com papel de alumínio? Os supermercados já os vendem com espaços próprios para contornar ar bocas do fogão. Ou então, faz-se uma sessão de trabalhos manuais e corta-se papel de alumínio com o formato das bocas! A criançada vai adorar.