quinta-feira, 31 de maio de 2012

História da resistência estudantil em colóquio

O Colóquio 1962 - Uma Perspectiva Histórica, dedicado à revolta estudantil desse ano e cuja efeméride evocámos recentemente, decorre amanhã e depois na FCSH-UNL.
A organização é do IHC.

História da resistência conta agora com Mulheres de armas

O lançamento deste livro sobre o papel da resistência feminina na actuação do Partido Revolucionário do Proletariado - Brigadas Vermelhas está agendado para hoje.
Extensa reportagem em «Quando em Portugal as mulheres pegaram em armas e puseram bombas», por São José Almeida (transcrição do texto aqui).

terça-feira, 29 de maio de 2012

A ditadura síria acaba de assinar a sua sentença de morte

Foi preciso esperar muito, demasiado para os mais de 12 mil assassinados, dezenas de milhares de feridos e desalojados. Mas agora já nem a real politik consegue aguentar mais esta vergonha internacional. O massacre de Houla, na sexta-feira passada, foi a gota de água. Finalmente: «Kofi Annan: O que aconteceu em Houla “foi um acto repugnante, com consequências profundas”».
E ainda bem que algum europeu avança, após a recusa reiterada em aplicar as resoluções da ONU, é o mínimo de decência: «Hollande sublinha a possibilidade de intervenção militar na Síria após massacre».

A União Europeia está prestes a acabar?

Esta é a tese do economista do FMI Stephen Jen, por haver «dois países da UE [Grécia e Espanha] em iminência de ruptura ao mesmo tempo». Acredita nela Domingos Ferreira, em «Iniciou-se a desagregação do euro». Esperemos que não, e que a alegada 'corrida aos bancos' não passe dum exagero. Mas ainda bem que existem estes catastrofistas, doutro modo os governantes seriam ainda mais lentos na tomada de decisão, o que só agravaria a situação. É que a lentidão é um dos factores que agravou a situação.
Para Ferreira, a alternativa passa pelo BCE assumir-se como emprestador de último recurso, apoiar-se rmedidas expansionistas, aumentar-se o firewall europeu com vista a refinanciar os bancos dos PIIGS (de 780 biliões para c.5,5 triliões de euros) e criar-se uma união política para a redistribuição fiscal. O que só será possível com apoio do G20.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Lisboa acolhe Congresso Europeu do Património: aproveite-se a oportunidade para propor uma política cultural europeia

Este influente encontro cultural é organizado pela rede Europa Nostra e decorrerá este ano em Lisboa entre 29 de Maio e 2 de Junho. O Centro Nacional de Cultura integra essa rede que pretende ser «a voz do património cultural europeu» e que congrega 250 ONG com c.5 milhões de associados em toda a Europa. «Conta ainda com o apoio direto de mais de 1500 membros individuais e mais de 150 entidades públicas e empresas». A principal ideia é «salvaguardar o património cultural e natural europeu para as gerações presente e futuras», tendo já trabalhado um elenco relevante de questões (vd. lista de documentos).
O seu extenso programa inclui a atribuição de prémios pela comissária europeia da pasta, visitas guiadas a monumentos e um fórum com o pertinente tema «Salvaguardar o Património ameaçado na Europa» (a 1/VI, na FCG). Entre as intervenções sectoriais, que poderão ser acompanhadas via internet, destaco as seguintes: «Emergence d’un mécénat populaire en France pour sauver le patrimoine en péril», por Bertrand de Feydeau (Fondation du Patrimoine, França);  «Lisbon Heritage in Danger», por António Sérgio Rosa de Carvalho (historiador); e «Cities need integrated and sustainable urban regeneration urgently”, por João Teixeira (European Council of Spatial Planners). Mais informações neste folheto.
ADENDA 1: «Seis prémios para um património que une pessoas»: restauro da torre siderúrgica de Sagunto (Valência, 1920); casa comunitária de arquitectura popular (Cornualha, séc.XV/XVI); Edifício Averof, neoclássico, agora centro universitário de arquitectura (Atenas, 1878); livro de pesquisa The Augustus Botanical Code of Ara Pacis, sobre o alfabeto botânico do baixo-relevo do imperador romano Augusto; inventário dos portões decorados da minoria étnica sícula, pela professora Kovacs (Transilvânia); programa norueguês de salvaguarda do património dirigido a crianças e jovens (recuperou 1128 sítios e monumentos desde 2000).
ADENDA 2: Por ocasião da entrega dos prémios acima referidos, a comissária da cultura da UE Androulla Vassiliou afirmou que o seu orçamento subirá 37% em 2014 (via programa Europa Criativa, com 1,8 mil milhões de euros ). Para si a cultura é um factor de desenvolvimento, contribuindo para a coesão social, a sanidade mental e a esperança no futuro. O sector emprega 8,5 milhões de pessoas na Europa e contribui com 4,5% para o respectivo PIB. Além disso, 40% do turismo tem motivações culturais, sendo a Europa o seu 1.º destino, devido aos seus museus, festivais e património. Neste âmbito a UE instituiu recentemente o Heritage Label para distinguir bens patrimoniais ligados ao ideal de integração europeia (cf. entrevista «"É difícil convencer os políticos de que a cultura não pode ser negligenciada"», por Lucinda Canelas).

sexta-feira, 18 de maio de 2012

TPC pró troikó passos: mais 'empreendedor' que isto é difícil, mas permanece desempregado - como explicar?

