sexta-feira, 30 de abril de 2010

Museu de Portimão eleito melhor museu europeu do ano

O Museu de Portimão foi o vencedor do Prémio Museu do Ano 2010 do Conselho da Europa, atribuído por recomendação do European Museum Forum.

Os pontos fortes deste museu idealizado em finais de 1980 foram a relevância do tema (a mostra permanente, «Portimão: território e identidade», aborda a interacção entre população e meio ambiente durante 5 milénios), o programa educativo em prol da comunidade local e o lugar especial concedido à arqueologia subaquática.

Com efeito, este museu instalado na recuperada fábrica de conservas de sardinhas Feu Hermanos (na imagem) apresenta uma extensa colectânea de apetrechos recuperados do fundo do rio Arade (ap. nota do município local).

O Museu de Portimão, integrado na Rede Portuguesa de Museus desde 2001, tem direito a exibir durante um ano o prémio oficial representado nesta estatueta de bronze «La femme aux beaux seins», do artista espanhol Joan Miró. Este prémio é atribuído desde 1977, e Portugal só tinha recebido outro prémio destes em 1990, para o Museu da Água, da EPAL (vd. historial).

Mais inf. nesta reportagem da SIC e em artigo do n.º 1 da revista Museologia.

Museóloga Adília Alarcão contra saída do Museu de Arqueologia dos Jerónimos (e que tal parar para repensar?)

"Deslocá-lo (contra a opinião competente de tantas personalidades que já se pronunciaram sobre este assunto) para a Cordoaria Nacional, é condená-lo a uma espécie de exílio ad aeternum, pois dificilmente se disponibilizarão vontade política e meios financeiros para rever a situação, por mais meio século", escreve a museóloga na missiva.
A carta aberta da especialista na área da museologia arqueológica, agraciada em 2004 com a Medalha de Mérito Cultural, foi hoje divulgada pelo Museu Nacional de Arqueologia (MNA).
Na missiva, Adília Alarcão considera que o MNA "pode aguardar, o Museu da Marinha, o Museu dos Descobrimentos ou da Viagem [recentemente anunciado pela ministra da Cultura] podem aguardar. Urgente é um debate, alargado e sem preconceitos, sobre os museus portugueses na actualidade, que ajude a desenhar-lhes uma estratégia segura para os próximos anos", defende.

Fim do IVA nos livros doados está para breve...

... pelo menos foi isso que a ministra da Cultura avançou na 6.ª feira passada como medida a aprovar nesta semana. O texto diz que as livrarias terão este privilégio, não se referindo aos editores. O projecto fora já discutido em Conselho de Ministros e visa  impedir a polémica e costumeira destruição de livros, tanto por editores comerciais como por editores públicos, como no caso recente da Imprensa Nacional - Casa da Moeda. Já há uns meses atrás,fora também aprovado a oferta de pacotes de livros editados por aquele prelo a associações de emigrantes no estrangeiro.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Feira do Livro de Lisboa entra hoje na edição 80

A abertura da 80.ª Feira do Livro de Lisboa ocorre às 15h de hoje. Finda a 16 de Maio. Além da antecipação, também o horário muda: os pavilhões abrem às 12h30 (11h nos fins-de-semana e feriados) e passam a fechar às 23h30 (todos os dias).

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Atum fresco com batata-doce

Receita do chef santomense mais famoso do mundo, João Carlos Silva (via «Sal na língua», RTP-África)

Deitar sumo de limão, sal q.b., azeite e um pouco de cerveja sob as postas de atum. Fica a marinar um pouco.

Já na panela, fazer um refogado de azeite, coentros, cebola, tomate, alho e pimentos. A seguir, deitar o peixe e o molho. Depois, aditar cenouras às rodelas, mais tomate, 2-3 malaguetas e água e deixar ao lume, com a tampa (ou testo). Pouco depois, acrescentar algumas batatas-doces cortadas aos cubos, e mais um pouco de água.

Quando banqueiros ultrapassam o governo pela esquerda, isso é o quê?

«Ulrich [presidente do BPI] apoia tributação de lucros na bolsa»

meanwhile, eis a via oficial: «Fundos de investimento também podem ficar isentos» e «Vêm aí mais cortes sociais»

Erro de casting?

Fosse ele o 'sumo' e decerto haveria mais esperança, pelo menos: «Carta aberta de Hans Kung aos bispos de todo o mundo».

