sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Premiê turco dá as costas ao Fórum Econômico Mundial de Davos

premie turcoO premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, foi recebido ontem em Istambul como herói, em sua volta de Davos, onde abandonou um debate sobre o conflito em Gaza com o presidente de Israel Shimon Peres e o presidente da ONU, Ban Ki-Moon, e prometeu nunca mais regressar ao Fórum Econômico Mundial. Erdogan foi embora após ter sido impedido pelo moderador, David Ignatius, do Washington Post, de responder à intervenção de Peres sobre os recentes ataques de Israel à Gaza. Até aí, tudo bem. Mas e os curdos, hein!? Nunca é demais lembrá-lo disso. Aqui vídeo da chegada de Erdogan em Istambul.

Imagem retirada daqui.

Movimentos sociais fecham as portas a Lula no FSM de Belém

090711presidentessssss Os presidentes de esquerda Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equqador) e Fernando Lugo (Paraguai) se encontraram ontem com vários movimentos sociais presentes no Fórum Social Mundial de Belém. Entre eles, uma ausência: a do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem não consideram mais um autêntico líder de esquerda. Há tempos Lula vem sendo criticado por sua política econômica neoliberal, herdada do seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso. O MST (Movimento dos Sem Terra) e os partidos à esquerda do PT, no caso o PSTU (Partidos Socialista dos Trabalhadores Unificado e PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) são os que mais têm cobrado do presidente brasileiro uma postura mais à esquerda. Companheiros. Pero no mucho.

E "o deus mercado quebrou" - No encontro que teve a portas fechadas como Chávez, Lugo e Evo, Lula disse que os países ricos não têm lições a oferecer no combate à crise e ironizou: "Eles tinham a solução para todos os nossos problemas e diziam o que tínhamos de fazer. Parecia que eles eram infalíveis e nós, incompetentes. Mas Deus escreve certo por linhas tortas, porque ‘o deus mercado’ quebrou".

Foto retirada daqui.

Por que a mídia privada não consegue ver o FSM?

Mais uma vez a mídia privada não consegue ver o FSM (Fórum Social Mundial). Os leitores que dependerem dela ficarão sem saber o que acontece aqui em Belém. Por quê? O que impede uma boa cobertura, se a riqueza de idéias, a diversidade de presenças, a força dos intercâmbios — como não se encontra em lugar algum do globo — estão todos aqui? Há jornalistas, algum espaço é dedicado pela imprensa ao evento, mas o fundamental passa despercebido.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Imagens do contraste: Davos versus Belém (atualizado)

davos = seg 2acapamento Enquanto a gelada Davos, cercada por um forte esquema de segurança (veja vídeo), discute a falência do neoliberalismo econômico, o acampamento da juventude, a céu aberto, do Fórum Social Mundial de Belém é todo esperança de que “um outro mundo é possível”. E os contrastes não ficam só nas imagens. Se por uma lado a gélida Davos vive o mórbido pesadelo da atual crise econômica, Belém é todo alegria. "Os jornais noticiam o desânimo que ronda aquela estação de esqui tão famosa onde os ricos do planeta se locupletavam em dias de discussão e muita festa. Agora, a orientação para muitos executivos de bancos e de grandes multinacionais é não comparecer a Davos para não demonstrar ostentação nesse momento de crise. Aqui no FSM continuamos em festa, com a alegria de viver e de construir um novo mundo. Portanto, no momento em que estamos vivendo, o mundo parece se inverter a nosso favor", desabafa Cândido Grzibowsky, diretor-geral do Ibase e membro do Comitê Internacional do FSM.

Maradona diz “sim” a Hugo Chávez

maradona e chavez Diego Maradona participou nesta quarta-feira de um comício ao lado de Hugo Chávez, agora em campanha ferrenha por uma emenda constitucional que permitirá sua reeleição por tempo indeterminado. O ex-futebolista e agora selecionador da Argentina não tem a menor dúvida: se pudesse, votaria “sim” no referendo do dia 15 de fevereiro. Segundo sondagem do Intituto Datanalisis, 51,5% dos venezuelanos são favoráveis `a proposta de emenda. Como perguntar não dói, quando será que este presidente falastrão deixará de só fazer política pra passar a governar de fato o seu país? Afinal, já vai pra 10 anos o seu tempo no poder.

Homenagem e poesia pra Chico Mendes, o homem da floresta

chico mendes O sindicalista e líder ambiental, Chico Mendes, assassinado há 20 anos no Acre, foi o grande homenageado do Fórum Social Mundial de Belém. O evento ocorreu na tenda dos “50 anos da revolução cubana”, onde a ex-ministra Marina Silva (meio ambiente) participou de rodada de depoimentos e defendeu uma mudança do modelo de desenvolvimento para a preservação do meio ambiente e desenvolvimento humano na Amazônia. “Por que apareceu dinheiro para resolver a crise da economia e não há recursos para resolver a crise ambiental global, que é muito pior que a financeira?”, questionou a ex-ministra e senadora pelo estado do Acre, que também não poupou críticas ao Fórum Mundial de Davos. “Talvez o Fórum Econômico devesse ter enviado emissários a este fórum, pois aqui é uma pororoca de idéia, mas também é uma pororoca de soluções”. Pra finalizar, foi declamado o poema de Pedro Tierra, “O grito verde que anda”.

Francisco. Chico. Chico Mendes.
Seringa. Seringueiro. Seringal.
Legião de homens e sonhos.
Verde rompendo o verde.
Punhal aceso na memória
da água, da pedra, da madeira.
Dos homens?
A sumaúma, a seringueira,
a pedra do monte Roraima,
o sangue que mina do tronco
nos seringais de Xapuri indagam:
onde a sombra exilada de Chico Mendes?
Organizador dos ventos gerais
que combatem depois das cercas,
de todas as cercas da terra...
Chico: um grito verde que não cessa.

Freeportgate: o caso agrava-se

As reportagens que aprofundam esta grave notícia são das edições de hoje das revistas Visão e Sábado, que incluem resumos das mesmas nos seus sites. A informação foi também já divulgada pela TVI.

Por ora, deve imperar a presunção da inocência, enquanto a justiça não concluir o seu trabalho.

Seja o que for que seja apurado, subsistirão 2 questões no caso Freeport, de carácter ético e político, que devem suscitar reflexão e debate: a da legitimidade para produção legislativa relevante num contexto de governo de gestão (no caso, alteração da Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo no último dia de governação) e a indefinição da justiça portuguesa quanto ao referido processo aberto em 2005 e nunca concluído ou arquivado.

