terça-feira, 30 de setembro de 2008

A ideologia no seu melhor (ou pior)

Le capitalisme financier n'est pas seulement anglo-saxon. Il est universel et a de beaux jours devant lui, tout simplement parce qu'il n'est pas une création arbitraire, comme pouvait l'être un système de type soviétique. Ce capitalisme-là est l'expression d'innombrables processus spontanés créés pour répondre aux besoins des êtres humains. Il remplit deux fonctions fondamentales : orienter les ressources d'épargne vers les activités où elles obtiennent la plus forte rentabilité et prendre en charge les risques de la manière la plus efficace. Certes, le capitalisme financier ne peut pas remplir ces fonctions de manière parfaite, parce que l'information ne peut jamais être parfaite. Mais il les remplit mieux que n'importe quel autre système imaginable.

Les difficultés actuelles ne sont en rien une manifestation de la faillite de ce système. En effet, la crise financière est essentiellement une crise de l'interventionnisme étatique. Elle résulte en particulier de l'extraordinaire instabilité de la politique monétaire américaine au début du XXIe siècle, politique monétaire qui n'est évidemment pas contrôlée par le marché, mais décidée arbitrairement par des autorités publiques.

Pour que ce capitalisme financier prenne fin, il faudrait ou bien que tout le système financier soit étatisé - ce qui est exclu - ou qu'il explose parce qu'il constituerait un système incohérent, ce qui n'est pas le cas. Sur le long terme, la crise actuelle apparaîtra comme un simple accident de parcours qui aura peut-être permis de liquider les entreprises financières les plus mal gérées et d'inciter les autres à mieux évaluer les risques. La plus grande menace vient du renforcement probable des réglementations.


E isso mesmo camarada! Para acabar com a crise, devemos acabar com a regulação dos Estados. E isso, mesmo se os mercados não conseguem entendê-lo : porque é que Wall Street esta em cada quando o congresso não aprova o Plano Paulson. Se o mercado (quem é esse?) fosse inteligente e realmente liberal, ele devia receber essa recusa (com a ajuda dos mais liberais dos republicanos) com champagne.

PS : o autor do texto citado chama-se Pascal Salin. Segundo me dizem é um dos economistas mais liberais por terras francesas.

Uma pergunta ingénua

Ao certo, o que é que um especulador faz de produtivo e útil para a sociedade?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Ministro culpa a democracia pelo desmatamento da Amazônia

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) denunciam que o desmatamento da Amazônia brasileira mais que dobrou em agosto na comparação com o mês anterior. Foram mais de 756 quilômetros quadrados de floresta derrubada. Segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, as responsáveis por este novo aumento da área desmatada são as campanhas eleitorais municipais (???). De certo, estão a usar todas essas árvores pra produzirem cartilhas de suas respectivas campanhas, não é senhor ministro?. Vai ser democrata assim no raio que o parta. Mais...

Ler -

Depois de um regresso algo frouxo, o Câmara Clara, de ontem, sobre a leitura infanto-juvenil resultou em aceso debate entre Isabel Alçada e Francisco José Viegas.
A representante do Plano Nacional de Leitura apresentou uma visão confusamente instrumental e burocrática da leitura, que passou tantou pela fisiologia (cientistas, médicos e enfermeiros, maravilhados com o PNL) como por somas fabulosas dos efeitos da política do Governo (1 milhão de crianças a ler e todos os dias e 1 hora por dia!).
Confesso que esta perspectiva me congela a parte do cérebro que era suposto a leitura desenvolver. Claro que ter um PNL é bom, e ninguém duvidará da urgência de aumentar os níveis de literacia, mas para ler o quê e porquê?
E foi aqui que Francisco José Viegas esteve em grande forma, quando insistiu que ler não é uma experiência uniforme (ler um jornal desportivo, não é o mesmo que ler um romance), nem uma simples competência de juntar letras para delas extrair um significado, e, sobretudo, quando reforçou a ideia de que a Escola não deve transmitir essa noção de processo em que tudo se equivale, mas antes valorizar o cânone literário.
É difícil crer que a leitura se desenvolva por degraus evolutivos, numa equação que vai do mais ligeiro para o mais complexo, e ainda mais difícil é crer no «socialismo» do Plano. No final a sua intenção niveladora, acabará por acentuar as desigualdades e se «não esticar a corda» à literatura, milhares de alunos não poderão por ela subir, aí sim, a mais elevados patamares académicos, profissionais e pessoais.
Imagem: Magritte- La lectrice soumise, 1928.

Não sei se dá para rir, se para chorar...

No fim deste vídeo ouve-se uma piada de uma ironia brutal que não me sai da cabeça. Hoje têm ainda mais menos piada do que antes. É mais ou menos assim:

Dois velhos camaradas de partido encontram-se, e diz um para o outro:
- Afinal, tudo aquilo que nos contaram sobre o comunismo era mentira.
Ao que o outro responde:
- Mas isso nem é o pior. O pior é que tudo o que nos contaram sobre o capitalismo era verdade.

O “sim” dá uma surra na elite. E o Equador aprova nova Constituição.

rafael correaSegundo as primeiras sondagens, o projeto da nova Constituição do Equador foi aprovado por aproximadamente 70% dos eleitores no referendo realizado hoje, resultado que fortalece sobremaneira o presidente Rafael Correa e dá a ele carta branca pra promover as mudanças sociais e econômicas fundamentais ao país, carcomido por uma elite política corrupta e neoliberal. Com a aprovação do novo texto constitucional, os equatorianos iniciarão um regime de transição no qual uma comissão regulará as atividades do Estado até a realização de eleições gerais, inclusive para a Presidência, previstas para o início do ano que vem. Entre as mudanças aprovadas, destaco estas:

Propriedade - Além da propriedade pública e privada, o Estado deverá garantir o direito à propriedade comunitária, associativa, cooperativa e mista. O novo texto constitucional dá poderes ao Estado de expropriar terras não produtivas para a reforma agrária e os latifúndios serão proibidos.

Economia - A substituição da "economia de mercado" pela "economia social". Ou seja, caberá ao Estado o controle de setores considerados estratégicos, como o petróleo, mineração, telecomunicações, água e agricultura. Neste caso, o Banco Central deixará de ser autônomo e a política monetária será regulamentada pelo Poder Executivo.