Evocação de Bento de Jesus Caraça

29 Abril| 5ª feira | 18.45h - Evocação de Bento de Jesus Caraça - (com João Caraça, António Borges Coelho e Helena Neves) | CÍRCULO DAS LETRAS – Rua Augusto Gil, 15 B (cruzamento com Óscar Monteiro de Torres / próximo –Av Roma /João XXI) – 210938753

terça-feira, 27 de abril de 2010

Book, o último grito da tecnologia...

Que a polícia aproveite este caso para rever procedimentos

«Rapper MC Snake baleado pela PSP em Lisboa não conduzia sob o efeito de álcool e drogas»

O que é a censura hoje?

«Crítica a dois filmes censurados pela RTP2», de Eduardo Cintra Torres.

Segundo este crítico de tv, a RTP2 vetou a transmissão de 2 documentários: Michael Biberstein: o meu amigo Mike ao trabalho, de Fernando Lopes, e Aldina Duarte: princesa prometida, de Manuel Mozos. Sucede que ambos os filmes são de cineastas de créditos firmados e com abordagens relevantes. A retaliação dever-se-á ao apoio que estes cineastas deram ao Manifesto pelo cinema português (do qual aqui demos notícia).

A ser verdade, é um lamentável acontecimento.

ADENDA: «"Porque é que os meus filmes passam à meia-noite?", pergunta Pedro Costa a Paula Moura Pinheiro. Acusações à RTP2 dominaram debate sobre cinema português no IndieLisboa» (vd. aqui).

Nb: na imagem, cartoon The evil spirits of the modern daily press, de Syd B. Griffin, 1888.

Batalha naval (II)

«Contrapartida pela compra dos submarinos foi avaliada em 210 milhões de euros a mais»

Subterrâneo inacreditável

«Metropolitano de Lisboa está em falência técnica»

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Brasília, 50 anos: onde pára o sonho

A propósito desta efeméride brasileira, o que de melhor li foi sobre leitura e dinamização cultural: «O açougueiro que quer pôr a cidade a ler». A crónica de Alexandra Prado Coelho é sobre um talhante (Luiz Amorim) que criou um inesperado espaço de leitura no seu local de trabalho, o qual rapidamente se expandiu, para outros espaços e actividades. Actualmente o  Açougue Cultural T-Bone é uma instituição cultural de referência no Brasil.
Uma história bonita de contar, de ler e de repassar.

domingo, 25 de abril de 2010

Casas decentes para todos!

Olá! E eis que passados 36 anos sobre a revolução de Abril surge uma inesperada reportagem de media mainstream sem visão acusatória sobre o movimento de moradores e a questão da habitação no período revolucionário. Chapeau! A reportagem em apreço chama-se «As casas que o povo quis», é de Luís Francisco, saiu no Público de hoje e tem ainda a proeza de fazer a ponte entre passado e presente.
Novamente, só a versão impressa tem o texto integral, mas aqui pode ficar-se com um cheirinho.

sábado, 24 de abril de 2010

Caso Garzón na recta final: impunidade ou justiça?

Como os acusadores da extrema-direita não acataram retirar expressões que o juiz Luciano Varela considerou demasiado «ideológicas» (denunciando o comprometimento do próprio), este resolveu expulsá-los do processo contra Garzón por alegada prevaricação de competências ao tentar investigar os desaparecidos do franquismo.

Segundo o historiador canário Sergio Millares Cantero, trata-se duma manobra de diversão por parte do juiz do Supremo Tribunal, para simular a sua isenção aos olhos da opinião pública internacional, uma vez que seria insustentável aos olhos desta que os herdeiros do franquismo incriminassem um juiz. Na sequência daquela decisão, Garzón pediu a nulidade do processo contra si. Seja como for, só no início de Maio tomará a decisão final sobre se leva ou não Garzón à barra do tribunal.

Entretanto, hoje é dia de protesto cívico contra la impunidad del franquismo em dezenas de cidades espanholas. À iniciativa juntaram-se um grupo alargado de intelectuais, associações de recuperação da memória histórica, familiares de vítimas e cidadãos comuns (outras fontes: página do facebook aqui; artigo de José Saramago e outros intelectuais aqui; + inf. aqui).

