Na próxima sexta-feira, às 15 horas, o sociólogo francês Bernard Lahire dará uma conferência no Instituto Franco-português.
Uma boa oportunidade para ouvir um sociólogo que articula como poucos estudos empíricos de vulto (sobre a escola ou os escritores) e obras teóricas (sobre a epistemologia da sociologia ou sobre a obra de Bourdieu).
Aqui fica a apresentação da conferência Lahire.
CONFÉRENCE
Différences ou inégalités scolaires ?
Bernard LAHIRE
Ecole Normale Supérieure -LSH
Bernard Lahire est un sociologue français de renommée internationale, héritier de Bourdieu sans en être un épigone, il inscrit ses travaux dans la tradition de la sociologie de l´éducation et de la culture. Il est actuellement professeur de sociologie à l’Université de Lyon / ENS Lettres et Sciences humaines, et directeur du Groupe de Recherche sur la Socialisation (CNRS/Université Lyon 2/ENS-LSH). Ses travaux ont porté diversement sur la production de l'échec scolaire à l'école primaire, les modes populaires d'appropriation de l'écrit, les réussites scolaires improbables en milieux populaires, les différentes manières d'étudier dans l'espace de l'enseignement supérieur, l'histoire du problème social appelé "illettrisme", les pratiques culturelles des Français et les conditions de vie et de création des écrivains. Il a développé une réflexion épistémologique sur les sciences sociales et leurs fonctions sociales. Il a récemment formulé la proposition d'un enseignement des sciences du monde social dès l'école primaire. Il a publié jusqu’à présent une quinzaine d’ouvrages et a été traduit en plusieurs langues. Il est notamment l’auteur de Culture écrite et inégalités scolaires (Presses Universitaires de Lyon, 1993), Tableaux de familles (Gallimard/Seuil, 1995), L’Homme pluriel (Nathan, 1998), L’Invention de l’« illettrisme » (La Découverte, 1999), La Culture des individus (La Découverte, 2004) et La Condition littéraire (La Découverte, 2006).
Mais informações, aqui
sábado, 21 de março de 2009
Lahire em Lisboa
Posted by
Victor
at
10:49
0
comments
Labels: Bernard Lahire, ciências sociais, escolas secundárias
terça-feira, 20 de março de 2007
A árvore e a floresta
"Escolas secundárias vão alugar espaços para casamentos e baptizados".
Esta notícia, que faz hoje a capa do Diário de Notícias (DN), dá um bocado vontade de rir.
Começo pelo essencial, transformado em acessório pelos jornalistas. Pour aller vite, é assim: o Ministério da Educação vai investir cerca de 940 milhões de euros na modernização das escolas secundárias e profissionais do país: 332 das 477 sofrerão obras de requalificação até ao ano de 2015 (ou 2016). O nosso parque escolar está degradado, e em inúmeras escolas em péssimas condições. Basta lembrar que 77% das escolas secundárias foram construídas depois de 1974, em regime de pré-fabricação, e com um prazo de vida a rondar os 25-30 anos. Essas escolas - atenção: 3/4 do total - estão hoje a chegar ao fim da vida. Se não houver um programa robusto de modernização, não há solução sustentada e de futuro para este problema estrutural.
Ora, o que noticia - com honras de capa! - o DN? Que as escolas secundárias vão alugar espaços para casamentos e baptizados. A notícia praticamente ignora quase por completo dados, no mínimo, relevantes: que o parque escolar nacional, em muitos locais em péssimas e inadmissíveis condições, vai ser profundamente requalificado; que o modelo de financiamento vai ser alterado (e só a sua alteração - no qual se inscreve a criação da empresa pública "Parque Escolar", mas não só - permite a modernização das escolas, porque o modelo anterior não pemitia nada disto); e que, como não há dinheiro nacional e comunitário para cobrir todo o programa, as escolas vão ter que contribuir com a sua pequena parte (15% do 940 milhões de euros estão previstos serem cobertos por acções de valorização patrimonial e desenvolvimento de unidades de negócio; mais dados aqui). É aqui que a história dos casamentos e baptizados entra.
Não está em causa, logicamente, os media serem ou não a caixa de ressonância do Governo, mas, como queria discutir há uns dias o Zèd, o 'bom' e o 'mau' jornalismo: praticamente ignorar um programa lançado a nível nacional que me parece ser tão urgente quão consensual para noticiar, em tom quase-panfletário, um pormenor do mesmo parece-me verdadeiramente cómico. É como olhar árvore e ignorar a floresta.
Enfim: quem viu o DN e quem o vê.
P.S. - Já agora: nem vejo onde possa estar a polémica; não anda toda a gente a dizer que é preciso as escolas terem autonomia? pois bem, autonomia significa também ter responsabilidade na arrecadação e gestão dos seus próprios fundos; por outras palavras, a autonomia significa também mais responsabilidade, não apenas mais liberdade - coisa de que muitos proponentes da autonomia das escolas selectivamente se esquecem.
Posted by
Hugo Mendes
at
15:47
3
comments
Labels: Diário de Notícias, educação, escolas secundárias, Ministério da Educação, programa de modernização