Sobre a 1.ª questão, esteve bem o Bloco de Esquerda ao propor medidas legislativas para pôr cobro a esse tipo de situações. Sugiro ainda a leitura da opinião expressa no blogue Ambio [ambiente & sociedade].

Sobre a 2.ª questão, o texto de António Barreto no Público do passado domingo é muito oportuno mas também inquietante, ao revelar o quão difícil será acabar com as inépcias estruturais da justiça portuguesa.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Posts do Peão com links para o Arrastão

Por email, recebi todas as explicações para entender este caso e a “Santa Aliança”. Como navego muito pouco (ou quase nada) pela blogosfera, não estava bem inteirado sobre a questão e a grande “sacada” que o Daniel Oliveira teve em prol dos blogues de esquerda. Assim, espero ter desfeito qualquer mal-entendido (o meu, é calro) e aproveito a oportunidade pra desejar vida longa ao Arrastão. Deveria ter me informado melhor antes de publicar o post.


Ao fazer uma busca no Google, descobri (pra meu espanto) que o meu
primeiro post sobre o FSM está com o link direcionado para o Arrastão e não para o Peão, onde foi publicado e para onde o link deveria conduzir. Como isso é possível? Alguém pode me explicar o que se passa?




Caminhada pela paz e um mundo de pessoas no FSM de Belém. Saravá!

abertura valeindgenas

Nem mesmo a forte chuva impediu os participantes do Fórum Social Mundial (FSN) de marcharam hoje pelas ruas de Belém, com o objetivo de clamar pela paz no Oriente Médio, condenar a crise do capitalismo e defender a preservação do meio ambiente. Segundo a polícia local, foram cerca de 60 mil pessoas. Mas segundo organizadores, o número de participantes chegou perto dos 100 mil. Polêmica a parte, o importante é que mais de 100 mil pessoas e 5600 organizações devem participar deste FSM. Representantes de movimentos sociais, grupos étinicos, centrais de trabalhadores, sindicatos, ONGs e grupos religiosos de mais de 150 países estarão reunidos para paricipar e festejar a 9ª edição do evento. Ao todo, serão 2400 atividades (entre plenárias, conferências, palestras, oficinas, eventos esportivos e culturais) durante os 5 dias do acontecimento. Ufa! Isso é pra calar a boca da direita tupiniquim, para quem o FSM não conseguiria passar sequer da primeira edição. Mordam-se!

Nas fotos, detalhe da caminhada e indígenas e grupos ambientalistas usam seus corpos para alertar o mundo sobre a sustentabilidade da Amazônia e o direito dos povos. Mais informação aqui.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

“Os estupros vão continuar a acontecer enquanto não houver tantos soldados quanto meninas bonitas na cidade".

silvio-berlusconi Foi assim que o premiê Silvio Berlusconi reagiu quando questionado sobre a possibilidade de enviar tropas para conter a onda violência sexual na cidade de Sardinia. Os italianos que me perdoem, mas este homem é realmente um lixo asqueroso. Mais.

Fórum Social Mundial de Belém: “um outro mundo é possível”.

Print Com o lema “Um outro mundo é possível”, acontecerá entre amanhã e 1º de fevereiro, em Belém, o Fórum Social Mundial 2009 (FSM). Criado pra ser um contraponto a Davos, o FSM não tem caráter deliberativo. É uma tribuna livre e apartidária, não governamental, onde se pretende estimular de forma descentralizada o debate, a reflexão, a formulação de propostas que sirvam de alternativa ao modelo neoliberal e neocolonial por aí existente. O evento é norteado pela troca de experiências entre organizações e movimentos interessados na construção de um mundo mais democrático, solidário e justo, apoiado em instituições plenamente democráticas, em busca da justiça social, da igualdade e da soberania dos povos, com respeito aos direitos humanos universais e ao meio ambiente.

A escolha de Belém foi motivada por estar localizada na região Pan-amazônica, com o objetivo de chamar a atenção da mídia e da população mundial para a urgência dos problemas da região, como a destruição socioambiental (desflorestamento, ocupação não-sustentável e etc...). No dia 28, segundo dia do FSM, ocorrerá o Dia da Pan-amazônia (veja aqui), cujo tema será “500 anos de resistência, conquistas e perspectivas afro-indígena e popular”. A programação será composta por debates, cerimônias, plenárias e qualquer outra forma de interação. A Pan-amazônia é composta por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa, ou seja: a mais rica biodiversidade desta Terra moribunda e sufocada pelo CO2.

Além das atividades políticas, sociais, artísticas e culturais (veja aqui programação cultural), o FSM deste ano traz uma ótima novidade: reunirá cientistas e intelectuais, oriundos de vários países. Será a primeira edição do Fórum Mundial da Ciência e Democracia. Aqui toda a programação.

Programação geral

27/01 –Marcha de abertura (tarde).

28/01 – Dia da Pan-amazônia: “500 anos de resistência, conquistas e perspectivas afro-indígena e popular”. Este dia será dedicado a levar ao mundo as vozes da Amazônia e se constituirá de diversas atividades, como testemunhos, conferências, além de celebrações e mostras culturais.

29 a 31/01 – Demais atividades auto-gestionadas.

1/02 – Encerramento do FSM 2009, com ações descentralizadas e auto-gestionadas onde serão apresentados os acordos e alianças construídos no decorrer do FSM e celebração geral de encerramento.

Fonte e outras informações e programas completos.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Mac faz 25 anos. Parabéns, rapaz!


Faz hoje 25 anos que Apple lançava o Macintosh (para os mais íntimos, Mac), o primeiro microcomputador comercial com rato e interface gráfica. O projeto original foi criado por Jef Raskin e tinha tela de 9 polegadas, 128 KB de memória RAM, um processador Motorola 68000 de 8 MHz, drive de disquete 3,5 polegadas (armazenava 400 KB por disco), teclado, rato do tipo botão e era vendido a 2.500 dólares, preço bem menor ao de seus predecessores. O nome foi inspirado numa variedade de maçã norte-americana, a McIntosh. A letra “a”, adicionada ao Mc, foi proposital, pois a marca McIntosh já tinha sido registrada por uma empresa de equipamentos de som. Mais.

