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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Nova época de estrelas

cartoon de GoRRo (c) 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Dez mandamentos do emigrante semibárbaro (5)

5 – Honra os teus pais que arbitrariamente se zangaram contigo por causa de desavenças familiares de heranças.

Manuel da Silva Ramos,
Três vidas ao espelho, P. D. Quixote, 2010, p. 206.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Que políticas sociais?

Um dos aspectos centrais do debate televisivo Sócrates vs. Portas de ontem foi o das políticas sociais. Surpreendentemente, também aqui se saiu melhor o representante da direita, o que não ocorria nos debates parlamentares e atendendo a que esta é uma das áreas em que o PS deixou maior legado.

Para o desenlace ajudaram, em parte, as próprias limitações e contradições dessa mesma política social. Dou como exemplo, para mim paradigmático, a política relativa à paternidade (com ligação à da natalidade). O actual governo teve aqui um mau desempenho. Vejamos porquê.

É verdade que estendeu a licença parental com 83% do salário de 5 para 6 meses (desde que o pai goze também 30 dias ou 2 períodos quinzenais) e criou novos apoios (vd. Dinheiro & direitos, n.º 95, p. 28/9). É pouco ainda: noutros países europeus supera os 12 meses, para ambos os pais. Depois, lançou nesta campanha a promessa dum patético plano poupança sub-18, que aqui já critiquei, deixando de lado o essencial: dar mais tempo aos pais para estarem com os filhos (no 1.º ano de vida, pelo menos) e apostar seriamente na cobertura pública de infantários e creches, ainda em número muito insuficiente e alguns com falta de espaço, funcionários e condições. Esta era uma aposta já avançada no 2.º governo de Guterres, relembre-se. E, até agora, foi sempre deixada para trás.

Por fim, acabou com a jornada contínua na administração pública, a que podiam recorrer os pais com crianças até aos 12 anos à sua guarda. O contra-argumento de que, uma vez que as escolas agora têm todas horário alargado até às 17h30 (salvo erro) tal prerrogativa deixava de ter sentido, não colhe totalmente. Em primeiro, porque as creches podem não ter esse horário, e até ao ensino básico pode haver pais que deixem as crianças com outros familiares enquanto trabalham. Depois, para pais com várias crianças para educar, a situação piorou, pois têm menos tempo para estar com elas e acompanhá-las. Por fim, há muita gente que ganha mal na administração pública e recorre a outros trabalhos.

Por aqui já se começa a perceber melhor porque é que Portas pôde sair por cima. É que, nos últimos 14 anos, só 3 foram de sua co-responsabilidade em matéria de governação. Os restantes foram do PS de... Sócrates.

Nb: na imagem, menina nazarena segurando um coelho («La petite fille au lapin», foto de Jean Dieuzaide, Nazaré, Portugal, 1954).

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Vale tudo, incluindo vale-bebés

No afã propagandístico que contaminou o socratismo, aí está a última: o vale-bebés, um novo brinde para a banca portuguesa, tão debilitada que está, alegadamente para incentivar a natalidade.

A coisa explica-se brevemente: se ganhar as eleições legislativas, o PS diz que dará um vale de 200 euros por cada recém-nascido, obrigatoriamente a depositar num banco e que só poderá ser levantado pelo próprio quando perfizer 18 anos de idade. Ou seja, a banca amealha 200€ por cada nado novo, e durante 18 anos. Depois disso, lá para 2025 ou mais além, devolve 500€ ao petiz entretanto crescido, se ainda existir e se os pais entretanto não tiverem pago várias vezes esse valor por empréstimos à habitação, estudos, etc..

Fantástico, Mike!

Já quanto à melhoria da rede pública de infantários/ creches e à extensão para 1 ano da licença de paternidade, está quieto, que isso dá muito trabalho e não enche o olho.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Conversas de cocó

A partir do momento em que somos pais uma matéria passa a fazer parte das nossas vidas: o cocó da criança. Desde os primeiros meses assistimos à evolução das diversas formas desta substância. O tom quase incolor dos tempos de bebé cede lugar a uma substância poderosa em todos os sentidos: visuais, olfactivos e também ao nível do tacto (algumas vezes lá desliza a nossa mão na fralda e “trás” enterramos os dedos na matéria). Quando o cocó é consistente de formato cilíndrico ficamos aliviados: o rabinho pouco se suja e a fralda enrola-se logo e atira-se directamente para o lixo. Mas quando a substância é pastosa ou quase liquida, não temos outro remédio senão reter a respiração nasal e mãos à obra.O cocó passa a ser assunto habitual de conversa entre os pais nos locais mais inapropriados. Como nos restaurantes depois de uma mudança de fralda atribulada naquelas pequenas casas de banho dos fundos, que mal espaço têm para uma só pessoa:
- Então viste o cocó?
- O que é que achas!
- Continua com aquele tom verde?
- Não, já está mais acastanhado e menos líquido.
- E o cheiro?
- Ainda é um pouco azedo.
- Que chatice, temos de continuar a dar-lhe arroz.

segunda-feira, 19 de março de 2007

19 de Março


Hoje é dia do pai, tal como as outras datas esta representa um bom pretexto para falarmos das experiências que vivemos e, que muitas vezes, se esmorecem do falatório dominante no espaço público. Já sou pai há quase seis anos e tem sido uma experiência indescritível. Não é fácil ser pai nos dias de hoje. Mas também penso que actualmente se vive a paternidade em Portugal como até agora nenhuma outra geração o tinha experimentado. Com o nascimento de um filho a nossa vida muda. Toda a gente sabe isso. Mas se antes o homem se mantinha relativamente distante de algumas tarefas, responsabilidades e capacidades, actualmente implica-se até à medula dos ossos. E isso é muito bom! Contudo, é também por isso que se geram novas questões, conflitos e negociações no seio do casal, da família e dos amigos. O homem passou a ter opinião sobre quase tudo: desde a roupa a comprar, passando pela melhor forma de dar banho e de vestir o bebé, até à confecção das refeições. Passámos a assumir um papel activo.

Há uns tempos atrás um dos nossos ‘peões’ perguntou-me que impulso senti para querer ser pai. Fiquei a pensar e não dei uma reposta imediata. Penso que ser pai é mais uma descoberta do que um desejo à priori. As mulheres sentem-se logo mães quando se gera o feto: é uma sensação física e psicológica muito forte. Eu diria mesmo que elas já se vão sentindo mães assim que o casal decide ter uma criança. No caso dos homens não existe esse impulso arrebatador, mas um desejo que gradualmente vai crescendo e que se torna muito forte no momento em que a criança vem ao mundo. É uma paixão que vamos descobrindo e que nos consome a partir do momento em que ele(a) nasce. Por isso, é difícil racionalizar os motivos que nos levaram a ser pais. São sentimentos muito diversificados que fogem ao lado racional das palavras.