terça-feira, 25 de março de 2008

25 de Abril sempre (daqui a um mês e até ao big bang apocalíptico em 7,6 biliões de anos)

Sei que é cedo para falar do 25 de Abril, mas estou a preparar uma animação cóltórali (é mais uma festa: o 25 de Abril festeja-se) na universidade sobre o assunto.

E por essa razão prática pus-me a ler o livro da Maria Inácia Rezola sobre a Revolução portuguesa. É um bom livro, com a informação bem detalhada e bem apresentada. Tem-me ajudado a colar as peças da informação fragmentada que tinha na cabeça. E chego a uma conclusão, a partir desta leitura, e que é um ovo de Colombo banal. Com o seu riquíssimo encadeamento de acontecimentos, com o campo político estilhaçado, o papel dos militares e dos partidos, a irrupção da participação popular, o laboratório ideológico, a aceleração do tempo histórico, a complexidade da acção e das suas motivações, a combinação de fontes que permite, entre fontes escritas e testemunhos publicados e orais, etc, etc, etc, o período entre o 25 de Abril e o 25 de Novembro é um objecto histórico absolutamente extraordinário — e muito difícil, e por isso mesmo extraordinário. Um daqueles objectos que por si só justifica o ofício.

O texto da Inácia Rezola — como várias outras obras que ela cita — merece ser lido porque, não deixando de ter implicações políticas para o presente — outra coisa seria impossível —, está bem longe dos usos políticos da história que hoje dominam o espaço público português. Refiro-me aos prós e contras da história contemporânea tal como ela aparece hoje na TV, jornais e blogues (seja o tema o Regicídio, o Estado Novo ou o 25 de Abril).

PS: A propósito, é da minha vista ou o site da Associação 25 de Abril levou um lifting demasiado radical? Sinal dos tempos amnésico-salazaristas? Piratas cripto-spinolistas? Resolvam-me lá isso, senhores capitães de Abril, deve ser menos complicado do que conquistar os pontos nevrálgicos de Lisboa...

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