sábado, 28 de fevereiro de 2009

Genealogia do Pinócrates

O original (cartoon de GoRRo, IX/2006, publicado no blogue Fuga para a vitória):














.
.
.
.
A imitação (esforçaram-se, vá lá...: vd. video +completo aqui; JSD, I/2009):


.
.
A moda do Pinócrates pós-cartaz da JSD inundou os blogues, havendo alguns bem conseguidos, como os do HenricartoonEfeito Pinócrates», «Quanto mais me mentes», 6 e 10/II) e Blorir (11/II).
Mas houve outros antecedentes ao cartaz, por Major Alverca (15/IV/7) e Zé dalmeida (11/I/8), pelo menos. Mas nenhuma anterior a GoRRo, até ver...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Maconha, a salvadora da pátria?

maconha5 É isso mesmo. Afinal, crise é crise e para combatê-la todos os artifícios possíveis da imaginação se fazem necessários. E foi justamente pensando assim que um deputado estadual da Califórnia teve uma tremenda idéia luminosa, digamos assim: a legalização da maconha e a respectiva cobrança de impostos. Para ele, este seria um santo o remédio para ajudar a reduzir o forte déficit público do estado norte-americano. Até aí tudo bem. Só espero que a proposta de taxa tributária da tal commoditie, digamos assim, seja realista para não tornar o preço proibitivo ao consumidor final. De acordo com o grupo Marijuana Policy Project California, estimativas baseadas em estatísticas do governo federal indicam que a erva é o produto agrícola mais rentável da Califórnia, gerando rendimentos de cerca de US$ 14 bilhões em 2006, praticamente o dobro do valor dos produtos que estão em segundo e terceiro lugar na lista (verduras e uvas, respectivamente).

Hamas e Fatah anunciam governo de unidade nacional (e reconstrução)

palestinos_bandeiraOs grupos rivais palestinos Fatah e o Hamas anunciaram ontem que formarão um governo de unidade nacional até o final do próximo mês. Serão criados 5 comitês responsáveis por tratar temas como segurança, reconciliação nacional, eleições, além de terem a missão de formar um governo de unidade aceito pela comunidade internacional. Tanto o Fatah quanto o Hamas libertaram seus prisioneiros ontem.

Apesar da diferença entre as 2 facções vir de longo tempo, ela se acirrou em 2006, quando o Hamas venceu democraticamente as eleições parlamentares. Mas o resultado não foi aceito por boa parte da comunidade internacional (leia-se UE, EUA e Israel), que exigiu do grupo o reconhecimento do estado de Israel. Para obter o tal reconhecimento, o Hamas então aceitou a divisão do poder com a tentativa da formação de um governo de unidade nacional com o Fatah.

O acordo não deu certo e as diferenças entre eles – o Fatah é mais moderado e reconhece Israel, por exemplo – acabou culminado em violentos confrontos nas ruas de Gaza, em 2007. Resultado: depois de muitas mortes, o Hamas assumiu controle total de Gaza e o Fatah, da Cisjordânia. Se naquela altura dividiram pra governar é chegada a hora de se unirem pra reconstruir todo o estrago feito por Israel. Mais.

Adendo - O Hamas rejeitou hoje (28) o pedido da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, para que reconheça o direito de Israel a um Estado e, em troca, seja reconhecido como representante do povo palestino. "É uma intromissão inaceitável nos assuntos internos palestinos", disse à imprensa o porta-voz do Hamas em Gaza, Ismail Radwan, em resposta à solicitação da ex-primeira-dama.

Segundo a secretária de Estado, que na segunda-feira inicia uma viagem oficial à região, para ser aceito pela comunidade internacional o Hamas precisa cumprir as três condições que lhe foram impostas em 2006 pelo Quarteto de Madri (EUA, Rússia, ONU e UE): reconhecer Israel, aceitar os acordos de paz assinados e abandonar a luta armada. Radwan respondeu hoje que o "Hamas permanecerá irredutível em sua postura de não reconhecer Israel e (de não aceitar) as condições do Quarteto". Fonte (EFE)

Uma boa campanha, por uma boa causa

Vale a pena ler este texto sobre uma iniciativa louvável e bem simples da ONU:
"Arrancou esta semana em Portugal um projecto pioneiro de solidariedade. A água embalada Earth Water é o único produto no mundo com o selo do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), revertendo os seus lucros a favor do programa de ajuda de água daquela instituição.
Ao nível nacional, a Earth Water é um projecto que conta com a colaboração [... de várias entidades privadas].
Com o preço de venda ao público (PVP) de 59 cêntimos, a embalagem de Earth Water diz no rótulo que «oferece 100% dos seus lucros mundiais ao programa de ajuda de água da ACNUR», apresentando, mais abaixo, o slogan «A água que vale água».
Actualmente morrem 6 mil pessoas no mundo por dia por falta de água potável. Com 4 cêntimos, o ACNUR consegue fornecer água a um refugiado por um dia.
«Todos os dias morrem seis mil pessoas devido à falta de água potável e destas, 80% são crianças. A cada 15 segundos morre uma criança devido a uma doença relacionada com a água»".

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ativistas do Free Gaza produzem documentário

Dirigido por Alberto Arce e Miguel Llorens, Borrados del Mapa” é um documentário que narra o devastador ataque de Israel contra Gaza. Mais.





Falar de livros pela positiva, ou melhor, de livrarias, isso!

Para não dizerem que só falamos de livros em situações esquisitas, envolvendo pais contra livreiros e polícias investindo contra capas, etc. & tal, vamos falar de livros pela positiva. Isso. Nesta vertente, nada melhor que referir aqueles espaços que tratam bem os livros, tal como os craques tratam bem os esféricos dentro das quatro linhas. Referimo-nos a livrarias, mas não indiscriminadamente, não senhor. Falamos daquelas livrarias cujos responsáveis têm prazer no projecto, na leitura, em livros, autores e géneros fora do mainstream (incluindo o ensaio!!). Que se preocupam em tornar acolhedor o contacto com os livros (e, frequentemente, com objectos também comestíveis, como doces, salgadinhos, cafézinhos, etc.). E em animar a malta com iniciativas culturais (incluindo lançamentos de livros e palestras), intervenção cívica, com blogues próprios, etc.. Pois bem, como a conversa já vai longa, aqui ficam mais algumas, recentes, a aditar às que referimos em posts anteriores (I, II e III).

Começo pela Poesia incompleta, inaugurada no crepúsculo de 2009, para os lados de S. Bento, em Lisboa. É uma livraria só dedicada à poesia, pois, segundo o proprietário, Mário Guerra, a quantidade e qualidade da edição poética portuguesa e outra por cá editada justificava plenamente o desafio. Dentro do género tem de tudo, isto é, desde livros antigos a recentes. As novidades são anunciadas regularmente no blogue, o qual também se ocupa doutros temas, para além do horário peculiar, flutuante mas extenso (não há cá madraços, atenção...).