Sr. primeiro-ministro:
apresento-lhe Chullage, português, licenciado em sociologia, rapper amador apesar do ror de sons já feitos. Era animador sociocultural em bairros sociais no Seixal, ajudando na inclusão social e a desviar os miúdos da droga e dos gangs. Está no desemprego porque V. Ex.ª resolveu suspender sine die a aplicação do QREN, do qual depende este tipo de empregos. A música «Já não dá» integra o novo álbum Rapressão, bem avaliado pela crítica (vd. João Bonifácio, no Público de hoje). O que é que ele precisa de fazer mais para não continuar preso no desemprego? Montar uma empresa de construção civil?

quinta-feira, 17 de maio de 2012

São bem-vindos fóruns completos: para debate, intervenção e propostas

Foi hoje publicamente apresentado um novo movimento cívico, o Para uma esquerda livre. Antes disso, já incomodava certas vozes que costumam dizer que há falta de intervenção cívica e de mobilização popular, etc. e tal., mas que só toleram novidades se forem da sua banda (uma boa amostra reside em posts do blogue 5 Dias e em certos comentários no Arrastão).
Uns criticam porque é só mais um movimento, outros porque quer ser partido. Entendamo-nos: tem legitimidade e pertinência para ser uma coisa ou outra, ou uma coisa e depois outra. O que interessa é que, seja o que for que consubstancie, que o faça de modo consequente. Mai nada.
Por isso, felicito publicamente os seus dinamizadores de primeira hora e saúdo a sua intervenção inicial, pois parece-me que vai no sentido certo: «Manifesto para esquerda livre quer provocar partidos». É que precisamos de mobilização da sociedade civil se queremos chegar romper com a actual claustrofobia do espaço público.
Aproveito a deixa para vos deixar um outro manifesto, o «Manifesto for universities that live up to their missions/ Université en débat: Pour des universités à la hauteur de leurs missions». Alerta para o facto dos rankings de universidades estarem a ser usados para estrangular ainda mais o financiamento duma boa parte das universidades públicas, concentrando o que já está concentrado demais e acentuando a mercadorização deste bem público. Além disso, apresenta-se uma visão alternativa, com propostas consentâneas.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Aonde leva o troikismo: 1 milhão de desempregados, a angústia como quotidiano

«Desemprego real próximo dos 20% no primeiro trimestre», por Paulo Miguel Madeira e Raquel Martins
«Retrato: o desemprego tem rosto», blogue de Daniel Rocha

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Bernardo Sassetti (1970-2012): mágico cometa jazz

Um grande talento que desaparece ainda novo. A ideia de perpetuar o seu trabalho, proposta por amigos como o maestro Paulo Lourenço, parece-me a melhor das homenagens a alguém que declarava sempre estar imerso em projectos. A sua música e fotografia têm boa amostra no seu belo site (gosto particularmente desta sua série de imagens). Gostei muito do improviso ao piano que fez para a «Menina do mar», de Sophia, história infantil contada pela sua mulher Beatriz Batarda (seria uma benção se se pudesse disponibilizar a todos um registo dum desses espectáculos de 2010-11, caso tenha sido gravado). Mais informação sobre a morte acidental, exéquias e depoimentos aqui.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Por uma política cultural para o cinema português (manifesto)

Tendo em conta o estado actual do Cinema português, que apesar de continuar a ser reconhecido no estrangeiro continua a não ser apoiado pelo nosso Governo, um grupo de organizações e pessoas ligadas ao sector, decidiram tomar a iniciativa de marcar uma acção de protesto em forma de sessão de cinema.
Será na próxima quarta feira, pelas 21h em frente à Assembleia da República. Aqui fica um pequeno texto criado por esta "plataforma":
 
TODOS AO CINEMA EM SÃO BENTO!
Porque um país sem cultura não tem futuro
Porque um país sem cinema não tem memória
Para todos os que se recusam a assistir passivamente ao seu extermínio, vamos projectar, ao ar livre, mais de 100 anos de cinema português.
Pela aprovação da nova lei do cinema!
Todos a S. Bento
9 de Maio, 4.ª feira, 21h
Entrada livre

