segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Maus finais, piores princípios

O ano acabou mal. No dia 30 de Dezembro, em Madrid, com uma sinistra manifestação do que a Igreja Católica tem de pior e da causa que tristemente resolveu adoptar: a da defesa da família. Mote que mais não serve que julgar, condenar e excluir todos aqueles que escolham não ter uma família numerosa, que não arrastem um casamento quando ele já não faz sentido, que decidam refazer a sua vida após um divórcio, que não sejam heterosexuais, que vivam a sua sexualidade de uma forma activa antes do casamento. Ou seja, quase todos nós, fora da multidão que se reuniu na Plaza Colón e que foi abençoada por video conferência por Bento XVI. E esta será mesmo a questão que a Igreja católica tem para apresentar, pelo menos até que o Papa suba ao céu em corpo, espírito e sapatos Prada.
O ano começou pior ainda. No dia 1 de Janeiro, em Portugal, com a lei anti-tabaco. O Público de ontem ainda tentou ajudar ao oferecer um esquálido roteiro de locais com zonas de fumadores e que nos faz chegar a uma infeliz conclusão: aqueles que se movem em círculos privilegiados, que por exemplo, jantem no Gambrinus e que passem um idílico fim de semana na Quinta das Lágrimas continuarão tranquilamente a fumar, ao passo que aqueles que dependam do café de bairro e do restaurante popular, mais não têm do que o passeio para exercer o seu vício. É verdade que o cancro de pulmão dos primeiros não fará o Estado dispender um cêntimo que seja, já que será devidamente tratado no Hospital da Luz ou até mesmo em Londres, ao passo que o dos segundos custará não se sabe quanto no Hospitais Civis. Sendo assim, os segundos, ou seja, novamente, quase todos nós só continuarão a enriquecer as multinacionais farmacêuticas por passarem tanto tempo ao ar livre no Inverno, o que, também, em tudo servirá os interesses do Estado.
Maus anos, estes, para quase todos nós.

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