terça-feira, 26 de março de 2013

A contra-informação como estratégia para condicionar a opinião pública e a decisão política

Tem corrido nos media que a concessão pela troika da nova tranche de 4 mil milhões (agora 'engordada' para 5,6 m.m.) a Portugal depende de plano de cortes no valor de 4 mil milhões (a famosa «reforma do Estado» que o premiê Passos Coelho tirou da cartola no final de 2012). Sucede que isso é falso, é pura contra-informação governamental. O próprio chede da missão do FMI a Portugal, Abebe Sellassie, assegurou à agência noticiosa LUSA que não há qualquer relação entre as questões, até porque a reforma do Estado é coisa para demorar anos, apenas um atraso na libertação da verba por razões processuais, sendo que só será pago em Maio próximo (vd. «FMI volta a mostrar-se surpreendido com aumento do desemprego»; tb. em texto do DN de ontem, p. 33). Por isso não se percebe a manchete de hoje do diário i: «Próxima tranche depende de corte de 5,6 mil milhões de euros», incrivelmene copiada por outros matutinos (vd. DN aqui). Quer dizer, os assessores governamentais assobiam ao ouvido do jornalista (seja da LUSA ou directamente aos diários) e os jornais aparecem imediatamente com as parangonas pretendidas. Vale tudo?

2 comments:

jrd disse...

Enquanto existirem simpatizantesde jornalismo responsáveis pelos jornais o governo nem necessita de porta-voz.
argelbas

Daniel Melo disse...

Sim, e onde estão os empresários de esquerda para apoiar projectos de esquerda válidos?
Têm medo de quê?
Para mim, essa é uma falha vergonhosa, que prejudica todos.
Quem fez jornais como o Diário de Lisboa, o jornal, o Europeu, etc., não é país para conseguir fazer um novo jornal progressista de referência?