quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ian Tomlinson, afinal, sempre foi agredido pela polícia londrina

Foi preciso a iniciativa da imprensa para se confirmar aquilo de que já se desconfiava: o cidadão Ian Tomlinson, que morrera de ataque cardíaco durante os protestos da cimeira do G20, foi agredido pouco antes de falecer pela polícia londrina. Tomlinson não era manifestante, estava a regressar do trabalho, uma banca de jornais na City londrina, quando passou por um dispositivo policial. Um dos polícias resolve dar-lhe bastonadas, sem que se perceba o motivo, pois a vítima limitara-se a caminhar para o seu destino. Nenhum dos outros polícias esboçou uma reacção de repúdio daquela violência despropositada. Este vídeo mostra como a vida duma pessoa pode ser tão insignificante para um poder cego e desumano. Após as evidências trazidas por outrém, o governo inglês lá concedeu os mínimos, uma investigação criminal.
Depois do assassinato inqualificável do electricista brasileiro Charles de Menezes, no rescaldo do ataque terrorista de 9 de Julho de 2006, repetem-se os desmandos policiais. É caso para dizer, onde pára o outrora aplaudido bobby inglês? Esfumou-se, com a bruma?

2 comments:

Sappo disse...

Daniel, creio que a polícia britânica está perto de um ataque de nervos (deve ser o perfume do gim). Mesmo que o homem fosse um ativista, esse tipo de agressão covarde não tem justificativa. Espero que tudo não termine em pizza, como dizem em terras tupiniquins, e que os criminosos sejam punidos severamente pela justiça.

Daniel Melo disse...

O The Guardian continua a cobrir este assunto, tendo divulgado mais informação e provas que confirmam não só a agressão policial como uma conduta negligente por parte da polícia no auxílio à vítima antes de morrer (vd. texto e video em http://www.guardian.co.uk/uk/2009/apr/09/g20-video-ian-tomlinson-death).

Apesar do amontoar de provas críticas para a intervenção policial, o polícia agressor ainda não foi ouvido para o inquérito disciplinar (vd. em http://www.guardian.co.uk/uk/2009/apr/10/g20-assault-investigation).

Resta-nos aguardar que a pressão da imprensa e da opinião pública consigam levar, pelo menos, ao reconhecimento do erro trágico e à correcção de comportamentos inaceitáveis por parte das autoridades.