Fontes: facebook; Cena.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Maurice Sendak (1928-2012), um autor que não se ralava de ser etiquetado de escritor de livros para crianças

Não o conhecia e fiquei curioso por ler a sua história mais badalada, Where the wild things are/ Onde vivem os monstros (1963). O filme em baixo baseia-se nas suas ilustrações. Obituário aqui.

domingo, 6 de maio de 2012

Da austeridade ao crescimento: eleições ditam reconfiguração política na Europa

Foram muitas as eleições num espaço de dias: Inglaterra, Grécia, França e Alemanha. As mais decisivas ocorreram na Grécia e França.
Os gregos ditaram uma reconfiguração partidária, com o 1.º partido apenas com 19% (e com queda de -15%!) e surgindo em 2.º lugar um partido similar ao BE, o Syriza (com 17%). O partido no poder, no caso o PASOK, é fortemente punido (passa de 31 para 13%). Seguem-se, em 4.º, uma cisão dos ganhadores conservadores, em 5.º os comunistas, em 6.º a extrema-direita e em 7.º o DIMAR, esquerda pró-europeísta (o PASOK considera-se agora de centro). Além destes, é possível mais entradas no parlamento, ainda se contam os votos (verdes e LAOS ficaram à beira dos 3% necessários). Quase certo é a Nova Democracia coligar-se com o PASOK, mantendo-se os mesmos no poder, agora tipo bloco central. Este tipo de alternância sem alternativa é sintoma de falta de qualidade democrática. E pode agravar a crise, em vez de a ajudar a resolver.
Em França, Hollande é o 2.º presidente socialista em 50 anos! Parece pouco consentâneo com um país pintado pelos opinadores conservadores como pátria revolucionária sem cura, delírio jacobino e esquerdista. Por outro lado, Sarkozy é apenas o 2.º presidente sem conseguir revalidar mandato, numa eleição maciça, com apenas 19% de abstenção! Despediu-se com fair play (ao contrário da sua entourage), mas de modo tão exagerado que parecia estar já a pensar nas próximas eleições. Será? Seja o que for, o mais importante é que a vitória de François Hollande marca claramente uma viragem na Europa. O PPE- Partido Popular Europeu perde aqui um dos seus pilares e deixa de liderar a fórmula polítitca para a Europa.
Para quem insistia que a situação nos países euromeridionais era um problema 'sulista', teve aqui uma refutação bem eloquente. Se Hollande e Sarkozy são parecidos, como dizem, então porquê este ânsia de apear um presidente em tempos instáveis que costumam convidar a manter o governante de serviço? O mesmo sentimento de punição do político de serviço? Talvez. Não apagará, porém, a mudança que comporta. Sobretudo contra os cínicos, e são tantos por aí.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

E eis senão quando um injustamente relegado obriga a reescrever toda a história da literatura portuguesa!!!

O tipo escreveu o 1.º romance histórico português aos 14 anos, o 1.º romance moderno luso uns anos depois; e foi traduzido para alemão antes de Herculano. As obras são boas. Apesar de tudo isto, foi esquecido pelos escritores coevos e pelos historiadores da literatura até um outro escritor amante do  romance histórico português se interessar pelo caso.
Pedro Almeida Vieira, é dele que falo, reedita agora o tal  1.º romance moderno luso. Está a ter boa publicidade (i; Clube dos Livros; Da Literatura), deixando encavacado todo um friso de ilustres, desde Herculano a Carlos Reis. É bem feita. Parabéns a Pedro Almeida Vieira, pela persistência e pelo cuidado.
Mas não cuidem que se tenha sentido mal. Na época, até rebuçados vendeu. E muitos!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Fernando Lopes (1935-2012): o pioneiro do «novo cinema português»

Preparou-se cedo, na meca londrina, e começou novo, tal como o cinema que fez. Tem filmes marcantes, alguns percursores. Ontem, revendo Belarmino, não pude deixar de repisar a sensação de obra inspiradora de filmes como Touro enraivecido, de Scorcese, feito muito anos depois.
Fernando Lopes foi um cineasta importante mas algo secundarizado, pela sombra de Manoel de Oliveira e César Monteiro. Ousou transpor para cinema obras grandes da literatura portuguesa, como Uma abelha na chuva, de Carlos de Oliveira, e O delfim, de José Cardoso Pires.
Obituários no Público, DN e JN.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Um 1.º de Maio para sortudos?

Se também acha felizardo quem está em Tui, então é provável que também lhe interesse ler e/ou assinar a petição online «Pela construção de um monumento a José Afonso, em Lisboa», dinamizada pela AJA- Associação José Afonso. Eu já assinei!