sábado, 29 de novembro de 2008

O terrorismo em 35 cliques e um Ocidente quase cego

Aqui, algumas imagens que a blogosfera (e parte da comunicação social) Ocidental
faz de conta não existir. Serão estas diferentes das do 11/9, 11/3 ou 7/7? Mais.

O que é que tem S. Barnabé que é diferente dos outros?

Tem uma Feira do Cogumelo e do Medronho! E quem vive perto da S.ª do Caldeirão tem este fim-de-semana para se regalar. Este S. Barnabé de que vos falo fica em Almodôvar e é a aldeia que acolherá a 2.ª edição deste evento, que terá música, dança e workshops temáticos, além de provas destas relíquias, claro. A organização cabe à Associação de Defesa do Patrimonio de Mértola e entidades autárquicas locais. Programa aqui e mais informação aqui.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Blogues se transformam em fonte de informação sobre ataque terrorista

Numa verdadeira iniciativa do que se pode chamar de "jornalismo cidadão" e de utilidade pública. blogueiros da Índia estão a fazer atualizações em direto sobre os ataques lançados por terroristas em Mumbai, quarta-feira, onde até o momento já somam em mais de 100 as vítimas fatais, com mais de 300 feridos. Aqui alguns deles: Mumbai Help, Mumbai Metblogs e Dina Mehta. Abaixo, alguns pontos desta ação covarde e insana em imagem produzida pela Folha Online.

mumbai

Quando faze frio apanha os limõeze e vende a carteira d'acçõeze

E tamém num se esqueçam de ver o último episódio d'Os Contemporâneos, já disponível aqui, ainda quentinho...
São de partir o côco a rir as rábulas à Manela Ferreira Leite, ao António Lobo Antunes, ao Centro de Estágios do Teatro Politeama e às claques.
Ah, e o adágio do título é retirado da rubrica neo-bucólico-pimba «Economia para todos», também ela imperdível. Prontoze, tá dito, e bom fim-de-semana!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Carla & Carlito ou la vie de château

carla_carlito_BBC

A ex-top model, a ex-italiana, a ex-boêmia burguesa new age, a ex-militante da esquerda-artístico-libertária (entre outras coisas mais bizaras), e agora primeira-dama, aspirante a cantora de bordel (com todo o respeito que os verdadeiros bordéis merecem, é claro) e principalmente mentora intelectual do neo-sarkozysmo ítalo-francês, Carla Bruni, é a heroína e personagem central do livro de cartoon dos impagáveis Philippe Cohen, Richard Malka e Riss. Só lamento não perceber muito a língua francesa. Mais.

Errata esférica

A comunicação social tem vindo a divulgar que a fragata Sporting CP foi ontem abalroada por uns marujos catalães. Nada de mais errado, senão vejamos: 2 dos tiros foram dados por defesas do Sporting que estavam em manobras ofensivas, e um outro tiro catalão não valeu porque estava tudo em amena cavaqueira a combinar o bar de logo à noite.
Por isso, em nome da verdade desportiva, venho aqui solicitar a correcção dum erro clamoroso: o resultado foi 5-2, sim, mas a favor do Sporting CP. Assim é que é!
Por fim, os Monty Python estão já em condições de disponibilizar o antológico filme do jogo, no seu novo site, que fará parelha com um outro não menos memorável com os filósofos de Atenas.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

“As palavras do governo (de Israel) são palavras vazias”

Foi assim que a Suprema Corte de Israel se pronunciou sobre a promessa do país de desocupar uma colônia na Cisjordânia. Mais.

150 bilhões para salvar bancos e empresas privadas e apenas 1 bilhão para salvar vidas. Que merda de lógica é esta do governo brasileiro?

santa catarina 2santa catarina

O governo brasileiro já liberou aproximadamente 150 bilhões de reais (cerca de 50 bilhões de euros) para aumentar a liquidez no mercado de crédito, ajudar bancos e empresas especuladoras e combater os efeitos da crise financeira no país. Entretanto, para prestar socorro ao quase 1,5 milhão de vítimas das enchentes que flagelam o Brasil, o governo liberou apenas um pouco mais de 1 bilhão de reais (pouco mais de 300 milhões de euros) , ou seja: quase 30 centavos de euro por vítima. Pra se ter uma idéia isso representa, em São Paulo um cafezinho de procedência duvidosa vale, em média, 50 centavos de euro e uma cerveja (600 ml. ) não é bebida no verão por menos de 1 euro. É como se diz por estas bandas tupiniquins: Quepariu, meu! É mole ou quer mais, hein?! Mais aqiu e aqui.

Nb: Imagens do jornal "O Estado de São Paulo".

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Garotas sauditas trocam a burca pelo rock

Garotas sauditas desafiam o rigor do regime islâmico da Arábia Saudita e fazem rock. Trata-se da The Accolade, o primeiro grupo musical feminino daquelas bandas. Apesar de não poderem aparecer em público, elas sabotam as autoridades sauditas e se apresentam secretamente. O primeiro single da banda, “Pinocchio”, pode ser ouvido no MySpace. Enquanto não podem tocar em público, fazem as suas jam sessions em festas fechadas e gravam em estúdio próprio suas composições. Elas também não podem posar para fotos juntas. Mais.


Nicole Kidman é a protagonista da campanha "Diga não à violência contra a mulher". Organizada pela UNIFEM, esta iniciativa faz parte da estratégia da ONU para erradicar a violência de gênero em todo o mundo. Para participar escreva o seu nome AQUI. A petição com as assinaturas será apresentada ainda hoje - “Dia internacional para a erradicação da violência contra a mulher”- ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Hugo Chávez e oposição comemoram vitória na Venezuela

Boneco Chavez Se de um lado o Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), do presidente Hugo Chávez, comemora por ter vencido em 17 dos 22 Estados, a oposição não deixa por menos e festeja vitória nos Estados mais importantes e na capital Caracas, nas eleições regionais realizadas ontem. Este resultado, com certeza, deverá pôr água fria na fervura do presidente falastrão, que esperava conquistar também os Estados chaves para “aprofundar” a sua tal “revolução bolivariana”. Isso significa dizer que Chávez poderia relançar a idéia que lhe permitiria a reeleição ad aeternum, sepultada no referendo do ano passado, mas que poderá ser ressuscitada a qualquer momento por emenda constitucional. Já posição deu um passo muito importante para conquistar um maior espaço político num cenário onde o presidente Hugo Chávez tem o domínio absoluto, com o controle total do Legislativo, do Judiciário e, nas eleições de 2004, venceu em 20 Estados. Mais aqui e aqui.

