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quinta-feira, 19 de junho de 2008

Descubra as diferenças

Descubra as diferenças com o partido de Sócrates:
[...] O Estado que eles estão a construir é supranacional: a viagem global é uma das suas características fundamentais. Os seus traços geográficos são hóteis exclusivos, estâncias de férias exclusivas, condomínios fechados inacreditavelmente dispendiosos. Os seus habitantes não viajam nunca em transportes públicos e só recorrem a hospitais privados. O impulso que leva estas pessoas a agir assim é o medo do contacto com a grande massa da humanidade - e de uma eventual contaminação. Desejam viver no meio dessa massa (ou melhor, não têm outra hipótese senão viver no meio dessa massa), mas usam o seu dinheiro para erguerem o maior número de defesas, o maior número possível de fronteiras a fim de que todos os seus contactos significativos se restrinjam a pessoas do seu próprio tipo económico e cultural.
O modo despudoradamente íntimo como o New Labour se envolveu com essas pessoas - a nível interno, através de coisas como a Private Finance Initiative, e, a nível externo, através do apoio a Bush e aos neoconservadores americanos - mostra que, no essencial, o partido de Blair as apoia no seus objectivos elitistas e divisionários. Pequenas iniciativas de cariz social-democrata nos campos da saúde e da educação são uma cortina de fumo, uma espécie de engodo para iludir a velha Esquerda, tendo por único fito camuflar a verdadeira natureza do projecto do New Labour.
COE, Jonathan - O círculo fechado. Porto: Asa, 2008. p. 326-327

segunda-feira, 17 de março de 2008

Jonathan Coe

Para os mais distraídos (como eu), já está nas livrarias O círculo fechado de Jonathan Coe, livro que retoma a narrativa de O Rotters' Club, ou seja o grupo de amigos de Birmingham dos anos 70, adolescentes, ainda sem Mrs. Thatcher, estão, agora, adultos com Tony Blair. E, para começar, o autor escolhe o promissor título de High on the chalk (mais não sei, que ainda só o comprei, mas não li).
Tenho gostado bastante desta ficção por décadas de Jonathan Coe, (para os anos 80, houve Que grande banquete!, história de uma mais que hipócrita família dos anos Thatcher), que tem sempre como pano de fundo os acontecimentos políticos vistos com cinismo e humor.
"[...] so while I may be a 'political writer', I'm certainly not a political thinker: a distinction which sometimes seems to blur."
De Coe, é também, A casa do sono, um dos meus livros favoritos, mas esse merecerá, um dia, um post só para ele.
Imagem: Capa da tradução brasileira de O Rotters' Club (da portuguesa não consegui encontrar a que queria). Cá os livros estão todos traduzidos pela Asa.