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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Esta reforma administrativa é válida?

Pelo que deu para ler sobre o respectivo livro verde, sim e não. Eu ex-pi-li-co.

Sim, porque pretende cortar em desperdício de fundos públicos e em racionalizar parte da máquina da administração local, como p.e., reduzindo os executivos camarários via lógica monocolor, cortando no absurdo de vereadores da oposição (essa tem espaço próprio na assembleia municipal). A extinção dos governadores civis é de aplaudir, mas já fora aprovada há umas semanas atrás.

Não, porque mantém um n.º elevado de vereadores (8 para executivos monocolores não é demais?), porque corta nas freguesias aparentemente sem um critério coerente e adequado, porque não avança um critério adequado para a fusão dos municípios. Mas os principais limites são outros.

Em primeiro lugar, porque mantém o princípio das empresas municipais, que são o grande cancro da administração local, pois é daí que vem o grande buraco, isto segundo a troika. Devia-se, pura e simplesmente, extinguir TODAS as empresas municipais, as direcções-gerais servem perfeitamente para o serviço.

Em segundo e último lugar, porque recupera a figura das comunidades intermunicipais, que nada fizeram nos tempos dos governos Durão Barroso/ Santana Lopes, e que são, sobretudo, um modo demagógico de ocultar a necessidade da existência dum poder político-administrativo intermédio legitimado entre os poderes central e local para a boa racionalização dos recursos públicos e para o envolvimento dos cidadãos na coisa pública, dois pontos fulcrais de qualquer democracia digna desse nome.

E mais não digo, já deve chegar para meditação.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sustentabilidade implica remover o centralismo estatal

«Lisboa pode ser competitiva na sua qualidade de vida»: entrevista de João Seixas a Teresa de Sousa
PS: por feliz coincidência, também falaremos da questão da organização político-administrativa, entre outras coisas, em próximo seminário referido no post seguinte.


quinta-feira, 8 de julho de 2010

O banho de humildade que dá sair do poder central para o local

«Costa e Rui Rio a favor da criação de regiões na actual legislatura», por Margarida Gomes

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Regionalizar é preciso: um ângulo inesperado

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Um passo inteligente: a regionalização cultural

A sul, o apoio do Ministério da Cultura à rede museológica pára por alturas de Évora. Por isso, e porque um conjunto alargado de actores institucionais do Algarve descobriu que a difusão cultural tem potencial económico e identitário, 13 municípios algarvios resolveram juntar esforços e vontades. Neste sentido, criaram uma rede museológica regional (em X/2007) e lançaram agora a primeira mega-produção, «Algarve - do Reino à Região: mil anos de história e cultura algarvia», que se desdobra por 13 mostras simultâneas distribuídas pelos museus envolvidos. Um dos principais promotores é o director do Museu de Portimão, José Gameiro, museu este que ganhou o prémio de melhor museu europeu 2010, tal como referi aqui.
Estranhamente ou não, o programa oficial Allgarve não apoia esta mostra nem a Rede de Museus do Algarve, sob o pretexto de que apenas apoia a arte contemporânea... Ainda há algumas arestas a limar, mas é bem melhor assim do que nos ficarmos pelo lamento quanto à indiferença atávica do Terreiro do Paço...

sábado, 1 de agosto de 2009

Olhó Verão nas ilhas...

cartoon de GoRRo (c) 2009

Mais detalhes deste jogo viciado aqui.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Regionalização: debates a norte

Um ciclo de debates sobre a regionalização inicia-se a 18 deste mês, por iniciativa do município portuense. A moderação cabe ao edil Rui Rio, que votou contra o «sim» no referendo específico de 1998, mas que agora se diz disponível para ser convencido a mudar de opinião.
Na sessão inaugural tercerão armas Alberto de Castro, António Figueiredo e Ernâni Lopes. Nos meses posteriores, será a vez de Lobo Xavier, Miguel Cadilhe, João Cravinho, Vital Moreira, Freitas do Amaral, António Costa (pres. CML), Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Rangel. A defender o «sim» estará Arlindo Cunha, Luís Valente de Oliveira e Mário Rui Silva. Pelo «não» ripostará Artur Santos Silva, Daniel Proença de Carvalho e Rui Vilar.
É uma boa ocasião para se reforçar um debate essencial e merecedor de mais espaço, pese o défice notório de diversidade de quadrantes políticos e intelectuais. Já aqui tinha falado nesta abertura de Rui Rio, que pode ter a ver com o desejo de se tricandidatar à câmara do Porto ou com a necessidade de se fortalecer enquanto político nacional, preparando eventuais voos mais altos (presidência do PSD, daqui a um ano ou mais tarde?).
Fonte: RODRIGUES, Aníbal (2008), "Rui Rio quer retomar debate sobre regiões", Público, 3/VI, p. 7.
Nb: imagem retirada daqui.