ADENDA: entretanto, só no domingo passado é que o jornal português Público trouxe um texto de crítica ao actual processo Garzón (vd. «Uma nova vitória de Franco?», de Manuel Carvalho); como aqui tive oportunidade de referir, os textos anteriores eram inesperadamente a favor deste vergonhoso processo judicial, do tipo «estava a pedi-las»...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Outro génio-louco que afinal também não o era

O 'também' vem na sequência deste outro post dedicado a  Grigori Perelman.

Infelizmente, só a versão impressa da reportagem acima referida expõe detalhadamente a opinião dos 3 autores do Museu Van Gogh responsáveis pela mostra «O verdadeiro van Gogh», patente na Royal Academy of Arts, e que é o corolário dum trabalho de 15 anos e de que resultou ainda uma monumental edição anotada da epistolografia do artista, Vincent van Gogh, the letters.

Um caso que vai no bom caminho

«Ministério Público pediu a anulação judicial do negócio dos contentores de Alcântara»

Um caso de pasmar

Até pode ser que a argumentação esteja correcta, mas há, no meio disto tudo, qualquer coisa que não bate certo, e também um sinal errado quando tanto se fala actualmente de luta contra a corrupção.

Representações da República

Ao que tudo indica, também lá estarei...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Argentina julga finalmente a sua ditadura e torna insustentável o caso Garzón

«Último ditador argentino condenado a 25 anos de prisão»

O último presidente da ditadura militar argentina (1976-1983), Reynaldo Bignone, foi hoje condenado a 25 anos de prisão por violação dos direitos humanos.

O paralelo com o caso Garzón é gritante e torna o seu processo insustentável: «O julgamento foi possível depois de o Supremo Tribunal da Argentina ter, em 2005, recusado as leis da amnistia que protegiam os responsáveis de se sentarem no banco dos réus».

Os predadores ao ataque da coutada portuguesa

«PEC e ajuda aos gregos não afastam cenário de falência em Portugal»

«Estamos a assistir a uma batalha pela sobrevivência do euro»

PS: na imagem, cartoon antigo de Steve Bell, mas que infelizmente mantém toda a actualidade (atenção que não são estes os predadores, estes são apenas os lorpas de serviço...).

terça-feira, 20 de abril de 2010

Guru (1966-2010): quando o rap encontrou o jazz

Um dos grandes da música rap, Guru, morreu ontem, vítima de cancro, após um ano de doença. Deixou uma trilogia de excelência, Jazzmatazz, onde misturou de modo pioneiro e único o hip-hop com o jazz, a intervenção social com a elegância estética. Deixou uma carta de despedida, transmitida aqui pelo seu amigo o rapper francês mc Solar:

«I, Guru, am writing this letter to my fans, friends and loved ones around the world. I have had a long battle with cancer and have succumbed to the disease. I have suffered with this illness for over a year. I have exhausted all medical options. I have a non-profit organization called Each One Counts dedicated to carrying on my charitable work on behalf of abused and disadvantaged children from around the world and also to educate and research a cure for this terrible disease that took my life. I write this with tears in my eyes, not of sorrow but of joy for what a wonderful life I have enjoyed and how many great people I have had the pleasure of meeting».

Notícia desenvolvida na BCC News, em Yo! Promotions e em Earth Times. Para quem quiser conhecer as suas músicas e performance pode aceder à página do músico no MySpace, e escolher entre as muitas hiperligações deixadas na sua entrada na Wikipedia.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

SOS para os CTT

Objectivo: juntar cartas ao premiê Sócrates, para que recue na privatização do serviço postal português, vulgo CTT.

O encontro é organizado pela ong ATTAC, que pede a todos para trazerem as respectivas cartas devidamente endereçadas ao gabinete do 1.º-ministro: R. da Imprensa à Estrela, 4, 1200-888, Lisboa.

Esta inicativa tem blogue e espaço no Facebook. Quem não puder estar presente pode enviar antecipadamente a sua carta para o e-mail que consta no referido blogue.