Segue-se a Gato vadio, situada no Porto e que já existe desde 2007, pelo menos. Também especializada em poesia (e em filosofia e em teatro e...), dedica especial atenção à intervenção cívica (e política!) e aos serões culturais complementares. O próximo serão, já em Março, contará com o incontornável Alberto Pimenta, acompanhado por César Figueiredo na leitura da 2.ª edição de Autobiographie mutuelles.

Por fim, e para não nos ficarmos só pelo litoral, aqui fica uma sugestão de visita à eborense Intensidez bibliocafé, ou, simplesmente, Intensidez. Esta livraria-cafetaria, que está aberta até tarde (10-2h), tem um espaço grande, onde acolhe as suas próprias publicações (sobretudo teatro, poesia e ensaio), realiza palestras, lançamentos de livros, tertúlias, concertos (para além da cafetaria, também elogiada). O blogue Intensidez actualiza toda a informação. Vem mesmo a tempo, para substituir a efémera Som das Letras, encerrada no Verão de 2006.

E pronto, aqui ficam 3 sugestões, em 3 cidades diferentes. Para a próxima, a ver se arranjo tempo para tomar o pulso às editoras, também elas importantes para a multiplicação dos livros (e como eles se multiplicam por cá...).

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O puritanismo reincide: agora foi a apreensão dum livro numa feira de Braga

O caso deu-se na segunda-feira, quando a PSP de Braga resolveu apreender 5 exemplares do livro Pornocracia, de Catherine Breillat, expostos numa Feira do Livro em Saldo, na praça central da cidade, pretextando que o livro era pornográfico e poderia causar perturbação da ordem pública. Na verdade, a acusação de pornografia ficara-se pela capa (vd. aqui ao lado), que reproduz o quadro «A origem do mundo», do francês Gustave Courbet (1819-1877), que nada tem de pornográfico, sendo antes um quadro de estética realista, mundialmente famoso e dum autor de referência na pintura universal. Bastaria ainda uma vista de olhos pelo livro para se perceber que se tratava dum livro sério e provocador, publicado há já 6 anos por uma editora com cartas dadas, a Teorema.
Não se tratou, portanto, dum caso de ignorância boçal, o que já de si seria de lamentar, como mais adiante aprofundarei.
Perante a pressão dum cidadão junto do piquete de polícia na delegação do Banco de Portugal, os 3 polícias que acorreram à feira não vislumbraram melhor do que tomar um acto atentatório da liberdade de expressão. De nada valeram os protestos do livreiro.
Só quando o caso ecoou na imprensa e blogosfera e ganhou foros de escândalo nacional, após comunicados institucionais de protesto contra este abuso da autoridade (da APEL, PCP e BE), é que a PSP local recuou.
Não sem antes ter feito um auto que enviou para o Ministério Público e não sem antes ter apresentado uma nova justificação, ainda mais incompreensível: a de que "Havia possibilidade de haver discussões e mesmo desacatos entre os livreiros e os pais das crianças". É que, segundo o comandante da PSP, subintendente Henriques Almeida, aquele livro estaria a atrair o interesse de crianças que brincavam na zona e houve pais que se mostraram incomodados com isso.
O que espanta nisto tudo é não ocorrer a pais e polícias o mais elementar bom senso, a saber, que deveriam ser os pais a afastar as crianças do local onde estava exposto o livro. Então os pais já não têm autoridade para retirarem os seus filhos menores de locais que querem evitar? Precisam de pressionar a polícia, sob a ameaça de violência física a um livreiro, alguém que vive de vender livros e que estava a trabalhar? E a polícia embarca nesta chantagem descabelada, optando pelo lado dos violentadores, para prevenir desacatos?! Olha se a estratégia vira moda, seria do bom e do bonito…
É possível que a polícia não quisesse fazer censura, mas fê-lo, e fê-lo dado o contexto sociocultural e mental que, em certas situações, leva determinados agentes públicos a adoptar instantaneamente aquele que parece ser o caminho mais lógico, mas que está longe de o ser.
Tudo isto é possível porque ainda campeia por aí muito puritanismo, intolerância e abespinhamento, que assoma ao menor pretexto. Vários casos sucederam recentemente, deles demos aqui conta. E os puritanismos andam juntos, do social ao religioso, acabando no político (relembre-se o excesso de zelo das visitas policiais a sindicatos de professores a pretexto da obtenção de informações sobre percursos de manifestações). O presente caso tem a particularidade de ser um caso de cariz aparentemente social num contexto local tido por excessivamente permeável ao ultraconservadorismo e puritanismo católicos. Isto numa cidade governada há mais de 30 anos pelo mesmo Partido Socialista e pelo mesmo edil. Tem que se lhe diga.
Numa antiga entrevista ao JN, de 2004, a autora do livro assumiu o impacto político da arte e mostrava-se quase adivinhadora:
“A arte é muito desestabilizadora para as pessoas. Acusam-nos de sermos marginais e de não interessarmos a ninguém, mas ao mesmo tempo há ódio e vontade de censura. Apercebi-me muito cedo que a arte é subversiva e é aí que se torna política. Finalmente, dava resposta a perguntas que nem sequer eram postas”.
Hum, suspeito que alguém saberia realmente o que continha aquele livro…
Ironia final: o título do livro remete para um período papal homónimo que nada tem de recomendável, enfim, para os beatos, quero eu dizer (vd. aqui).

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A boa da crise


alusivo ao tema: «entre sextas-feiras negras e terças-feiras gordas, lá segue o desfile»
cartoon de GoRRo (c) 2009

Para o Carnaval, a fantasia



cartoon de GoRRo (c) 2009

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Era uma vez o Carnaval...

...no Quebéc de 1957, num documentário de Jean Palardy, para o National Film Board of Canada. Será que as festividades públicas deste Carnaval canadiano ainda são assim tão participadas e variadas?
E viva a folia do Carnaval!!!