Imagens: Foto do primeiro Mac original e vídeo do primeiro comercial para TV.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

E o papa agora é pop

novo_papa E não é que a Vossa Santidade, o papa Bento 16, agora também quer ser pop! Ela passou a ter um canal no YouTube. Entre muitas coisas, ele aconselha os jovens a usarem a “nova mídia” de forma equilibrada e evitar a obsessão online que pode isolá-los da vida real. O canal do Vaticano terá vídeos sobre as atividades do papa, além de eventos e cultos na Santa Sé, com áudio e texto em inglês, castelhano, alemão e italiano. Os vídeos diários terão perto de 2 minutos de duração. Amém.

Provavelmente ninguém quer saber

...mas esta notícia é muito importante (pelo menos se considerarmos o número de mortos causados pelos sucessivos conflitos na região do leste do Congo, Ruanda, etc...). É importante sobretudo porque resulta da cooperação entre os governos da República Democrática do Congo e do Ruanda. Desde há uns anos que os rebeldes tutsis destabilizavam o leste do Congo, e os rebeldes hutus o Ruanda. As acusações de apoio a uns e outros rebeldes por parte do Congo e do Ruanda eram mútuas (e provavelmente com fundamento). Agora os dois países cooperam, e dos dois lados da fronteira, para conseguir estabilizar a região. Será que a paz vai finalmente chegar àquelas bandas? Ainda não se sabe, mas a possibilidade existe. Mas como tudo isto se passa em África, não tem importância nenhuma.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Uma heroína inspiradora

Enquanto não se percebe o que aconteceu ao programa Câmara Clara, a RTP2 vai transmitindo programas avulsos ao domingo à noite e começou por repor a belíssima adaptação de Jane Eyre pela BBC.
Jane Eyre é a heroína perfeita, alguém que foi profundamente injustiçada, mas que não se vitimiza, nem vitimiza os outros; a sua dedicação aos estudos é contrabalançada por uma veia artística inspiradora; é contida, mas profundamente apaixonada. Toda a história imaginada por Charlotte Brontë tem os ingredientes romanescos em dose certa, para que dela tenham surgido, por sua vez, outras criações artísticas e até ensaísticas.
Paula Rego, puxa por Jane Eyre, a pintora, e materializa plasticamente o romance. A literatura, com Paula Rego, assume sempre uma faceta carnal, e nestes desenhos os negros mastins de Edward Rochester, e Jane Eyre tomada pelo desejo vincam a intensidade quase gótica do romance.
Aliás, Paula Rego, chegou ao livro através de outro livro, Wide sargasso sea, «prequela» de Jane Eyre, escrito quase um século depois, em 1966, por Jean Rhys.
Jean Rhys, nascida na Domínica de mãe crioula e pai galês, passou a sua vida, de escrita, álcool e alienação, entre Paris e Londres é atraída pela personagem de Bertha, a crioula mulher de Rochester, louca prisioneira da torre de Thornfield Hall. Rhys quis contar o outro lado da história, um lado mais próximo do seu, também esquecida anos e considerada já morta, e, aqui, a cinzenta contenção do romance inglês, dá lugar ao impulso luxuriante das Índias Ocidentais e Bertha vítimas das circunstância e de uma nefasta herança genética.
O livro que não existe em português vai finalmente ser publicado, pasme-se, pela revista Sábado, numa colecção que começou agora a ser lançada. A Jane Eyre/Paula Rego está editada pela Cavalo de Ferro.
Há ainda, Mad woman in the attic de 1979, ensaio de crítica literária que pretende analisar a literatura vitoriana sob um ponto de vista feminista, mas desse só conheço o título.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Bombaim

Sobrevoei Bombaim várias vezes. O bairro da lata ao pé do aeroporto é uma imagem inesquecível e aterradora que me fez sempre dizer que não tencionava visitar a cidade. Mas há quase dez anos passei finalmente uma semana em Bombaim que ainda hoje recordo como um lugar fascinante, uma montanha-russa de emoções, um espaço urbano completamente esquizofrénico com uma energia irresistível. Os passeios pejados de pequenas livrarias ambulantes, os rapazitos do "chai" a correrem com marmitas por todo o lado, os maravilhosos "thali", os pobres, muito pobres, os ricos, muito ricos, as galerias de arte, uma livraria pequenina algures no centro, um oásis com um jardim delicioso que literalmente fechava a enorme porta à loucura da cidade, as cores, os autocarros a abarrotar, a Mohammad Ali Road com uma multidão inimaginável em noite de festa de fim de Ramadão, a loucura que é o templo dedicado a Lakshmi... Apaixonei-me, vim carregada de livros da Penguin India e de todos os livros que tenho são os únicos que não dou e que em caso de incêndio tentaria salvar a todo o custo. Isto para dizer que Slumdog Millionaire é um filme excelente que adorei ver e que me fez lembrar de como gosto desta cidade difícil e fantástica. Não percam!

Não se faz....

Este post do Daniel Oliveira é completamente desonesto, manipulador, falso, pérfido, sádico, maquiavélico, trocista, numa palavra: brilhante! A melhor posta que vi publicada na bloga em muito tempo. Bem haja!

Refugi@arte: a arte a serviço dos refugiados da África

Aluma Artistas como Miquel Barceló, Antoni Tàpies, Víctor Ochoa, Juan Genovés, Eduardo Chillida, Antonio Saura, entre outros aderiram ao projeto Refugi@arte, ação solidária do Alto Comissionado da Nações Unidas para os Refugiados. Esta iniciativa espera arrecadar fundos destinados a financiar projetos de assistência alimentar em campos de refugiados em 4 países africanos: Etiópia, Quênia, Sudão e Chade. Ao todo, serão 50 de obras de 39 artistas. Mais informação aqui.

Começa o funeral da nefasta Era Bush

casa branca Em uma das primeiras medidas como presidente dos EUA, Obama pediu a suspensão por 120 dias de todos os julgamentos militares de acusados de terrorismo na base de Guantánamo. O pedido deverá ser analisado pela Justiça Militar ainda hoje.

Foto: EFE.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

E o prémio "deixa-me pôr em bicos de pés para a tomada de posse de Obama" vai para...

Ségolène Royal que nos assegura ter inspirado Obama, que acha ter sido copiada pela equipa de Obama, e que se deslocou a Washington para assistir ao discurso de Obama numa cadeirinha a 200 metros de distância.