A ficção made in EUA como antecipação da mundividência mundial (ou Gramsci e Althusser reactualizados por Paulo Varela Gomes)

nos anos 1960 e 1970, já se sabia nessas redes comunicacionais, muito antes de se saber na realidade, que o comunismo era o Mal absoluto, os Estados Unidos o melhor país do mundo e o modo de vida americano o nec plus ultra.
De facto, estas redes não se limitam a reflectir a realidade: fazem-na acontecer, propõem um mundo.
Resta saber se Gramsci combina a 100% com Althusser (parece-me que o peso da conjuntura e do contingente é bem maior em Gramsci), e se a fixação na ficção não será excessivo num mundo onde em que os comportamentos de relevantes segmentos sociais se guiam pela crescente multiplicação e combinação entre diferentes media e tipos de mensagens: tlm, sms, twitter, internet, blogues, sites, redes sociais, e, claro, tv, cinema, rádio, video, músicas etc..
Isto para dizer que se recomenda a leitura da crónica «Exagero?», de Paulo Varela Gomes (Público, 20/III, p.3-P2).

domingo, 18 de abril de 2010

As elites que temos

O futuro vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Vitor Constâncio defendeu hoje a necessidade de não haver precipitação em taxar os bancos e de avaliar antecipadamente o impacto dos diferentes projetos de regulação do setor.

nb: via 5Dias.

Lisboa antiga também passa por aqui

A Assembleia Municipal de Lisboa recomendou hoje à Câmara a elaboração de um plano de pormenor para o antigo Paço do Lumiar que responda às “necessidades de proteção e recuperação de património” e de “reabilitação do espaço público”.

Parabéns pela iniciativa! Eu só acrescentaria que a tal reabilitação devia passar também por recuperarem a Qt.ª de N.ª Sr.ª da Paz e por aí acolherem um museu do Brinquedo e da Criança, o qual também serviria de chamariz para atrair mais público para os pouco divulgados museus do Teatro e do Traje. Como já escrevi vários posts sobre o assunto remeto os interessados em mais detalhes para a etiqueta «Propostas por Lisboa».

Revisitações

Depois de anos a fio submergida pela água e lodo, vale a pena ver como está agora o convento de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, em condições expositivas condignas e com um lifting todo modernaço! Deixo-vos com uma imagem de reconstituição do que terá sido esse espaço nos seus alvores (fico sempre maravilhado pela capacidade dos arqueólogos em produzirem estes resultados a partir de amostras, no caso de ruínas e peças). As restantes imagens estão no tal site da Academia de Saberes de Aveiro. Boa visita virtual!

sábado, 17 de abril de 2010

Portugal nas trincheiras: a I Guerra da República (últimos dias)

Iniciativa do Museu da Presidência da República,  patente na R. da Escola Politécnica, 60 (Lisboa) até 23/IV (3.ª-5.ª e domingo: 10h-18h; 6.ª e sábado: 10h-24h).
Para quem aprecia testemunhos na primeira pessoa dizer que está disponível na internet o Diário de um Soldado Beijosense na 1ª Grande Guerra Mundial, de seu nome José Pais dos Santos e natural de Beijós (em Carregal do Sal).

Não será uma excessiva concessão às massas?

«Este ano a Trienal de Arquitectura quer pôr-nos a falar de casas»

(ainda por cima quando se podia repetir um tema bem mais relevantíssimo como o dos «vazios urbanos»)

A história no congelador

O caso Garzón, que aqui referi na etapa de começo de julgamento e subsequente mobilização cidadã em sua defesa, é um lamentável folhetim já com algum lastro, como daqui se pode depreender.

Agora, são vários os jornalistas, comentadores e políticos que condenam o mesmo juiz Garzón que antes hiperbolizavam pelo seu afã contra o ditador Pinochet (terá sido diferente de Franco?), o terrorismo basco ou contra a corrupção. Não estava à espera que um jornalista como Nuno Ribeiro, que aprecio e costumo ler, se juntasse (com este comentário) a esse coro dos conformistas no apelo inaudito à congelação da história. Vejamos porquê.

Os críticos do juiz Garzón sustentam que este se propõe fazer uma abusiva condenação retrospectiva de crimes políticos, pois a tipificação de «crimes contra a Humanidade» surgiu apenas com o julgamento de Nuremberga, no pós-II Guerra Mundial, para julgar os crimes nazis. Estes críticos estão errados. Não se trata de nenhum anacronismo, a repressão franquista continuou para além da derrota do Governo legítimo republicano espanhol, até 1952, donde, já se enquadra na moldura dos crimes contra a Humanidade. Depois, a Convenção de Genebra é dos anos 20 e também foi ignorada pelos insubmissos franquistas aquando da Guerra civil que eles mesmos provocaram.