domingo, 23 de novembro de 2008

Vinhos de colheita tardia, uma doce tentação

Esta é uma variedade de vinhos pouco conhecida, mas que vale a pena provar. Os vinhos de colheita tardia surgiram na Hungria, em meados de seiscentos, revela-nos Rui Falcão no Fugas de 15/XI.
Como o nome sugere, provêm duma vindima posterior à normal, com a uva já muito madura, parte em estado de podridão, contendo por isso uma grande proporção de açúcar. A uva é apanhada bago a bago, tornando este vinho raro e caro. Daqui resultam vinhos gulosos, e que podem durar muito tempo.
Poucas castas e regiões são aptas para a sua feitura. As castas mais usadas são a Furmint, Riesling, Sémillon e Chenin Blanc. As regiões eleitas ficam na Alemanha, Áustria, Hungria e França. Em Portugal é difícil a sua produção, mas não impossível, como o comprovam alguns bons exemplos. Rui Falcão refere o Late Harvest Grandjó 2006 (da Real C.ª Velha, Douro) e o Casal Figueira Vindima Tardia 2007 (Estremadura). O 1.º é feito da casta Sémillon, o 2.º da Petit Manseng. A estes eu aditaria o Bucelas Chão do Prado Colheita Tardia, em Bucelas, que figura na imagem (é a garrafa mais estreita, de o,5l). A casta predominante é a Arinto (85%), a rainha da região. A Chão do Prado tem aí uma quinta com ampla vista sobre as videiras e a serra, servindo refeições no seu acolhedor restaurante.

Ataque armado traz o fantasma de novo golpe em Guiné-Bissau

bandeira-de-guiné-bissau-thumb5654363 A residência oficial do presidente Nino Vieira foi atacada na madrugada deste domingo com armas pesadas. Até o momento, as informações sobre os responsáveis e o que motivou tal ataque são desencontradas e pouco fiáveis. Espero apenas que o bom senso prevaleça e que seja respeitado o resultado das urnas, pois desde a sua independência , em 1974, a Guiné-Bissau vive um verdadeiro inferno, com instabilidade política e sucessivos golpes de estado, que só têm trazido mais e mais miséria ao país.

A Guiné-Bissau foi às urnas no domingo passado para renovar os representantes da Assembléia Nacional. Segundo os resultados provisórios divulgados ontem, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) ficou com a maioria absoluta ao conquistar 67 das 100 cadeiras. Em segundo lugar, com 28, ficou o Partido da Renovação Social (PRS), do ex-presidente Kumba Ialla, que não aceitou o resultado. Já o Partido Republicano pela Independência e Desenvolvimento (PRID ficou com apenas 3. O Partido da Nova Democracia e a Aliança Democrática elegeram um deputado cada. Mais aqui e aqui.


sábado, 22 de novembro de 2008

O lado obscuro do cavaquismo

Prossegue a novela BPN, agora no episódio em que entra o sr. juiz e começam a saltar os santos e pecadores.
Sobre o tema, vale a pena ler este editorial. Parece que houve muito laxismo, e que o desinteresse continuou mesmo quando já se sabia que alguma coisa de mau se passava, pois os rumores foram aumentando, desde há algum tempo. Infelizmente, os media também não terão procurado aprofundar o tema, numa conjuntura de desinvestimento no jornalismo de investigação, sobretudo naquele que pode trazer incómodos. A excepção foi um jornalista de economia, que por isso foi afastado da revista onde trabalhava, como o próprio relatou recentemente...
Entretanto, e para gáudio dos apreciadores destes enredos, já se anuncia nova série, desta feita intitulada BPP. O elenco também é de luxo.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

União Européia lança hoje a biblioteca digital

Foi lançada hoje (20/11/08) a Europeana, a biblioteca digital européia. De início, este espaço virtual deverá reunir aproximadamente 2 milhões de obras, entre jornais, manuscritos, vídeos, músicas, filmes, fotografias e, obviamente, livros, sejam eles raros, antigos ou esgotados. Quando estiver totalmente em operação, em 2010, o portal deverá abrigar mais de 10 milhões de obras, com material cultural, artístico e científico dos 27 países que compõem a UE.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Especuladores diversificam o seu portfolio

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Política externa de Obama será conduzida por Hillary. É possível?

Barack-Obama-Hillary A se confirmar esta notícia do The Guardian, tudo indica que Obama cederá a pressões dos Clinton e nomeará a ex-primeira-dama como a sua secretária de Estado, o segundo cargo mais importante da república norte-americana e, em algumas situações, decisivo na política externa dos EUA. Este foi o caso, por exemplo, de Henry Kissinger durante os governos de Richard Nixon e Gerald Ford (1973 a 1977). Para quem foi cotada para ser apenas vice, até que Hillary sairá ganhando nesta troca, pois é grande a visibilidade política do cargo. Creio que poucos saberão responder quem foram os vices de George W. Bush, mas muitos saberão reconhecer Colin Powel e Condoleezza Rice. Também não dá pra esquecer Madeleine Albright (esta, aliás, já está dando as cartas na equipe de transição e representou o presidente eleito na última reunião do G-20) no segundo mandato de Bill Clinton.

O que será que está movendo Barack Obama pra conduzir Hillary Clinton à secretaria de Estado? Pra unificar os democratas? Não tenho certeza. Pra mim, um verdadeiro mistério. Além da sua pouca experiência (coisa que ela combateu em Obama durante as primárias democratas) em diplomacia, ela tem idéias conflitantes às propostas por Barack Obama em termos de relações exteriores. Senão vejamos.

Guerra do Iraque – Clinton votou no Senado a favor da resolução que autorizava o ataque ao Iraque, em novembro de 2002. Na ocasião, Obama era membro da Assembléia Legislativa de Illinois, mas se posicionava radicalmente contra a invasão, num comício realizado em Chicago 10 dias antes.

Cuba Também aqui há diferenças entre ambos. Clinton impõe pré-condições para iniciar o diálogo, assim como a democratização da ilha, libertação de prisioneiros políticos e o fim do controle das Comunicações Sociais. Já Obama aceita conversar com Raúl Castro (ou qualquer outro líder estrangeiro) sem qualquer pré-condição. Também sobre a polêmica quanto à liberação das viagens de famílias cubano-americanas a Cuba há divergências. Clinton é contra e Obama a favor. Quanto à retirada do bloqueio econômico a posição dos dois não é lá muito clara. Creio ambos são favoráveis à sua manutenção.

