domingo, 28 de fevereiro de 2010

Terramoto no Chile: a hora do caos

Atingiu ontem o Chile um dos 10 piores sismos da última centúria (8,8 na escala de Richter). Entre centenas de mortes, milhares de desalojados e grande prezuízo material, a desgraça só não foi maior porque o epicentro ficava distante e a grande profundidade.
Entretanto, as televisões passam imagens do 'caos' que se instalou na localidade mais atingida, Conceição, a 2.ª cidade do país, com um historial tenebroso de grandes terramotos. Pessoas a assaltar lojas e armazéns de electrodomésticos. Um repórter diz que alguém apropriar-se dum frigorífico (ou afim) é ilegítimo, é um roubo, pouco depois uma pessoa ao lado diz que o prédio onde vivia se desmoronou com a catástrofe... Noutros pontos, a própria polícia tem dificuldade em conter a horda de pessoas que procura bens para se apropriar. Tinha sido assim no Haiti, há uns meses atrás. Agora, repete-se. Como interpretar estas imagens em bruto, sem contextualização mínima?
Ainda assim, deixo-vos com uma lista dos Peores terremotos en la historia (893a.c.-2004d.c.), algumas fotos (El País) e um video. E o vosso desamparado livre-arbítrio.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Ateus, progressistas e homens monógomos são mais inteligentes.

Segundo um estudo de um grupo de investigadores da London School of Economics, indivíduos que se identificam como ateus ou progressistas tem um QI superior aos que se identificam como religiosos ou conservadores, notícia a CNN (o estudo analisa uma amostra da população americana). O mais curioso do estudo é que existe também uma correlação entre o QI e a monogamia nos homens mas não nas mulheres. Não sei o que pensar disto.
Como sempre nestes estudos de correlações pode sempre perguntar-se qual é a causa e qual é a consequência. Ser mais inteligente leva a ser-se ateu e progressista, ou ser-se ateu ou progressista torna as pessoas mais inteligentes?
Dum ponto de vista mais científico, no artigo citado um autor do tal estudo e outro especialista discorrem sobre o potencial significado evolutivo destas descobertas. O que é estranho é que assumem imediatamente que a inteligência é uma vantagem e que é hereditária. Nem uma coisa nem outra estão comprovadas, antes pelo contrário.
P.S. - As diferenças de QI, embora estatisticamente significativas, são pequeninas, mas isso não interessa nada, isto é apenas um blogue.

Um governo-sombra para debater políticas públicas

É o que pretende ser o Colóquio O que fará um governo da esquerda socialista?, que começou hoje e finda amanhã.
Nele falarão 20 convidados pela Cultra (Cooperativa Culturas do Trabalho e Socialismo), incluindo Carvalho da Silva, António Nóvoa, João Ferreira do Amaral, Fernando Oliveira Baptista, Mário Vale, Conceição Gomes e Pezarat Correia.
Nota-se a ausência dum painel para a cultura, tanto mais estranho quanto a organização cabe a uma cooperativa cultural.
Para mais informações vd. programa aqui.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

E façam o favor de serem felizes

Já está nas lojas uma antologia do Raul Solnado em 3 cd's, numa edição de luxo, noticiou o último telejornal de hoje da RTP2.
É uma boa ideia, ainda por cima com parte da receita revertendo a favor da Casa do Artista, um espaço em Lisboa que dá alojamento a artistas que o pretendam e que tem um teatro em actividade (só é pena esta fixação nas edições de luxo, como se os portugueses nadassem em dinheiro; tal como os livros de capa dura, também a música/ teatro tem o seu fetiche de maximização do lucro).
Ainda não vi o conjunto, mas deverá ter um cheirinho deste vinil que figura na imagem ao lado.
Entretanto, também os filhos de Solnado anunciaram que irão leiloar brevemente os quadros do pai, revertendo metade da receita para a criação duma escola de teatro e dum museu com o seu nome. Outra excelente ideia.

Não acabem com uma medida de interesse público só porque dá mais trabalho e atrapalha os 'esquemas' dalguns

«Confusão nos centros de saúde com consultas online»

Corruptor com muito gosto, desde que não me chamem assim

Uma história do caneco, dando jus ao dito do crime compensador: «Pedida a condenação de Ricardo Sá Fernandes».