Si non è vero, è bene trovato


sábado, 21 de fevereiro de 2009

A Igreja católica, embora ache o casamento entre homossexuais um tema secundário face à crise, insiste e toma posição oficial

E é outra vez mau, muito mau, mesmo. Afinal, as posições individuais avançadas por alguns bispos, serviram apenas como balão de ensaio.
A posição oficial, avançada há umas horas pelo conselho permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, não se contenta em rejeitar o casamento entre homossexuais; vai bem mais longe, ao dizer que a homossexualidade "denota a existência de problemas de identidade pessoal", sendo uma "propensão" "objectivamente desordenada". Sic (vd. aqui). De par, reafirma rejeitar "todas as formas de discriminação ou marginalização das pessoas homossexuais", naquele jeito bem hipócrita que tem caracterizado a posição da Igreja portuguesa desde que o tema do casamento entre homossexuais veio para a agenda pública, enquanto bandeira justa mas oportunisticamente usada pelo PS para efeitos eleitorais (é bom relembrar que foi este mesmo partido que chumbou um projecto parlamentar específico há uns meses atrás...). É caso para dizer: com estes pastores, bem podem descansar os lobos!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ao ponto a que chegou o jornalismo governamentalizado

Advogado de tio de Sócrates põe cão a ajudar investigações
"Do advogado de Júlio Monteiro, Sá Leão, o JN recebeu o seguinte comunicado que transcrevemos na íntegra:

«Freeport Napoleão, o Bulldog francês do engº Júlio Monteiro foi encontrado, Finalmente há resultados no caso Freeport. O apelo feito na TV, no final do depoimento do Engº Júlio Monteiro, para que fosse encontrado o seu bulldog francês foi ouvido. Cerca das 23h de ontem, o cachorro voltou a casa. Nesta tristíssima cabala, divertida e ridícula, não fosse o caso de, em especial, se pretender atingir a honra do Primeiro-Ministro de Portugal e de transformar este país num lugar frequentado por corruptos, finalmente temos um resultado feliz e que se espera tenha deixado o país quase tranquilo. O bulldog francês do Engº Júlio Monteiro regressou a casa e vai, com certeza, colaborar nas investigações».

O comunicado foi enviado por fax e tem origem na sociedade de advogados NGS - Leão e Associados. O próprio advogado Sá Leão confirmou ao JN o envio do mesmo."

(Jornal de Notícias on line, 20/II/2009)

A bem da nação - carnaval de Torres Vedras censurado oficialmente





Nem Cavaco conseguiu ir tão longe, quando há uns largos anos atrás quis acabar com o feriado 'pagão', era então primeiro-ministro.
Andam por aí umas pessoas com muito falta de humor, mas cheias de moral & bons costumes... Nem o Carnaval se safa, irra!
ADENDA: entretanto, teve que vir a terreiro o Procurador-geral, para pôr cobro a este delírio (vd. «Ministério Público recua e autoriza sátira ao Magalhães no Carnaval»).

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Uns pecam pelo excesso, outros pela falta. E todos erram (atualizado).

O caso envolvendo a advogada brasileira Paula Oliveira, que afirmava ter sido vítima de um ataque racista na Suíça, não só deixou a mídia (e este que vos fala) como também o governo brasileiro em maus lençóis. A imprensa por não ter confrontado a informação com diversas fontes pertinentes ao caso, afinal este é o seu trabalho fundamental. Já o governo paga um altíssimo preço por sua falta de astúcia, precipitação e por ter acreditado cegamente na Comunicação Social do país. Apesar de o episódio ter chocado a opinião pública brasileira, caberia ao Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) ter agido com cautela antes de se pronunciar de forma categórica sobre o assunto, assim como o fez o ministro Celso Amorim e em seguida o presidente Lula. Em outras palavras, o equívoco da mídia envenenou o governo e a precipitação do governo fortaleceu o equívoco da mídia. Ambos foram vítimas cegas do sensacionalismo e populismo. Sem se dar conta, um foi o algoz do outro.

Se por um lado mídia e governo brasileiro erraram, por outro as autoridades suíças também não são isentas de culpa pelo desdobramento e pelo rumo que o fato tomou. Primeiro, por sonegar toda e qualquer informação à mídia brasileira sobre o andamento da investigação policial. Depois, por ter desrespeitado uma autoridade diplomática ao não atender a uma solicitação de informações formulada pela cônsul-geral do Brasil em Zurique, Vitória Cleaver. No início, trataram a situação com desdém, parecendo não se importar com o ocorrido e com a suposta vítima. Só depois da ameaça (ou seja, 5 dias depois) do Brasil levar o assunto à ONU é que as autoridades suíças se manifestaram. E se manifestaram com o mesmo sensacionalismo e veneno da mídia brasileira que tanto criticam agora, principalmente ao tornarem público o laudo pericial da não-gravidez da brasileira, quando por ética médica essa informação deveria ter caráter sigiloso ser entregue apenas à autoridade policial e não à mídia como foi feito, mesmo porque naquela altura nada era conclusivo e nehuma alternativa poderia ser descartada.

Em suma, se os brasileiros pecaram pelo excesso, a polícia suíça pecou pela falta de uma política séria e ágil de informação. Se bem que uma coisa não justifica a outra. Enfim, creio que todos têm de rever as suas respectivas ações e Paula Oliveira responder judicialmente pelos seus atos. Qualquer julgamento público que se faça neste momento é incorrer no mesmos erros aqui expostos. E a mídia helvética está a tomar o mesmo caminho da imprensa brasileira, comportamento que já levou o o presidente da Suíça, Hanz Rudolf Merz, pedir calma em relação ao caso, uma vez que a brasileira já foi indiciada por ter dado falso testemunho. "Não vamos mais exagerar. Existe um processo penal aberto, que trará a verdade", disse.

Bojardas vindas directamente do Paleolítico Inferior

(cardeal D. José Saraiva Martins,
Prefeito Emérito da Congregação para as Causas dos Santos,
declarações de ontem)
Nem sei bem por onde começar... mas, então, não sabe distinguir entre género e sexualidade? E os livros sagrados são para serem interpretados literalmente? Para tudo o que vem lá? Sim? Ui, ui, o que isto seria se assim fosse... tipo Paleolítico Inferior... Na melhor das hipóteses, o melhor é o sr. cardeal ir preparando a armadura, que as cruzadas estão aí ao virar da esquina (aliás, o seu discurso repega afanosamente outras bojardas recentes doutras eminências, fica para outra ocasião...).
PS: a este propósito, sugiro a leitura do post "Se um cardeal alucinado lhe falar na «família tradicional», pergunte-lhe pelo Jacó".

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Novas sobre a polémica das mudanças nos museus de Arqueologia e dos Coches

A propósito da petição de que aqui falei ontem, hoje o Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia juntou-se ao Fórum Cidadania Lisboa na contestação ao projecto oficial de trocas & baldrocas de museus na zona ocidental de Lisboa. Entretanto, a petição está a acolher o apoio de peritos e dirigentes em várias áreas do sector cultural, como a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva, o arq. Nuno Teotónio Pereira, o pres. da Associação dos Arqueólogos Portugueses, José Morais Arnaud e o dir. do próprio MNA, Luís Raposo. Todas as novidades na notícia "Amigos do Museu de Arqueologia ameaçam com «resistência cívica» e «acção popular»".

