domingo, 7 de setembro de 2008

Ele há mau jornalismo que nem os Arganazes conseguem explicar

Eu sei que há jornais maus, que até costumam vender bem, e que há maus jornalistas. Mas o "Público" seria suposto ser um jornal de referência, mesmo sendo o director um tal de José Manuel Fernandes. Pura ingenuidade - a minha, claro! Esta notícia é mesmo do piorzinho que um "jornalista" (entre aspas) pode escrever. E não deixa de ser irónico que a gravidez de Rachida Dati parece estar a causar mais excitação nas redacções fora de França, do que por cá. Quem diria que eu alguma vez viria a defender Rachida Dati. A ministra de Justiça francesa não tem qualquer talento político reconhecido, nem sequer tinha actividade política (e não digo experiência política relevante, não tinha pura e simplesmente qualquer actividade política anterior, seja num partido seja em cargos políticos) antes de Sarkozy a escolher para sua porta-voz durante a campanha eleitoral no ano passado. Não me lembro de na altura o "Público" ter questionado os putativos laços pessoais entre Dati e Sarkozy. Dati tornou-se em seguida ministra, e é uma péssima ministra. Conseguiu a proeza, ainda hoje inigualada, de em apenas três meses e meio à frente do seu ministério ver não menos de sete membros do seu gabinete se demitirem. Não me recordo do "Público" ter feito disso notícia. Tal como não me lembro de ter sido referido que Rachida Dati ultrapassou todos os limites de gastos em despesas de representação em 2007, e precisou duns irisórios 100.000 euros extra (nem quero imaginar como seria se ela fosse ministra dos Negócios Estrangeiros). Nada disto é politicamente relevante, o que é politicamente relevante, pelo menos no entender da redacção do "Público" é a gravidez de Rachida Dati e os seus mistérios. O que dizer duma notícia em que Dati é apelidada logo no título de "A Sarko Babe"? E que acrescenta, ainda o título "vai ser mãe solteira" (o que tecnicamente é falso, ela já foi casada). Isto é uma informação política relevante? O inenarrável texto continua afirmando na caixa de destaque que "só falta saber quem é o pai". Who cares?. Até a imprensa cor-de-rosa francesa se impõe a si própria limites éticos à devassa da privacidade mais rigorosos do que o "Público". A cereja no topo do bolo é a reprodução de nomes de potenciais pais da criança que circulam na internet. Isto é jornalismo? Reproduzir rumores num assunto que pertence exclusivamente ao foro privado?
Rachida Dati confirmou a sua gravidez e afirmou relativamente à identidade do pai da criança "Tenho uma vida privada complicada e este é o limite que me imponho em relação à imprensa; não direi nada sobre o assunto". Dêem-me uma boa razão para não respeitar a decisão de Rachida Dati.

2 comments:

Victor disse...

Com efeito, o artigo do Publico é mau. Mas a Dati também tem alguma responsabilidade. OU é um génio politico ou um fracasso (parece que é a segunda opção). Se se tinha limitado a dizer "isso é minha privada", acho que os rumores teriam sido poucos. Mas dizer a "minha privada é complicada" é abrir a caixa de pandora. Ela tem todo o direito de ter uma vida privada mas ela devia saber que dizer isso era agudizar o interesse sobre o pai. Ou ela queria tornar-se o centro das atenções ou então devia ter pensado mais e ter dito uma coisa mais banal. Acho que é também a sua resposta que despertou o interesse do "Publico" e de outros tantos jornais.

Zèd disse...

É definitivamente a segunda opção. A senhora por vezes é um bocado desbocada, e desta vez a coisa saiu-lhe com uma formulação infeliz, provavelmente porque ela nem pensou bem no que devia dizer. Isso aguça a curiosidade, claro que aguça, eu próprio estou um pouco curioso, mas lá está, eu não sou jornalista. Um jornal que se quer de referência não pode ter fraquezas humanas dessas.
A sério, a falta de jeito para a comunicação de Rachida Dati, não devem servir de desculpa para um notícia tão má. E nem é só o conteúdo, é também a forma. E se Dati está a fazer de propósito para ter a atenção dos média os jornais estão a deixar-se manipular, o que também não é nada bom.