Uma história triste e lamentável

Condenado em 2003 a 3 anos de prisão por desacato, o dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo viu a sua pena aumentada para 28 anos, morrendo entretanto por greve de fome de protesto contra as condições prisionais. Há 38 anos que não ocorria uma situação idêntica. Zapata, que era membro da organização de defesa dos direitos cívicos Directório Democrático, fora considerado um dos 65 «prisioneiros de consciência» de Cuba pela Aministia Internacional. O regime considera estes como simples «mercenários» ou «agentes» a soldo dos EUA.
Por muito que Cuba viva uma situação aviltante de embargo político-económico, nada justifica este atentado aos direitos humanos. É uma história lamentável que, ao invés do que defenderão os mais afoitos, fica mal a um país que, justamente, se diz vítima dum embargo injustificável e atentatório dos direitos humanos também ele. A uma mais larga escala, certo, mas princípios são princípios, direitos são direitos.
Por arrasto, também não ficou bem na fotografia o premiê brasileiro Lula da Silva, por omissão, embora tenha sido o único dirigente político a lamentar o caso, até recentemente.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A parte humana no adensar da catástofre madeirense

Para que não se repita o pior, a solidariedade com o povo madeirense passa também por solucionar um assunto difícil, incómodo, aparentemente lateral, que é o da responsabilidade humana no reforço da catástofre madeirense. Já tinha deixado alguma informação neste post. Agora aproveito para listar outros textos com informação relevante, incluindo um premonitório alerta com 25 anos:

1) «O que se dizia antes da tragédia» (reportagem da RTP-Madeira de 13/I/2010)

2) «Oxalá que nunca se diga que sou profeta» (texto do eng.º silvicultor madeirense Cecílio Gomes da Silva, Diário de Notícias da Madeira, 13/I/1985)

3) «Não é canalhice nenhuma» (opinião de Daniel Oliveira sobre insultos do presidente regional madeirense a quem alertou para o problema do planeamento urbanístico ligado às 3 ribeiras que passam pelo Funchal)

4) «É um erro reconstruir onde a enxurrada levou, diz especialista» (alerta do prof. catedrático Lusitano dos Santos, perito em planeamento e ordenamento do território, Público, 24/II/2010)

5) «Quercus diz que bom ordenamento do território teria evitado tantas mortes» (Público, 22/II/2010)

6) «Ex-vereador do Ambiente do Funchal afirma que a tragédia “era expectável”» (Público, 21/II/2010)

7) «"Mau planeamento urbanístico" aumentou consequências» (posição da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil, Público, 21/II/2010)

ADENDA: «Está lá tudo», por Rui Tavares (Público, 1/III/2010)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ai que confusão vai nessas cabeças...

Até custa dizê-lo, de tão óbvio, mas aqui vai: sexo oral não é sinónimo de escravidão, e muito menos de escravidão pelo tabaco!!!
A quem achar estranho esta alusão faça favor de ir ver esta campanha francesa alegadamente pró-não fumadores (mais informações aqui).
Nós, que não perdemos uma campanha, aqui lavramos o nosso protesto, essencialmente por razões lógicas... e estéticas (o kitsch já era, meus amigoze).

Ouvi dizer que anda por aí um blogue à maneira...

Após uma singular experiência colectiva no saudoso site humorístico Satiricon, o cartoonista Vasco de Castro lança-se em nova aventura na internet, desta feita ao lado do seu filho João Vasco, no blogue Satiracão, com o sugestivo subtítulo «Não tenho nada com isso... ouvi dizer!».
Fundado em Outubro de 2009, este blogue deambula no espaço público de modo ainda semi-clandestino, digo eu de que... Mas o boca-a-boca (neste caso, virtual) vai funcionando e cá estamos nós a dar a boa-nova!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Artistas com protecção à vista

[«dá» é um exagero jornalístico, trata-se dum projecto de lei, num parlamento onde o propositor não tem maioria absoluta; ainda assim, é de louvar]