Humanidade sem raças?

Humanidade sem raças Este é o título do livro onde o geneticista Sérgio D. J. Pena desmistifica o conceito de “raças, cujos excertos destaco. "Não existem 'raças' humanas.Elas são produto da nossa imaginação cultural, um conceito empregado não só para estudar populações, mas também para criar esquemas classificatórios que parecem justificar a dominação de alguns grupos por outro”(...) “A Bíblia nos apresenta os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: Morte, Guerra, Fome e Peste. Com os conflitos na Irlanda do Norte, em Ruanda e nos Bálcãs, no fim do século passado, e após o 11 de Setembro, a invasão do Afeganistão e do Iraque e os conflitos de Darfur no início do século 21, temos de adicionar quatro novos cavaleiros: Racismo, Xenofobia, Ódio Étnico e Intolerância Religiosa.” Leia aqui a resenha e o livro poderá ser comprado aqui.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Ainda se vai a tempo de evitar um gasto deslocado, ainda por cima para mal dum sector tão carenciado como é o da cultura

O título é grande, mas serve para destacar uma recente petição, que pretende ainda evitar que o governo português faça uma obra de regime completamente desnecessária e uns esquemas de trocas e baldrocas sem tino, em vez de usar o dinheiro para acudir e relançar a rede estatal de museus.
A petição confirma-nos o nível de soberba dos governos portugueses, que insistem em tomar decisões importantes sem prévia audição dos actores institucionais e sociais ligados às áreas em apreço, sem debate público e ao arrepio de qualquer lógica racional ou estratégica para essas mesmas áreas. Tudo se resume a obras de regime, mais betão (a obsessão com o novo é já patológica), propaganda e 'iluminismo' impante, quais Pombais de hoje.
A petição é promovida pelo Fórum Cidadania Lisboa. Dada a sua relevância, e porque a questão é complexa (sim, o governo ligou o complicador e misturou alhos com bugalhos, tudo sem estudos, ou pior, contrariando estudos técnicos anteriores), transcrevo-a integralmente:
Exmos. Senhores,
Presidente da República Portuguesa, Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva
Presidente da Assembleia da Republica, Dr. Jaime Gama
Primeiro-Ministro, Eng. José Sócrates
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa

O Museu Nacional dos Coches sendo de génese monárquica foi com a República que adquiriu o carácter de organização museológica, transformando-se na instituição fundadora da museologia portuguesa, de carácter nacional e com projecção internacional.

O valor artístico do espaço (antigo Picadeiro Real), a raridade da sua colecção (considerada universalmente como a mais notável no seu género, com especial destaque para os três coches monumentais da Embaixada de D. João V ao Papa Clemente XI, construídos em Roma em 1716 e únicos no mundo, bem como o raro exemplar de coche de viagem de Filipe II, construído em Espanha – Século XVI- XVII – e um dos modelos de coche mais antigos de que há conhecimento), e o sistema desenvolvido de exposição desta última, correlacionando-a com imagens e pinturas de época, garantiram-lhe a reputação europeia sem precedentes na história dos museus portugueses e na própria evolução da museologia, através de uma orientação estratégica pioneira pautada por princípios europeus modernos, criando um ambiente de exigência e trabalho de que os próprios republicanos se orgulhavam.

O projecto entretanto surgido para a construção de um novo Museu dos Coches pretende esvaziar o actual edifício e transferir a colecção para um novo espaço a construir, onde se erguem agora as Oficinas Gerais de Material de Engenharia, que serão demolidas. Não pondo em causa a qualidade do projecto de arquitectura, estima-se, no entanto, que este projecto terá um custo actual estimado de 31,5 milhões de euros.

Considerando a actual magnitude internacional do Museu Nacional dos Coches, que é o museu mais visitado de Portugal, muito significativamente por estrangeiros a quem não será indiferente a dignidade e o ambiente do espaço actual de notável valor formal e de antiguidade. Note-se que não é por acaso que em São Petersburgo se optou recentemente pela colocação de um espólio similar no antigo picadeiro real;

Considerando que o actual edifício do Museu, por imperativos técnicos e artísticos (vide, pareceres técnicos de finais dos anos 90), está impossibilitado de acolher a Escola Portuguesa de Arte Equestre, temendo-se, portanto, caso avance o projecto de novo museu, a sua subutilização;

Considerando que o projecto do novo museu não afecta somente o Museu Nacional dos Coches, mas antes constitui um verdadeiro 'terramoto' de efeito ricochete na museologia nacional, pois implicará a obrigação de deslocar os serviços do antigo IPA (actual IGESPAR) da arqueologia subaquática, do depósito de arqueologia industrial, para a Cordoaria Nacional e, por esta via, uma eventual transferência do Museu Nacional de Arqueologia para a mesma Cordoaria, que é Monumento Nacional desde 1996 (DL 2/96, DR 56, de 06-03-1996);

Considerando que a lei obriga a que uma intervenção num Monumento Nacional, como é o caso da Cordoaria Nacional, se fundamente num projecto de conservação e restauro e permita a salvaguarda dos seus valores arquitectónicos e técnicos integrados, não permitindo que se faça uma mera adaptação como parece ser o caso, o que pré-figuraria uma atitude de vandalismo de Estado;

Considerando, portanto, que o projecto em curso se nos afigura completamente desnecessário e impede que as verbas respectivas sejam aplicadas em projectos culturais de verdadeiro interesse público urgente (ex. renovação dos outros museus nacionais sediados em Lisboa, recuperação dos MN em perigo de desclassificação pela UNESCO, qualificação da Cordoaria Nacional, como monumento técnico significativo da actividade marítima portuguesa, etc.);

Os abaixo-assinados requerem a Vossas Excelências uma intervenção rápida no sentido de travar o projecto em curso do novo museu dos coches, garantindo assim a manutenção, nos espaços actuais, do Museu Nacional dos Coches e do Museu Nacional de Arqueologia e a conservação da integridade física e técnica original da Cordoaria, enquanto monumento nacional de interesse internacional.
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Jorge Santos Silva, Fernando Jorge, Luís Marques da Silva e Renato Grazina
S.F.F, Assine e DIVULGUE:

Beth Ditto (The Gossip) é totalmente fashion. E porque não?


