sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

David Copperfield kind of crap


























J. D. Salinger iria, provavelmente, detestar os seus próprios obituários. Recolhido há já vários anos, o escritor tinha-se lançado numa qualquer fuga de efeito vedeta mergulhado em literatura Zen, onde só eram admitidas jovens admiradoras.
«… knew quite a lot about the theater and plays and literature and all that sutff. If somebody knows quite a lot about those things, it takes you quite a while to find out whether they’re really stupid or not» (The catcher in the rye, cap. 15).
Mas é impossível não falar da sua grande obra The catcher in the rye. De leitura obrigatória no 12º ano (espero que ainda seja) e depois das soporíferas incursões escalabitanas de As viagens na minha terra, ou das meditações pessimistas de Menina e moça, Catcher in the rye mostrava o mundo, as «verdadeiras» angústias em deambulação nova iorquina e um herói que cada leitor daquela idade tomava quase como seu duplo.
Voltei a lê-lo mais tarde e voltou a apanhar-me, talvez já não pelas angústias, mas pelo sarcasmo de estilete com que Holden Caufield analisa cada situação e que o acaba por deixar encurralado.
Salinger também se encurralou, mas antes disso, não há dúvida que escreveu na nossa vida.

Imagens: William Holden e Jane Caulfield. Da junção dos dois nomes surge o de Holden Caulfield que detestava cinema. «If there's one thing I hate, it's the movies. Don't even mention them to me.»

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