Mudar de vida

Duas notícias recentes são indícios claros do esgotamento do modelo neoliberal na política económica. São mais 2 argumentos de peso para contrariar os interesses instalados que apenas buscam manter os seus privilégios e adiar as medidas de ruptura mais consistentes...
O primeiro respeita à rejeição, por parte de dirigentes do FMI, dalgumas das falácias que suportavam o neoliberalismo económico. Em estudo com chancela daquele Fundo, o seu economista-chefe Olivier Blanchard e outros dois analistas passaram a defender uma inflação mais alta (p.e., 4%, em vez dos 2% impostos pelo Banco Central Europeu); um controle sobre os fluxos de capital nos países em desenvolvimento; e o questionamento sobre a validade da redução de défices públicos num quadro de crise. Esta posição vem acentuar a orientação recentemente adoptada pelo FMI de pedir total prioridade para políticas públicas de fomento do emprego (vd. desenvolvimentos aqui).
O segundo indício é a opinião de George Soros sobre as graves limitações de política económica da zona euro. Em artigo publicado ontem no Financial TimesEuro will face bigger tests than Greece»), o capitalista e filantropo norte-americano afirma que a crise grega evidenciou as falhas do actual modelo de união económica e monetária da UE, sem mecanismos institucionais concertados (como políticas económica e orçamental comuns) para responder a crises. Para obviar a isso, sugere a consagração dum mercado de dívida europeu e a vigilância intrusiva. Mas as actuais decisões não vão nesse sentido, apesar de haver o risco de novas crises e da derrocada do euro (vd. desenvolvimentos aqui)...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Depois do cataclismo na Madeira

«À procura da normalidade, Madeira teme mais vítimas». Entretanto, alarga-se a solidariedade para com o povo madeirense (vd. aqui e aqui). Foi o maior cataclismo natural em 100 anos na região, em parte por culpa do mau planeamento urbanístico: sobre isso, o debate em curso já avançou com soluções sustentátveis, para evitar que o pior se repita. Mas essas soluções implicam o corte com o modelo de desenvolvimento que tem sido seguido. Seja qual for a decisão, já não dá para dizer depois que não se sabia que havia soluções alternativas.

Por ora, c. de 30 mil crianças não poderão ir à escola nos próximos tempos. O governo português decretou 3 dias de luto nacional. Informação actualizada aqui. Mais imagens do temporal aqui e no espaço donde foi retirado este video.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um candidato para o futuro

Com o discurso de hoje, Fernando Nobre é o 3.º candidato presidencial independente que se afirma como representando a sociedade civil nestes 36 anos de liberdade reconquistada em Portugal. Os anteriores tinham sido Otelo Saraiva de Carvalho e Maria de Lurdes Pintasilgo*.
Embora Manuel Alegre não tenha este perfil, pois é militante co-fundador do PS, ele assumiu-se desde 2006 como um candidato da cidadania e pró-democracia participativa. Além disso, tem outros pontos a favor: 1) fez um acompanhamento crítico da governação desde então; 2) foi um defensor da intenção mais democrática do texto constitucional enquanto deputado (ainda que pouco activo fora disso); 3) lançou um movimento cívico (o MIC), no qual apresentou propostas de convergência para uma esquerda solidária e pró-activa e análises críticas de políticas públicas (basta ver a revista de opinião socialista Ops! ou manifestos sectoriais como este); 4) colaborou em plataformas de convergência unitária à esquerda.
Ora, nada disto consta do cv de Fernando Nobre, além de ser monárquico assumido... Todavia, a sua actividade filantrópica, enquanto presidente e co-fundador da ong AMI (Assistência Médica Internacional) tornou-o conhecido e um dos principais activistas da sociedade civil organizada. Isso confere-lhe a dimensão de alguém empenhado e com experiência na resolução de problemas da sociedade, com uma visão humanista da vida, apartidário mas que assume valores, princípios e compromissos solidários e cívicos (outros prós e contras de ambos os candidatos podem ser lidos aqui).
Em suma, a sua não é uma canditatura viável para 2011 mas pode ser-lhe útil que entre já, por permitir-lhe granjear experiência e espessura política para uma opção mais séria em 2016. Apesar de ser um candidato que os soaristas procuravam para ajustar contas com Alegre, e de poder retirar votos essenciais a Alegre para uma vitória eleitoral, seja na 1.ª ou na 2.ª voltas. Enquanto manobra de diversão do sector soarista acaba por encerrar um parodoxo irónico: é um indício mais do esgotamento duma certa forma de fazer política, monopolizada pelos directórios partidários, em circuito fechado, auto-centrado e de conflitualidade amiúde narcísica e vazia.
*Manuela Magno em 2006 viu anulada a sua candidatura por razões formais, pelo que não conta.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Parabéns pra você...


nesta data querida/ muitas felicidades/muitos anos de vida...

Pixinguinha morreu vítima de um enfarto, em 17 de fevereiro de 1973. E com ele se foi parte da alma musical brasileira. Nascido Alfredo da Rocha Vianna Jr., em 23 de abril de 1897, Pixinguinha é que se pode chamar de o genial criador da música brasileira.

