terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Tão amigos que eles eram...



É curioso, os mesmíssimos periódicos que apresentavam Sarkozy como imbatível a uma semana das eleições presidenciais, no que não foi mais do que campanha eleitoral encapotada, apresentam agora Sarkozy como a grande decepção, nem faz um ano sequer. Os media que tanto ajudaram Sarkozy a chegar a presidente, agora que ele agoniza nas sondagens não hesitam a ajudar ao enterro. Chamem-me cínico. Esta imprensa, que não é toda a imprensa, limita-se a andar atrás da opinião pública. Não têm qualquer escrúpulos em morder a mão que deu de comer (o que no caso em apreço não me incomoda minimamente, estão bem um para o outro). Faz-me lembrar uma linha que retive de um dos melhores filmes que já vi: "Os jornais não fazem a opinião pública, é a opinião pública que faz os jornais" (cito de memória, e admito que deva ser uma adaptação muito livre, mas a ideia está lá).

Por falar nisso, a obsessão actual da imprensa francesa, particularmente a de esquerda, com a queda Sarkozy nas sondagens faz-me alguma comichão. Que me importa agora se o homem está em queda nas sondagens, se ele for re-eleito daqui a quatro anos? É certo que a magnitude da queda nas sondagens, e a aparente incapacidade de gerir a imagem depois de estar no poder, são no mínimo surpreendentes para quem soube tão bem usá-las para chegar ao poder. Mas isso não justifica tanto sururu. E bem fariam os jornais se em vez de se focalizarem nas taxas de aprovação fossem à procura das razões dessa impopularidade (à cabeça das quais estará o poder de compra - "it's the economy, stupid!"

Adenda - Sarkozy continua a descer nas sondagens, e os jornalistas continuam obcecados com isso.

1 comments:

Anónimo disse...

Desde a conferencia de imprensa para desejar um feliz ano novo aos jornalistas (estavam la mais de 400
!)em que o Sarkozy ridiculizou alguns (o Joffrin do libération por exemplo)as coisas mudaram radicalmente. Na altura, houve um certo mal estar entre a corporaçao dos jornalistas, ja que nao houve uma resposta colectiva frente aos ataques do presidente à imprensa, nao houve solidariedade.

Mas desde esse dia parece que as coisas mudaram, è verdade que também houve motivos para isso.

No fundo, isto vem confirmar a famosa frase do jornalista jean-françois Kahn sobre o papel da imprensa hoje em dia :"on lèche, on lâche et on linche !" . Com o Sarkozy ja pasamos a primera fase, a segunda começou...