sexta-feira, 22 de agosto de 2008

"Eletric Ladyland", uma fantástica viagem ao mundo do wah-wah










Jimi Hendrix é considerado por muitos o maior guitarrista de todos os tempos e por alguns o deus da guitarra. Da minha parte, digo que há certo exagero em ambas as afirmações. Nem deus, nem o maior. Mesmo porque os deuses não existem. Segundo, porque é muito relativo e de certa forma perigoso afirmar que fulano é melhor guitarrista que beltrano num universo tão vasto e passional como é a música pop. Hendrix foi acima de tudo um grande observador. Com Frank Zappa aprendeu tirar todos os efeitos do pedal de wah-wah. Também se inspirou em Pete Townshend (The Who) na utilização magistral da distorção, feedback e outros recursos eletrônicos, que somados às suas raízes no blues, no soul e no R&B deu um toque inovador ao rock e influenciou muitos outros guitarristas de sua geração. E de aluno passou rapaidamente a grande mestre. Um gênio? Talvez. Mas com certeza um mago eclético das 6 cordas, dos botões e pedais, que fez a sua última viagem ainda muito cedo.

Em "Eletric Ladyland", álbum duplo que completa 40 anos este ano, Hendrix consolidou-se também como produtor e diretor. Lançado em setembro de 1968, este foi o seu terceiro disco (os anteriores foram “Are You Experienced?” e “Axis: Bold as Love”, ambos produzidos em estúdio em 1967, e o último foi “Band of Gypsys”, gravado ao vivo em 1970). Ao assumir o controle total da produção e direção dos trabalhos em estúdio, ele se livra da pressão de seus produtores anteriores, que só visavam engordar as suas contas bancárias com resultados imediatos. Tanto que as músicas foram gravadas e regravadas até a exaustão. Sem as amarras de mercado e livre pra voar, Hendrix solta toda a sua imaginação técnica e faz dos wah-wahs, microfonias e distorções uma verdadeira “brincadeira” lisérgica, capaz de nos provocar sensações de puro encanto. Se música é percepção, Hendrix é música.

Além de seu repertório fantástico, "Eletric Ladyland" causou uma grande polêmica pela ousadia de sua capa original: uma foto de belas mulheres nuas. Recusada pela gravadora, ela foi substituída por uma imagem de seu rosto. Há também quem afirme que este disco inspirou Miles Davis em “Bitches Brew”.

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