Ele não era “só” um virtuoso da flauta. Era um compositor de rara genialidade, maestro e um arranjador como poucos no universo musical tupiniquim (e desse mundão de meu Deus). Arrajou os principais sucessos da então chamada época de ouro da música popular brasileira, orquestrando de marchas de carnaval a choros.Era um estudioso sempre à procura de novos elementos que dessem à musica brasileira uma linguagem própria e diferenciada.

Criou o que hoje são as bases da música brasileira. Foi inovador ao fundir a então incipiente música popular brasileira aos ritmos africanos, à música negra americana e europeia. Foi de suas entranhas que nasceu a genuína música brasileira.

Só lamento seu esquecimento pelos brazucas. Foi assim no seu centenário de vida e é agora. A tal Beyoncé até hoje ocupa vasto espaço em toda a mídia tupiniquim, que não se cansa de papagaiar os seus “atributos” de cantora depois de ter abocanhado 6 Grammys. De Pixinguinha nem uma linha, nem uma palavra, nem um imagem, nem uma nota musical sequer. Aos olhos do brasileiro ele nunca existiu.

Sarava!, Pixinguinha.



domingo, 14 de fevereiro de 2010

Ser velho é tão confuso como ser novo

Ainda no outro dia estive a parodiar um filme de Hollywood. Pois bem, hoje é a vez de fazer o elogio dum deles, mas dum realizador doutro gabarito, Francis Ford Coppola. O filme em apreço é Peggy Sue casou-se, e 'é' um filme de ficção científica que pouco parece ter a ver com este género. Uma viagem no tempo em ambiente de comédia romântica. Aparentemente acaba em bem, isto é, happy end familiar (ou quase), mas o que tem mais interesse é justamente a novidade do argumento, os volte-faces, a fantasia, a subversão, a fuga à rotina, à previsibilidade e ao estereótipo...

Antes que seja tarde...

Aqui está uma boa nova - simples, eficiente e útil, sobretudo para quem perder o envelhecido e gordurento pedaço de papel; enfim, para todos nós, a partir do momento em que existir para todos e deixar de ser apenas anúncio de propaganda: «Boletim de saúde electrónico vai estar on-line ainda este ano».

A cábula pós-moderna

Bem-vindo ao mundo da cábula reciclada: «Dicas: Templates/Modelos PowerPoint gratuitos - templateswise; presentationmagazine» [templateswise e presentationmagazine]. E mais não digo, é experimentar.

O submundo de que se alimenta a xenofobia

«Revolta de imigrantes deixa Milão em clima de guerrilha»

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Mr. Happy

A deliciosa série de livros infantis Mr. Men de Roger Hargreaves está quase a fazer 40 anos!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Arroz de polvo malandrinho

É a 1.ª vez que tal ocorre em Portugal desde 1974: uma providência cautelar tentou proibir a saída dum jornal generalista, o Sol. A providência foi interposta pelo administrador da PT Rui Pedro Soares, o boy de Sócrates na telefónica portuguesa, e visava travar a divulgação de novas escutas que o envolviam num plano para domesticar certos media nacionais (sobre o assunto vd. este post anterior). O jornal não acatou a ordem, aliás, o oficial de justiça e a advogada não conseguiram notificar nenhum dos dirigentes daquele semanário. Por isso, a edição do Sol sairá amanhã, com a elucidativa manchete "O Polvo". Sic.
O presidente do Observatório da Imprensa, Joaquim Vieira, reafirmou hoje ao Diário da Tarde da TVI24 aquilo que já dissera quando era provedor do jornal Público: em situações em que está em causa a liberdade de informação e o interesse público, o jornalista tem o direito e o dever de desobediência civil. Porque o que as escutas revelam não são assuntos privados, mas sim conversações de homens exercendo funções públicas sobre assuntos públicos de relevante interesse público.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Mais vale prevenir que remediar

Dada a relevância da lei 24/2007, sobre acidentes em auto-estradas portuguesas, transcrevo esta mensagem que mão amiga me enviou:

