quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Iémen, a revolução que se segue

Enquanto na Tunísia a mudança alastra e no Egipto um poder cego lança as suas milícias contra o povo nas ruas, a revolta popular tornou-se irreversível no Iémen.
Tal como no Egipto, também agora o presidente que estava há 30 anos no poder diz com ar cândido que é contra mandatos vitalícios e por isso abandonará o poder (vd. aqui e aqui). Um discurso assim é sempre de desconfiar, até porque o ditador não desmarcou a apreciação parlamentar da sua revisão constitucional, marcada para a 1 de Março e susceptível de viabilizar uma eleição vitalícia do presidente e o poder hereditário (cf. aqui). E porque tem usado o dinheiro do povo para comprar lealdades e não para desenvolver o país. Por isso, o dia de hoje mantém-se como o Dia da Ira, apelando a grandes manifestações. Entretanto, a pressão popular e da oposição vai marcando pontos: o simulacro de legislativas que estava marcado para Abril foi adiado sine die, que exige uma reforma política séria antes da realização de eleições.
No Egipto, perante o aparente alheamento do Exército e a obstinação do ditador Mubarak em lesar o seu povo, a pressão popular e internacional aumentou dramaticamente nas últimas horas, dado o grau de violência das milícias governamentais (vd. acompanhamento aqui). Para sexta-feira está marcado novo dia de marchas a nível nacional, com o único fito de exigir a demissão do ditador. Será mais um ultimato pacífico.
Depois da Tunísia, o país-líder do contágio pela liberdade passou a ser o Egipto, como se pode ler nesta reportagem do El País.

5 comments:

jrd disse...

Vão ser varios os dias da ira, tantos, que somos capazes de ter um verdadeiro ano da ira.

Paula Tomé disse...

Por cá tb seguimos avidamente a revolução egípcia. É triste ver no que se transformou o que ontem era descrito como o Woodstock Árabe. Enfim, get out Mubarak!

Daniel Melo disse...

Pois é, a violência das milícias da ditadura na Praça Tahir é de tal grau que se trata dum autêntico massacre sobre o povo egípcio. Não será esquecida e não conseguirá parar a constestação popular, ainda que consiga tirar os cidadãos dessa praça. Mubarak só vem acrescentar mais episódios negros à sua já longa lista e dar razão àqueles que diziam que aquilo era uma ditadura brutal. Até o Exército, que no início parecia neutral, mostrou afinal de que lado está: duma transição, se tiver que ser, feita por cima, só por eles. Esperemos que não consigam, não têm legitimidade.

Paula Tomé disse...

Hoje melhor, cheguei a esperar que o homem desistisse, mas é fenomenal como estas criaturas se apegam ao poiso, e os exemplos são infelizmente inumeráveis... Viste isto?
http://www.the9elements.com/2011/02/arabian-knights-f-lauryn-hill-rebel.html

Daniel Melo disse...

Estou como tu, Paula, também não deixo de me espantar com essa fixação no poleiro.

E o rap é cool, nunca tinha ouvido um que juntasse inglês e árabe. E, ainda por cima, por uma boa causa!