Aborto - O direito à mulher de decidir quantos filhos pretende ter. Apesar de não despenalizar o aborto, o texto deixa brechas para a interrupção da gravidez.

União civil homossexual - A aprovação da união civil entre os homossexuais, com os mesmos direitos dos matrimônios heterossexuais.

Drogas - O uso de drogas passará a ser tratado como uma questão de saúde pública, não mais como ato criminoso. Qualquer tipo de punição aos usuários de drogas está proibido. Mais...

domingo, 28 de setembro de 2008

Rain Drops Keep Falling On My Head

sábado, 27 de setembro de 2008

Cash for Trash

Paul Newman (1925 - 2008)

HELP!!!! É o Bush em ritmo de Beatles...



Provérbio tradicional chinês (adaptado à cartilha neo-liberal)

"Se o teu vizinho tiver fome não lhe dês um peixe, ensina-o a pescar, empresta-lhe dinheiro para comprar uma cana de pesca (a juros incomportáveis), hipoteca-lhe a cana e vende a dívida no mercado financeiro"

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Não deixem o Zé Manel Fernandes ler este post, pode agravar-lhe a azia

A propósito da actual crise financeira, uma influente ONG transnacional, a AVAAZ, elaborou uma petição pró-regulação dos mercados financeiros, apoiada pelo ex-primeiro-ministro dinamarquês, Poul Rasmussen, e a ser entregue aos líderes europeus e ao Congresso dos EUA.
Deixo-vos o texto da petição, para os interessados:
"Precisamos de uma solução urgente para consertar as falhas do sistema financeiro que estão causando a atual crise. Os governos dos Estados Unidos e Europa cobriram o prejuízo das instituições financeiras com dinheiro público e agora quem vai sair perdendo vai ser a população. O sistema se mostrou falho, colocando a estabilidade econômica do mundo todo em risco. Agora, a população global tem o direito e dever de se manifestar. Participe desta campanha que será apresentada à líderes europeus e o Congresso dos Estados Unidos. Clique no link para assinar a petição e encaminhe este email para seus amigos.
http://www.avaaz.org/po/global_finance_action/97.php?CLICK_TF_TRACK
Obrigado,
A equipe Avaaz
--------------------------------
Amig@s,
Semana passada um dos maiores bancos de investimentos do mundo, o Lehman Brothers, declarou falência com uma dívida de $613 milhões de dólares. Antes dele vieram abaixo a Fannie Mae e Freddie Mac as maiores corretoras EUA e a seguradora AIG. Para evitar um colapso total da economia e o pânico nas bolsas de valores, os Estados Unidos lançaram um pacote econômico astronômico. Um governo que antes defendia o mercado livre, auto-regulado, agora está intervindo com um cheque de USD$ 700 bilhões para Wall Street. Quem vai pagar a conta? Os contribuintes. O pacote econômico do governo logo vai afetar o bolso da classe média, a garantia de empregos, de moradia, poupanças e previdências sociais.
A crise já abalou a Europa, chegou na China e Ásia, e promete alcançar o resto do mundo. Devemos nós pagar pela irresponsabilidade das instituições financeiras dos Estados Unidos?
Cidadãos comuns do mundo todo estão se sentindo impotente perante as forças do mercado e a promessa de uma forte recessão. O sistema financeiro é tão complexo que poucos conseguem entender, muito menos se manifestar sobre este assunto tão importante. Mas esta semana nós conseguimos uma chance única de agir e demandar maiores regulamentações para o mercado financeiro. Nossa campanha será apresentada para líderes Europeus e pretendemos entregá-la também para o Congresso dos Estados Unidos e o próximo presidente americano. Para apresentar está petição à líderes globais, precisamos de um grande número de assinaturas, portanto clique no link para assinar a petição:
http://www.avaaz.org/po/global_finance_action/?cl=129697843&v=2168
O mercado financeiro global é pouco compreensível para um leigo em economia, as regras que o governam estão cheias de pequenas falhas e brechas. Nas últimas décadas as instituições financeiras se aproveitaram de uma política de mercado livre com uma regulamentação mínima. Quando o mercado finalmente ruiu, eles ficaram com uma dívida enorme que agora será paga com dinheiro público. Até os neoliberais mais radicais que pregam o livre comércio estão pedindo regulamentações mais fortes. A segurança econômica da população não pode mais ser colocada em risco, o mercado financeiro precisa de regulamentações mais rígidos que os responsabilizem pelas suas ações.
Entre os que apóiam um mercado mais monitorado está o Ex-Primeiro Ministro da Dinamarca, Poul Rasmussen. Ele se aliou à Avaaz para entregar nossa petição para um encontro de líderes europeus onde uma proposta de reformulação do mercado financeiro será discutida. Segundo Rasmussen, é importante demonstrar a mobilização da sociedade civil global em resposta à crise, mostrando para líderes europeus e globais que a opinião pública quer mais transparência e regulamentação: “Uma reforma do mercado financeiro é um passo fundamental em direção à uma globalização mais justa. Sua voz pode contribuir para isso”.
O mercado financeiro global está interligado e todos serão afetados, desde o operário até o alto executivo, da Ásia à América do Sul. Os governantes ainda estão em choque sem dar boas explicações nem apresentar soluções. Precisamos unir nossas vozes agora, enquanto o futuro ainda está sendo definido. Assine a petição no link abaixo e encaminhe este email para seus amigos e familiares:
http://www.avaaz.org/po/global_finance_action/?cl=129697843&v=2168
Com esperança e determinação,
Paul, Graziela, Ricken, Ben, Iain, Veronique, Brett, Pascal, Milena e toda a equipe Avaaz
Leia mais:
Congresso dos EUA estuda resgate financeiro de 700.000 bilhões de dólares - AFP:
http://afp.google.com/article/ALeqM5iBvQKdiCJ63E2JFV-SUxzFQkw9Sg
Crise vai durar pelo menos até 2009 - Estado de São Paulo: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080921/not_imp245517,0.php
Entenda a crise financeira que atinge a economia dos EUA - Folha Online: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u447052.shtml".

Frases feitas para os dias que correm (da cartilha neo-liberal)

"Lucros privados, prejuízos públicos."

"Não deixes que os factos atrapalhem uma boa estória."