20 de Janeiro de 2009


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

João Aguardela (1969-2009)

É uma notícia inesperada e triste, esta do falecimento do músico João Aguardela, ontem, vítima de cancro. Não chegou aos 40 anos, que celebraria em Fevereiro próximo.
Aguardela foi vocalista, líder e fundador dalguns dos projectos mais interessantes da moderna música portuguesa e que eu tive muito gozo em acompanhar, por sintonia geracional e estética: Sitiados, Megafone, Linha da Frente e A Naifa.
Os seus projectos tinham um denominador comum: cruzar a música tradicional portuguesa com sonoridades electrónicas, um pouco como a continuação de António Variações e, aqui e ali, com ressonâncias dos The Pogue, e outros. Linha da Frente tinha a particularidade de ter sido criado por vocalistas de várias bandas para a interpretação de textos de poetas portugueses, dando o mote a outra preocupação de Aguardela, a divulgação da língua portuguesa. A inovação estética era nele uma preocupação central.
O último projecto, A Naifa, tinha-o juntado a Luís Varatojo e outros músicos, para uma revisitação bem atraente do fado, cruzando-o com a música electrónica e uma voz feminina.
Tinha uma bonita voz e uma boa presença. Ficam-nos as suas músicas, o seu sentido estético, o seu empenho cívico e a sua atitude aberta ao mundo, desalinhada do estrelato e do comercialóide.
Mais informações sobre esta triste notícia no site de A Naifa e no Público. Video-montagem aqui.

“Soldados virtuais”, a nova arma de Israel no massacre a Gaza

cibercultura1 Nem só de caças F-16 e mísseis teleguiados são feitos os ataques israelenses em Gaza. Uma arma em específico se destacou pela eficiência apresentada desde a escalada do conflito. Ela age nos bastidores da internet, modificando resultados de sondagens on-line e ajuda a protestar contra notícias desfavoráveis à comunidade israelense. O nome da ferramenta é Megaphone, um software desenvolvido pela companhia Collactive e distribuído pela organização Giyus ("mobilização" em hebraico, mas também sigla para "Give Israel Your United Support" ou "Dê a Israel seu apoio integrado", em tradução livre).

Que o sr. Paulo Portas não saiba disto. Este PM anda muito à esquerda ultimamente. É o ano eleitoral a fazer milagre com certas pessoas.

Depois de ler a moção apresentada por José Sócrates fiquei com a nítida impressão de que o gajo que governou Portugal foi abduzido (*) e um ET tomou o seu lugar. Estou louco ou ele não tem nenhuma vergonha na cara. Aqui a moção completa (PDF)

Sócrates defende casamento homossexual.

(*) Abduzir no sentido informal brasileiro: ser levado para dentro de uma nave espacial e desaparecer da Terra por muito tempo e reaparecer ( ou não) em um lugar bem distante de onde sumiu.


domingo, 18 de janeiro de 2009

Porque será que ainda existe racismo?

Em França a polícia pode interpelar uma pessoa sem precisar de uma justificação para o fazer, são os "coltrôles au faciès". Não existem dados oficiais sobre estas interpelações, um polícia nem sequer tem que preencher papel algum. No entanto CRAN (Conseil Répresentatif des Associations de Noirs) solicitou uma sondagem à CSA sobre a incidência, e a conclusão foi que os membros das minorias visíveis são duas vezes mais controlados pela polícia do que a média da população. Infelizmente não é muito surpreendente, mas fica a demonstração de que as interpelações arbitrárias pela polícia resultam em discriminação, e mesmo em racismo institucional. O CRAN, lançou a semana passada uma campanha de sensibilização para o problema, e fez vir dos EUA um sósia de Barack Obama para realizar o vídeo que está ali abaixo. A campanha tem sido um sucesso pelo menos da internet, segundo o presidente do CRAN, Patrick Lozès, o vídeo foi visto 160000 vezes em dois dias. Note-se que o CRAN não deseja o fim do "contrôle au faciès", mas propõe que um polícia que interpele uma pessoa seja obrigado a preencher um relatório indicando os detalhes e - sobretudo - a justificação para a interpelação. É uma proposta, na minha humilde opinião, bastante razoável, pretende-se apenas responsabilizar o polícia. Uma medida idêntica foi adoptada do Illinois quando Obama era senador, e foi uma das experiências que inspirou a proposta do CRAN, ainda segundo Lozès. De notar também que a chefia da Polícia acolheu favoravelmente esta campanha, tal como os meios político (com a excepção do ministro da Imigração e Identidade Nacional Eric Besson).
Curiosamente, quando o CRAN lança esta iniciativa e quando Obama se prepara para tomar posse, a revista Science publicou um artigo científico em que se analisa o comportamento de indivíduos que presenciam actos de racismo. O ponto de partida do estudo é uma aparente contradição das sociedades actuais: se por um lado o racismo é hoje em dia geralmente condenado e fortemente reprimido, por outro lado os actos racistas continuam a fazer parte do nosso quotidiano. A conclusão principal do estudo que explica, pelo menos em parte essa contradição, é que geralmente alguém que testemunhe um acto de racismo reage muito mais passivamente do que pensaria reagir. Entre a reacção que uma pessoa diz que teria caso presenciasse um acto de racismo, e a reacção que ela efectivamente tem, vai uma distância considerável. Infelizmente, mais uma vez não surpreende, mas a prova empírica vale ouro. E sim, o racismo ainda existe...



You can dance

Perdi quando passou no cinema e para uma tarde chuvosa lá rumei ao clube de video para alugar o imperdível “Mamma Mia”. Toda a família pulou e esganiçou-se sobre os fabulosos refrões… e não é que quando o filme acabou continuámos a ouvir o eco dos ABBA. De repente algo estranho estava acontecer para além das nossas paredes. É verdade, pusemos todo o prédio a dançar... like a Dancing Queen!

PS: A força da mudança. (Não estou a ouvir bem ou esta é outra piada?)

Jose_Socrates

José Sócrates apresenta hoje ao fim da tarde, no Centro Cultural de Belém, a sua moção política para o congresso dos socialistas intitulada "PS: A força da mudança".

"O país só se libertará do socialismo com um CDS mais forte."

portas2 Como perguntar não dói, que raios quis dizer Paulo Portas com isto? Sinceramente, não sei se é pra rir ou chorar. Certeza que este gajo é português? Mais.

Engana-me que eu gosto (atualizado)

free palestine ribbon Israel decretou cessar-fogo unilateral. E daí, bolas? Mas tudo continuará na mesma ou pior. As fronteiras de Gaza continuarão fechadas, o bloqueio não cessará e Gaza fica mais ocupada que antes. Mas se os palestinos se comportarem de forma subalterna e não reagirem à condição de gueto a que estão submetidos, pode ser até que não sejam massacrados novamente. Pode ser.