Como veio ao mundo (ou quase). É assim que a gordinha mais sexy da cena roqueira, Beth Ditto, sairá na capa da revista britânica "LOVE", que será lançada na próxima quinta-feira. Aliás, Beth não está nem aí pros seus quilinhos a mais e sempre arruma um jeitinho pra tirar a roupa, seja durante os shows ou em revistas: em 2007, já havia ficado nua na NME. Contrariando os padrões da moda e beleza, a vocalista do The Gossip é transgressora, feminista, lésbica, não tem vergonha de seu corpo e já foi considerada uma das personalidades mais cool do mundo pop. Mais

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

É proibido beijar na boca!

ARC_0235757.jpg

Parece piada, mas é a sério. Com a justificativa de tentar reduzir os atrasos, a estação de Warrington Bank Quay, lá em terras da rainha, colocou uma placa indicando que é proibido beijar no local. A placa foi fixada num lugar onde os motoristas acabam bloqueando o acesso à estação com seus veículos enquanto se despedem com fervorosos beijos na boca. Fala sério! Mais.

E nesta gravação, os Beatles cantam "Besame Mucho".

É chegada a hora de Hugo Chávez passar a governar a Venezuela

populismo.jpg.548.229.thumb Com 6.000.594 (54,36%) de votos a favor, contra 5.040.082 (45,63%), mais 199.041 (cerca de 2%) e 32,95% de abstenção, os venezuelanos aprovaram ontem a proposta de emenda constitucional que permitirá reeleição ilimitada pra todos os cargos executivos do país, o que permitirá a Hugo Chávez candidatar-se às eleições de 2012 para um possível terceiro mandato. "Todos votaram 'sim' pelo socialismo, pela revolução", disse ele, em um comício com fogos de artifício e pessoas carregando imagens do presidente falastrão com os dizeres "hasta siempre".

Bem, agora só espero que ele passe a governar de fato, pois nos seus 10 anos de (des)governo só fez política rasteira e inconsequente, demagogia e fanfarrices. O resultado do seu desgoverno é uma Venezuela de administração caótica, envolta numa imensa nuvem de corrupção fora de controle, numa inflação que chega perto dos 40% e numa crise profunda de abastecimento. Pra piorar, terá as suas receitas reduzidas por conta da baixa do preço do petróleo, que corresponde a 80% do PIB venezuelano. É hora de o senhor Hugo Chávez sair do palanque e fazer do Palácio Miraflores sede de Governo, não um bunker de seu personalismo e incompetência administrativa como tem feito até agora. Coño, hasta cuándo señor presidente? Até quando vai o seu desgoverno, carajo? Mais (castelhano e português). Aqui vídeo das comemorações em Caracas.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Confesionario Automatico - Vaya Semanita

sábado, 14 de fevereiro de 2009

"Quando a Lua estiver na sétima casa, e Júpiter se alinhar com Marte, então, a paz irá guiar os planetas e o amor irá além das estrelas".


Segundo muitos astrólogos, começa hoje a tão esperada Era de Aquário, tanto cultuada durante os lisérgicos anos de 1960/70. Pra eles, o período astrológico que trará a paz e o amor ao planeta Terra. Abrirá a consciências para a percepção dos espaços infinitos da verdadeira fraternidade entre todos os seres vivos do Universo, dizem. Pra quem acredita, saravá! Era de Aquarius.

Vídeo: informações sobre o filme Hair, aqui.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Marry Me

Feliz São Valentim!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A bordo do Beagle, a fantástica viagem de Charles Darwin

imagem d Clique na imagem pra viajar com Charles Darwin

Hoje se comera o bicentenário de nascimento de Charles Darwin. E o Brasil teve um papel bem importante mos fundamentos de seus estudos. A bordo do Beagle, ele esteve 2 vezes em Pindorama. Em 20 de fevereiro de 1832 esteve no arquipélago de Fernando de Noronha e, em 28 de fevereiro, baixou em São Salvador ( Bahia). Nestas ocasiões, conheceu as matas tropicais e se surpreendeu com a diversidade biológica dessas regiões. Em 29 de março, desembarcou em Abrolhos (Bahia) e em 4 de abril chegou ao Rio de Janeiro. De volta à Inglaterra, passou por Recife (Pernambuco), onde ficou até 12 de agosto.

Sexo: Feminino. Nacionalidade: Brasileira.

schafe Foram justamente estes dados do bilhete de identidade que levou a advogada brasileira a ser cruelmente torturada por um grupo de skinheads neonazistas suíços. Paula Oliveira estava grávida de 3 meses de gêmeas e terminou por perder os bebês. Depois de ser barbaramente agredida a socos e chutes por mais de 15 minutos, cortaram-lhe o corpo inteiro com estiletes a até “escreveram” em sua barriga e pernas a sigla SVP (Scheiz Volks Partei – em português, Partido Popular da Suíça). Este partido é composto por grupos de ultradireita e xenófobos e centra toda a sua campanha eleitoral em temas populistas, onde o imigrante do país é seu principal alvo de ataque. Mais detalhes e imagens desta selvageria aqui.

Imagens: Um dos cartazes de campanha eleitoral do SVP, onde uma ovelha negra é expulsa do país por outras brancas, com o texto: "Pela expulsão de estrangeiros criminosos. Criar Segurança". Infelizmente, este não é um ato isolado de xenofobia. Abaixo, um vídeo sobre a onda de xenofobia e racismo que se alastra pela Europa.

Adendo - Finalmente um jornal europeu escreve sobre o assunto: Este episódio está a gerar alguma tensão diplomática entre a Suíça e o Brasil. Ainda de acordo a agência noticiosa brasileira, o caso ganhou contornos políticos depois de a cônsul-geral do Brasil em Zurique, Vitória Clever, ter constatado que a polícia local não abriu nenhuma investigação ao sucedido nem sequer tentou identificar os autores do ataque.



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Tsvangirai será o PM de um Zimbábue de Mugabe perto do colapso total

tsvangirai226 O líder da oposição, Morgan Tsvangirai, tomou posse hoje como primeiro-ministro do Zimbábue para formar um Governo de união nacional com o facínora Robert Mugabe, que cede assim pela primeira vez à divisão do poder absoluto que exerceu durante os últimos quase 30 anos. Mugabe levou o país ao fundo do poço. Governa com punhos-de-aço, onde a repressão policial é o seu único programa de governo para conter as diversas crises. O Zimbábue está bem perto do colapso total, com o desemprego próximo dos 90 %, envolto numa hiper-inflação girando em torno dos 230 milhões por cento e com uma epidemia de cólera fora do controle político e sanitário. Mais.

E agora, José?