Irã/Israel/Palestina - Parece-me que nestes casos, a diferença entre eles e bem sutil. Durante as primárias, Hillary disse que a posição dos EUA não é negociável (?): "Os EUA ficarão com Israel agora e sempre", salientou. Já Obama enfatizou que fará "todo o possível" para "garantir a segurança de Israel" e "dará fim à ameaça" do Irã. Neste acaso, a exemplo de Cuba, Obama não impõe pré-condições para abrir o diálogo com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, mas reconhece a “importância da preparação de uma pauta onde se aborde direitos humanos, libertação de presos políticos, abertura para a imprensa e etc”. Creio que nesta questão há uma pequena incoerência do presidente eleito, pois “a preparação de uma pauta” não deixa de ser uma pré-condição. Mas, enfim, às vezes Obama não tem sido muito claro em algumas questões mais polêmicas, principalmente em relação à situação Palestina. Fora a posição em defesa de Israel, não sei na verdade o que realmente eles pensam. Neste caso, basta que respeitem as resoluções da ONU.

Desarmamento - Aqui as coisas não são diferentes. Em setembro de 2006, o Senado votou uma emenda que proibia os EUA de exportar bombas de fragmentação (cluster bombs), exceto quando a compra incluísse a proibição de seu uso e estocagem em áreas habitadas por civis. A emenda foi derrotada. Obama votou a favor. Clinton foi uma de 15 democratas que votaram com os republicanos para derrotá-la. Na sequência, Hillary também votou com os republicanos a aprovação de outra mediada que qualificava as forças armadas do Irã como uma organização terrorista. Bolas, que raio é isso? O Senado norte-americano DECLAROU que as forças armadas de uma nação soberana são terroristas? Isto só pode ser piração.

Bem, vamos ver se se concretiza a tal notícia. Ela poderá se concretizar caso Obama não se oponha às relações comerciais e filantrópicas da Fundação Bill Clinton espalhadas pelo mundo. Neste caso, deveria haver uma divulgação pública totalmente transparente do verdadeiro montante recebido pelo ex-presidente e quem são os doadores. Há quem diga até que a tal fundação já movimentou quase 500 milhoes de dólares e que tem recebido vultosos donativos de xeques árabes.


Caprichos e desastres de João Abel Manta

Ao entardecer, inaugura-se a exposição «Caprichos e desastres» do grande cartoonista e artista plástico João Abel Manta, no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa. A mostra, com mais de 90 peças, retrata o "Portugal pitoresco" e o "Portugal assombrado" dos anos 60 a 80, segundo revelou o seu comissário, João Paulo Cotrim (vd. aqui e aqui). Cotrim, entretanto, editou o livro João Abel Manta - caprichos e desastres (vd. tb. aqui).
Neste ano, o autor celebra 80 anos, como aqui referi em detalhe. A efeméride foi recentemente relembrada no Festival BD Amadora, numa mostra que reuniu trabalhos de homenagem.
João Abel Manta é considerado por muitos o maior cartoonista português vivo, dando seguimento a nomes como Rafael Bordalo Pinheiro, Leal da Câmara e Stuart Carvalhais.
ADENDA: o jornal Público associou-se entretanto à homenagem com esta galeria de imagens contendo uma selecção das caricaturas da exposição.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

E uma notícia estranha

O Presidente das Maldivas está a comprar territórios (onde?), para que a população do país possa ter onde viver quando alguns dos atóis se afundarem. A compra dos terrenos é feita com os lucros provenientes do turismo e os seus futuros habitantes serão refugiados ambientais.
Estará o Presidente a comprar um país dentro de outro? Quando lá estiverem todos, hastearão a bandeira das Maldivas II?

Uma boa notícia

Jerusalém tem um Presidente da Câmara independente e laico. Numa cidade tão retalhada e com tantas barreiras, umas visíveis como a entrada para o Muro das Lamentações, da Mesquita e o interior do Santo Sepulcro, outras apenas perceptíveis, porque o ambiente dos bairros vai mesmo mudando dentro da muralhas, esta eleição parece o momento mais sensato e pacificador que o Médio Oriente transmite desde há algum tempo.
Alah Akbar, Amen, Shalom
Imagem: Hartmann Schedel, Schedelsche Weltchronik, 1493.

Colóquio sobre Pavel: venturas e desventuras dum intelectual antifascista

Foi um importante dirigente do PCP nos anos 30 e destacado intelectual e crítico de arte no México, mas só esta 6.ª feira terá direito a um tributo encontro de reflexão, no centenário do seu nascimento. Refiro-me ao 1.º Colóquio sobre Pavel (Biblioteca-Museu República e Resistência/ Espaço Cidade Univ.ª, 21/XI, 16h). Pavel foi o pseudónimo de Francisco Paula de Oliveira no PCP, retirado do livro Mãe, de Gorki. No seu exílio mexicano adoptou o nome de António Rodriguez. Para uma oportuna e informada biografia vd. aqui. A sua autora, Júlia Coutinho, será uma das oradoras neste encontro. Os restantes serão Luiz de Carvalho (que fará a biografia política), Nízia Rodriguez (filha do homenageado) e o emb. Fernando Fafe. Carlos Brito, que não pode estar presente, enviou um testemunho escrito. Será ainda divulgado uma gravação audio de Rodriguez, excertos duma entrevista aquando da sua visita a Lisboa em 1976, na qual também esteve presente Júlio Pomar.
ADENDA: Júlia Coutinho disponibilizou entretanto a sua estimulante comunicação, intitulada «Pavel/ António Rodriguez, o homem de cultura».

domingo, 16 de novembro de 2008

Um novo partido e um novo PR?

É a notícia-bomba do dia, a entrevista dada por Manuel Alegre ao DN. Nela declara estar muito desiludido com este PS, que dificilmente será novamente deputado por este partido, abrindo a porta de saída. Denuncia ainda o fechamento do actual sistema político. Prevê novos partidos e assume que prosseguirá no seu empenhamento cívico, que é um imperativo para abrir um espaço público tomado pela partidarite. Uma alegre lufada de ar fresco. Além de imagens da entrevista em estúdio em notícia da SIC, deixo aqui uma breve passagem escrita:
"- Mas os partidos afunilaram muito a sua vida, e há um divórcio hoje, não só aqui, muito grande entre a vida política partidária e a sociedade e os cidadãos.
- E como é que se resolve isso não estando ainda à vista um sistema melhor que esse?
- Aparecem movimentos... A minha campanha presidencial é um exemplo disso.
- Movimentos de cidadania?
- A democracia participativa complementa, aliás está na Constituição, a democracia representativa, mas é preciso que os partidos se reformem. Os partidos são irreformáveis. É muito difícil mudar um partido por dentro. Um partido pode mudar pela pressão da opinião pública ou por alteração da própria lei eleitoral".

sábado, 15 de novembro de 2008

“Quem paga pelos pecados do homem?”