NÃO SABER ESTE PROCEDIMENTO PODERÁ CUSTAR-LHE CENTENAS OU MILHARES DE EUROS 

CONHEÇAM BEM ESTA MATÉRIA 

Lei 24/2007: Acidentes em auto-estrada

Como sabem, para quem anda nas auto-estradas, às vezes aparecem objectos estranhos nas mesmas, como peças largadas por outros veículos, objectos de cargas que se soltam e até animais... coisas que não deveriam acontecer porque as concessionárias são responsáveis pela manutenção. Estas situações provocam acidentes e danos nos nossos veículos, contudo se isto vos acontecer (espero que não) exijam a presença da brigada de trânsito. 
Os meninos das auto-estradas vão dizer que não é preciso porque eles tratam de tudo*... no entanto, e conforme a Lei 24/2007, a qual define os direito dos utentes nas vias rodoviárias classificadas como auto-estradas concessionadas... (tendo em atenção o artº 12º nº 1 e 2), vocês só podem reclamar o pagamento dos danos à concessionária se houver participação das autoridades! É uma técnica que as concessionárias estão a utilizar para se livrarem de pagar os danos causados nos veículos.
Por isso, se tiverem algum percalço por culpa da concessionária, EXIJAM A PRESENÇA DA AUTORIDADE, não se deixem ir na conversa dos senhores da assistência os quais foram instruídos para dizer 'agora somos nós que tratamos disso e não é preciso a autoridade'.
Façam circular este mail, pois já nos chega pagar valores absurdos pelas portagens quanto mais sermos enganados desta maneira!

Boas viagens!
*Isto é pura mentira! Se não chamarem as autoridades, eles não são obrigados a pagar os danos e este é o objectivo deles!

Primaveras e buracos na estrada


O frio deste Inverno deixou as ruas esburacadas o que é mau para as bicicletas. O site Fill that Hole permite registar os buracos que por aí vão aparecendo para acelerar a resolução do problema. Mas um ciclista em Oxford decidiu ir mais longe e assinalá-los plantando bonitas primaveras ou prímulas. A ideia integra-se num projecto chamado "Subvert the familiar" e é fantástica!

Tchau Hermínia d'Antónia de Sal

Uma das maiores intérpretes da música cabo-verdiana se cala. Faleceu no último domingo na ilha do Sal, aos 65 anos, a cantora Hermínia d'Antónia de Sal, vítima de doença prolongada. Hermínia da Cruz Fortes, seu nome verdadeiro, nasceu na ilha de São Vicente e era prima da diva Cesária Évora.


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Quando a corda se rompe

Em Portugal, o poder grudou-se na hiperpersonalização da sua oferta, à imagem do que ocorre noutras democracias representativas. O premiê tornou-se assim uma figura ainda mais influente, com mais poder, para o bem e para o mal, e em prejuízo do parlamento e da negociação.
No caso de Sócrates, o seu pragmatismo, a sua desenvoltura e instinto são bem um espelho dum certo modo de estar na acção pública, marcada pela excessiva mistura entre poderes político, económico, mediático e fáctico. Uma das facetas mais nefastas dessa promiscuidade tem sido a instrumentalização do Estado e do sector empresarial estatal (ou das empresas onde detém golden-share) para benefício do grupo político-partidário no poder.
Isso mesmo veio à baila com a recente divulgação de despacho dum juiz à margem do caso «Face oculta», o qual denuncia a existência duma conspiração para afastar chefias e jornalistas incómodos de certos media (TVI e Público, e, se necessário, também Correio da Manhã). Esse despacho foi tido superiormente como sem suficiente suporte probatório, daí ter sido afastada a abertura dum inquérito judicial.
A divulgação do mesmo e de escutas entre dirigentes de confiança do premiê envolvidos neste esquema manipulador foi tido como invasivo da privacidade e ilegal pelo próprio. Ademais, Sócrates mantém que nada tem a ver com essa tramóia. Porém, a maioria expressiva das opiniões nos media e blogosfera tem sido no sentido da prevalência do direito de liberdade de imprensa e do alto interesse público na revelação desta informação. Além disso, mesmo que Sócrates não saiba, este grave esquema foi levado a cabo por homens de sua confiança. A oposição não vai largar este caso, parte da opinião pública prepara uma manif, para esta 5.ª feira.
Este é mais um caso a juntar aos restantes em que Sócrates revelou arrogância, prepotência e/ou abuso de poder. Só que este vai mais longe e condensa muito do que está para trás sobre a vontade de controlo e perpetuação do poder a todo o custo. Daí a sensação de cansaço, de rarefeção da confiança e de ponto de não retorno que parece ter irrompido na sociedade portuguesa.
Voltamos então ao início: falta reforçar o debate público sobre como queremos que o poder funcione, sobre a necessidade de lhe dar mais qualidade, transparência e supervisão, de despartidarizar o Estado, de separar o económico do político, e duma maior participação e envolvimento dos cidadãos, grupos independentes e sociedade civil organizada.
Nb: cartoon «Apprehensão», de Rafael Bordalo Pinheiro (in A Paródia, 1902).

