segunda-feira, 7 de julho de 2008

“Miles In The Sky”, a cobaia sonora do jazz-rock

Dando sequência aos discos que considero marcantes e que foram lançados no conturbado ano de 1968, não poderia deixar passar em branco o “Miles In The Sky”. Com a gravação deste disco, no final de 1967, Miles Davis (1926 – 1991) partia pra mais uma renovação estética ao incorporar em sua música elementos elétricos. Depois de "criar" o cool-jazz e o jazz modal, o trompetista começa a dar os seus primeiros passos em direção do rock e da fusion. E “Miles In The Sky” é a sua primeira experiência “elétrica” para o que viria a ser a sua obra-prima eletrônica: o “Bitches Brew” (1969), álbum duplo que traria efetivamente à luz o revolucionário jazz-rock, a sua fase mais criticada pelos rabugentos de plantão. Enfim, não se pode agradar a todos todo o momento.

Com quatro longas faixas (Stuff*, Paraphenalia, Black Comedy e Country Son), Miles In The Sky” teve como convidado o jovem guitarrista George Benson e outros 4 músicos de primeira linha: Herbie Hancock (piano acústico e elétrico), Wayne Shorter (sax tenor), Ron Carter (contrabaixo) e Tony Williams (bateria). Além desses músico, Miles também formou as suas futuras bandas de jazz-rock com o bateriata Jack DeJohnette, o contrabaixita Dave Holland, os tecladistas Chick Corea e Joe Zawinul, os organistas Keith Jarret e Larry Young e o guitarrista John McLaughin (o responsável por "apresentar" Jimi Hendrix - talvez o meu próximo post -a Miles) , entre outros.

(*) Nessa música, o piano e o contrabaixo acústicos foram substituídos pelos respectivos instrumentos elétricos. Por ser bem longa (mais de 17 minutos), dividi a música em 5 partes.



2 comments:

Daniel Melo disse...

Na mouche, Manolo!
É um grande disco, de facto.
Ouvi-o ainda poucas vezes, pois comprei-o recentemente.
Dos 11 que tenho do Miles, e que oiço há mais tempo, destaco ainda o «In a silent way» (1969), um disco muito subvalorizado (talvez devido ao tal «Bitches brew» do mesmo ano) mas que eu adoro e não me canso de recomendar.
Outros nessa toada melancólica são o «Ballads» e a banda sonora que fez para o comovente filme «Ascenseur pour l'échafaud», com a belíssima Jeanne Moureau.
E o «Birth of the cool» (1949), o «Kind of blue» (1959) e outro também desvalorizado, o «Tutu».
Ah, concordo contigo quando dizes que ele sabia escolher muito bem jovens músicos para tocar com ele.
Enfim, é todo um mundo, simplesmente impressionante.

Sappo disse...

Sim. sim, Daniel. Boa lembrança.

O “silent way” é fantástico. Junto com o “filles de kilimanjaro” (gravado em 1968), Miles começa a dar corpo ao jazz-rock. Concordo contigo sobre o “bitches brew” ter ofuscado outros discos dessa fase. Como se transformou num grande fenômeno de vendas para um disco de jazz (creio que vendeu mais de um milhão de cópias), ele se tornou por muito tempo a ser primeira (e única)referência do jazz-rock . O que foi um grande engano. Mas é sem dúvida uma obra de rara beleza, assim como quase toda a discografia de Miles. Coisas só possíveis aos gênios.