segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O capital não tem fronteiras, a falta de civismo também não

Mas não são só os franceses ricos que mudam de residência fiscal para escapar aos impostos. Segundo o El País, o arquitecto espanhol Santiago Calatrava transferiu a sua fortuna para a Suíça. No passado dia 23 de Novembro, a sociedade familiar Calatrava Family Investments passou a estar domiciliada no cantão de Zurique, deixando Madrid para trás.

Ainda que possamos achar que a taxação sobre fortunas decidida em França devia ficar aquém dos 75%, o que é um facto é que ela vigorará só 2 anos e as tomadas de posição de cidadãos endinheirados que mudam de país (e de nacionalidade!) como quem muda de roupa revelam falta de solidariedade social e nacional num momento crítico das nações europeias.
Ademais, o caso Calatrava mostra como tal tipo de reacção tem pouco a ver com taxas de 75%, pois em Espanha não chegou a esse montante, nem de perto nem de longe, e quanto à transferência para a Suiça, sabemos que ela serve só para pagar menos impostos, neste caso por parte de uma empresa de um conhecido arquitecto.

Adenda: o governo belga saiu a terreiro admoestando o homólogo francês para reflectir sobre a medida dos 75%, mas sai-se mal na resposta - então e a solidariedade entre concidadãos, isso não importa à Bélgica, onde se advogam as virtudes da coesão nacional entre comunidades distintas para evitar a secessão? Então e a nacionalidade, para uns exige condições e papelada a monte, para outros é tipo instantâneo?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Dar o salto, em análise

Comeceu hoje o Colóquio Internacional «Fronteiras e Mobilidades na Península Ibérica», coordenado por Victor Pereira na FCSH-UNL (vd. programa aqui). Mais informações sobre o evento e reprodução sem texto da belíssima foto ao lado de Gérald Bloncourt, «passages clandestin d’immigrés portugais à travers les Pyrennées – mars 1965», neste blogue específico.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer (1907-2012): um modernismo poético


Outro grande nome da cultura que desaparece. Merece todos os elogios e tributos, uma boa parte pode ler-se no dossiê do Público. Gostei especialmente da expressão poeta da linha curva, casa bem com a sua transpiração duma certa brasilidade.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Joaquim Benite (1943-2012), marco do teatro independente

Através do seu papel central na consolidação do teatro independente em Portugal, Joaquim Benite tornou-se um dos melhores representantes da vitalidade da cultura portuguesa. Junto com Luís Miguel Cintra, Jorge Silva Melo e muitos outros, consolidaram um novo teatro, sintonizado com a contemporaneidade, com a leitura da sociedade e da política actuais através de interpretações críticas de textos clássicos ou modernos. Resistência, coerência e espírito inovador são traços duma geração singular.
Além disso, promoveu um diálogo regular com um público alargado, construindo-se mutuamente na descoberta de novos textos, novas perspectivas. E criou um festival internacional de teatro - o Festival de Almada, em 1984 - que ficou como referência mundial.
Na hora da sua morte, é tempo de sublinhar que a sua geração merece mais reconhecimento da sociedade. A onda de evocações presente num bom dossiê do Público vai no bom caminho.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Quando é que faz frio?

Quem julga que o frio é só teimosia invernal bem pode meditar no adagiário dos meses:

- Bom tempo no Janeiro e mau no estio, bom ano de fome, mau ano de frio.
- Chuva em Janeiro e não frio, dá riqueza no estio.
- Janeiro frio e molhado não é bom para o gado.
- Janeiro frio e molhado, enche a tulha e farta o gado.
- Janeiro frio ou temperado, passa-o enroupado.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso. Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem um ano abundoso.
- Em Fevereiro neve e frio, é de esperar calor no estio.
- Em Fevereiro, frio ou quente, chova sempre.
- Fevereiro, fêveras de frio e não de linho.
- Abril frio e molhado, enche o celeiro e o gado.
- Abril frio, pão e vinho.
- Frio de Abril as pedras vai ferir.
- Maio frio e Junho quente fazem o lavrador valente.
- Maio frio e Junho quente: bom pão, vinho valente.
- Maio frio e ventoso, faz o ano formoso.
- Em Junho, frio como punho.
- Agosto, frio em rosto.
- Em Agosto passa o frio pelo rosto.
- Ande o frio onde andar, no Natal cá vem parar.
- Ande o Natal por onde andar, que ele o frio há-de ir buscar.
- Dezembro com Junho ao desafio, traz Janeiro frio.
- Dezembro frio, calor no estilo.
- Em Dezembro treme de frio cada membro.

(in «Adagiário do frio», blogue Do Tempo da Outra Senhora)

domingo, 2 de dezembro de 2012

Se lhes dessem trela, Portugal seria o único país da UE com propinas no ensino obrigatório!

Sobre a inaudita declaração do premiê português Passos Coelho, de ser necessário equibilibrar despesas entre Estado e famílias no pagamento do ensino obrigatório via introdução de propinas (não disse esta palavra mas estava implícita) ver a síntese no post «Mentiroso compulsivo e imperdoavelmente ignorante».