segunda-feira, 23 de abril de 2007

Por outro lado...

...a grelha de análise esquerda-direita que o meu post dali de baixo transporta é bastante antiquada. A diferença entre esquerda-direita já não é um muro (e há quem pense que em França a diferença esquerda-direita explica muitas vezes mal as diferenças políticas, muito atravessadas pela questão do jacobinismo). Há um voto volátil, o Bayrou por exemplo é um político-http/ptbv (protocolo de transferência de boletins de votos). E portanto tudo pode acontecer. O que nos lixa é que o Sarkozy é um hacker filha da mãe.

Já agora: Vital Moreira diz que a campanha de Ségolène Royal foi pouco convincente. Não concordo. Apesar de a ter achado errática nalgumas propostas, sobretudo ao início (e de não concordar com várias delas), Ségolène conseguiu arrancar na parte final da campanha, centrando-se nas propostas centrais do seu "pacto presidencial", subindo bem acima do que previam as sondagens no início da campanha. Ségolène tem um estilo mediático que pode não agradar a muitos à esquerda — mas é difícil ver qual seria o outro candidato da área socialista a conseguir chegar ao resultado que ela atingiu. E o estilo, pelos vistos, não afastou os votos da extrema-esquerda e dos comunistas, logo à primeira volta.

Sei que não é o caso de Vital Moreira, mas é bom lembrar que com Ségolène há uma exigência que não existe com outros candidatos. Sarkozy, por exemplo, está livre da acusação de pouco convincente. Mas trata-se duma "convincência", convenhamos, um tanto xenófoba e um tanto hipócrita.

Allez Ségolène, allez.

1 comments:

Hugo Mendes disse...

"mas é bom lembrar que com Ségolène há uma exigência que não existe com outros candidatos"

É verdade!