DonaA campanha da associação italiana contra violência de gênero Telefono Donna (Telefone Mulher), que mostra a imagem de uma mulher seminua em posição que lembra a de Jesus Cristo crucificado despertou a ira da direita religiosa, que pediu a censura da foto. Criado para a comemoração do Dia Mundial Contra Violência de Gênero, em 25 deste mês. Além da advertência “somente 4 por cento das mulheres vítimas de violência denunciam o agressor e as outras pagam inclusive por ele”, o cartaz vem acompanhado da não menos polêmica pergunta “Quem paga pelos pecados do homem?”.Mais.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Nós aqui em França, no combate ao racismo, estamos muito à frente dos EUA

A ministra do Interior, Michèle Alliot-Marie, anunciou esta semana a nomeação Pierre N'Gahane para Prefeito (vagamente equivalente do Governador Civil) do departamento "Alpes de Haute-Provence". Quem sabe se no afã de não se ficar atrás da Obamania reinante, e para demonstrar que em França também temos governantes negros, o comunicado do oficial faz questão de precisar que se trata do primeiro Prefeito negro da República Francesa. E vai daí os media fazem coro a anunciar a nomeação do primeiro Prefeito negro da República (Le Parisien, RTL, JDD, Le Point, Le Post, etc... etc...). Simplesmente não é o primeiro Prefeito negro, honra lhes seja feita o Nouvel Obs reparou que houve vários anteriores, N'Gahane é pelo menos o quarto. A diferença, se é que é uma diferença, é que os anteriores são oriundos das Antilhas, entre os quais se encontra uma mulher, Marcelle Pierrot (na foto), enquanto que N'Gahane é oriundo de África. E nem sequer é o pimeiro prefeito oriundo da imigração, é apenas o primeiro prefeito negro oriundo da imigração, como aliás o próprio Ministério do Interior veio rectificar. Esta pequena estória suscita-me várias questões/comentários:
- Será N'Gahane apenas uma vítima da discriminação positiva? O Ministério do Interior e próprio vêem-se obrigados a gastar o seu tempo a explicar que não, que é apenas uma questão de mérito. Se é verdade - e deixando de lado o "pormenor" do anúncio ser feito no dia seguinte à vitória de de Obama - porque razão é o Ministério do Interior quem faz questão de frisar tratar-se do primeiro prefeito negro (o que ainda por cima é falso)?
- Qual é a diferença entre negros das Antilhas e negros Africanos? Sobretudo tratando-se apenas de uma questão de mérito, para quê distinguir o que quer que seja?
- Se é por uma questão de discriminação positiva, e se é para "responder" à vitória de Obama, note-se que 1) Há uma pequena diferença entre presidente dos EUA e Prefeito dos "Alpes de Haute-Provence" 2) Obama não precisou de discriminação positiva para ser eleito presidente dos EUA.
- E como é que um comunicado do ministério aprece reproduzido por essa imprensa fora sem que a verificação dos factos mais elementares seja feita? Na circunstância apenas um facto, um só, e basta ir ver nas páginas intitucionais, há prefeitos negros actualmente em funções, e no caso de Marcelle Pierre nomeada em 2007, que não foi assim há tanto tempo e não é segredo de estado (para minha grande decepção até o Rue89 se esqueceu desse pormenor, apesar da notícia ter a qualidade habitual).
- E o que dizer do comentário da ministra da Justiça Rachida Dati: "Talvez que Obama se tenha inspirado no governo francês"?
- E o que dizer do comentário de Patrick Ollier, deputado da UMP (partido do governo): Se não houve candidatos "de cor"(sic) eleitos nas últimas eleições é "porque eles não tinham um nível à altura das eleições"?
Via Milton Dassier

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Cildo Meireles e Rothko na Tate Modern

Se vierem a Londres, não deixem de visitar a Tate Modern!

A retrospectiva da obra do brasileiro Cildo Meireles é inteligente, política, sensorial e surpreendente. No vídeo excelente que acompanha a exposição, o artista fala sobre a mostra e reflecte sobre vários temas num tom simpático e despretensioso. "‘De certa forma, tornamo-nos políticos quando não podemos ser poéticos. Acho que o ser humano prefere ser poético.’

No mesmo andar está ainda a retrospectiva monumental da obra de Rothko. "O facto de as pessoas chorarem quando confrontadas com os meus quadros mostra que eu posso comunicar emoções. As pessoas que choram estão a ter a mesma experiência religiosa que eu tive quando os pintei. E se disser que gosta dos meus quadros por causa da cor, é porque não os percebeu."

A não perder. Patente ao público até Janeiro/Fevereiro de 2009.


Congo poderá viver outra “Guerra Mundial da África”

africa Há fortes suspeitas de que até um quarto das forças que lutam ao lado do general dissidente, Laurent Nkunda, são militares ruandeses. Este é o principal ponto de tensão que poderá “internacionalizar” outra vez o conflito da República Democrática do Congo, pois já há quem confirme a existência também de soldados angolanos e zimbabuanos na região. Conhecida como a “Guerra Mundial da África” (1998 a 2003), militares do governo congolês, apoiadas por soldados de Angola, Zimbábue e Namíbia combateram rebeldes do Congo apoiados por Uganda, Ruanda e Burundi. O resultado desse conflito foi a morte de quase 4 milhões, a maioria vítima de inanição e outras doenças. Mais.

O barbas mais famoso do mundo está de volta!

É verdade, o Carlos Maximiliano retornou, no formato encontro de especialistas. O Congresso Internacional Karl Marx, assim se chama, é de peso, tendo especialistas de todo o mundo, que abordarão durante 3 dias diversas temáticas, em 140 comunicações (a 14-16 deste mês, na FCSH-UNL, programação aqui).
Será o primeiro do género por cá, o que o torna curioso, após PREC's e o diabo a quatro. Ou não, se calhar na altura era popular e agora é só para as elites (recordarem), dirão as más línguas. Ou, então, a universidade não tinha então tempo para organizar este tipo de congressos. Ou, ou...
O evento tem como pretexto os 150 anos do seu trabalho seminal (Grundisse) e é organizado pela Cultra- Cooperativa Culturas do Trabalho e Socialismo, pela Transform Europe e pelo Instituto de História Contemporânea da UNL.
ADENDA: a boa receptividade do evento levou os organizadores a comprometerem-se com a sua continuidade e com outras propostas (vd. aqui, tb. com resumo da palestra de José Barata Moura).