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Serpentine Gallery

Neste fim de Setembro não tão chuvoso, há duas razões para visitar a Serpentine Gallery em Hyde Park. Uma é o pavilhão de Verão, um projecto arquitectónico que vai no seu nono ano e que é sempre uma agradável surpresa não só em termos de design e espaço, mas também graças ao cafézito cheio de iguarias "trendy" e ainda ao programa de eventos Park Nights. A outra é a exposição de Gerhard Richter. As 49 composições têm umas cores fabulosas, brilhantes e luminosas. Cada uma delas é constituída por 100 painéis coloridos que perfazem um total de 4,900 painéis montados pelo próprio Richter especificamente para a Serpentine e a pensar no espaço da galeria. Ritcher recorreu a um complexo sistema de "acaso controlado", que envolveu inclusivamente o uso de um dado para decidir a posição de cada um dos painéis e a localização de cada conjunto. As pinturas podem ser montadas e desmontadas ou configuradas de maneira a formarem uma obra singular gigantesca. Cada exposição é assim completamente única e uma festa para os olhos.


Também não entendo patavina, não é?


Um incêndio num cinema, que gera um movimento de massas produto das diferentes acções individuais - ou seja um sistema complexo - o interesse de todos é sair em segurança do cinema, e os agentes são responsabilizados pelo risco que correm, e da pior maneira. No entanto, se deixarmos um cinema em chamas entregue à emergência expontânea de um padrão de auto-regulação sabemos bem qual é o resultado. Pelo contrário se existir uma rígida regulação exterior, estabelecida a priori, como - sei lá - por exemplo um plano de evacuação, o resultado é bem mais satisfatório


O que não entendes Zèd, é que aqueles que vão morrer no cinema são os pobres e os imprevidentes. Os ricos e os previdentes (que são muitas vezes os mesmos, o dinheiro permite pagar à previdência) podem comprar lugares mais caros porque mais perto das saídas de emergência. Os que não tiveram dinheiro para pagar esses lugares sofrerão as consequências. Moral da história : nessas crises, alguns safam-se sempre. E não será essa a razão que explica que esse sistema desigual é adorado por alguns?

A dupla do barulho

chavez

A Rússia emprestará US$ 1.000.0000.0000 à Venezuela para que o país sul-americano compre suas armas, num total de US$ 2.000.000.000. Este foi o acordo fechado entres os presidentes Hugo Chávez e Dmitry Medvedev. Só para lembrar: nós últimos 3 anos, a Venezuela gastou mais de US$ 4.000.000.000 com a compra de armamentos só da Rússia. Será este o tal “socialismo do século XXI” de que tanto fala Chávez? Mais...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Grande Rui!

Dúvido muito que exista algum leitor do Peão, um só que seja, que ainda não tenha reparado que o Rui Tavares tem um novo blogue, ainda assim aqui fica a publicidade. Melhor, fica a saudação ao Rui, é uma boa notícia para a blogosfera. E, em jeito de comemoração, fica também o cartoon que se impõe nos dias que correm (que roubei do dito blogue).

Desfazendo equívocos, a propósito de Maria Keil e duma recente polémica

O metro de Lisboa tem uma das colecções de arte pública mais singulares entre todos os metros do mundo, com os seus painéis de azulejos revistindo as suas estações, da autoria de vários artistas portugueses e estrangeiros. A ideia original foi do arq. Francisco Keil do Amaral, que pediu à sua esposa, a artista plástica Maria Keil, uma intervenção artística nas estações inaugurais, obra que executou gratuitamente. Posteriormente, foram convidados outros artistas, até que, há c. de 9 anos, alguns dos painéis de Maria Keil foram destruídos pela administração da empresa, aquando da renovação da estação dos Restauradores. A memória e arte desta prestigiada artista estiveram em vias de ser sacrificadas por uma administração sem gratidão nem visão. Dada a gravidade de tal atitude, houve uma campanha contra isso, o que levou a um repensar da questão pela empresa que, entretanto, convidou Maria Keil para renovar os painéis que fizera na estação de S. Sebastião da Pedreira.
Neste Agosto, a questão ressurgiu, parcialmente em equívoco, através da blogosfera, e que a Júlia Coutinho oportunamente desfaz, neste seu recente post. Nesse contexto, foi lançada esta petição, que exorta "o Conselho de Gerência do Metropolitano de Lisboa a, rapidamente, diligenciar obter os desenhos dos painéis destruidos e mandar executar, à empresa que produziu (Viúva Lamego) novos painéis" e reclamando uma indemnização para a lesada. Como a autora não pretende ser ressarcida, esta última parte está arrumada. Como recém-subscritor de tal petição (já quase com 2500 assinantes), e para desfazer possíveis equívocos, devo aditar que a responsabilidade daquela destruição não cabe à actual administração, embora esta devesse proceder à salvaguarda de cópia de tais painéis (e respectiva documentação), pois como refere Rini Luyks: "sabemos agora quais são os estragos, mas o Metro ainda não assumiu nenhuma culpa por incúria". Como sugestão pessoal, uma amostra dessa cópia poderia ser emprestada ao Museu do Azulejo, dando-lhe assim a visibilidade que merece.
Nb: imagem de pormenor de painel de Maria Keil retirado daqui.

The Economist organiza eleição mundial pra presidente dos EUA

Através de sua web, o jornal The Economist colocou em andamento uma iniciativa que permite a qualquer cidadão deste mundo “votar” nas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América. Basta cadastrar-se e pronto. O sistema adotado pelo portal reproduz fielmente o adotado no país, ou seja: quando um americano vota na eleição presidencial, não está votando diretamente no candidato, mas num grupo de pessoas iluminadas denominadas “elector”. Esses “eleitores” (pessoas que integrem os quadros dirigente dos partidos, ou que ocupem cargos políticos, ou antigos membros do Congresso) formam um tal “Electoral College”, que de fato é quem escolhe o presidente que os governará por quatro anos, promoverá guerras pelo mundo e, enfim, fará o que bem entender noutros países. O que não deixa de ser um processo eleitoral virtual, cá entre nós. Então, já que é assim, vamos lá ao “Global Electoral College” cumprir o nosso dever cívico.