****

Poucas horas após declarar cessar-fogo, Israel voltou a atacar o norte de Gaza em resposta a ataques com foguetes lançados pelo Hamas. A força aérea abriu fogo contra vários edifícios na Cidade de Gaza, matando o primeiro palestino desde que entrou em vigor a trégua israelense. Em seguida, o Hamas anunciou um cessar-fogo imediato de seus militantes e grupos aliados. O grupo disse que suspenderá o lançamento de foguetes e deu a Israel uma semana para retirar suas tropas do território palestino.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Bush só não fez merda como também falou um montão delas

bush_danger_graffiti Sobre si mesmo

"Eles me mal-subestimaram."
(Bush inventou a palavra 'misunderestimated')
Bentonville, Arkansas, 6 de novembro de 2000

"Não há dúvida de que no minuto em que eu fui eleito, as nuvens de tempestade no horizonte estavam chegando quase diretamente sobre nós."
Washington, 11 de maio de 2001

"Eu quero agradecer ao meu amigo, o senador Bill Frist, por se juntar a nós hoje. Ele se casou com uma menina do Texas, eu quero que vocês saibam. Karyn está conosco. Uma menina do Oeste do Texas, exatamente como eu."
Nashville, Tennessee, 27 de maio de 2004

Sobre política externa

"Há um século e meio, os Estados Unidos e o Japão formam uma das maiores e mais duradouras alianças dos tempos modernos."
(Bush se esquecendo da Segunda Guerra Mundial)
Tóquio, 18 de fevereiro de 2002

"A guerra contra o terror envolve Saddam Hussein por causa da natureza de Saddam Hussein, da história de Saddam Hussein, e a sua determinação de aterrorizar a si mesmo."
Grand Rapids, Michigan, 29 de janeiro de 2003

"Eu acho que a guerra é um lugar perigoso."
Washington, 7 de maio de 2003

"O embaixador e o general estavam me relatando sobre a – a grande maioria dos iraquianos querem viver em um mundo pacífico e livre. E nós vamos achar essas pessoas e levá-las à Justiça."
Washington, 27 de outubro de 2003

"Sociedades livres são sociedades cheias de esperança. E sociedades livres serão aliadas contra os poucos odiosos que não têm consciência, que matam ao gosto de um chapéu."
Washington, 17 de setembro de 2004

"Você sabe, uma das partes mais difíceis do meu trabalho é conectar o Iraque à guerra ao terrorismo."
Washington, 6 de setembro de 2006

Sobre educação

"Ler é básico para todo o aprendizado."
Reston, Virginia, 28 de março de 2000

"Como governador do Texas, eu estabeleci altos padrões para as nossas escolas públicas, e eu cumpri esses padrões."
Entrevista à CNN, 30 de agosto de 2000

"Você ensina uma criança a ler, e ele ou ela ('he or her' em inglês, em vez do correto: 'he or she') vai conseguir passar em um teste de escrita."
Townsend, Tennessee, 21 de fevereiro de 2001

Sobre economia

"Eu entendo o crescimento dos negócios pequenos. Eu fui um."
Entrevista ao New York Daily News, 19 de fevereiro de 2000

"É claramente um orçamento. Tem muitos números nele."
Entrevista à agência de notícias Reuters, 5 de maio de 2000

"Eu continuo confiante em Linda. Ela será uma ótima secretária de Trabalho. Do que eu li na imprensa, ela é perfeitamente qualificada."
Austin, Texas, 8 de janeiro de 2001

"Primeiro, deixe-me esclarecer bem, pessoas pobres não são necessariamente assassinos. Só porque você não é rico, não significa que você está disposta a matar."
Washington, 19 de maio de 2003

Sobre saúde

"Eu não acho que nós devamos ser sublimináveis sobre a diferença entre nossos pontos de vista sobre remédios que exigem prescrição."
(Bush inventou a palavra 'subliminable')
Orlando, Flórida, 12 de setembro de 2000

"Doutores demais estão deixando o negócio. Muitos obstetras e ginecologistas não estão podendo praticar o seu amor às mulheres pelo país."
Poplar Bluff, Missouri, 6 de setembro de 2004

Sobre tecnologia

"Seria um erro para o Senado americano permitir que qualquer tipo de clonagem humana saísse daquela sala."
Washington, 10 de abril de 2002

"A informação está em movimento. Você sabe, o noticiário da noite é uma forma, é claro, mas também está se movimentando pela blogosfera e através das internets."
Washington, 2 de maio de 2007

Sobre governar

"Eu tenho uma visão diferente de liderança. Uma liderança é alguém que consegue unir as pessoas."
Bartlett, Tennessee, 18 de agosto de 2000

"Eu sou o decisor, e eu decido o que é melhor."
Washington, 18 de abril de 2006

"E a verdade é que muitos relatórios de Washington nunca são lidos por ninguém. Para mostrar como este é importante, eu o li e Tony Blair o leu."
Sobre o relatório Baker-Hamilton, em Washington, 7 de dezembro de 2006

"A única coisa que posso dizer é que quando o governador liga, eu atendo o telefone."
San Diego, Califórnia, 25 de outubro de 2007

"Eu já terei morrido há anos antes que alguma pessoa esperta descubra o que aconteceu dentro do Salão Oval."
Washington, 12 de maio de 2008

Sobre outros assuntos

"Eu sei que os seres humanos e os peixes podem coexistir pacificamente."
Saginaw, Michigan, 29 de setembro de 2000

"Famílias são onde a nossa nação encontra esperança, onde as asas viram sonhos."
LaCrosse, Wisconsin, 18 de outubro de 2000

"Aqueles que entram no país ilegalmente violam a lei."
Tucson, Arizona, 28 de novembro de 2005

"Isso é George Washington, o primeiro presidente, é claro. O que é interessante sobre ele é que eu li três – três ou quatro livros sobre ele no último ano. Isso não é interessante?"
Washington, 5 de maio de 2006