Israel acordou hoje sob a indefinição política. A atual chanceler e líder do Kadima, Tzipi Livni, venceu (fez 28 cadeiras), mas pode não levar. Já o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, líder do Likud, perdeu (fez 27), mas tem tudo pra compor com a ultradireita laica e religiosa e se tornar o premiê israelense. Poderá contar com 65 dos 120 mandatos do Knesset (Parlamento), enquanto um suposto bloco mais à esquerda soma no máximo 55 cadeiras, isso contando com as 11 conquistadas pelos partidos árabes, que já se manifestaram claramente que não apoiarão qualquer uma das coalizões, pois foram banidos do Parlamento com o apóio de ambas. Decisão derrubada felizmente pelo Supremo Tribunal dias depois de aprovada.

Para governar, a líder do Kadima não terá outra alternativa senão a de compor com o Likud e com os socialdemocratas do Partido Trabalhista (14), o que me parece uma missão quase impossível, uma vez que Netanyahu também quer voltar a ser premiê . Pra piorar a situação, já que merda pouca é bobagem, há uma pedra no sapato de qualquer que seja o bloco governista. E essa pedra no sapato chama-se Avigdor Lieberman, um ultranacionalista e líder do Yisrael Beitenu. Com os 15 mandatos conquistados, deverá preitear um ministério importante que lhe garanta influência decisória e visibilidade política. Ou seja, será muito difícil livrar-se dele na composição do próximo governo. Talvez impossível.

Em suma, seja qual for o próximo governante de Israel não vejo no horizonte a possibilidade de uma abertura de diálogo que dê condições políticas para a elaboração de um projeto sério e determinante que garanta a criação de um Estado palestino livre e soberano. Ao contrário. Tudo deverá ficar como está ou pior. Por isso, ao povo palestino só me resta deixar aqui excerto da poesia de Carlos Drummond de Andrade, “José?”:

E agora, José?/ A festa acabou, / a luz apagou,/o povo sumiu,/ a noite esfriou, /e agora, José ?/ você que é sem nome,/ que zomba dos outros,/ você que faz versos,/ que ama protesta,/ e agora, José ?/ Está sem mulher, está sem discurso,/ está sem carinho, / já não pode beber,/ já não pode fumar,/ cuspir já não pode,/ a noite esfriou,/ o dia não veio,/ o bonde não veio,/ o riso não veio,/ não veio a utopia...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

My name is Harvey Milk and I'm here to recruit you!

Num ano de bons filmes a concorrerem aos prémios, Óscares incluídos, e entre os vistos (e mesmo os não vistos), Milk já é o meu favorito. Milk é um filme emocionante e Gus Van Sant consegue manter esse registo durante todo o tempo o que é mesmo uma proeza difícil para herói tão improvável.
E junte-se à tensão da câmara logo desde a maravilhosa primeira cena, o desempenho de Sean Penn que nos arrasta nas suas escolhas e decisões e o filme do ano, tem, também, o actor do ano.

Documentários francês e português em Lisboa

O primeiro está presente através duma homenagem ao cineasta e etnógrafo Jean Rouch, falecido em 2004. Segundo o promotor, o Instituto Franco-Português, Rouch legou-nos "uma obra cinematográfica imensa (mais de 120 filmes!) e atípica, intuitiva e inspirada: documentário etnográfico, sociológico, «cinema directo», ficção…".
Hoje, às 19h, é a vez de Chronique d'un Été (1960, Prémio da Critica no Festival de Cannes, 1961). Eis a sinopse: "Durante o Verão, Edgar Morin, sociólogo, e Jean Rouch vão investigar a vida quotidiana de jovens parisienses para tentar perceber a concepção da felicidade. Em torno da pergunta inicial «Estás feliz?», surgem questões essenciais como a política, o desespero, a solidão. O grupo interrogado reúne-se finalmente para a primeira projecção do filme e os dois autores encontram-se perante esta experiência cruel mas plena de «cinema-verdade»".
A projecção será seguida por debate com Brice Ahounou, jornalista e programador de filmes etnográficos e Joaquim Pais de Brito, antropólogo e director do Museu Nacional de Etnologia.
O ciclo começou a semana passada e decorre durante este mês.
Quanto ao documentário português, regressa na 6.ª feira, com Panorama- 3ª Mostra do Documentário Português, novamente pela mão da apordoc, também responsável pelo DocLisboa.
No cinema S. Jorge, e até dia 22, haverá espaço para uma retrospectiva específica de 2008, 8 estreias, conversas com realizadores, uma mostra especial dedicada a António Campos e a sessão «a produção de imagens nas ciências sociais». Esta última decorrerá em torno de O compasso, de Regina Guimarães e Saguenail (19/2, 13h30), documentário que acompanha a revisitação sociológica de José Madureira Pinto à aldeia de Fonte da Arcada.

Buena Vista Social Club perde agora Orlando "Cachaíto" López

cachaito2 Morreu nesta segunda-feira, aos 76 anos, Orlando 'Cachaíto' López, baixista do Buena Vista Social Club (veja vídeo aqui), vítima de complicações após uma operação na próstata. Cachaíto era sobrinho do lendário Israel "Cachao" López (1918 – 2008), baixista, compositor e considerado um dos pais do mambo. A morte do baixista representa outra dura e triste baixa para o Buena Vista, que após o filme perdeu o pianista Rubén González em 2003, o cantor Ibrahim Ferrer em 2005 e o ritmista 'Pío' Leyva, em 2006. Mais.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Carmen Miranda, ícone pioneiro da cultura de massas