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Chávez ameaça usar tanques de guerra se oposição vencer

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou no último sábado que poderá colocar os tanques de guerra nas ruas se a oposição vencer as eleições regionais de 23 de novembro no estado de Carabobo (norte do país). O estado é governado atualmente pelo general Carlos Acosta. Acosta já pertenceu ao partido de Chávez ­– o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), mas há 4 anos passou pra oposição.

Esta é a segunda vez que o presidente venezuelano ameaça usar as Forças Armadas caso um candidato de oposição vença. No dia 25 de outubro, ele disse que poderia pôr em prática um plano militar se a prefeitura de Maracaibo (capital de Zulia) ficasse nas mãos do líder opositor Manuel Rosales, atual governador do estado.

Atualmente, Caracas e 17 estados do país são governados por seguidores de Chávez. Em outros 4 por dissidentes do chavismo e 2 estão em mãos da oposição.

Avaliação pelos pares - bom para os cientistas mas mau para os professores?

Nota prévia - Nada do que eu escreva aqui reflecte o meu acordo com as propostas concretas da ministra da educação, propostas que aliás desconheço. Simplesmente, parece-me que a discussão entre o Daniel Oliveira e o João Pinto e Castro (caixa de comentários incluída) anda mais à volta do princípio da avaliação pelos pares (ou da avaliação pura e simples) do que do modo concreto como o ministério da educação pretende pôr essa avaliação em prática.

Se a questão é de facto se se deve avaliar os professores, e não apenas como se deve avaliá-los, na minha humilde opinião a resposta é mais que óbvia: Claro que se deve avaliar, e a avaliação deve ser feita pelos pares. Tome-se o exemplo da Ciência. Presumo que seja desnecessário estar aqui a enumerar os sucessos da Ciência dos últimos 150 anos. Acontece que pelo menos neste período (se não mais) a avaliação pelos pares é um dos pilares fundamentais, se não mesmo o pilar fundamental, em que assenta a empresa científica. E se não o é em todo o mundo, é-o seguramente nos países onde a investigação científica é mais bem sucedida, dos EUA ao Japão, passando pela Europa (quase) toda, e mais recentemente a China. E quanto mais forte e transparente é essa avaliação mais bem sucedida é a Ciência. Se eu quero publicar um artigo científico envio-o para uma revista da especialidade que vai enviar esse artigo a 2 ou 3 cientistas como eu, que vão avaliar de forma crítica e racional se o meu artigo é bom ou não. Amanhã posso ser eu a avaliar um artigo desses mesmos cientistas, e isso não é um problema. Mesmo se em teoria esta avaliação é anónima, na prática frequentemente não o é, e isso continua a não ser um problema. Se eu quero um doutoramento presto provas, ou seja sou avaliado. Se quero uma bolsa submeto um plano de trabalhos e o meu CV, ou seja sou avaliado. Se quero um financiamento para o meu laboratório submeto um projecto, e sou avaliado. Sou avaliado sempre por outros cientistas como eu, porque são os mais bem colocados para avaliar o meu trabalho de forma crítica e rigorosa. Porquê? É simples, têm conhecimento de causa. Sabem do que eu estou a falar. E há uma reciprocidade, amanhã posso ser eu a avaliá-los, o que é uma forma de responsabilização, e evita excessos de autoridade. Se me aparecer à frente um artigo de alguém que eu não gosto, seja a Inês Pedrosa ou o Miguel Sousa Tavares, se o trabalho é bom aceito, se não é bom não aceito. Amanhã os papéis podem inverter-se. Entre pessoas sérias, responsáveis e crescidinhas não vejo porque razão o princípio da avaliação pelos pares não possa funcionar.
Por um lado há uma questão de justiça, continuo achar (sem embarcar nas derivas meritocráticas neo-liberais) que o mérito deve ser recompensado, logo tem que haver avaliação. Por outro lado são os próprios avaliados que beneficiam, a responsabilização obriga ao mérito. Pelo que conheço da Ciência, os que se dedicam ao amiguismo, sem terem sólidos resultados científicos para se apoiar não costumam ter grande sucesso (já para os que têm bons resultados científicos, o amiguismo por vezes ajuda..., nenhum sistema é perfeito, mas há uns bastante mais imperfeitos que outros).

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O poeta JL Tavares vence concurso no Brasil

tavares1 Com a obra “Os Secretos Acrobatas”, o poeta cabo-verdiano e residente em Portugal JL Tavares venceu o II Concurso Literatura Para Todos, promovido pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC), do Brasil. O objetivo deste concurso é o de estimular a produção de livros para o público jovem e adultos recém-alfabetizados. As obras vencedoras serão publicadas e distribuídas às entidades do Programa Brasil Alfabetizado, universidades da Rede de Formação de Alfabetização de Jovens e Adultos (EJA), unidades prisionais e núcleos de EJA das universidades. A expectativa é que cerca de 1,5 milhão de estudantes tenham acesso a estas obras. Aqui os demais vencedores.

Foto retirada daqui.

You must prepare your bosom for his knife

Pena que as produções teatrais não fiquem algum tempo em cena e, já que uma temporada seria difícil, pelo menos 1 mês ou 2, em vez dos habituais quinze dias.
O lamento vem a propósito da estreia de O mercador de Veneza no Teatro Nacional São João, encenado por Ricardo Pais (talvez o seu último trabalho para aquele teatro do Porto).
Tenho gostado (do que vi) das encenações de Ricardo Pais, da selecção de repertório (no TNSJ tem havido uma programação bem mais consistente do que as escolhas erráticas e tantas vezes falhadas do D. Maria), do seu universo estético e, sobretudo, do modo como «desenha» o confronto no palco, quer das personagens consigo próprias ou entre elas.
Valeria a pena uma ida ao Porto, mas o espectáculo só está até dia 23 de Novembro e é mesmo pouco tempo. Resta esperar que a peça venha a Lisboa, ao Teatro São Luiz, como já tem acontecido. E não deixar de ir ao Porto ver a retrospectiva de Juan Muñoz em Serralves, essa até 18 de Janeiro.
«E o Porto aqui tão perto». Pois.

Tchau, Mama Afrika (1932 – 2008)

Morreu ontem, aos 76 anos, em Castel Volturno (sul da Itália), a cantora sul-africana Miriam Makeba – a Mama Afrika , logo depois de se apresentar no concerto contra o racismo e a Máfia, organizado pelo escritor e jornalista italiano Roberto Saviano, ameaçado de morte pela Camorra. Aqui, vídeo de quando ela esteve em São Paulo, em 1868, e aqui se apresetando em 2007.