Deve ser do excesso de regulação

O FBI está a investigar agentes de Wall Street por fraude. Segundo a CNN, há 26 processos de fraude a ser investigados ligados à crise dos 'subprimes', e entre os visados encontram-se a Fannie Mae, a Freddie Mac, a Lehman Brothers e a AIG.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

US$ 700.000.000.000 + US$ 3.000.000.000.0000 = US$ 14.000

Este é o preço que cada cidadão norte-americano deverá pagar pelas burradas de seu governo republicano. Se somarmos os 700.000.000.000 dólares (mas há quem diga que é pouco e que o necessário seria 1.000.000.000.000), que deverão ser usados para sanear o setor financeiro, com o custo previsto da guerra do Iraque de 3.000.000.000.0000 de dólares, cada alma viva dos EUA deverá pagar 14.000 dólares. Mas o pior de tudo é que não pagarão sozinhos esta merda. Vai sobrar pra todos nós.

saddan

fed

 

If one thing matters: a film about Wolfgang Tillmans

O Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa (Queer Lisboa 12) já está a decorrer desde o fim de semana passado. Mais filmes e uma nova secção: Queer Art que inclui documentários, longas e curtas que combinem arte e homossexualidade e em que se destaca o documentário sobre o fotógrafo alemão Wolfgang Tillmans (destaque meu, naturalmente)
Tillmans, nascido na Alemanha em 1968 e a viver em Inglaterra desde o final dos anos 80, país onde recebeu o Turner Prize em 2000, é o primeiro fotógrafo e o primeiro estrangeiro a ganhar o prémio.
O seu trabalho, tanto na questão técnica, como na temática que escolhe representar é atravessado pela questão dos géneros e da transgressão: documentários, retratos, paisagens, abstracções, as suas fotografias cruzam estas categorias com aparente facilidade e as suas mostras/instalações serão mais interrogativas do que expositivas.
A ver, quinta-feira, 25 de Setembro, na Sala 3, às 19h15.
Imagem: Four Boots, 1992.

Lista da memória entregue a Garzón

Foi ontem entregue a lista contendo parte das vítimas do franquismo, respondendo a um pedido do juiz Baltasar Garzón. Dela constam quase 150 mil pessoas. As associações de recuperação da memória tiveram 2 semanas para responder a este pedido, tal como mencionámos neste post anterior.
Entretanto, estas associações criaram o site Todos los nombres, onde estão contidos todos os nomes das vítimas.

O país dos jeitinhos, das derrapagens e das excepções à regra

Retomando o post de ontem, outra má notícia é o facto do governo ir criar um regime de excepção para as obras na frente ribeirinha da capital, possibilitando ajustes directos de obras até 5 milhões de euros, quando uma lei PS de Janeiro passado só possibilitava essa prática até 1 milhão de euros. A justificação é a urgência da obra, dada a sua inserção no programa de comemorações do Centenário da República. Pasma-se de tanto despautério: o que é que uma coisa tem a ver com a outra?! Será que tem antes a ver com as eleições que se avizinham e a gula de mostrar obra a torto e a direito? É caso para dizer: e viva o foguetório. Depois da saga das derrapagens orçamentais nas grandes obras públicas e das milhentas excepções aos planos de ordenamento (de que os PINS são a cereja no bolo), eis mais um mimoso expediente para agradar a uns quantos. O interesse público, esse, fica entalado entre outros interesses.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Será mesmo o fim de Amy Winehouse ou marketing?

Segundo o tablóide britânico The Sun, a cantora e compositora Amy Winehouse poderá não produzir outro álbum. Ela está há seis meses tentando compor 2 canções, mas não consegue terminá-las. As músicas deveriam entrar no próximo disco da cantora, que tinha previsão de lançamento para este ano. "Talvez os problemas com as drogas nunca deixem que Amy termine seu terceiro disco", diz a fonte. Sensacionalismo (o que aliás não é novidade alguma tratando-se do jornal inglês) , jogada de marketig (é intrínseca ao mundo pop) ou fato (que não deixa de ser factível tratando-se de Amy) ???A ver vamos.

Novas de Lisboa

Agora que a rentrée assentou arraiais, há várias novidades em Lisboa, umas boas, outras más.
Nas boas, está a assunção, pela vereadora Helena Roseta, de pastas da habitação, designadamente a resolução do mau estado do mercado habitacional na cidade, com c. 60 mil prédios devolutos imobilizados e em degradação. Segundo um estudo da EPUL, destes só 10% necessitam de obras de vulto (vd. aqui, Público, 20/IX, p. 21). Para resolver o problema habitacional, a EPUL propõe um seguro de renda para senhorios, que lhes daria confiança no arrendamento, sendo esta uma das razões para o não arrendamento de parte destas casas. Sugere ainda o alargamento dos programas de reabilitação (RECRIA) aos fogos devolutos, com coordenação desta empresa municipal e obrigatoriedade do seu arrendamento posterior, de preferência para jovens e idosos. São excelentes ideias, só se espera que não tardam a ser efectivadas.
No lado das más notícias, está a trapalhada da não candidatura a apoios europeus para a melhoria das escolas públicas, devido à não entrega dum parecer obrigatório. Sendo esta a área prioritária da actual governação, não se compreende como foi possível tal desleixo. Talvez por ter sido em Agosto explique alguma coisa… Quando não há planeamento atempado pode dar nisto.
Mas há casos que nem com planeamento blindado a coisa sai bem. É o caso do terreno municipal cedido à AECOPS (Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas) para a construção da sua sede, que o vendeu 10 vezes mais caro a particulares (vd. aqui). Esta associação deixou de estar interessada no terreno, mas não no dinheiro. Os planos directores aprovaram aquela excepção, por ser para uma associação com serviço prestado num sector económico importante (argumento do antigo presidente Krus Abecasis), e agora fica a questão: pode-se vender um terreno a terceiros quando ele foi cedido para um certo fim e, por isso, contemplado com um regime de excepção? Só há uma forma de resolver esta complicada questão da cedência de terrenos/ imóveis municipais a associações (que já criou as célebres confusões com os terrenos para certos clubes de futebol): é criar regulamentos específicos bem feitos.
Para amanhã, deixo-vos uma notícia lamentável, que envolve a capital e o governo central.
ADENDA: entretanto, soube-se que a CML irá criar uma bolsa de arrendamento com regulamento (privilegiando os jovens) para os fogos em sua posse, c. de 2 mil, pondo cobro à discriccionariedade que antes reinava e que deu já origem a um caso polémico envolvendo a anterior vereação. É mais uma boa notícia, e prova como os regulamentos são importantes para a transparência de procedimentos, pedra basilar da democracia.

domingo, 21 de setembro de 2008

E é assim que percebemos que um pouco de cultura científica e alguns conhecimentos de lógica fazem muita falta

