terça-feira, 2 de outubro de 2007

A Demissão do gerúndio

Não me parece ser um facto corriqueiro as demissões no serviço público. A não ser aquelas nos chamados cargos de confiança, cujos ocupantes mudam conforme mudam os governos e os partidos que se acomodam no poder. Embora se note um esforço no sentido de estabelecer metas de produtividade, critérios de avaliação e outros instrumentos para se medir o desempenho dos servidores públicos e, nos casos justificados se proceda mesmo a demissão. No entanto, ao dar uma vista de olhos na Folha Online deparei-me com caso curioso e por que não dizer, inusitado, de demissão no serviço público.
O governador de Brasília (ou melhor, do Distrito Federal), José Roberto Arruda, baixou um decreto através do qual demite o gerúndio em todos os órgão públicos do Distrito Federal. Isso mesmo, os funcionários ficam agora proibidos de usar o gerúndio como desculpa de ineficiência. Só não percebi o motivo pelo qual o uso desta forma verbal tão quotidianamente empregada no portugês brasileiro, expressa ineficiência. Bom, as novas teorias da Gestão constituem um campo a respeito do qual não percebo nada. Eis a íntegra do decreto, segundo a Folha:

"Decreto nº 28.314, de 28 de setembro de 2007.
Demite o gerúndio do Distrito Federal, e dá outras providências.
O governador do Distrito Federal, no uso das atribuições que lhe confere o artigo100, incisos VII e XXVI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, DECRETA:
Art. 1° - Fica demitido o Gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal.Art. 2° - Fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de INEFICIÊNCIA.Art. 3° - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 28 de setembro de 2007.
119º da República e 48º de Brasília
JOSÉ ROBERTO ARRUDA"

Em tempo: O governador é aquele mesmo José Roberto Arruda que, juntamente com o falecido Toinho Malvadeza, foi alvo de processo de cassação do mandato de senador, por estar violando, ops... por estar A VIOLAR, o painel do Senado Federal.
Mais do que uma demissão por justa causa, esse parece mais um "causo" do já rico folclore político brasileiro.