É pacífico que o lado republicano também cometeu atrocidades, e concordo que, nestes casos, as suas vítimas devem também ser consideradas vítimas e não apenas «falecidos», mas a questão não é essa, pois estes tiveram direito a enterro e a reconhecimento pelo Estado franquista. Já os do outro lado, não. São os seus familiares e outros cidadãos que se organizaram em associações cívicas de recuperação da memória para reivindicarem um direito legítimo e compreensível, o dos seus entes queridos terem o direito a um enterro condigno e ao reconhecimento da sua morte indigna. Em paralelo, uma parte da sociedade civil espanhola tem pressionado no sentido duma condenação oficial do regime franquista por causa da sua violência e ilegitimidade. As investigações judiciais poderão comprovar a existência duma política sistemática de perseguição e repressão política durante c. de 20 anos, e isso poderá levar a considerar o regime franquista como um regime genocida. Se assim for, qual é o drama? Não se deve procurar o esclarecimento sobre as maiores atrocidades? E a justiça, nem que seja simbólica?
Alegam os críticos que a lei da amnistia de 1977 proibiu condenações de abusos e crimes e que o Pacto de Transição pôs uma pedra neste assunto. Também não colhe. A lei da amnistia não englobou os «crimes contra a Humanidade», os quais não prescrevem, e não é a guerra civil em concreto que está em causa, ao contrário do que insinua o editorial do Público de hoje.

E o pacto de transição, tal como o nome indica, foi um compromisso político conjuntural efectuado pelas elites, com vista a assegurar a legitimação política do novo regime democrático, mostrando como os espanhóis conseguiam criar e viver numa democracia estável e respeitadora, assim afastando definitivamente o fantasma agitado pelo franquismo durante décadas a fio. Essa conjuntura acabou, e já há muito que tal pacto foi rasgado, mais concretamente na campanha para as eleições de 1993, precisamente pelo PSOE. A Lei da Memória Histórica foi um destes marcos, mas muitos outros existem. Neste caso, Garzón limitou-se a corresponder a pedidos da sociedade civil organizada. Já tinha feito o mesmo no caso Pinochet. Nessa altura o coro de críticos foi bem menor. Estranho, não é?
Quanto à adesão popular a esta questão, importa dizer que na sequência da abertura do processo ao franquismo por Garzón, o El País fez uma sondagem on line aos seus leitores, que teve quase 20 mil aderentes, tendo 70% apoiado a posição do super-juiz (vd. aqui). Também o El País criou, então, um oportuno dossiê temático sobre a memória histórica, que pode ser consultado aqui.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A autoprotecção das elites, em que circunstância for

«Remuneração de gestores da PT aprovada com 88,8% dos votos dos acionistas»

«Bónus de gestão na EDP aprovados por escassa maioria»

«Vasco Mello defende bónus à gestão da EDP»

A regulação lá vai avançando, mais ao largo...

... bem longe, porque por aqui a ordem é não fazer 'ondas', nunca se sabe que retaliação fará o interesse poderoso afectado.

Recapitulando, e enquanto persistem as cinzas do vulcão que não me deixam voltar para o lar, doce lar:

«Santo António é nosso, reclama o Presidente da República»

Vento e cinzas trazem apocalipse à Europa

«perdido [o rigor] por cem, perdido por mil»

ou então «quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto»

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Contributo peonístico

Há algum tempo que ando mais ou menos a deliberar sobre os prós e os contras de ter uma bicicleta, o que inclui aborrecer os homens das lojas e os amigos sobre os suportes para o carro, rodas que entram e saem, preços e peso das biclas, sem nunca me decidir.
Agora resolvi experimentar o conceito da ciclovia (em bicicletas alugadas), e entre Cascais e o Guincho tentei, com alguns nervos à mistura, não atropelar patinadores, outros ciclistas, peões e até carrinhos de bebé. Não foi fácil, a ciclovia é estreita e a ciclista pouco experiente.
Em nova ronda pelos amigos fiquei a saber de duas, aparentemente, muito melhores, a da Caparica e a de Vila Franca de Xira. Quando as fui procurar, encontrei este tão bem organizado sítio sobre as ciclovias de Portugal.
Mas continuo sem conseguir tomar uma decisão.

Nova vitória de Franco?

