segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Os rumores da locura do presidente francês foram manifestamente exagerados

Passados todos estes anos chegamos afinal à conclusão de que os rumores da loucura do presidente da república francesa, e que levaram a que o seu mandato durasse apenas alguns meses, foram afinal manifestamente exagerados. É certo que era um homem que vivia na angústia de desagradar, que era hiperactivo, que lidou mal com o facto de um presidente da república ter afinal menos poderes do que aqueles que pensava. É certo que o excesso de pressão a que um presidente da república está sujeito o conduziu a acessos coléricos e a episódios de depressivos. Viveu rodeado de guarda-costas o que o isolou do contacto com os outros, e a sua relação com o seu pai também não terá ajudado, bem pelo contrário. Esse excesso de pressão terá levado ocasionalmente à hiperexpressividade e à desintegração relativa do EU. Mas era apenas um homem apaixonado, não um homem passional. Os seus discursos inflamados denunciavam uma necessidade de seduzir, de atrair para si as atenções, e a sua inclinação teatral. Teria afinal uma vocação e sensibilidade artísticas, e falhou talvez uma carreira nas artes dramáticas. E mesmo que seja verídico o episódio em que terá descido ao jardim do seu castelo semi-nú e falado tranquilamente com o jardineiro antes de se banhar num tanque para depois não ter consciência do sucedido, mesmo que seja verdade que caiu pela borda fora do comboio presidencial em andamento a meio da noite durante o sono, muitos dos mitos que se contam a seu respeito são completamente infundados. Não é verdade (ou melhor, não há provas credíveis) que tenha sido a sua mulher quem assinou a sua carta de demissão, nem que tenha assinado documentos oficiais com a firma de Napoleão ou Vercingétorix, nem tampouco que tenha sido certa vez encontrado pelos seus colaboradores refugiado em cima de uma árvore. Não era afinal o presidente tresloucado que o folclore normalmente representa. Era apenas um homem que sucumbiu à pressão, atacado pelo excesso de fadiga, resultante de demasiado trabalho, de demasiada entrega às suas funções presidenciais.
Tudo isto e muito mais se aprende na Wikipédia, a respeito de Paul Deschanel, Presidente da República Francesa de 18 de Fevereiro a 21 de Setembro de 1920.

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