Texto da BBC Brasil e foto retirada daqui.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

imagemamichai

Carteira de identidade

Registra-me
sou árabe
o número de minha identidade é cinqüenta mil
tenho oito filhos
e o nono… virá logo depois do verão
vais te irritar por acaso?
registra-me
sou árabe
trabalho com meus companheiros de luta
em uma pedreira
tenho oito filhos
arranco das pedras
o pão, as roupas, os cadernos
e não venho mendigar em tua porta
e não me dobro
diante das lajes de teu umbral
vais te irritar por acaso?
registra-me
sou árabe
meu nome é muito comum
e sou paciente
em um país que ferve de cólera
minhas raízes…
fixadas antes do nascimento dos tempos
antes da eclosão dos séculos
antes dos ciprestes e oliveiras
antes do crescimento vegetal
meu pai… da família do arado
e não dos senhores do Nujub
meu avô era camponês
sem árvore genealógica
minha casa
uma cabana de guarda
de canas e ramagens
satisfeito com minha condição
meu nome é muito comum
registra-me
sou árabe
sou árabe
cabelos… negros
olhos… castanhos
sinais particulares
um kuffiah e uma faixa na cabeça
as palmas ásperas como rochas
arranharam as mãos que estreitam
e amo acima de tudo
o azeite de oliva e o tomilho
meu endereço
sou de um povoado perdido… esquecido
de ruas sem nome
e todos os seus homens… no campo e na pedreira
amam o comunismo
vais te irritar por acaso?
registra-me
sou árabe
tu me despojaste dos vinhedos de meus antepassados
e da terra que cultivava
com meus filhos
e não nos deixaste
nem a nossos descendentes
mais que estes seixos
que nosso governo tomará também
como se diz
vamos!
Escreve
bem no alto da primeira página
que eu não odeio os homens
que eu não agrido ninguém
mas… se me esfomeiam
como a carne de quem me despoja
e cuidado… cuida-te
de minha fome
e minha fúria

(Mahmoud Darwish)

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A vida junto da morte

A vida junto da morte
na carcaça de um carro à beira da estrada
você ouve as gotas de chuva na lata enferrujada
antes de senti-las cair na pele do rosto.
Cai a chuva, salvação depois da morte.
Ferrugem mais eterna do que sangue,
mais bonita do que cor de labaredas.
O vento que é tempo, alterna
com o vento que é lugar.
E Deus
permanece na terra como um homem que sabe
que esqueceu alguma coisa
e fica
até lembrar.
E à noite você pode ouvir
como Maravilhosa melodia,
o homem e a máquina,
no seu lento caminho, do fogo rubro
para a paz negra
e daí para a história
e daí para a arqueologia,
e daí para um belo estrato de geologia.
Isso também é eternidade
como o sacrifício humano que virou
sacrifício animal e depois oração em voz alta
e depois oração dentro do peito
e afinal nem oração.

(Yehuda Amichai)

Roubado descaradamente da “caótica” amiga Maira Parula.

Transparência na administração pública

Um site recém-criado veio ajudar ao escrutínio do destino dado aos dinheiros públicos. Chama-se justamente Transparência, e é uma iniciativa da Associação Nacional para o Software Livre. Mais informações na notícia:

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O fim das couves?

Notícias do Público vêm dando conta do possível encerramento da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha. A fábrica do séc XIX prossegue a tradição ceramista de Rafael Bordalo Pinheiro e se fechar significa que pratos, jarros, canecas e travessas de vidrado em maravilhosos tons de verde, amarelo e encarnado, passarão a peças de museu. É verdade que as «couves» podem ser difíceis (sou assombrada por uma fruteira literalmente inquebrantável desde a infância), mas é pena, grande pena, que as criações de Bordalo Pinheiro deixem da fazer parte do quotidiano doméstico.
Para comprar as peças não é preciso ir às Caldas, a loja Bordalo em Lisboa, na rua Eiffel (pequeníssima perpendicular da Elias Garcia, próxima da Culturgest) tem uma cave, onde se podem encontrar as mais variadas peças de faiança. Enquanto não acaba, e esperemos que não, vale mesmo a pena a visita.

Acredite se quiser, mas Bush deixará saudades

bush George W. Bush deixará a presidência dos EUA no próximo dia 20 (Ufa! Já vai tarde.) com um dos maiores índice de rejeição entre americanos (73%). Entretanto, nem tudo está perdido para o homem, que anda a saltirar nas tamancas com a popularidade noutras partes do mundo. Pode parecer piada, mas não é. Números do Pew Research mostram uma aprovação de até 82% para o Senhor Guerra na África. No Kosovo, ele até virou nome de uma grande avenida (eu pensaria 2 vezes antes de caminhar por ela). Também em Israel (ah, pobre Israel!) há muita gente que morre de amores pelo gajo e até o recebe com frenéticas palmas.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Já se está mesmo a ver quem é o sr. que se segue nos bonecos dos programas humorísticos

D. José Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa:

«Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano. Pensem. Pensem muito seriamente. É meter-se num monte de sarilhos».
Receio bem que nem com lentes exilor se desembacie. Ai, esses óculos, tão bem que prescrutam a tolerância e união entre as pessoas...

São as lentes varilux que servem para ver ao perto, não é? Hã?

O risco sistemático dos portugueses desnudado num tête-a-tête entre o Banco de Portugal e o Banco Insular de Esperma. Moral da história: quem tem unhas toca guitarra... o mesmo é dizer, quem tem lata é da nata da sociedade. Bancos há muitos, seu espalerma!

Cortesia d'Os Contemporâneos, uma vez mais.

Vozes pela paz



Felizmente, em Israel há grupos que se opõem ao horror imposto aos palestinos. B'tselem, Peace Now, Courage to Refuse e Yesh Gvul são alguns representantes daqueles que realmente querem a paz. Clique nas imagens para acompanhar o trabalho corajoso desses que não se calam.