O rigor intelectual do João Miranda não para de me impressionar. Veja-se este post. O sistemas financeiros são sistemas complexos, e não estão suficientemente descritos. OK, se bem que os sistemas complexos sejam normalmente modelizados por equações matemáticas complexas - como o nome sugere - e o post não faça referência ou sequer alusão a esse tipo de sistemas, vamos dar isto de barato. Logo, quando não se conhece um fenómeno o suficiente, a única conclusão possível é que não se podem tirar conclusões. Faz sentido. A única conclusão que se pode tirar é que não pode haver regulação. Desculpem?!?! Pensava eu que não podia tirar conclusões nenhumas do que não se conhece, mas afinal pode. Quão conveniente, não se podem tirar conclusões excepto aquela que nos convém. Corolário Mirandiano: pode e deve deixar-se sem regulação uma realidade complexa que não se sabe como funciona. Estou a ver. E isto porquê. Porque os sistemas complexos, como os sistemas financeiros, que satisfazem os interesses dos participantes e em que os agentes são responsabilizados pelos próprios riscos, produzem um sistema "expontâneo" auto-regulação. Ai produzem? Quem diz? O João Miranda, que na sua infinita sabedoria! Não precisa citar nada nem ninguém, ele sabe e chega. Mas se pensando no assunto não me parece que estes sistemas produzam espontaneamente auto-regulação. Veja-se o exemplo referido aqui em baixo: Um incêndio num cinema, que gera um movimento de massas produto das diferentes acções individuais - ou seja um sistema complexo - o interesse de todos é sair em segurança do cinema, e os agentes são responsabilizados pelo risco que correm, e da pior maneira. No entanto, se deixarmos um cinema em chamas entregue à emergência expontânea de um padrão de auto-regulação sabemos bem qual é o resultado. Pelo contrário se existir uma rígida regulação exterior, estabelecida a priori, como - sei lá - por exemplo um plano de evacuação, o resultado é bem mais satisfatório. Outro exemplo: o tráfico rodoviário. Os agentes são beneficiados se a coisa correr bem, continuam na sua vidinha, e são responsabilizados pelos riscos que tomam, sofrendo acidentes. Pela lógica de João Miranda não é necessário código da estrada, e muito menos polícia. Basta uma meia-dúzia de regras abstractas do género "toda a gente circula pela direita" e emergirão padrões de auto-regulação. Querem fazer a experiência? Na realidade os sistemas de que fala João Miranda geralmente não geram espontaneamente padrões de auto-regulação, pelo contrário é bastante raro. Há inúmeros fenómenos, estudados virtualmente por todas as disciplinas científicas, que podem ser descritos por sistemas complexos. Tomando como exemplo os sistemas biológicos, a sobrevivência do indivíduo é no seu melhor interesse e a responsabilização chama-se selecção natural. No entanto a auto-regulação emerge por tentativa e erro, em que quase todas as tentativas dão em erro. Muito raramente emerge um sistema que por acaso funciona (razão pela qual a evolução biológica é tão lenta). A grande maioria das mutações genéticas que perturbam os sistemas resultam em catástrofes. No modelo Mirandiano, quantos "Crashes" serão necessários até que se produza um padrão de auto-regulação estável?
Os sistemas complexos podem gerar pelo menos dois tipos de cenários para além dos padrões de auto-regulação: as catástrofes, ou seja o colapso puro e simples do próprio sistema como no caso da maioria das mutações, ou os sistemas com uma dinâmica caótica (ver por exemplo este livro, não canso de me repetir). Dos três, na minha humilde estimativa, os sistemas auto-regulados são indubitavelmente o cenário mais improvável.

P.S. - Mas o mais fenomenal é ver João Miranda a perguntar "Qual é a evidência empírica" para não sei o quê. A crise financeira está de facto a ter consequências inesperadas, quem diria que o João Miranda se preocupa com evidências empíricas.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sell! Sell! (ou "É a estupidez do mercado a funcionar")


Sempre gostaria de saber que tipo de formação têm os especuladores da bolsa. Há coisas que quem percebe um pouco de matemática, ou de sistemas dinâmicos, ou de ecologia, ou de termodinâmica, ou de psicologia de grupos, ou até de biologia do desenvolvimento, não tem dificuldade em compreender. Pelos vistos quem especula na bolsa é que tem.
Some economists worry that a psychology of fear has gripped investors, not only in the United States but also in Europe and Asia. While investors’ decision to protect themselves may be perfectly rational, the crowd behavior could cause a downward spiral with broader ramifications.

P.S. - Para que tudo continue segundo a ordem natural das coisas só falta os liberais de serviço virem explicar-nos que a culpa da crise financeira é o excesso de regulação por parte do estado.

Memória Histórica: restos mortais de García Lorca serão exumados

Os restos mortais de Federico García Lorca serão desenterrados. Depois de resistir por algum tempo, a família do poeta e dramaturco autorizou a abertura da vala comum onde a ossada do escritor permanece desde que foi fuzilado na Guerra Civil. As informações mais divulgadas dão conta de que Lorca foi fuzilado no dia 19 de agosto de 1936, mas que teria sido preso três dias antes sob a acusação de ser subversivo e homossexual. Com ele, foram fuzilados o professor Dióscoro Galindo, republicano e acusado de negar a existência de Deus porque ensinava educação laica a famílias pobres, e os sindicalistas Francisco Galadí Meljar e Joaquim Arcollas Cabezas. Eles foram enterrados em uma vala comum debaixo de uma oliveira (foto), num lugar conhecido hoje como o Barranco de Víznar (Granada), onde agora há um pequeno parque em homenagem às vítimas da Guerra Civil e onde se estima estejam milhares de outras ossadas. Desde a criação da Lei da Memória Histórica (leia aqui o excelente post do peão Daniel), os parentes dos fuzilados pelo franquismo vem recebendo ajuda do governo para desenterrar corpos, obter provas de DNA, fazer sepultamentos e conhecer os verdadeiros detalhes dos assassinatos. Mais...

LA COGIDA Y
LA MUERTE (García Lorca) *

A las cinco de la tarde.
Eran las cinco en punto de la tarde.
Un niño trajo la blanca sábana
a las cinco de la tarde.
Una espuerta de cal ya prevenida
a las cinco de la tarde.
Lo demás era muerte y sólo muerte
a las cinco de la tarde.