O peão e a cidade

Na próxima 4.ª feira decorrerá em Lisboa o Colóquio Internacional O Peão e a Cidade/ The Walker and the City. O blogue Peão, fazendo jus ao seu nome, associa-se a esta iniciativa, apoiando a sua divulgação.
No encontro, organizado pela ACA-M, Mestrado em Risco, Trauma e Sociedade (ISCTE), PQN-COST Action 358 e Fundação Friedrich Ebert, participarão vários peritos europeus (vd. programação aqui). O local de acolhimento é o Goethe-Institut Portugal.
Na ocasião, será lançado o livro Pedonalidade no Largo do Rato: micro-poderes, de Aymeric Bôle-Richard. Esta obra foi editada pela ACA-M e teve destaque de imprensa aqui.
Aproveita-se para aqui registar a apresentação do evento:
"O encontro fortuito entre cidadãos anónimos é a pedra de toque da vida urbana. Os espaços exteriores de atracção de gente são o garante da interacção entre gerações, classes sociais e comunidades, e de construção da «coisa pública».
Por toda a Europa, as preocupações ambientais e energéticas, associadas a novas exigências de qualidade na vivência urbana, têm contudo promovido visíveis alterações nos paradigmas ideológicos que balizam o discurso e a prática da gestão urbana.
O presente Colóquio procura reflectir, numa perspectiva comparada e a nível europeu, sobre essa categoria funcional da mobilidade urbana, tão ubíqua e estigmatizada que é o «peão». Para tal, foram convocados especialistas europeus de reconhecido mérito em áreas tão diversas como a engenharia de transportes, o urbanismo e as ciências sociais.
No contexto deste Colóquio Internacional, é também promovida uma Mesa Redonda juntando investigadores e organizações da sociedade civil portuguesa, onde se procurará fazer uma avaliação da situação da pedonalidade em Portugal".

domingo, 9 de novembro de 2008

Orçamento participativo de Lisboa: depois das propostas, a votação

Desde ontem que se pode votar nas propostas dos munícipes para o orçamento participativo de Lisboa. Esta 2.ª fase estende-se até 14 deste mês.
Só os cidadãos que se registaram até ontem o podem fazer, e apenas em 3 propostas. Decidiu ainda a CML que tal votação se limitaria aos 3 'pelouros' em que incidiram mais propostas (Espaço Público e Espaço Verde, Urbanismo e Reabilitação Urbana e Infraestruturas Viárias, Trânsito e Estacionamento).
Eu irei votar, mas discordo desta metodologia. Qualquer munícipe lisboeta devia poder votar; deviam ser as pesssoas a escolher as propostas que consideram prioritárias; e deviam poder escolher mais do que 3 (não menos do que 10), sendo a hierarquização feita pelo maior n.º de votações, até esgotar o orçamento fixado. Isto para evitar que se afunile uma verba de 5 milhões de euros em meia dúzia de propostas.
Discordo também do escasso tempo disponível, tanto na fase de propostas (3 semanas) como nesta (7 dias para eleger 3 entre centenas de propostas). Estranha-se a inexistência duma fase de preparação/ auscultação prévia de entidades colectivas, como as associações de moradores e outras comunitárias. Pela relevância e novidade da iniciativa, impunha-se uma preparação e divulgação mais amplas (em mupis, anúncios nos media, etc.).
Poucas foram as propostas apresentadas (c.600), menos ainda os proponentes (c.200), por isso, não se percebe todos estes entraves a um processo que se deveria querer o mais aberto e participado possível.
Assim, parece que esta foi uma iniciativa envergonhada. Algo vai mal em Lisboa, quando é a própria esquerda governativa que trata tão mal um tipo de iniciativas que devia ser parte assumida do seu património programático.

sábado, 8 de novembro de 2008

Para gáudio da srª ministra e da pátria, profes fazem horas extraordinárias no Terreiro do Paço

Eles estão de volta, para a 2.ª invasão de Lisboa! Parece que o "exército de incompententes altamente mal formados", na completíssima asserção de Anterozóide, ainda consegue usar GPS.
A imagem deste post inicia uma bd que o infatigável Anterozóide dedica ao Dr. Insucesso e que vai integrar o seu livro sobre a educação nativa. Boa sorte para o livro e, já agora, que se consiga salvar o bebé, já que a água do banho já se foi toda...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Buraka Obama, yiô, yiô, yiô...

Para acabar em grande este festival Obama, nada como o melhor d'Os Contemporâneos revisitado:

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Os presidentes negros hollywoodianos

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Barack Obama não será primeiro homem negro a governar os EUA. Não para a ficção, que já se adiantou à realidade há muito tempo. O cinema já apresentou seus presidentes negros norte-americanos de muitas formas: drama, humor e suspense. Entre os atores que interpretaram esse papel, destaco os vividos por Morgan Freeman, em Deep Impact (1998), e por Dennis Haysbert, na série para TV “24 horas” (2001-2006). Além destes, em Head of State (2003) Chris Rock dá um show numa comédia que ironiza as consequências de um negro na Casa Branca. Aqui outros filmes.

Sim, porque ele há jornalismo e jornalismo

Segundo o Público 24 horas depois de ser eleito Obama já está a sofrer pressões, segundo o New York Times, e o Le Monde é Obama quem está com pressa de constituir uma nova equipa. Definitivamente o modo como se escreve uma notícia não é neutro.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Justiça cósmica?

Tempos de Mudança?

Que dia extraordinário, o de ontem. Confesso que verti uma lágrima ao ver as expressões de african americans mais velhos que nunca esperaram assistir à eleição de um presidente americano negro. Yes we can! Que emissão extraordinária na CNN, ontem (tirando os anúncios que nos massacravam). Pensei em Robert Sklar e na certeza de que Movie-Made America. Momentos fabulosos com hologramas ao estilo da Guerra das Estrelas, com os jornalistas a proferirem o nome de Obi Wan Kenobi e a célebre frase Beam me up (Scotty)! do Caminho das Estrelas: A Pop Culture ao rubro! Intuía-se a personagem de David Palmer da série 24. George Lucas e Steven Spielberg pareciam estar a realizar a emissão ao vivo. Hollywood arrasou e os Democratas também. Ainda bem. Mas lembro-me sempre de Visconti e do filme Il Gattopardo, que versa sobre tempos de mudança, onde a personagem de Tancredi Falconeri, interpretada por Alain Delon, afirma: "se vogliamo che tutto rimanga com'è, bisogna che tutto cambi"...
A Proposition 8 passou. Shame on you.
Lembro-me também de Romero, e em especial, do filme The Night of the Living Dead. Pode haver luz ao fundo do túnel, mas os E.U.A. permanecem uma nação que precisa de ser socorrida dos seus próprios fantasmas. Num dos filmes recentes mais belos sobre esses "fantasmas", In the Valley of Elah, a personagem de Tommy Lee Jones toma uma iniciativa inédita no cinema americano: Iça a Stars and Stripes ao contrário para que o seu país possa ser socorrido, dos fantasmas e não só.