Em Gaza como em Guernica: também um palco para testes de armas

guernica No dia 26 de abril de 1937, Guernica foi bombardeado pela força aérea de Hitler apoiada pelas forças fascistas do general Francisco Franco, meses após o início da Guerra Civil espanhola (1936-39). Dos quase 6 mil habitantes dessa localidade basca, mais de 2 mil pessoas morreram depois da “experiência”. O ataque serviu de teste para se ter a idéia de qual seria o efeito dos bombardeamentos concentrados e, principalmente, que resultado produziria bombardeamentos sucessivos com bombas diferentes (incendiárias e de fragmentação). Assim como Guernica serviu de testes para os nazis alemães, o mesmo está a acontecer em Gaza. Os médicos noruegueses Erik Fosse e Mads Gilbert (da organização humanitária Norwac), que passaram 11 dias a trabalhar em um hospital na Faixa de Gaza, acusam o exército de Israel de usar em seus ataques um explosivo experimental conhecido como Dime (Dense Inert Metal Explosive), que mescla um material explosivo com outro químico. Mais.



terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Jon Stewart sobre o ataque a Gaza

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

À atenção dos críticos literários

Isto pode parecer anacrónico, ou uma repetição do que já alguém disse, ou mesmo ridículo (como as cartas de amor do Fernando Pessoa), mas:

há qualquer coisa de profundamente actual na — hoje tão fora do panteão literário — arte neo-realista. Não o serão os temas do neo-realismo histórico, não o serão as imagens dos trabalhadores do campo ou das fábricas do século XX (e da cultura nacional), muito menos o será a filosofia da história marxista e o correspondente exercício de autoritarismo moral. Não o serão muitas outras coisas, como o próprio nome. Mas do movimento neo-realista como metáfora (de uma arte empenhada, de uma arte comprometida na luta contra o enorme sofrimento do mundo) talvez houvesse uma série de pistas novas a tirar.

(ou talvez já estejam a ser tiradas algures no mundo, e a gente simplesmente não veja)

Seria isso: o neo-realismo como desejo enorme de mudança, como imaginário. Como o contrário daquilo que foi historicamente: pura forma da emancipação social.

Let's misbehave

Jerome K. Jerome e a sua «saga» cómica Três homens num barco ocupou um dos meus primeiros posts [Janeiro é mês de aniversário do blogue, daí a reminiscência].
Entretanto, a editora Cotovia criou a colecção Raposa Matreira dedicada à veia humorística inglesa. Graficamente, os livros de capa dura e com uma ilustração a fazer lembrar a imprensa de inícios do séc. XX, estão muito bem conseguidos e dentre a colecção
o destaque vai para P. G. Wodehouse que ainda durante a I Guerra deu início a uma série de histórias com um dos seus personagens mais conhecidos: o mordomo Jeeves. Jeeves e o seu aparvalhado amo vão passando pelas «adversidades» mais caricatas entre a imperturbável alta sociedade inglesa.
E muito despercebido, em tempo de grandes estreias, está, nas salas de cinema, «Virtude fácil», filme de Stephan Elliot (o mesmo de Priscila, rainha do deserto) que adapta uma peça de Noël Coward, aliás contemporâneo de Wodehouse. O dramaturgo será mais witty do que humorista, mas as situações de comédia de enganos e a irónica precisão dos diálogos, não deixam de arrancar boas gargalhadas.
No elenco, Kristin Scott Thomas escarnece dela própria, no papel de Lady azeda e falida; Colin Firth, óptimo como o mordaz e alienado marido; a
«heroína» (não sei o nome) americana é a gémea alta e cosmopolita de Scarlett Johansson (o orçamento do filme já não devia chegar para contratar a verdadeira), absolutamente certeira no seu espanto perante os atávicos costumes britânicos.
Fácil de imaginar que o filme não ficará para a história da 7ª Arte, mas é ideal para uma matiné friorenta.
P.S. - P. G. Wodehouse trabalhou, também, em conjunto com Cole Porter, a quem o filme vai buscar a banda sonora.

Anatomia de Grey: 4.ª série estreia amanhã na RTP2


Para os fãs desta série em Portugal, aqui fica a dica da semana! À noite, depois do telejornal das 22h.

domingo, 11 de janeiro de 2009

A redescoberta duma relíquia de Lopes-Graça e Giacometti

Acabou de ser transmitido no programa «Cosmorama», da RDP2, uma recriação dum antigo programa radiofónico da autoria do compositor e musicólogo Fernando Lopes-Graça, dedicado à música popular tradicional. Segundo os realizadores de Cosmorama, esse antigo programa terá sido transmitido pela defunta Emissora Nacional de Radiodifusão, nos anos 60. Como não deverá haver registo dele, Alexandre Branco e Ana Telles recorreram à leitura do texto do guião do programa, escrito por Lopes-Graça, acompanhada da divulgação das canções que o mesmo guião referia, recorrendo à obra «Antologia da música regional portuguesa» (1964-71), publicada por Lopes-Graça e Michel Giacometti, reeditada em 1978 e transposta para cd em 1999. Este projecto, que o etnomusicólogo corso intitularia de Arquivos Sonoros Portugueses (ap. Sérgio Fonseca), foi idealizado após o primeiro encontro entre Lopes-Graça e Giacometti, em 1959 (vd. aqui).
Tendo analisado a temática da preservação e divulgação etnográficas sob o salazarismo*, no qual abordei aquele projecto, nada encontrei então sobre tal programa de Lopes-Graça na rádio oficial. Pelo contrário, fiquei até algo surpreendido, uma vez que este criador e intelectual antifascista era persona non grata do regime ditatorial, tendo tido muitas dificuldades para financiar aquele modelar projecto etnomusicológico (os parcos apoios oficiais vieram apenas de 2-3 juntas distritais, o resto foi financiamento particular, incluindo do Jornal do Fundão).
Seja como for, o programa foi muito interessante de seguir e poderá ser escutado brevemente aqui por quem esteja interessado. Predominaram as canções da Beira-Baixa (tanto de trabalho como de romarias), embora também tenham sido abrangidos os cancioneiros do Algarve, Alentejo, Trás-os-Montes, Douro e Minho. Esta saliência pode estar relacionada com o próprio percurso de Lopes-Graça, uma vez que o seu primeiro contacto com recolhas da tradição músical portuguesa se deu precisamente na Beira-Baixa, em 1946 (cf. aqui).
Em 2003, o Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa, passou a disponibilizar o acesso digital presencial às recolhas de Giacometti (seria bom garantir também a sua acessibilidade na Internet, pelo menos de parte do acervo).
Da aldeia alentejana de Peroguarda, onde Giacometti viveu, deixo-vos «Entrai pastores» (cante tradicional por si recolhido). Quem quiser saber mais sobre o projecto deste duo pode ler esta entrevista com Giacometti: «As canções tradicionais sobrevivem na memória colectiva do povo» (de 1971).
*Vd. Salazarismo e cultura popular (1933-1958), Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, 2001 (v.o. de 1997), p. 264-75.