Seja qual for o resultado judicial, a acção de Garzón teve um impacto internacional, com efeitos irreversíveis noutros países que também tiveram ditaduras: «Presentada en Buenos Aires la demanda por crímenes de Franco»; «Garzón puso el cascabel al gato». E é um aviso para as actuais e futuras ditaduras.
O direito internacional tem assim um duplo papel: reparação de crimes e dissuasão doutros.
Além disso, aumentam as tomadas de posição em prol do juiz vindos da opinião pública e dos media em todo o mundo (p.e., aqui, aqui e aqui).
Este caso Garzón é já considerado um dos indícios mais graves da polarização da justiça em Espanha.

A dança dos museus e os espaços do poder

«Novo Museu dos Descobrimentos vai para o espaço do Museu de Arqueologia»

PS: sobre esta polémica vd. os seguintes posts do Peão: «Prova dos nove», «A passerelle do centralismo», «Basta de trapalhadas: quem quer o novo Museu dos Coches?»; «Novas sobre a polémica das mudanças nos museus de Arqueologia e dos Coches»; «Ainda se vai a tempo de evitar um gasto deslocado, ainda por cima para mal dum sector tão carenciado como é o da cultura».

terça-feira, 13 de abril de 2010

«Génio louco» ou um cientista brilhante com convicções éticas?

A propósito do matemático russo Grigori Perelman, autor na berlinda por não ter logo aceite prémios vultuosos que distinguiam o seu contributo para a transformação da conjectura de Poincaré num teorema, passou a imagem dum dum «génio louco» em muitos media.
O último texto a apresentá-lo assim é um aprofundado trabalho de Ana Gerschenfeld. Por ser aprofundado, este texto permite entrever que as reservas do cientista têm a ver com a sua dificuldade em aceitar o atropelo de normas éticas no trabalho científico. Um outro cientista procurou, de modo incorrecto, ficar com parte dos louros daquele proeza científica e, como os restantes matemáticos não denunciaram a situação, Perelman ficou desiludido e resolveu afastar-se deles. A versão de Perelman foi revelada pelo próprio a uma jornalista que escreveu a biografia doutro grande matemático. Parece mais uma questão de ética no trabalho e na vida do que propriamente loucura.
O próprio diz achar esquisito que os prevaricadores passem por gente normal e aqueles que não aceitam atropelos a normas éticas sejam vistos como bichos-do-mato. É que ele até vai apanhar cogumelos no bosque! Pois é, so pode ser louco! Mas, espera aí; então e as pessoas que apanham cogumelos nos bosques para que todos nós os possamos comer também são loucas?
Que grande confusão...

As vantagens da iniciativa privada

«BCP aprovou voto de louvor à administração, Vara incluído»

PS: a acompanhar por «Joe Berardo diz que lhe “dói muito” manter remuneração de Vara».

A classe média que pague a crise!

Pode ser desastroso pôr a classe média a pagar a factura da crise ou fazer aprovar um PEC que a toma como alvo principal.

(Elísio Estanque, «A classe média e a estabilidade social», Público, 10/IV/2010, p. 36)

Novo blogue para reflectir à esquerda


Ele aqui está, a somar a outros anteriores*. Com bons textos, bom grafismo e bom ideário! Que mais se pode pedir?

*p.e., ops! revista de opinião socialista e Manuel Alegre.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Redes sociais da internet: uma ameaça à privacidade?

«É aceitável que a adesão às redes sociais justifique a perda de privacidade?» foi o mais recente tema lançado pelo site Contraditório.

Do lado do 'não' estava Maria Manuel Veloso (prof.ª da UC e membro do Focus Gruoup on Privacy Enhancing Technologies);

do lado do 'sim' figurava Francisco Teixeira da Mota, o qual nos deu um bom resumo da peleja em «A adesão às redes sociais e a perda de privacidade» (in jornal Público, 11/IV/2010, p. 39).

Um tema, duas opiniões diferentes, mas apenas para quem é assinante!

«Um tema, duas opiniões diferentes» é uma rubrica recente do jornal Público, onde se procura dar espaço ao debate de ideias sobre política económica. Entusiasmado por esta nova oportunidade de ler textos acessíveis e oponentes sobre um determinado tema da economia do quotidiano, resolvi dar notícia.
A desilusão veio logo a seguir, quando reparei que estes textos estão só acessíveis para assinantes! Tá mal: a boa nova devia ser partilhada por todos...
Por isso, no post seguinte falarei dum site onde se exerce o contraditório sem fronteiras de escalões financeiros.
Resta-me referir que o último tema dominical intitulava-se «O subsídio de desemprego em Portugal dificulta o regresso ao mercado de trabalho?», sendo o sim esgrimido por Álvaro Santos Pereira (U. York) e o não por Carlos Pereira da Silva (ISEG-UTL).