Post Fácil

Confesso: Sou um pró-Americano Primário.

E agora Mr. President?

Durante toda a sua campanha, Barack Obama foi bastante vago sobre suas reais intenções. Disse apenas ser capaz de proporcionar mudanças. Entretanto, em assuntos fundamentais, como política externa e economia, não espero por grandes mudanças. Como qualquer outro presidente norte-americano, em primeiro lugar defenderá os interesses econômicos e geopolíticos dos United States of America.

Caricatura de ObamaNa política externa, ao contrário de seu antecessor, o democrata deverá se dedicar mais às alianças internacionais e evitar manobras unilaterais - mas não descarta totalmente esta possibilidade caso se faça necessário. Tentará restabelecer o diálogo direto com países como a Irã e Síria. Entretanto, quando o assunto é a defesa de Israel, Obama é categórico. Não perderá tempo consultando a ONU caso o país sofra um ataque nuclear lançado pelo Irã: a retaliação virá imediatamente.

Anunciou que se empenhará no sentido de promover um acordo de paz entre israelenses e palestinos. Resta saber o quanto e como se empenhará. Defende a criação de um Estado palestino ao lado do israelense, mas não deu qualquer detalhe sobre quais seriam as delimitações de fronteiras. Chegou até a afirmar que Jerusalém era indivisível. Porém, assessores de campanha prontamente corrigiram o então candidato: “Isso não significa excluir a cidade das discussões”, disseram eles. Bem, neste caso fica um enorme ponto de interrogação de qual seria a sua verdadeira intenção. Vamos esperar pra ver.

Obama também se dedicará à missão quase impossível de melhorar a imagem dos EUA na Europa, o que significa “tratar seus aliados com respeito e restabelecer a autoridade moral dos EUA”, disse. Ele apóia o processo de expansão da União Européia e defende o ingresso da Turquia no bloco. Pretende negociar com a Rússia estratégias de desarmamento, principalmente no tocante às armas nucleares. Mas também é favorável a criação do tal escudo antimísseis. Como explicar isso para os sempre “desconfiados” russos, hein?

Durante toda a campanha presidencial, o democrata se posicionou claramente contra a guerra no Iraque e garantiu a retirada das tropas norte-americanas do país. Mas, por outro lado, pretende aumentar imediatamente o contingente de soldados no Afeganistão de 7 mil para 10 mil homens. Detalhe: o seu vice e um dos prováveis consultores para assuntos externos, Joe Biden, defendeu o ataque “preventivo” ao Iraque em 2003.

Quanto à política econômica, creio que nem ele saberá responder em detalhes o que fará a longo prazo, mesmo porque não dá pra prever ainda o tamanho do estrago herdado de Bush, o war president. A única coisa certa é que encontrará um país sem qualquer credibilidade internacional, envolvido em guerras, com uma dependência energética a rondar a casa dos 450.000 milhões de dólares/ano e endividado até o pescoço. Pra piorar, será também refém desta profunda crise econômica detonada pelos seus compatriotas do mercado financeiro. Caso siga a cartilha de seu guru financeiro, Austan Dean Golsbee, da Universidade de Chicago, adotará um programa neoliberal bem ortodoxo, com o aumento de subsídios para deter as importações de vários produtos. Neste quesito, creio que nada ou quase nada mudará.

No cenário social, também não prevejo grandes mudanças. Obama prometeu apenas um alívio fiscal para a classe média norte-americana. Propôs um serviço de saúde mais acessível à população de baixa renda, mas não falou nadinha em universalizá-lo, proposta defendida pela sua rival de primárias, Hillary Clinton, cujo projeto se encontra parado no senado há 14 anos. Ou seja: é muito pouco consideradas as expectativas depositas na sua eleição.

Quando o assunto é imigração, o presidente eleito é bem cauteloso. Diz apenas que o país necessita de uma reforma abrangente, que ofereça um "caminho para a legalização" aos mais de 12 milhões de imigrantes indocumentados. Mas votou a favor da cerca que separa a fronteira americana do México e apoiou o aumento de verbas para fiscalizar os imigrantes ilegais proposto por Bush. Também apóia a adoção de medidas de segurança nas fronteiras, como o aumento da Border Patrol. Neste caso, o homem não me parece nadinha liberal.

Já sobre questões ambientais, propõe apenas a "fixação de limites máximos de emissão de gases causadores do aquecimento global". Diz pretender cooperar com as organizações de proteção ao clima da ONU (não sei não, mas isto me parece mais um exercício de pura retórica), mas não se compromete a assinar o Protocolo de Kyoto ou qualquer outro acordo que o venha a suceder. Aqui também ficará tudo como está.

Enfim, Obama não é o presidente norte-americano dos meus sonhos, mas talvez seja o melhor que os EUA podem nos oferecer neste momento. Com certeza, ele será menos nocivo ao mundo do que foi Bush e do que poderia ser McCain. O veterano da guerra do Vietnã mostrou ter duas faces. Durante as primárias, se mostrou muito liberal para o gosto republicano. No confronto direto contra o democrata, no entanto, veio à tona a verdadeira. A de um militar perigosamente patriota, a de um homem demasiadamente conservador e a de um político bem mais à direita do que quis aparentar. Durante toda a sua campanha, não teve o menor pudor ao usar a mentira e o terrorismo verbal para satanizar o seu rival. “Eu servi ao meu país nas Forças Armadas. Eu sei enfrentar todos os problemas no mundo”. Enfrentar todos os problemas no mundo? Isto é bem sintomático, não acham? Então, sarava! Barack Hussein Obama Jr., o 44° presidente dos Estados Unidos da América, com a aprovação de 2 em cada 3 pessoas deste conturbado planeta Terra.

