terça-feira, 11 de setembro de 2007

Gatos a sério

Caros amigos, tendo em conta que hoje (já) é quarta-feira, venho revelar-vos mais um pedacinho da minha investigação em curso. Como toda a gente sabe, as minhas pesquisas cumprem rigorosamente dois critérios essenciais: em primeiro lugar, estamos a falar de investigação fundamental, isto é, temas estruturantes que afectam o futuro da nossa sociedade; em segundo, têm como objectivo instruir os seus leitores com conhecimento útil. Útil em que sentido?, perguntam-se vocês...

Bom, mas prometido é devido. Hoje venho apresentar os resultados do meu mais recente estudo: grupos musicais com referências a felinos no seu nome.

1) Começo com aquele que é, na minha opinião, o maior músico cabo-verdiano de sempre: Orlando Pantera. Autor de um repertório fascinante de músicas (hoje popularizadas por cantoras conhecidas como Lura e Mayra Andrade), Orlando Pantera deixou-nos sem sequer ter editado um disco. Uma pancreatite aguda levou-o pouco antes de partir para Portugal e para o Brasil para entrar em estúdio.

Se não o conhecem, basta ver o documentário "Mais Alma" de Catarina Alves Costa para saber do que estou a falar.







Mayra Andrade: "Tunuca" (autoria de Orlando Pantera)


2) Quem não se lembra daquele grupo de rapazes americanos rockabilly dos anos oitenta chamados Stray Cats? Muita gente, obviamente. Eu quase que me esquecia deles, até porque nunca fui um fã acérrimo deles. No entanto, não sei porquê sempre achei piada à estética do revivalismo rock'n'roll (cujo cânone foi estabelecido por aquela fita clássica do cinema mundial, Grease, que determinou que usar calças apertadas ao ponto de parar a circulação sanguínea era cool). E também porque tenho um amigo que toca contrabaixo.



Stray Cats: "Rock this Town"


3) O mítico Gato Estevão (Cat Stevens). Compôs um tema caseiro com o título sinistro de "I Love My Dog" que o levou a assinar um contrato com a Decca Records e assim iniciar uma carreira de quarenta anos a com a guitarra acústica às costas. Mas grande, grande é o tema que o popularizou: «uuuh bebé bebé, é um mundo selvagem...»



Cat Stevens: "Wild World"


4) Mas nada se compara ao que vem a seguir. José León (ou seja, Zé Leão) é um artista latino muito, muito conhecido, nomeadamente na casa dele e arredores. Podemos dizer que é o "next big thing" da indústria musical latino-americana. Dele sabemos o seguinte: é de Puerto Rico (para não dizer puerto-riquenho, que soa bastante ridículo), vive no Bronx de Nova Iorque e aparentemente é um abstémio sexual disposto a mudar a sua condição com carácter de urgência, pelo menos a julgar pelo vídeo:



José León: "Casar Contigo"


Meus amigos, a investigação continua. The truth is out there.

4 comments:

vallera disse...

não me perguntes porquê DJ, mas tenho a impressão que a Iolanda vai apreciar este teu post!
E eu também gostei!

Ruy Blanes disse...

Estou de acordo... O José León conquista qualquer um logo à primeira...

Iolanda Évora disse...

Pois, aí vai Vallera!
E antes que o post "desapareça" da "primeira página" com uma rapidez que angustia.
Pantera e Katchás foram os grandes músicos da ilha de Santiago surgidos no pós-independência. Em tempos diferentes, ambos nos deixaram muito cedo, ainda sem ter atingido o auge das suas performances (e reconhecimento) como grandes criadores. Mas foram músicos que definiram marcos importantes na música cabo-verdiana. Katchás, do grupo Bulimundo, partiu muito antes; Pantera há bem menos tempo,e por isso seu sorriso meigo, seu jeito afável e seu profundo amor pelas coisas de Santiago e pela música continuam tão vivos. Ele era mesmo assim, do jeito que aparece no (grande) trabalho da Catarina.
Aqui fica a dica: prestem atenção ao Princesito. Ele está aí, vindo do Tarrafal, também com pintas de grande músico e compositor. E já agora, de novo, espalhando aquele sorriso meigo que lembra o Pantera.
Ainda tenho esperanças de ter umas aulas de crioulo com o JL Tavares para traduzir melhor. No último CD gravado por Nancy Vieira (Luz)encontramos uma música composta por Princesito sobre um emigrante que explica as razões de querer voltar a casa. No refrão, diz que lá, ele "não tem cor, não tem mágoa, não é "de cor". É mais ao menos isso.
Claro que outras razões continuam a prender o imigrante cá fora, e até a ajudar quem também quiser vir!
Mas isto é outra conversa.

Iolanda Évora disse...

Vallera,
Dos gatos escolhidos só "Pantera" teria alguma hipótese de se aproximar da pinta de um "gato sarado". Certo?