domingo, 11 de abril de 2010

Criação cultural portuguesa com pouco apoio para a internacionalização

Um recente estudo do Observatório das Actividades Culturais concluiu que «o grau de internacionalização» da produção cultural portuguesa «é fraco». Esta ilação principal tem um sentido algo diverso do que titulo no post: é que parece-me ser mais correcto falar no pouco apoio (e no pouco destaque) que se tem dado à internacionalização.
Embora só tenha lido a notícia e não o estudo (que, porém, estou certo ser de qualidade, dados os créditos autorais), questiono se aquela não será uma conclusão excessivamente taxativa? Ademais, não será uma tarefa relativamente subjectiva medir o grau de internacionalização duma dada cultura «nacional»? Como se faz isso? Avalia-se apenas o n.º de entidades e respectivo apoio financeiro que é dispensado para a internacionalização de artistas e «produtos culturais»? Mas então, onde ponderar os prémios ganhos, os estágios, convites, digressões e vivências no estrangeiro de centenas de artistas portugueses ao longo dos séculos XX e XXI (para não ir mais longe), parte deles com prestígio e reconhecimento internacionais?
Seja como for, este é um estudo importante para se pensar a questão da internacionalização da criação cultural portuguesa, sem dúvida. De resto, isso mesmo é reconhecido pelos peritos já interpelados.
Nb: na imagem, gravura de Bartolomeu Cid dos Santos, que viveu boa parte da sua vida em Londres e com mostra da sua obra na temporária do CAMB - Centro de Arte Manuel de Brito, até 19/V.

O marialvismo como cóltura

«Centenas marcham em Lisboa contra as touradas»

PS: sobre o assunto Paulo Varela Gomes escreveu um excelente artigo no mesmo jornal, há umas semanas atrás.

Dupla maldição na Polónia

«A maldição de Katyn»

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Conquistas civilizacionais

«Aprovado diploma para permitir que homossexuais possam dar sangue»

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Será este o carro do futuro?

«EDP, Efacec e Novabase querem mais do que conseguiram com o Multibanco e Via Verde»

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Saúde pública, patriotismo e racionalização de recursos

Sobre o fecho do serviço de atendimento permanente de Valença muito se escreveu, sobretudo devido à saudável mobilização cívica que entretanto ocorreu na cidade. Acontece que existe um outro centro de saúde, na cidade vizinha de Tuí, que dista 5 minutos de Valença. Apesar de ser uma cidade espanhola, não existe nenhum inconveniente: estamos todos na União Europeia, o serviço é gratuito (para quem tenha o cartão europeu de saúde) e os médicos espanhóis iguais aos portugueses em formação e qualidade. Daí que a racionalização do serviço de saúde pública em Portugal, neste caso, me suscite antes a seguinte questão: se existe União Europeia, ainda bem que esta também contempla um mínimo de serviço público comum. Aliás, deviamos era debater se tal União não deveria servir sobretudo para equalizar serviços públicos comuns para todos.
E, já agora que estamos a falar de racionalização de recursos públicos, então é obrigatório falarmos desta questão: «Surpresa em Odemira por deslocalização de farmácia».

Para mais inf. vd. «Bandeiras espanholas em Valença contra fecho do SAP» e «Bandeira espanhola vai ser hasteada nas casas de Valença».

Nb: a imagem foi retirada do site P.a.p. Blog, que infelizmente não identifica o autor (e o link que deixa está inoperacional).

Batalha naval

«Arguido diz que comissão sabia que negócios não eram contrapartidas»

Quando as fugas de informação servem para denunciar crimes contra a própria liberdade de informação também há quem discorde

Vídeo secreto mostra pilotos dos EUA a disparar contra fotógrafo da Reuters

«O Pentágono deverá agora aumentar a pressão para tentar impedir material classificado de ser divulgado no site, que já descreveu como uma ameaça à segurança nacional.

Criado em 2006, o Wikileaks tem por missão promover a transparência dos governos, instituições e empresas. É alimentado através de fugas de informação (leak, na gíria dos media), principalmente por fontes anónimas. Já tinha divulgado relatórios militares classificados sobre armas, unidades militares e estratégia de combate.
»

Ver video «Collateral murder», que tem este site específico.