Música pelo Haiti

Foi lançada no último domingo a versão da música “Everybody Hurts”, do R.E.M, gravada para arrecadar fundos para o Haiti. A canção pode ser comprada pela Internet (aqui). A versão em CD está disponível desde ontem.

Entre os artistas que participam do projeto estão Leona Lewis, Rod Stewart, Susan Boyle, Miley Cyrus, Kylie Minogue, Jon Bon Jovi, Mariah Carey, James Blunt e Mika. O vídeo mistura imagens da gravação em Los Angeles com cenas da devastação provocada pelo terremoto no dia 12 de janeiro no Haiti.


A Itália de Berlusconi: cidadãos de 1.ª (ele próprio), 2.ª (os italianos «à antiga») e 3.ª (os «imigrantes«)

O maior descaramento é que quem propõe esta espécie de soft-apartheid que dá pontos a quem conhecer a Constituição italiana é um italiano que foge à mesma Constituição para não ser julgado (e por aí fora).

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Empreendedorismo social em alta

Desta boa tendência nos dá conta a reportagem «Há cada vez mais empresários a criar negócios para resolver problemas sociais». Entre as várias iniciativas em destaque está a criação duma Bolsa de Valores Sociais. Boas opções, além do mais em tempo de crise e do modismo da inovação (ler também «Colmatar necessidades com negócios assentes na inovação»).

Estado e cultura: uma relação que já teve melhores dias

Essa é uma das conclusões que se pode retirar das Estatísticas culturais do Ministério da Cultura português para o presente decénio, recentemente disponibilizadas pelo OAC. É que, entretanto, a proporção da despesa com a cultura no orçamento estatal decaíu mais de 100%, passando dos 0,5% de 1995 pare 0,3% em 2009, depois de já ter estado em 0,7%, nos tempos de Carrilho, ainda assim um valor modesto, se comparado com outros países europeus. À excepção de 2005 (ano eleitoral...), a tendência é de queda gradual... O que nos devia preocupar, se aceitarmos que uma dimensão relevante duma política de desenvolvimento sustentável passa pelo reforço da criação, participação, divulgação e recepção culturais.
Outro ponto negativo é o acentuar das assimetrias territoriais, com o sul do país (Alentejo e Algarve) a perder investimento estatal na cultura, a favor da regiões lisboeta e nortenha.
Do lado positivo, o destaque tem que ir para o reforço de equipamentos colectivos essenciais e que vão no sentido da descentralização cultural, como as bibliotecas públicas municipais e os teatros, coliseus e auditórios.
Uma chamada de atenção veio na notícia «Nos museus e teatros há cada vez mais acessos gratuitos». Aí se alerta para um alegado excesso de borlas, mas não se averigua a que se deve essa tendência: se a uma política premeditada de atracção de novos públicos (o que seria legítimo); se à costumeiras borlas aos domingos de manhã e certos dias especiais (o Dia dos Museus, etc.).
Mas a mesma notícia destaca, e bem, a ida ao cinema como hábito cultural esmagador dos portugueses, liderando o cinema norte-americano. Seguem-se-lhe as visitas a monumentos, museus e palácios (enfim, antes deverá figurar a ida a espectáculos musicais, cujos dados não são revelados). E cá mais para baixo, figura a frequência de teatro, dança e ópera.

Eis um tema a debater, se quisermos eficiência na despesa pública

Porque não é só de poupança que se trata, mas da aplicação racional dos fundos públicos e do tipo de prioridades que apoiamos. Para evitar que o TGV (ou parte dele) e outras apostas oficiais (ou a sua forma: p.e., a actual Parque Escolar) sejam mais um buraco negro (ou «elefante branco»), seria bom que fosse tudo bem discutido.

Juntos por uma sociedade para todos

Este é o Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, por decisão do Parlamento Europeu e do Conselho da UE. O grande fito da iniciativa - «o combate à pobreza e à exclusão social continua a ser um dos compromissos políticos chave da União Europeia e dos respectivos Estados-Membros» - embora bem-intencionado, não passa disso mesmo.
Dito isto, mais vale alertar para a situação do que omitir: é que existem 78 milhões de pessoas na UE em risco de pobreza, 19 milhões das quais crianças.
Em Portugal, a representante local promete medidas de apoio ao emprego. Para informações sobre/ desta Entidade Coordenadora Nacional do Ano vd. aqui. No Público foi publicado o seu Manifesto contra a pobreza, mas não topei com ele na Internet... O título do post baseia-se na divisa da iniciativa.