segunda-feira, 17 de março de 2008

O caminho mais difícil: notas sobre a regionalização que temos

Passam hoje 30 anos de Alberto João Jardim à frente do governo da Madeira. As regiões autónomas da Madeira e Açores haviam sido constitucionalmente criadas 2 anos antes.
O trinténio é evocado em tom crítico em grande parte dos media (blogosfera e imprensa, nesta destaque-se o P2 do Público). Sobre este mandato ininterrupto (que é recorde mundial), as críticas são de 3 ordens: 1) crítica ao excesso de transferência de fundos públicos e de privilégios para a Madeira; 2) crítica ao modo de aplicação desses recursos; 3) crítica ao tipo de actuação política do governo regional.
1. Sobre a primeira, o problema é múltiplo: amiúde, as transferências ocorrem sobre chantagem política junto do poder central, que cedeu sempre até hoje, em parte por calculismo, em parte pelo disposto na lei, em parte por respeito pelo prejuízo advindo da insularidade.
2. Jardim usou esses recursos para manter clientelas, públicas (1/4 da população activa é funcionária pública) e privadas, e alimentar o fontismo madeirense, assim obtendo a perpetuação no poder.
3. Sobre o modo singular de exercício do poder, o cocktail é explosivo e deprimente: hostilização do debate e do pluralismo político; discriminação negativa das autarquias da oposição (corte na transferência de verbas para investimento); subordinação crescente do parlamento; domínio dos media regionais; linguagem desbragada e xenófoba (contra os portugueses do Continente, contra os chineses, etc.), protegendo-se de sanções judiciais através da imunidade parlamentar; populismo; etc.. Foi a isso que Mário Soares apelidou de défice democrático, e que na politologia se designa por democracia de baixa intensidade, ou de baixa qualidade (sobre o assunto, António Costa Pinto escreveu há meses um artigo elucidativo no DN).
Entendo que qualquer um destes problemas poderia ser fortemente limitado caso se estendesse a regionalização político-administrativa a todo o território nacional. Assim, aumentaria a concorrência política, e com ela, a necessidade de maior racionalização dos recursos públicos, obrigando os partidos e a sociedade a um maior debate sobre a distribuição e aplicação desses mesmos recursos.
Invocar o balanço negativo da Madeira é, porventura, o caminho mais difícil para defender a regionalização, mas faz todo o sentido. É que é grandemente pela ausência duma coerência no ordenamento do território e na descentralização político-administrativa que Alberto João Jardim tem conseguido manobrar. O poder municipal é insuficiente: os municípios das 'não-regiões' são impotentes enquanto actores políticos para lhe fazer frente e para negociar com o Estado central e seus vizinhos. Falta um poder intermédio, legitimado e com massa crítica para negociar e exigir contrapartidas construtivas. Este é um debate que faz sentido a propósito da Madeira. A alternativa é ficarmos à espera que o seu líder caia da cadeira. Faz sentido?
É claro que a regionalização não poderia subordinar-se ao desastroso mapa proposto por Guterres há 10 anos atrás. Antes deveria seguir um mais simples, que aprofundaria as regiões-plano que já existem e têm funcionalismo adstrito, as chamadas comissões de coordenação e desenvolvimento regional (Norte, Centro, Alentejo, Algarve, e as necessárias regiões metropolitanas de Porto e Lisboa). Não será mais salutar este debate?
Nb: imagem retirada daqui.

quinta-feira, 22 de março de 2007

Rio acima, Rio abaixo

Algo de muito engraçado sucedeu esta 2.ª feira: enquanto o DN informava sobre a última tropelia de Rui Rio na sua política cultural (sim, porque o edil tem uma, parecendo que não), o Público contrapunha uma notícia sobre a sua mudança para uma posição proto-pró-regionalização (é mesmo assim), fruto dos laboriosos anos de experiência como autarca. Ou seja, um texto de «má imprensa», o outro de «boa».
Mas vamos aos detalhes, pois ambos os artigos são importantes: só se obtém um retrato completo do personagem unindo as duas facetas.
Comecemos pela «má imprensa»: "CDU quer privados na organização das corridas da Boavista" (de Francisco Mangas, p. 33, lamentavelmente sem arquivo electrónico).
É verdade, inverteram-se os papéis: agora é a CDU a pedir privados para tomarem conta duma corrida de carros, pois custará 2 milhões de euros aos cofres municipais e tem exactamente os mesmos 6% de receitas de bilheteira que tinha a extinta Culturporto. A gincana tem um pomposo nome: Grande Prémio Histórico do Porto, e faz lembrar os recentes despautérios terceiro-mundistas com o Lisboa-Dakar.
Em suma, temos então uma política cultural portuense reduzida a fogo-de-artifício, gincanas automóveis e lantejoulas de La Féria. Fantástico, Mike!
O texto do P intitula-se "Rio diz que as regiões podem ser «solução»" e nele Filomena Fontes revela-nos o que levou o edil a repensar melhor a questão: "«há situações em que, se as decisões forem tomadas localmente, são mais vantajosas do que se continuarem dependentes da administração central»"; "valerá a pena pensar num modelo de governação que «utilize melhor e com mais cuidado» os dinheiros públicos. A saúde e a educação foram duas das áreas que apontou". E, já a finalizar o seu discurso público perante militantes do PSD de Torres Novas, confessa: "«face à minha experiência, hoje estou aberto para ver se há uma solução equilibrada para a situação presente»".
Ou seja, Rui adoptou um dos argumentos centrais dos defensores da regionalização. Mais vale tarde do que nunca.
Nb: a imagem do modelo mini é daqui; a outra tb. é dum site brasileiro, villalobos qualquer coisa..