El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.
Y el óxido sembró cristal y níquel
a las cinco de la tarde.
Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.
Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.
Comenzaron los sones del bordón
a las cinco de la tarde.
Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.
En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.
¡Y el toro, solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.
Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde,
cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,
la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
A las cinco en punto de la tarde.

Un ataúd con ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.
Huesos y flautas suenan en su oído
a las cinco de la tarde.
El toro ya mugía por su frente
a las cinco de la tarde.
El cuarto se irisaba de agonía
a las cinco de la tarde.
A lo lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.
Trompa de lirio por las verdes ingles
a las cinco de la tarde.
Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,
y el gentío rompía las ventanas
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
¡Ay qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombra de la tarde!

*tradução

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Carla Bruni incomoda as noites de Sarkozy. Cantando.

A cantora e primeira-dama da França (não necessariamente nesta ordem), Carla Bruni, foi ontem uma das atrações do programa "Later... with Jools Holland" exibido pela BBC. Durante a entrevista, ela disse que incomoda o marido com sua música no meio da noite. Bem, se até Sarkozy se incomoda com a música melodramática (no seu pior sentido) e de gosto duvidoso da Senhora Multimídia, o que dirá os nossos ouvidos mais exigentes? Aqui vídeo da entrevista e música "Tu Es Ma Came" (realmente, não sei o que é pior).

Aulas de História na primeira pessoa


O filme alemão "The Wave" (Die Welle) estreia em Londres na sexta e em Portugal em Novembro. Hoje li com interesse a entrevista com o professor americano Ron Jones que nos anos 60 terá conduzido a bizarra e ousada experiência sobre o fascismo em que o filme se baseia. Gostei muitíssimo da entrevista e fiquei com vontade de ver o filme. A experiência em si terá dado muito que falar e percebe-se porquê. É que, como diz Ron Jones, "We're all capable of this nightmare." Interessante ainda ser um filme alemão que o autor da experiência acredita que jamais teria sido feito nos EUA e que não vai passar nos EUA.

Às vezes bem me apetecia mandar-vos todos pró caneco

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O que faremos agora com Adão e Eva e o fruto proibido?

O Vaticano disse nesta terça-feira que a teoria da evolução é compatível com a Bíblia, mas não planeja um pedido de desculpas póstumo a Charles Darwin pela fria recepção dada a ele há 150 anos. O arcebispo Gianfranco Ravasi, o ministro da Cultura do Vaticano, deu a declaração durante o anúncio de uma conferência de cientistas, teólogos e filósofos que acontecerá em Roma em março de 2009, marcando os 150 anos da publicação da obra "A Origem das Espécies" de Darwin. "Talvez devêssemos abandonar a idéia de emitir pedidos de desculpas como se a história fosse um tribunal que está eternamente em sessão", disse Ravasi. Mais...

Nb: Imagem - Adão e Eva, 1531 - quadro renascentista de Lucas Cranach, o Velho (Staatliche Museen, Berlim)

Deixem-se de deturpações, já chega, não gosto


segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Richard Wright – Pink Floyd (1943 – 2008)

O tecladista e um dos fundadores da banda Pink Floyd , Richard Wright, morreu hoje, aos 65 anos. Junto com o guitarrista Roger Waters e o baterista Nick Mason, Wright formou o Pink Floyd nos anos 1960, quando eles eram ainda estudantes universitários.




Igreja da Inglaterra pede desculpas a Charles Darwin

A Igreja da Inglaterra (Anglicana) pediu desculpas oficialmente a Charles Darwin por não ter acreditado em sua teoria da evolução e assim ter levado muitas pessoas a pensarem de maneira errada sobre a origem das espécies. "Charles Darwin: 200 anos depois de teu nascimento, a Igreja da Inglaterra te deve desculpas por interpretar-te mal” (...) Com estas palavras, o reverendo Malcolm Brown assinala o equívoco “demasiadamente emocional” dos anglicanos em relação à sua obra, publicada em 1859. Mais...

Os 10 “mandamentos” do sexo ecologicamente correto

Não morro de amores pelo Greenpeace. Entretanto, não posso deixar de achar sui generis o artigo “Cómo ‘enverdecer’ tu vida sexual”, publicado pela filial mexicana no início de agosto, mas só agora descoberto por mim. Sob o slogan “ser verde nunca foi tão erótico”, o tal guia pretende promover um sexo amigo do meio ambiente. O primeiro “mandamento” da cartilha diz que os amantes devem apagar as luzes durante o sexo como uma forma de economizar energia (pelo menos essa). Já no último, o Greenpeace orienta que se “faça amor, não guerra”. Está aí uma boa sugestão de leitura para a senhora Palin. Abaixo transcrevo alguns dos “mandamentos” e aqui está a íntegra do texto.

- Utilizar frutas afrodisíacas orgânicas. Nada de transgênicos ou pesticidas.

- Não consumir ostras, mariscos e camarões. Use óleos ou sabões aromáticos para esse fim.

- Utilize apenas lubrificantes à base de água, nunca à base de petróleo ou vaselina.

- “Brinquedos” eróticos de PVC devem ser evitados.

- Banhar-se junto com o parceiro(a) para economizar água.

- A madeira da cama deve ser de uma empresa ecologicamente responsável.

Imagem retirada daqui.


Insegurança celestial

Foi recentemente disponibilizada na Internet uma colecção de cartoons dum dos melhores cartoonistas de sempre. Trata-se de Mel Calman, de quem já falara aqui e aqui. A iniciativa cabe ao The British Cartoon Archive, da Universidade de Kent. Como amostra, deixo-vos uma série de 3 posts por ele dedicados ao Paizinho-mor, mais conhecido por Barbas, que são uma delícia. O 1.º sai hoje. Os outros, logo se verá. Pode ser amanhã, ou noutro dia, num xi xabe. Na dúvida, vão espreitando...

sábado, 13 de setembro de 2008

Creio que os efeitos do LHC já afetam a blogosfera. É assim que o Firefox está a “enxergar” o Peão. Alguém pirou ou isto tem explicação?