Da degradação das relações laborais

Um dos lugares essenciais do nosso futuro, da nossa sanidade e qualidade de vida - individual e colectiva - é o trabalho, a empresa em que se trabalha. Para se ter uma ideia de como a relação directa do indivíduo com a sua empresa é uma tendência mundial (onde os sindicatos, contratos colectivos e outros modalidades colectivas são cada vez mais hostilizados) e está a assumir facetas bem preocupantes, é imperdível esta excelente reportagem com o psiquiatra e professor Christophe Dejours, «Um suicídio no trabalho é uma mensagem brutal». O lado positivo do depoimento é que há empresas, incluindo multinacionais, que dão prioridade a um bom ambiente para os seus trabalhadores, tendo algumas delas conseguido tornar-se mais competitivas quando afastaram o mal-estar causado pela avaliação individual e optaram por outros métodos, que implicam cooperação, sinergias, mas, que de par, estimulam a confiança, a lealdade e a crítica aberta. Donde, a tendência dominante não é uma fatalidade, apenas uma má opção...

John Dankworth (1927-2010)

O saxofonista e clarinetista do jazz britânico sir John Dankworth morreu neste sábado aos 82 anos. Dankworth, foi um dos grandes do Jazz britânico e acompanhou feras como Charlie Parker, Duke Ellington, Louis Armstrong, Nat King Cole, Ella Fitzgerald e muitos outros. Era casado com a cantora Cleo Laine por mais de 50 anos e com quem formou uma das duplas mais expressivas do jazz inglês. Entre os seus trabalhos mais expressivos, destaco a banda sonoro do filmeThe Servantde Joseph Losey.

johndankworth

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

140.000.000 de mulheres vivem com mutilação genital no mundo

Mutilação Genital Feminina

Segundo estimativa das Nações Unidas, entre 120 milhões e 140 milhões de mulheres e meninas foram submetidas a esta prática dolorosa e perigosa que é alimentada por preconceitos sociais e religiosos.

O relatório conjunto realizado por agências da ONU, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), aponta que 3 milhões de meninas e adolescentes correm perigo este ano de sofrer esta prática.

Por causa do Dia Internacional contra a Mutilação Genital Feminina que será realizado amanhã, a OMS, Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a População e Unaids, entre outras, disseram que esta prática tem sido reduzida devido ao envolvimento das comunidades e das famílias nos países onde isso ocorre. Mas está bem longe de ser eliminada totalmente. Mais (castelhano)

Viagem pelo surrealismo português

Amanhã será transmitido o documentário Cruzeiro Seixas: o vício da liberdade, na RTP2 (21h30), oportunidade para uma digressão pelo surrealismo português.
A realização é de Ricardo Espírito Santo, a autoria do jornalista Alberto Serra e a direcção de arte do José Pedro Rosado.
Mais informação e elogio entusiástico aqui.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Na era pré-télélé, ou quando nada parecia inverosímil

Estou agora a ver um filme antigo made in Hollywood, o 48 hours, e estou a divertir-me, pelo cómico voluntário... e pelo involuntário. O involuntário é o seguinte: o descuido habitual em filmes de acção, com ladrões a escapulir-se airosamente quando estavam debaixo das barbas da autoridade, e a reaparecer quando menos se espera... E, detalhe dos detalhes, um dos polícias protagonistas a telefonar para o outro, que está numa discoteca e atende de imediato o telefone... duma cabine telefónica...

Ó meuze amigoze! Então, o tipo tinha deixado um recado sem hora marcada, e estava logo ali à mão de semear, à espera da chamada num telefone de cabine telefónica em plena discoteca?!

FCPorto B

Nem é preciso darmo-nos ao trabalho de confirmar esta leitura minuciosa de pmramires dum video que será sempre apenas um ângulo e parte do 'filme' para dizermos aquilo que ressaltou logo a quem viu o jogo na altura: uma agressividade desproporcionada por parte da equipa da casa, nunca antes vista e nunca depois repetida com qualquer outro adversário; picardias e bocas à margem do jogo, estimuladas por certos 'agentes'; não me lembro dum jogo anterior em que o SLB ou outro clube tenham sido assim recebidos em Braga; há muitos anos que o SLB não tinha assim uma recepção, sendo que a maior parecença se verificou em jogos com equipas do FCPorto onde jogava o actual treinador do SCB, nos idos de 90.