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Caricatura retirada daqui.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Gobama

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A crise em cartoons (VII)- quem fica para trás

A revoada de nacionalizações de bancos, agora também atingindo Portugal via BPN, reforçou a perplexidade com a crise económica e deu azo a muita ironia sobre o eldorado neoliberal. Depois do espanto inicial, constatou-se que a crise não ficaria só pela estratosfera da alta finança. Os políticos traçaram prioridades e, como de costume, estas desvalorizaram novamente o elo mais fraco, ou seja, o cidadão comum, enquanto cliente de bancos e contribuinte, em particular os com dificuldades laborais e afogados em dívidas e empréstimos altos para toda a vida. É disso que nos fala Nick Anderson, neste cartoon. O seu autor é editor de cartoons do The Houston Chronicle desde 2006, tendo antes ganho um Pulitzer. Mais cartoons neste seu blogue, mas recomendo uma visita ao 1.º link, onde está agora visível um cartoon alusivo ao Halloween bushista.

Mas estas coisas ainda espantam alguém?

Para fazer tempo, enquanto esperamos os resultados das eleições americanas, aqui vai um post sobre sexo e religião. No Courrier International pode ler-se uma peça de uma jornalista que descobre - com aparente espanto - que as mulheres muçulmanas mais conservadoras, no recato do seu lar são dadas ao prazer da carne. Note-se contudo que o título da peça ("Sous le hijab, le string") é muito bem conseguido. Acontece que para o Islão, contrariamente às religiões judaico-cristãs, não é o sexo em si mesmo que é o problema, desde que com o respectivo cônjuge, e longe de olhares públicos. Porque são precisamente os olhares públicos que são o problema. De resto o Corão incita tanto o marido como a mulher ao gozo dos prazeres da carne. Tirando aquela coisa da jornalista parecer descobrir o óbvio, o artigo merece definitivamente uma leitura atenta. Apetece-me destacar isto:«C'est que là où les judéo-chrétiens ne conçoivent la sexualité que dans un strict but de procréation, le Coran et l'enseignement du prophète semblent beaucoup plus ouverts à une sexualité de plaisir. "L'islam encourage la sexualité dans le couple marié et le plaisir autant masculin que féminin. Le sexe est tenu pour spirituel"»

E mesmo em relação aos judaico-cristãos, ou pelo menos os católicos, talvez as coisas já não sejam bem como soíam. Pois que a soeur Emmanuelle, uma versão francesa da Madre Teresa de Calcutá recentemente falecida, decidiu deixar em testamento um grande rombo nos tabus do sexo. Num livro intitulado "Confessions d'une religieuse", publicado poucos dias após a sua morte, soeur Emmanuelle escreve sobre os prazeres carne (pecado bem menos grave que os outros, segundo ela), e discorre em particular sobre a masturbação, na primeira pessoa. Não li o livro, mas há uma elevada probabilidade de o vir a fazer.

sábado, 1 de novembro de 2008

João Miranda plagiado

Mais prevenção?

Os médicos americanos continuam a estudar e a debater as causas das crises pancreáticas. Deviam prestar mais atenção aos endocrinologistas portugueses. Vital Alegre, José Moreira e Manuel Sócrates já sabem a resposta. A "culpa" é da falta de vigilância médica e de cuidados preventivos. Falta de vigilância médica e cuidados preventivos? Mas então para que servem os hospitais centrais, as autoridades da Ordem dos Médicos, os tratados de medicina, os ministros das Saúde, os parlamentos e as serviços públicos? Não existem pacientes mais vigiados do que os pacientes com crises do pâncreas. E, no entanto, para os endocrinologistas a vigilância e a prevenção nunca são suficientes. Porquê?

A insulina está dispersa por todo o organismo. Cada orgão conhece a sua própria situação metabólica, mas desconhece os detalhes da situação metabólica dos restantes orgãos. O Pâncreas permite que a informação circule entre os diferentes orgãos através dos níveis de insulina que circulam no sangue. Níveis baixos sinalizam escassez de açucar e estimulam o metabolismo, níveis altos sinalizam excesso de glucose e levam à redução do mebolismo. Este mecanismo de comunicação de informação através dos níveis de insulina regula o organismo mesmo quando não existe um regulador medicamentoso.

O endocrinologista desconhece os detalhes da situação metabólica de todos os orgãos. Mesmo assim, tenta condicionar a acção livre desses orgãos. A vigilância e prevenção são sempre insuficientes porque as correcções nos cuidados de saúde, em particular na alimentação, deturpam o mecanismo de comunicação através da insulina. Os níveis de insulina passam a transmitir informação falsa. Os orgãos são convencidos pelos níveis de insulina de que existe uma baixa do metabolismo onde na realidade existe um aumento e são convencidos de que existe elevado metabolismo em orgãos onde não existe. Quanto mais a vigilância médica e prevenção interferirem com a liberdade insulínica, pior será o funcionamento dos diferentes orgãos. Os endocrinologistas terão sempre a mesma receita: mais vigilância, mais prevenção.

P.S. - Este post pretende plagiar a mais recente crónica de João Miranda no DN, qualquer diferença entre o post e o original é pura distracção, ou erro de edição, aos quais o Peão é completamente alheio. Pelos eventuais lapsos desde já as nossas desculpas.

Todos à urna pela República!

Há cem anos tiveram lugar as eleições municipais que deram a vitória aos republicanos em Lisboa. Cerca de um ano antes da implantação da República a nível nacional, já a cidade de Lisboa era republicana, pela via pacífica dos votos (saber mais aqui).
A Câmara Municipal de Lisboa comemora este acontecimento com uma exposição, um colóquio, visitas guiadas, disponibilização de uma mala pedagógica e de conteúdos digitais alusivos ao tema (vd. programação aqui).
Hoje, às 12 horas, inaugura na Galeria dos Paços do Concelho a exposição "À Urna pela Lista Republicana de Lisboa!" Foi assim há 100 anos..., que ficará patente ao público até Março de 2009.
O encontro científico, que decorrerá a 21 e 22 de Novembro nos Paços do Concelho, será constituído por comunicações preparadas propositadamente para este evento, resultantes, na maioria dos casos, de pesquisa original e inédita de investigadores especialistas na temática do Republicanismo e da I República.

Uma noite na Índia

Em momento da grande festa hindu que é o Diwali, em que se celebra regresso de Rama do exílio e se convida Lakshmi, a deusa da riqueza para vir a casa, acendendo velas para que ela não se perca no caminho (um bom festejo para tempos de crise), a Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna convida para uma noite na Índia, dia 1 de Novembro, a partir das 19.30h.
[Confesso que já tentei seguir o grande épico Ramayna, mas sem muito sucesso, mesmo numa exposição tão pedagógica como a que vi na Britsh Library que de tantos em tantos capítulos resumia a história com um sucinto "the story so far...".
Dele retenho o romântico exílio de Rama e Sita na floresta, o exército dos macacos liderados por Hanuman e as várias cabeças do maléfico Ravana e os maravilhosos registos audio com a recitação da viagem de Rama].