Tintin na terceira idade

Fez ontem 80 anos o infatigável repórter Tintin, presente no imaginário de milhões de petizes por esse mundo fora, desde o álbum inaugural Tintin au pays des soviets. A estreia foi auspiciosa, embora essa história tenha sido apontada como politicamente parcial. O seu autor, o belga Hergé, não escapou a outras críticas, como a de apologista do colonialismo belga em Tintin no Congo, obra depois retocada. Seja como for, ficam muitas histórias, imagens e personagens para a posteridade. Além do tempestuoso capitão Haddock, dos impagáveis Dupont & Dupond, do distraído cientista Tournesol e do cão Milu, não podía deixar escapar 3 personages portugueses: Oliveira da Figueira, o sábio prof. de Coimbra (em A estrela misteriosa) e o repórter do Diário de Lisboa (no Tintin no Congo).
Do trio, destaco o comerciante lisboeta Oliveira da Figueira, presente em 3 álbuns (Os charutos do faraó, Tintin no país do ouro negro e Carvão no porão), que, entre toda a sorte de bugigangas, conseguia ainda impingir caloríferos em pleno deserto, além de ser um bom conversador. E hospitaleiro: logo que conhece Tintin, celebra o encontro servindo-lhe um vinho do Porto, "vinho de Portugal, do sol do meu país" (+aqui).
Entretanto, muitos álbuns se venderam (+230 milhões) e muito merchandising se fez com esta figura. E, também, muitas revisitações: como as doutros autores, mais simpáticas ou mais cáusticas (Bilal é um bom ex.) ou as turísticas, inúmeras e para todos os gostos, como seria de esperar. Uma simples pesquisa na Internet revelará coisas interessantes, como t-shirts do Tintin em Goa, na Tailândia, de regresso aos EUA, no Irão, etc...
Mais inf. aqui e aqui.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A invenção que faz falta, ou a quadratura dos bolinhos imparáveis


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Quando dois lados deixam de se equivaler: desproporção e desastre humanitário

Parece-me bem oportuno e motivo de reflexão o post anterior do Zèd.

Sendo inevitável uma reacção militar israelita face à pressão da população do Sul de Israel, após semanas seguidas à mercê dos foguetes sanguinários do Hamas, ela assumiu uma desporporção tão gritante e gratuita que se tornou motivo de repúdio generalizado.
A desproporção atingiu o limiar da decência: o desastre humanitário para uma população já antes condenada à pobreza e à guetização e, agora, acossada e alvo militar no seu conjunto. Olho por olho, dente por dente? Já nem isso, embora tal já fosse motivo para lamentar.
Como se não bastasse, os jornalistas foram impedidos de entrar, bem como a ajuda humanitária. Ao fim de 2 semanas de bombardeamentos ininterruptos, e após intensa pressão diplomática e da opinião pública internacional, os dirigentes israelitas lá concederam o escape de 3 horas por dia para ajuda humanitária. Nem esta, porém, foi respeitada: uma coluna de veículos da ONU foi hoje atacada pela aviação israelita na Faixa de Gaza, causando um morto e vários feridos. O ataque foi de imediato condenado pela ONU e a sua Agência para a Ajuda aos Refugiados Palestinianos suspendeu as actividades, por não ter condições para actuar, embora alerte para a situação de presente "crise humanitária". Esta hostilização da presença internacional segue-se a ataques israelitas a 3 escolas da ONU, causando mais de 40 mortos, também qualificados de "totalmente inaceitáveis" pelo secretário-geral, Ban Ki-moon.
São já 763 as vítimas mortais em Gaza. Mais informações recentes aqui.
Entretanto, os ministros da diplomacia ocidental e árabe chegaram a acordo sobre uma resolução apelando ao cessar-fogo imediato (vd. aqui). Espera-se que dê resultado e que as negociações possam ser reactivadas.
Na imagem, cartoon de Latuff («Gaza blockade»).

Para que conste

É por demais evidente, a ofensiva militar de Israel em Gaza não tem de todo por objectivo acabar com os rockets do Hamas. Nem sequer os israelitas acreditam nisso. Os objectivos são outros e parecem estar a ser conseguidos. Que morram centenas de civis em nome de uma causa tão nobre quanto umas meras eleições legislativas será apenas um detalhe. Ainda para mais eleições legislativas em Israel não são propriamente um acontecimento raro.
Não surpreende, mas não deixa de ser muito relevante que a grande maioria dos israelitas apoie a operação militar em Gaza mesmo achando que não vai impedir o lançamento de rockets. Presume-se portanto que uma grande maioria dos israelitas concorda que a punição dos palestinos é legítima em si mesma, a punição pela punição (colectiva, note-se). Será a ofensiva Israelita em Gaza (e a política de Israel para com a Palestina) apenas uma consequência normal da democracia?

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

E.

É noite.
E as almas de Gaza correm
sobre escombros da insanidade.
Com os olhos vazados,
dançam ao ritmo da música profana.

Pó de pólvora.

No céu, anjos de aço.
No inferno, refúgio templário.

É dia.
E as almas de Gaza se escondem
entre cadáveres de mármore.
E com os corpos mutilados,
dançam ao ritmo da música inacabada.
Terra torturada.

É tarde.
E as almas de Gaza vestem
mortalhas-cores-vivas.
E de corpos roubadas,
dançam ao ritmo do silêncio sacro
como marionetes amputadas.

Dia não há mais.
E seu deus desertou.

É tarde demais.
E seu profeta blefou.

É noite.

E seu salvador traja gala no
cassino de cartas-marcadas.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

“Israel está simplesmente lutando por sua liberdade e pela sobrevivência de sua gente. Não deseja destruir outro povo.” (???) - atualizado

israel Como não deseja destruir outro povo se já o faz há anos!? Pra tanto, basta lembrar que Israel não permite o retorno dos cerca de 4.000.000 de refugiados palestinos espalhados pela Jordânia, Egito, Líbano e alhures, vítimas da agressão militar e do expansionismo israelense. Enquanto isso, judeus originários de qualquer parte do mundo têm o direito de se estabelecerem no Estado de Israel (Lei do Retorno). Deixo aqui o meu ponto de interrogação, sr. Gilles Bernheim. Mais.

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ONU defende direito de palestinos fugirem para outros países

(É o que diz o Alto Comissariado para os Refugiados, António Guterres.)

É a sério isto ou querem tapar o Sol com a peneira? Creio que a ONU deveria defender de forma cristalina o direito de os palestinos terem um Estado livre e soberano, pra não precisarem se refugiar noutros países e nunca mais poderem voltar pra terra onde nasceram, se criaram e de onde estão sendo expulsos há anos, a exemplo do que já acontece com os quase 4.000.000 deles. Na foto, um grupo de refugiados palestinos, em 1948. Imagem retirada daqui.