Isto tudo porque o SCB vem agora fazer-se de vítima a propósito de penalizações a 3 jogadores seus, as quais demoraram meses e meses infindos a ser efectuadas....

Para bom entendedor, o título deste post e o sentido do post de pmramires chegam... As imagens são apenas um ponto de partida para o que se quiser, dependendo da boa fé, experiência e subjectividade de cada um...

Jogos Lolímpicos 2010


cartoon de GoRRo (c) 2010

Informação adicional com chancela Peão aqui e aqui.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O regresso em força da emigração?

«Movimento emigratório actual comparado ao da década de 60»

Desenvolvimento vs. ambiente?

Seja qual for a opinião de cada um de nós, a construção da 3.ª maior barragem do mundo na Amazónia dará certamente que falar e será um caso de estudo sobre a ponderação entre necessidades de desenvolvimento e custos ambientais. O Ministério do Ambiente já deu luz verde. A questão é: desenvolvimento sustentável ou só desenvolvimento?

O mais antigo clube europeu de jazz reeencontra-se na praça da Alegria

É o que nos garante esta recente reportagem sobre o Hot Clube de Portugal. O pior lá vai. Esperemos então pela reabilitação da nova casa.

Ai-Pád, que estamos desgraçadinhos...

cartoon de GoRRo (c) 2010

A acompanhar por «Défice deverá situar-se nos 8,3%» [o de 2010, que o de 2009 foi de 9,3%...].

Transparência e igualdade de oportunidades: para acabar com o país do jeitinho, dos ajustes, da discricionaridade da intervenção estatal

Já não era sem tempo: «Petição lançada por arquitectos exige fim dos ajustes directos nas obras da Parque Escolar». A petição sobre os Ajustes Directos da Parque Escolar surgiu ontem e já vai em 600 subscritores.

Quem não acompanhou este tortuoso processo sempre apresentado como virtuoso pode ver este excelente trabalho de denúncia, debate e reflexão do blogger e arq.º Tiago Mota Saraiva.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A ganância, até ao fundo dos abismos...

Depois do regresso dos bónus milionários aos banqueiros, com recurso a dinheiros públicos, esta é a última peça do puzzle.
Nb: cartoon «I want your money», de Sean Hastings & Paul Rosenberg.

O olho do big brother, versão lusa

Um excerto: «O presidente da Comissão de Protecção de Dados Pessoais diz que a lei chega sempre mais tarde que as tecnologias e que a concentração da informação é um cocktail explosivo».

A acompanhar pelo post «Como dizia o outro, quem abdica de uma liberdade…bem, vocês sabem o resto».

Na imagem, mural de Bansky, em Londres, entretanto destruído?

É no que dá a excessiva proximidade entre políticos e jornalistas, e não é só em termos metafóricos, não...

Aqui o suco da última polémica, já carimbada como caso Crespo vs. Sócrates.

Algumas reacções institucionais: opinião do Sindicato dos Jornalistas; nota da Direcção de Informação da SIC.
Observações críticas pertinentes aqui e aqui (esqueça-se esta foleirice extrema, no mesmo blogue, num momento bem infeliz).

Já agora, qual é o restaurante de luxo que tem esta péssima acústica(?!) e/ou as mesas tão encavalitadas umas nas outras que se fica debaixo do cotovelo do vizinho?

ADENDA: «Sócrates queixou-se de Crespo a director da SIC»...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Manuel Serra (1931-2010), católico progressista, antifascista delgadista, socialista popular e otelista

Obituário aqui, a partir de Rui Daniel Galiza e João Pina, Por teu livre pensamento. Histórias de 25 ex-presos políticos portugueses, Assírio & Alvim, 2007.
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Nb: na imagem, reprodução de foto de Frederico Corado, retirada daqui.

Ainda a República, agora a propósito da sempre pulsante veia retórica

cartoon de GoRRo (c) 2010

O mais engraçado foi que o PR português, obcecado pela simulação da sua aversão pública ao confronto e entalado pelo comemorativismo republicano, conseguiu a «quadratura do círculo» ao afirmar, no fim dum discurso a propósito da República, que o seu discurso era pela união de todos os portugueses, como se a divisão monárquicos vs. republicanos não existisse, ainda que minoritária. Um caso bicudo, mas já previsível.