Há muito que muitos de nós esperávamos por um fórum como este. O Congresso Democrático das Alternativas é um espaço inédito de reflexão, debate e propostas na vida democrática portuguesa.
Não podia ser mais completo o lema do congresso. O seu projecto de declaração, bem como as sínteses das 5 sessões temáticas, são muitos pertinentes. Aí se encontram duas coisas que não é costume no debate em Portugal: um projecto alternativo em construção, complementado por excelentes propostas e medidas para reformar as políticas públicas no sentido da justiça social e do aprofundamento democrático.
Do que pude ler neste particular, no geral achei de grande valor. Parece-me, porém, que as propostas para a política cultural ainda precisam de aditamentos; falta falar, por exemplo: 1) da necessidade de completar a rede de leitura pública, que pode ser feita com a cooperação do associativismo voluntário nos municípios cujos edis não estão receptivos a abraçar o serviço público bibliotecário (e são ainda muitos, c.1/3); 2) duma nova concepção de salvaguarda de património (que inclue o imaterial e a preservação de segmentos ainda descurados, como os arquivos do mundo da edição - editoras, livreiros, distribuidores, etc.); 3) de parcerias para aprofundar a animação cultural, a participação comunitária e a criação e fruição culturais (educação artística e cultural, reforçando curricula próprio nas escolas e serviço educativo nos museus, mas não só: também apostando em formação nas empresas, nas associações, em departamentos estatais).
Não basta proclamar bons princípios, é preciso também dizer como se aplicam, na prática comezinha do quotidiano das pessoas. Este encontro ambiciona ser um bom contributo para superar atavismos duma intervenção política corrente, muitas vezes mais preocupada em afirmar o brilho abstracto da sua retórica do que em construir alternativas reais para os cidadãos.
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