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terça-feira, 4 de dezembro de 2007

“No”: um recado direto para Morales, Correa e Lula

Ao contrário do que muita gente imagina, a vitória do “não” na Venezuela tem mais consequências no campo externo do que interno. Internamente, Hugo Chaves continuará com os seus superpoderes, pois as mudanças pretendidas no referendo, que afetariam apenas 69 dos 350 artigos da Constituição, foram aprovadas pela Assembléia Nacional venezuelana (controlada há muito tempo por partidários chavistas), que deu a ele, em janeiro último, poderes amplos para governar por meio de decretos. Essa lei o autoriza a ditar decretos com força de lei em 11 áreas durante um período de 18 meses, mas poderá facilmente ser renovada pelo Legislativo em qualquer momento.

Com relação aos Estados Unidos, nada muda agora. Os dois países continuarão mantendo as suas relações de interdependência. Ou seja, Hugo Chaves precisa vender aproximadamente 50% de seu petróleo (número que chegou bater a casa dos 80%) para os ianques e os ianques não podem prescindir desse petróleo para tocar os seus carrões beberrões. O que mudará talvez será apenas o comportamento pessoal do “el diablo” Bush, que nesta altura deverá estar saltitando feito um anuro entorpecido pelos labirintos da satânica White House.

no contexto latino-americano, onde Cháves tenta exportar o seu modelo político, a derrota do “sim” representa um balde de água fria em muitas cabeças afoitas. São os casos específicos do Equador e da Bolívia, que deverão interpretar a derrota chavista como um sinal de alerta. Mesmo porque Rafael Correa (Equador) governa com minoria parlamentar, cuja maior diversão é destituir presidentes eleitos, e Evo Morales (Bolívia) tem apenas 1/3 do país sob o seu controle.

No Brasil, a derrota de Hugo Chávez foi um recado direto ao PT que defende mudanças na Constituição para viabilizar um terceiro mandato de Lula. Apesar de o presidente brasileiro se colocar publicamente contrário a esta alternativa, tem se empenhado muito pouco ou quase nada em conter os ânimos de seus correligionários petistas alardeadores da "re-releição". Ao contrário: faz vistas grossas e deixa rolar por toda Terra Brasilis esse imenso balão-de-ensaio. Se ele tinha alguma dúvida, acho que o eleitor venezuelano o esclareceu.