Honrar os mortos: Garzón intercede pelas vítimas do franquismo

No dia 1 deste mês, a Espanha acordou diferente. Com uma iniciativa simples e justa, o super-juíz Baltasar Garzón virou uma página da história recente espanhola que teimava em não passar.
Aceitou as denúncias que 13 asociaciações cívicas espanholas para a recuperação da memória histórica haviam interposto em nome dos desaparecidos e fuzilados pelo franquismo, e solicitou junto de vários autoridades dados para confirmar da justeza daquelas denúncias e para elaborar um censo dos c.90 mil fuzilados, desaparecidos e enterrados em fossas comuns desde o golpe de Estado de 17/VII/1936. Deu assim sequência ao consigado na novel Lei da Memória Histórica, lei essa apoiada pela Amnistia Internacional.
Agora, essas associações estão a reunir toda a documentação possível para identificar e localizar esses desaparecidos, uma grande parte dos quais foram colocados em fossas comuns, sem direito a funeral nem a ritos de qualquer tipo. O testemunho dum dos seus dirigentes, Anxo Rodríguez (pres. da Asociación da Memoria Histórica de Ponteareas, Galiza), pode ser televisionado aqui.
A direita reagiu novamente mal, agitando que isso iria abrir feridas, mas as feridas, essas, estão abertas desde a Guerra Civil espanhola, para os familiares desses represaliados que nunca puderam fazer o luto condigno dos seus entes queridos, ao invés de muitos dos insurrectos franquistas que tiveram direito a placas comemorativas e a funeral. Nem que nunca viram reconhecido pelo Estado (e a sociedade) a injustiça desses horrores, o que cessará agora, com o regulamento do reconhecimento e reparação das vítimas da Guerra Civil e da posterior repressão franquista. Como muito bem disse o presidente Zapatero: "No puedo entender que eso sea abrir una herida, cuando se trata de cerrar una de las pocas que quedan".
Pior, a Igreja católica local negou a Garzón o acceso aos libros de defuntos das c. 23 mil paróquias do país, o que obrigou Zapatero a vir a terreiro denunciar a hipocrisia dos que assim insensivelmente recusavam um simples gesto de humanidade e compaixão: "No entiendo la hipocresía de aquellos que dicen que divide a un país que las personas mayores puedan saber donde están sus seres queridos. Como presidente y como patriota no puedo entender que se pueda negar el derecho a reconocer a sus seres familiares muertos en circunstancias trágicas".
Também o historiador Ángel Viñas escreveu um excelente artigo sobre o assunto, em que defende que a direita espanhola (a política e a judicial) enferma do medo do conhecimento histórico. E advoga que se deve abrir esse passado recente ao escrutínio público, por 3 razões principais: 1) por já existirem condições materiais precisas para poder abordar cientificamente, desapasionadamente, esse período; 2) evitar cair no ridículo como país, como Estado, como colectividade, como espanhóis, pois todas as sociedades devem fazer um exame público do passado; 3) dever de honrar os muertos. Como bem aponta Viñas: "El deseo de querer cerrar las puertas al conocimiento es pueril. No lo ha logrado ninguna sociedad".
A fechar, destaco o recente documentário sobre o campo de concentração franquista de Camposancos, na Galiza, que ficava defronte da portuguesa vila de Caminha. Chama-se Memorial de Camposancos, e é um impressivo marco sobre o que foi este horror tanto tempo defendido e, depois, silenciado. Na Galiza, a sua Junta autonómica tem já preparado esta lista dos desaparecidos na região, para a qual colaborou um dos ilustres Peões, o meu homónimo Lanero Táboas. Na imagem, fossa comum de vítimas da violência franquista em Burgos.
PS: Garzón é co-autor dum recente livro sobre a repressão argentina, apresentado por Ángel Viñas.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Quem corre por gosto...

... não cansa!
É uma antecipação à Semana Europeia da Mobilidade (16-22/IX), este ano dedicada ao tema «Ar puro para todos!», numa iniciativa da Dir.º Geral de Ambiente da Comissão Europeia.
Uma boa deixa para aqui afixar um cartoon arty de Andy Singer.

Sarah Palin, a senhora guerra

Em sua primeira entrevista (TV ABC), a tosca Sarah Palin ao se dizer “pronta pra ser presidente” não descartou um ataque à Rússia. A intervenção armada ocorreria caso a Geórgia fizesse parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte. “O tratado significa que podemos ser chamados à ação”, disse. Durma com um barulho deste, senhor McCain. Aqui o vídeo.

Nb: Há algum tempo tenho encontrado dificuldades para postar, principalmente depois que instalei em meu PC a última versão do Firefox. Hoje, porém, a coisa foi além do razoável. Postei uma foto de Sarah Palin de biquíni e com uma arma. Quando me dei conta que se tratava de uma foto-montagem, tentei substituí-la ou explicar a sua origem. Mas não consegui nem uma coisa nem outra. O Blogspot “travou” como uma mula e não aceitou qualquer comando de alteração. Só agora, navegando pelo Google Chrome é que consegui fazer a alteração desejada. Peço desculpas a todos.

;)

O vice de Obama, Joe Biden, é realmente o um trapalhão (ou quem sabe um milagreiro, sabe-se lá). Em seu discurso no Missouri, ele quis homenagear o senador Chuck Graham e disse: "Chuck, levante-se para as pessoas poderem vê-lo". Graham é paraplégico e estava numa cadeira de rodas.

O faz-me-rir Zédu

Que a vitória por mais de 80% dos votos do MPLA nas legislativas de Angola não seja lá uma surpresa, tudo bem. Mas a promessa de José Eduardo dos Santos de afastar do governo quem “privilegiar interesses pessoas” soa-me como uma boa piada de mesa de bar. Se levar esta promessa ao pé da letra, suponho que Zédu se afastará do governo e levará consigo toda a sua família.

Um Palin pode esconder outro!

