domingo, 23 de setembro de 2007

Viagem real seguida de diálogo imaginário

Era muito tarde. Àquela hora seria difícil arranjar condução. Para nossa surpresa, não tivemos que ligar para a central nem percorrer toda a rua à procura do ponto de táxis. Não cheguei a fazer-lhe sinal. Ele estava ali, à saída da Fábrica de Braço de Prata, com a luz verde acesa. Livre?! Parecia à nossa espera. Limitámo-nos a entrar: eu à frente, os meus companheiros atrás. O taxista olhou-nos com um sorriso afável, pegou no livro e começou a ler-nos um texto poético de António Maria Lisboa. Garanto-vos que não foi surreal. Foi, isso sim, a melhor corrida de táxi de que tenho memória. É pena ter sido apenas uma "viagem imaginária", uma performance no âmbito do Festival do Táxi.
Fiquei com imensa vontade de ir ao Arquivo Fotográfico ver as três exposições que lá estão alusivas ao tema (“Imagens de Arquivo: o Táxi na Cidade”, “Taxistas de Lisboa”, de Luís Pavão, e “Lisboa vista pelos Taxistas”) e, depois, à Cinemateca, assistir a um filme do ciclo "Chama-me um táxi".
- Chamo-te um táxi?
- Sim, chama-me um táxi poético.
- Mas isso só existe no Festival!
- Então deixa estar. Nesse caso, eu vou de metro.

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