Celebram-se hoje os 100 anos do nascimento da cantora e dançarina Carmen Miranda, ícone brasileiro divulgado em todo o mundo.
De seu nome civil Maria do Carmo Miranda da Cunha, nasceu numa aldeia minhota, filha de lavadeira e barbeiro, e cresceu no Rio de Janeiro, onde foi alcunhada de Carmen pelo gosto do seu pai por óperas. Aí ganhou o gosto e, também, o talento pelo canto, enquanto trabalhava como empregada de comércio (a sua irmã Olinda foi decisiva, e o canto atraía clientes).
A sua carreira começa com convites para cantar no teatro e na rádio cariocas, em 1929. O êxito é imediato, devido à sua imagem alegre e electrizante, plena de requebros e um misto de graciosidade e malícia hipnotizante. Passa para o suporte disco, popularizando-se rapidamente, com sambas e outras canções fáceis de reter e o seu jeito simples e animado de cantar. Em 1930 grava «Taí (pra você gostar de mim)», e ascende a maior fenómeno popular no Brasil, com mais de 35 mil cópias vendidas (a média era 10 mil).
Em 1939, monsieur Broadway convida-a para uma estadia no país da cultura de massas. Aí fica ano e meio, dando mais de 2 espectáculos por dia, numa agenda carregada de manhã à noite. Aguenta com gosto, mas também com barbitúricos, de que se tornará dependente. No curto regresso ao Brasil, tem uma recepção popular, mas muitos consideram-na «americanizada». Voltará aos EUA, para uma estadia mais prolongada (1942-53), agora em Hollywood, onde participa em 13 filmes, e em variados programas da rádio, tv, teatro, casinos e clubes nocturnos.
Em 1939, interpreta no filme Banana da terra aquela que será uma das suas canções mais conhecidas, «O que é que a bahiana tem?». Em 1943, e no contexto de aliança entre EUA e Brasil contra as potências do Eixo, arrancam uma série de iniciativas culturais de aproximação, de que o filme disneyano The gang's all here é um dos ícones, com Pato Donald ao lado do seu congénere brasileiro Zé Carioca, numa animação complementada com o meddle «Aquarela do Brasil»/ «Tico tico no fubá» e a presença de Carmen Miranda, em boneco animado e ao vivo.
Em 1944, é a vez da canção preferida dos americanos, «Mamãe eu quero», em Four jills in a jeep. Em 1947, será a vez de «Tico tico no fubá», no filme Copacabana, composição de Zequinha de Abreu. No ano anterior, tornara-se na artista mais bem paga de Hollywood.
Nos EUA, contracena com alguns dos actores mais conhecidos, como Groucho Marx, Dean Martin, Jerry Lewis, em filmes musicais e afins, onde por vezes tem que vestir 'peles' equivocadas, como as de mexicana, rumbeira, etc..
Após a sua morte precoce, por ataque cardíaco fulminante (1955), a divulgação não cessa. Desde logo, no seu velório, onde compareceram 60 mil pessoas. No ano seguinte, lança-se o Museu Carmen Miranda, no Rio de Janeiro, só inaugurado em 1976. Em 1972, Elis Regina canta em sua homenagem o enredo do desfile da Escola de Samba Império Serrano, escola vencedora nessa edição. Por ocasião da presente efeméride, foi lançado um site específico, Carmen Miranda, que tem muita informação útil e organizada. Uma boa iniciativa.
Além das fontes já citadas, baseei-me ainda numa reportagem de Anabela Mota Ribeiro («Morreu com um espelho na mão, sozinha no seu quarto», Pública, 8-2), que, por sua vez, entrevista o biógrafo Ruy Castro.
Na imagem, video antológico Carmen Miranda - Brazilian Career Medley.

Israel vai às urnas sem qualquer alternativa. Todos são pela guerra.

Nem a atual crise econômica, nem o desemprego, nem a incompetência de seus políticos, nem a esquerda, o centro ou a direita. As eleições gerais de amanhã em Israel não terão qualquer motivação ideológica ou administrativa. Os israelenses vão às urnas sem qualquer alternativa de escolha sobre a questão palestina. É a guerra pela guerra.

A operação militar que quase devastou Gaza, que deixou mais de 1300 palestinos e 13 israelenses mortos, foi a única plataforma política dos líderes dos principais partidos políticos de Israel durante toda a campnha eleitoral. Tanto os governistas Kadima e Partido Trabalhista como o oposicionista Likud defenderam enfaticamente o uso da força contra o povo palestino. Aliás, já não é incomum a migração de políticos entre estas 3 forças políticas.

Independentemente das cores partidárias, os principais candidatos ao cargo de premiê basearam suas respectivas campanhas no uso da força para conter as ações do Hamas. Em momento algum se propôs um plano para a abertura de um diálogo entre as partes para a criação efetiva de um Estado palestino livre e soberano. Não. Isso parece não emocionar muito o eleitor comum. Em nome de uma suposta segurança do país, parece-me que ações militares contra paletinos inocentes têm mais apelo político.

Entre a atual ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni (Kadima) e Ehud Barak, atual ministro da Defesa e candidato pelos trabalhistas, e o oposicionista e líder do Likud, Binyamin Netanyahu, não há divergências. Não são inimigos políticos. São cúmplices na defesa da política de punição coletiva implementada pelo apartheid. Em nome da alegada luta contra o Hamas, todos defendem o covarde ato de terrorismo de Estado praticado impunemente por Israel há anos, que transformou a Faixa de Gaza num gueto, onde se vive uma dos maiores tragédias humanitária do mundo.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Kew Gardens

Em Londres, Kew Gardens comemora 250 anos. É um espaço natural fantástico, hoje enfeitado com muitas orquídeas e arranjos florais magníficos. Surpreende-me o enorme esforço de preservação, a imaginação e a criatividade que contribuem para que seja um lugar vivo e de interesse para todos. O ano passado foi salpicado de esculturas de Henry Moore, no ano anterior de esculturas de vidro maravilhosas de Chihuly. Há imensas coisas para fazer, a comida é maravilhosa, as lojas de bom gosto, as árvores centenárias e lindíssimas. Não sei se está no topo das atracções turísticas, mas recomendo... e pode-se pisar a relva!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Lily Allen - The Fear

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Um vento que sopra das Caraíbas


