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sábado, 26 de março de 2011

Intervenção multinacional na Líbia: os argumentos

A intensidade do debate em torno da intervenção multinacional na Líbia tem dado água pela barba, superando os outros casos árabes, mesmo os que já estão à frente no processo de democratização, como o Egipto ou a Tunísia. As críticas à imposição do não sobrevoo chegaram a um tal grau de sofisticação sofística que estão para além de qualquer literacia bloguística básica.
Confesso que tenho dificuldade em entender a lógica que subjaz às insistentes equivalências entre a guerra do Iraque e a intervenção na Líbia, em concorrência com o delírio propagandístico de Khadafi, que no final tem a bonita soma duma cruzada feita para proteger... rebeldes da Al-Qaeda!
Parece que não estou só na perplexidade. O jornal Le Monde trouxe ontem um bom texto com os principais argumentos prós e contras: «L'intervention en Libye critiquée sur le fond et sur la forme». Recomendo: assim sim, a coisa torna-se mais complexa e mais interessante de debater.
Também a reportagem de Margarida Santos Lopes no Público (P2) de hoje ajuda a desconstruir o mito duma Líbia feita de tribos e lealdades de antanho, para nos restituir uma Líbia maioritariamente urbana e jovem, também (em segmentos dinâmicos) laica e pró-democracia, onde as tribos são apenas uma das muitas peças sociais.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Haiti arrasado precisa agora de ajuda internacional

Foi o pior terramoto no país em 200 anos (de magnitude 7). Destruiu tudo à sua volta: casas, edifícios oficiais e da ONU. Desalojou a maioria da população e causou a morte de c.100 mil pessoas (imagens aéreas aqui).
Menos de 2 anos após furacões devastadores, o sismo só vem agravar a crónica instabilidade política e a crise social no Haiti.

Agora é a hora do auxílio humanitário internacional, e são já várias as ong's e fundações no trilho: Cruz Vermelha Internacional, Médicins sans Frontieres, AMI, William J. Clinton Foundation, além de agências oficiais de vários países e da ONU (vd. aqui).

ADENDA:

Aproveito para deixar os links directos de 2 ong's credíveis e de 1 fundação que estão a angariar fundos destinados a ajudar as vítimas do sismo no Haiti:

>AVAAZ (ong internacional que destinará as doações a «organizações locais confiáveis»,  como p.e. Honra e Respeito por Bel Air, uma grande rede comunitária sediada na capital do Haiti, também apoiada pela Viva Rio, e a CROSE- Coordination Régionale des Organisations de Sud-Est, que congrega alguns dos grupos comunitários mais activos no sul do Haiti, onde o terramoto foi mais intenso, incluindo grupos de mulheres, escolas e redes de cooperativas locais).

>AMI- Assistência Médica Internacional
>William J. Clinton Foundation (fundação do ex-presidente norte-americano e enviado especial das Nações Unidas para o Haiti, Bill Clinton).

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Quando dois lados deixam de se equivaler: desproporção e desastre humanitário

Parece-me bem oportuno e motivo de reflexão o post anterior do Zèd.

Sendo inevitável uma reacção militar israelita face à pressão da população do Sul de Israel, após semanas seguidas à mercê dos foguetes sanguinários do Hamas, ela assumiu uma desporporção tão gritante e gratuita que se tornou motivo de repúdio generalizado.
A desproporção atingiu o limiar da decência: o desastre humanitário para uma população já antes condenada à pobreza e à guetização e, agora, acossada e alvo militar no seu conjunto. Olho por olho, dente por dente? Já nem isso, embora tal já fosse motivo para lamentar.
Como se não bastasse, os jornalistas foram impedidos de entrar, bem como a ajuda humanitária. Ao fim de 2 semanas de bombardeamentos ininterruptos, e após intensa pressão diplomática e da opinião pública internacional, os dirigentes israelitas lá concederam o escape de 3 horas por dia para ajuda humanitária. Nem esta, porém, foi respeitada: uma coluna de veículos da ONU foi hoje atacada pela aviação israelita na Faixa de Gaza, causando um morto e vários feridos. O ataque foi de imediato condenado pela ONU e a sua Agência para a Ajuda aos Refugiados Palestinianos suspendeu as actividades, por não ter condições para actuar, embora alerte para a situação de presente "crise humanitária". Esta hostilização da presença internacional segue-se a ataques israelitas a 3 escolas da ONU, causando mais de 40 mortos, também qualificados de "totalmente inaceitáveis" pelo secretário-geral, Ban Ki-moon.
São já 763 as vítimas mortais em Gaza. Mais informações recentes aqui.
Entretanto, os ministros da diplomacia ocidental e árabe chegaram a acordo sobre uma resolução apelando ao cessar-fogo imediato (vd. aqui). Espera-se que dê resultado e que as negociações possam ser reactivadas.
Na imagem, cartoon de Latuff («Gaza blockade»).