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A quem compensa a desestabilização da Bolívia?

aqui previramos o que infelizmente começou ontem: uma guerra civil, por ora larvar, na Bolívia. Recusando a política central de transferência de fundos do imposto petrolífero para um plano nacional de assistência aos idosos, vários governadores provinciais incentivaram à contestação aberta e violenta e à exigência do retorno desses fundos para os seus orçamentos (cujos territórios detêm o grosso desses preciosos recursos naturais). O Presidente Morales acusa os instigadores desta rebelião de "golpe de Estado civil contra a unidade e a democracia na Bolívia". É óbvio que neste caso ele tem razão, mas também é verdade que deu o flanco no procedimento quanto ao referendo para uma nova Constituição (+info sobre o que se passou ontem aqui e aqui).
Os críticos neo-liberais (de dentro e fora da Bolívia) acusam qualquer política de nacionalização de determinados recursos económicos de aventureirista e nefasta, só para nos ficarmos pelos termos mais suaves.
Contudo, são os países-farol do capitalismo actual que estão agora a dar o exemplo, e quanto a isso, nada dizem. Porquê? Porque é para salvar grandes empresas particulares da bancarrota. Primeiro no Reino Unido, mais recentemente nos EUA, com a nacionalização das empresas Fannie Mae e Freddie Mac, as duas maiores financiadoras da compra de imóveis. Nos EUA?! Pois é (vd. aqui).
Moral da história: uns podem, outros não. Resta perguntar, onde fica a legitimadade política para a decisão?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O outro 11 de Setembro

Em 11 de setembro de 1973 os militares praticaram um atentado contra a democracia ao derrubar o governo de Unidade Popular de Salvador Allende, presidente chileno constitucionalmente eleito. Cerca de 30 mil pessoas morreram ou desapareceram nos 17 anos da ditadura militar de Pinochet. O principal responsável por essa calamidade: os Estados Unidos da América. Na foto, imagem do palácio de La Moneda ( sede do governo) após o primeiro bombardeio.

Siné Hebdo

O histórico, e cáustico, cartonista Siné - depois de despedido à má fila do jornal satírico Charlie Hebdo com uma acusação que mistura anti-semitismo com Jean Sarkozy (filhinho do papá Sarkozy) - lançou agora a sua própria publicação: o Siné Hebdo. A coisa promete. Consta que Siné se tornou mais irreverente com o passar dos anos. E conseguiu em muito pouco tempo reunir um número considerável de colaboradores e pôr a sua publicação nas bancas. Saiu ontem o primeiro número.
Nota: Mais sobre as polémicas recentes de Siné aqui.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A toponímia do nosso (pós-)colonialismo

África está muito presente na toponímia das cidades de Portugal. Mas não é uma África qualquer; é a África colonial portuguesa. Em Lisboa, o bairro das Colónias, aos Anjos, e os Olivais Sul, são exemplos disso. O primeiro é da década de 1930, época áurea da afirmação do Império e da mística imperial, e o segundo de meados dos anos 60, em plena guerra colonial. Neste último bairro os arruamentos receberam nomes de cidades e vilas das então colónias portuguesas.
Na acta da reunião da Comissão Municipal de Toponímia da CML, de 29 de Novembro de 1963, pode ler-se que o presidente da autarquia solicitara "o parecer da Comissão acerca da oportunidade de se homenagear Angola através da denominação dos nomes das suas cidades, na toponímia de Lisboa; quais os novos arruamentos a que esses nomes poderiam ser atribuídos e, bem assim, se nessa homenagem se poderiam compreender as cidades de outras províncias ultramarinas. A Comissão, tendo em vista que a zona dos Olivais-Norte tem sido reservada para homenagear os nomes de militares mortos ao serviço da Pátria, é de parecer que a zona dos Olivais-Sul é o melhor local para a atribuição dos nomes de cidades ultramarinas." (vd. Toponíma de Lisboa no site da CML).
No caminho para a Praia do Rei, costumo passar por dentro de um bairro de génese clandestina, na Charneca da Caparica (freguesia do concelho de Almada). Aí deparei-me com uma placa que me intrigou, não propriamente pelo topónimo "Rua Cidade da Beira", mas pela caracterização que vem em baixo: "Cidade e Porto da África oriental Portuguesa".
Quis saber quando tinha sido atribuído aquele topónimo. Da Câmara Municipal de Almada informaram-me que a deliberação camarária é de 21 de Janeiro de 1998, embora a designação já existisse informalmente, dada pelos moradores daquele local.
No final dos anos 90, a Câmara Municipal de Almada inscreveu numa placa "Cidade da Beira / Cidade e Porto da África oriental Portuguesa", quando passavam mais de duas décadas sobre a independência de Moçambique. Deliberadamente atribuiu àquela rua o nome de uma cidade que já não existia, a cidade colonial. É anacrónico e é também uma marca da nossa condição pós-colonial e da nossa relação com a história. À força de exaltarmos «o nosso passado glorioso», sempre associado à expansão marítima, aos descobrimentos e ao império colonial, esquecemos ou apagamos a história dos outros; uma história que não deixa de ser também nossa mas, infelizmente, continuamos a renegar.

Colisor é acionado e o mundo ainda não acabou

O maior e mais complexo instrumento científico já construído foi acionado há poucas horas e o mundo não acabou, como previam uns poucos cientistas. Prova disso, é que estou aqui a postar. O acelerador de partículas, cujo nome de pia é LHC (sigla em inglês de Large Hadron Collider - Grande Colisor de Hádrons), poderá responder algumas questões fundamentais sobre o início do Universo. No experimento de hoje, os cientistas conseguiram fazer com que as partículas dessem uma volta completa no enorme túnel circular de 27 quilômetros. Depois do eventual sucesso dessa etapa, o próximo passo será projetar outras partículas de prótons em direção oposta para que possam colidir umas com as outras, recriando assim as condições que existiam no Universo após o Big Bang. Fica assim adiado o fim do mundo. Aqui um vídeo que explica em 3 minutos o funcionamento do LHC e aqui mais informações.

Imagem retirada daqui.

EN 222

Em momento nacional das férias conheci o Douro, ou melhor, percorri a EN 222, denominação talvez demasiado administrativa, pelo o que fica a estrada para o Pinhão (vinda de Lamego).
A paisagem, toda ela de uma falsa natureza, na forçada simetria das encostas, no riscado caudal do rio por aceleradas e recreativas lanchas, nas fachadas das burguesas quintas DOC, é de estarrecer.
«Uma beleza que parecia desperdício se não fosse admirada», diz-se no filme Vale Abraão, a propósito da «bovarinha», mas a epígrafe igualmente descreverá o lugar.
De resto, a paisagem e o filme, que vi depois, combinam muito bem, pois de «falsidades» com um toque de afectação tratam, mas das dignas de contemplar.

P.s. - Daniel, Zéd, Manolo, e que tal Vinho do Porto ao domingo? Acho que ainda não se escreveu sobre ele.
P.s.1 - Também já me disseram que no Outuno, a mesma estrada, fica ainda mais bonita. Bom para quem tenha férias mais tardias.