Talvez se tenha ouvido falar em Portugal de umas greves e manifestações aqui em França, mas duvido que se tenha falado do que se passa nas Antilhas francesas. Nem sequer na França metropolitana se tem falado. A ilha da Guadeloupe está em Greve Geral há 18 dias consecutivos, a que se juntou ontem e hoje a vizinha ilha da Martinique. Desde 20 de Janeiro que um colectivo "Liga contra a exploração" ("Liyannaj kont pwofitasyon" em crioulo antilhês) na Guadeloupe que engloba todos os principais sindicatos, partidos da oposição e inúmeras organizações da sociedade civil apela à greve. Um colectivo idêntico formou-se entretanto na Martinique. As duas ilhas juntas fazem perto de um milhão de habitantes, a que se poderá juntar ainda a Guiana francesa. A Greve é contra o custo de vida, os elevados impostos, os salários baixos, o desemprego e a pobreza. Sabemos que a insularidade tem um preço, e damo-nos conta agora que no caso das Antilhas são os antilheses que pagam o preço. Para contextualizar um pouco, o conflito começou com protestos contra o preço da gasolina. Em Dezembro depois da descida do preço do petróleo, os preço da gasolina desceram em todo o lado, excepto nas Antilhas. Houve então uma primeira Greve, que resultou numa descida dos preços, e nomeadamente a gasolina sem chumbo desceu 31 cêntimos... para ficar ao mesmo preço que na França metropolitana. SIm, a gasolina estava 30 cêntimos mais cara lá do que cá. Revelador. Nem de propósito uma reportagem do Canal+ veio por estes dias revelar a que ponto a economia das Antilhas continua nas mãos das famílias de "Békés" descendentes dos colonos brancos esclavagistas de há século e meio. Revela-nos que por exemplo essas famílias, 1% da população, detêm mais de metade das terras agrícolas e do imobiliário, e o monopólio da distribuição, o que é como quem diz que detêm a economia toda. Isto onde 90% (estimativa por baixo) da população é descendente de escravos. Por exemplo a banana da Guadeloupe e Martinique, que abastece toda a França é mais cara 40% nas Antilhas do que na metrópole. Isto faz sentido? Nessa mesma reportagem, um desses békés, Alain Huyghes-Despointes, por sinal o mais rico, diz que "Nas famílias mestiças as crianças são de cores diferentes, não há harmonia. Eu não acho isso bem. Nós quisemos preservar a raça. (« Dans les familles métissées , les enfants sont de couleur différente, il n'y a pas d' harmonie. Moi, je ne trouve pas ça bien. Nous, on a voulu préserver la race.» no original). Pode lembrar-se ainda que a França uso (para não dizer "usa") as Antilhas como reserva de mão de obra barata e pouco qualificada. Entre 1963 e 1982 existiu o BUMIDOM, que era simplesmente uma agência governamental com a missão de recrutar antilheses (e de outras colónias) para trabalhos pouco remunerados na metrópole, muitos deles na função pública. O resultado foi a deserção da população activa dessas regiões, com o consequente desastre económico. E entretanto nunca uma verdadeira política de desenvolvimento foi posta em prática.
Sarkozy ontem falou ao país, num cenário de contestação e crise, e apesar de 18 dias de Greve na Guadeloupe, e do início da Greve na Martinique, não disse uma só palavra sobre o assunto. Para resolver a crise antilhesa não fez mais do que mandatar um secretário de estado para negociar. Parece-me que o governo não está consciente da dimensão da questão. 18 dias de Greve Geral não é coisa pouca. As reivindicações independentistas ainda não se formalizaram, mas também ninguém esconde que há uma parte dos mentores dos protestos que defendem a independência. E é óbvio que esta situação está intimamente ligada à crise internacional. Acontece que por vezes estas crises têm consequências inesperadas.

P.S. - Como de costume Lilian Thuram diz o que de mais inteligente se tem dito sobre o assunto.

Adenda: A reportagem do Canal+ "Les Derniers Maîtres de la Martinique" pode ser vista na íntegra aqui.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

São Paulo dá as boas-vindas à arte contemporânea angolana

hotel_central A arte contemporânea africana passará a ter um centro de referência em Terras Brasilis. Será inaugurada amanhã em São Paulo a Soso- Arte Contemporânea Africana. Inspirada na sua homônima de Luanda, a Soso-São Paulo será aberta com a apresentação de fotografias, vídeos e instalações dos artistas angolanos Cláudia Veiga, Ihosvanny, Kiluanji e Yonamine. A exposição se estenderá até o próximo dia 21 de março, no antigo Hotel Central, na av. São João, 313 – Centro. E o melhor de tudo: é de graça. Mais.

Imagem da fachada do Hotel Central retirada daqui.

As tragédias humanitárias que o mundo faz questão de não enxergar

somalia Com o objetivo de chamar a atenção do mundo para uma das tragédias humanitárias que caiu no esquecimento, a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) está a organizar uma exposição de fotografia e audiovisuais sobre o drama do povo somali. A mostra “Somália: sobreviver ao esquecimento” poderá ser vista de hoje até o próximo dia 18 de fevereiro na Estação de Atocha, em Madri. Ao todo, serão 74 imagens do fotógrfo Pep Bonet (mais informação aqui).

Junto com a Somália, a República Democrática do Congo é um dos países que lideram a relação de países com tragédias humanitárias menos atendidas e mais esquecidas pelo resto do mundo. O relatório anual dos MSF também inclui Iraque, Sudão, Paquistão, Mianmar, Etiópia e Zimbábue. Os povos destes países (ou região) são vítimas de guerras, dos conflitos internos, de seus ditadores, dos desastres naturais, da falta de comida e água. Em suma: não têm acesso a condições mínimas de sobrevivência, onde a pobreza absoluta, a desnutrição infantil, a exposição a inúmeras doenças infecto-contagiosas e tropicais e o medo fazem dessas pessoas criaturas subumanas. E pior, tornaram-se invisíveis aos olhos do mundo.

PS:

Em São Paulo, a partir de hoje os usuários do Metrô poderão visitar, na Estação Sé, a exposição interativa "Médicos Sem Fronteiras no Mundo". O evento ambientará os visitantes com fotos, vídeos, mapas e atividades especiais na atuação desempenhada há mais de 30 anos pela organização humanitária. Mais informações aqui.

Keep Calm...

Este poster , concebido para ser lançado na véspera da Segunda Grande Guerra, não viu a luz do dia até ao ano 2000 quando foi descoberto numa caixa de livros.

Faz parte de um conjunto de posters que visava apelar às míticas qualidades dos britânicos, entre elas a coragem e o famoso stiff upper lip!

Os outros diziam Freedom is in Peril e Your Courage, Your Cheerfulness, Your Resolution Will Bring Us Victory.

Em tempos de recessão, aqui fica a mensagem intemporal dos súbditos de Sua Majestade o rei Jorge VI...

Sociedades desiguais e paradigmas em confronto

Depois dos movimentos sociais terem dado a cara no Fórum Social Mundial, que o Manolo Piriz aqui cobriu com detalhe, é a vez dos cientistas sociais se debruçarem sobre os mesmos (e outros temas) no X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Aquele que é o principal fórum dos cientistas sociais do espaço lusófono arranca hoje em Braga, prevendo-se a chegada de 2000 participantes, que apresentarão 1400 comunicações em 260 mesas de trabalho. Os trabalhos decorrerão na Universidade do Minho, e duram até sábado.

O oportuno tema desta edição é justamente «Sociedades desiguais e paradigmas em confronto» (+informações neste blogue oficial). Haverá ainda tempo para o lançamento de 23 livros e revistas, incluindo as obras As cidades na cidade: movimentos sociais urbanos (de Carlos Faria, numa adaptação da sua tese de doutoramento sobre o movimento de moradores em Setúbal), Dicionário da outra economia (de Pedro Hespanha), Escola da Ponte - formação e transformação da educação (de José Pacheco) e As vozes do mundo (de Boaventura Sousa Santos).

Na sessão inaugural falarão conhecidos cientistas sociais, como Beit Vader, Hermínio Martins, Boaventura Sousa Santos, Renato Lessa, Carlos Lopes, Fernando Oliveira Baptista, José Madureira Pinto, entre outros. Vários peões e amigos de peões aí marcarão presença, não fosse Braga uma boa cidade onde deambular. As comunicações apresentadas serão disponibilizadas em linha, com acesso livre para todos.