terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Uma ideia ingénua para o debate à esquerda (II)

Tendo em conta que:
1) As desigualdades salariais são tão gritantes que até preocupam o Presidente da República (insuspeito esquerdista).
2) É normal, e desejável, o Estado legislar aspectos importantes das relações laborais (como o horário de trabalho, salário mínimo, etc...)
Ocorre-me a pergunta: Não deveria uma das prioridades de um programa político de esquerda (particularmente do programa de governo dos partidos de esquerda no poder) a regulamentação da desigualdade salarial? Que tal uma lei do tipo "o assalariado mais bem pago de uma empresa não pode ganhar mais do que - número arbitrário - quatro vezes o ordenado do mais mal pago"?

2 comments:

Renato Carmo disse...

Curiosamente este caso do altos dirigentes das empresas públicas (e também das privadas) referido pelo PR, só se resolverá através de uma maior liberalização e não por regulamentação. O problema é que o processo de recrutamento é completamente fechado e endogâmico: para a além de serem quase sempre os mesmos nomes, estes só mudam de um cargo para o outro se isso compensar economicamente. O resultado é uma espiral inflaccionista nos salários. Ora se a contratação fosse mais democrática e aberta, haveria sem dúvida gente muito qualificada (e mais jovem) que não se importaria de fazer o mesmo mas ganhando menos, pelo menos, a níveis considerados razoáveis. Questiono-me, por exemplo, porque é que não se contratam mais gestores estrangeiros. Num contexto em que todas as profissões altamente qualificadas estão a sofrer uma forte internacionalização, como é o caso da ciência, porque é que não encontramos as mesmas tendências na alta gestão... porque será?

Zèd disse...

Eu não estava a pensar apenas nos altos dirigentes das empresas públicas, é um mero exemplo, estava a pensar de um modo mais geral de regulação das desigualdades salariais.

Mas mesmo neste caso, para se conseguir a maior liberalização do recrutamento dos altos dirigentes (que, concordo, seria muito melhor do que a situação actual), tem que ser por alteração das regras. Não se pode esperar pela boa vontade dos dirigentes e governantes. No imediato é de facto essencial acabar com essa endogamia o mais depressa possível.