Um Papa em maus lençóis (II): who would Jesus blame?

É preocupante que só na sequência dos últimos escândalos o Vaticano tenha esclarecido que os acusados devem ser denunciados à justiça laica e não apenas julgados pela secreta justiça eclesiástica.

José Vítor Malheiros, «Uma Igreja que brada aos céus», Público, 6/IV/2010

Complementa este e este post anteriores.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Entreter o pagode: receita tradicional

Brincando às casinhas

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Isto é simplesmente ridículo

Malta, é assim: se não têm nada de novo para dizerem não falem. Ponto.

É assim tão difícil, ou preferem vingar-se por o treinador não ter soçobrado à vossa pressão via media?

Nb: na imagem, restaurante de adeptos sportinguistas «O filho do menino Júlio dos Caracóis», especialista em bons petiscos, como caracóis, caracoletas, pica-pau, etc. Um exemplo de sabedoria, reconhecido até por não-sportinguistas como eu...

domingo, 4 de abril de 2010

Dos caminhos ínvios das fontes e da memória colectiva

«Os biógrafos (e os historiadores) um dia irão aos arquivos das associações, de instituições particulares, oficiais ou oficializadas, socorrer-se-ão de testemunhos pessoais, dos arquivos da PIDE/DGS (se ainda existirem), devassarão múltiplas fontes. Irão, sobretudo, à Imprensa na busca de intervenções, artigos, entrevistas, reportagens sobre determinados acontecimentos sociais, públicos, políticos, culturais, relatos de conferências, colóquios. Pois bem. Os biógrafos quando pretenderem lançar mão dessas fontes ficarão desapontados com a rasura do nome de Carlos de Oliveira. E, no entanto, se em Portugal houve escritores empenhados na vida cultural, literária e política do país, um deles foi precisamente Carlos de Oliveira. Só que a sua actuação se desenvolveu quase silenciosamente. Diluía-se, corria de manso. Sem alardes ou ostentação. Não por medo, nem razão havia, em muitos casos, para isso. Um certo pudor, uma espécie de anti-evidência. Negava-se a entrevistas (duas em sua vida?); escusava-se a colóquios; escassíssimos os artigos que escreveu. E sempre que podia furtava-se ao contacto público, a menos que a sua presença fosse entendida como indispensável.
A forma do seu empenhamento cívico corria sob o disfarce da discreção
».
 (Manuel Ferreira,
«Um firme empenhamento cívico»,
Vértice, n.º 450/1, 1982, p.596/7)
Soneto
Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.

Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.

Entretanto, deixai que me não cale:
até que o muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.

A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem confia a própria dor perscruta,
maior glória tem em ter esperança.
(Carlos de Oliveira, Trabalho poético1945,
reed. de 2002 pela Caminho e de 2003 pela Assírio & Alvim)
Nb: a acompanhar pelo poema «Colagem», de 1968.

sábado, 3 de abril de 2010

Zangam-se as comadres...

Para memória futura, sobre justeza de certas arbitragens, jogo psicológico, etc.: «Jesualdo Ferreira pede “isenção” na luta pelo segundo lugar».

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Nas alturas...

... só uma grande injustiça retirará ao SLB o direito a sonhar mais alto.
Como se ainda fosse preciso acompanhar o jogo que findou há pouco tempo. E o próximo...

Farmácias de serviço: informação útil via télélé

Com este inovador sistema de informação das Farmácias Portuguesas já pode saber no seu telemóvel qual é a Farmácia de Serviço mais perto de si. De forma rápida e simples, terá acesso em poucos segundos à Farmácia de Serviço mais próxima.

Como funciona o serviço FARMÁCIAS DE SERVIÇO?
1. Envie um SMS para o número 68632 com o seguinte texto:
FARMÁCIA [espaço] [4 primeiros dígitos do CÓDIGO POSTAL]
Exemplo: Farmácia 1249
2. Recebe de imediato um SMS com os contactos da Farmácia de Serviço da sua localidade.
3. Memorize o número 68632 no seu telemóvel para futuras utilizações.
4. Divulgue este e-mail junto dos seus contactos.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Um bom exemplo

«Sérvia pede desculpa pelo massacre de Srebrenica»

A vantagem de dirigir empresas monopolistas num Estado para alguns

ADENDA para reacções de vip's que ainda têm vergonha na cara: «António José Seguro considera “obscenos” valores pagos ao presidente da EDP em 2009».