sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Kit oficial da era troika


domingo, 18 de dezembro de 2011

Cesária Évora (1941-2011): sôdade

Voz quente, pé descalço, coração de embalar.

A ouvir, sempre.

Obituários no Público e no The Guardian.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um justo tributo, também lá falarei sobre ciência para o futuro

Prémio Victor de Sá de História Contemporânea celebra 20 edições com colóquio especial (14/XII)
O Conselho Cultural da Universidade do Minho promove a 14 de dezembro de 2011 as comemorações dos 20 anos da instituição do Prémio Victor Sá de História Contemporânea. Este é o prémio nacional mais prestigiado ao nível da história contemporânea. O programa vai decorrer ao longo do dia no Salão Nobre da Universidade do Minho, no Largo do Paço, em Braga. Todos os interessados estão convidados a participar.
Está previsto um Colóquio sobre história e historiografia contemporânea, com entrada livre e que traz a Braga alguns dos historiadores de referência nacional que foram membros do júri do Prémio ao longo dos anos, bem com alguns dos historiadores premiados e que atualmente são também uma referência [vd. programa]. A par do Colóquio está patente na Galeria do Salão Medieval uma exposição fotográfica e bibliográfica que documenta as várias edições do Prémio e expõe as obras premiadas. Estão também aqui expostas as publicações do mentor do Prémio, Doutor Victor de Sá, e que fazem parte do legado entregue à Universidade do Minho.
A encerrar as comemorações, decorrerá pelas 17h, no Salão Nobre do Largo do Paço, a sessão pública de entrega do Prémio Victor Sá de História Contemporânea - 20ª edição, presidida pelo Reitor da Universidade do Minho. Esta sessão será precedida da apresentação de uma obra intitulada "O Mundo Continuará a Girar - Prémio Victor de Sá de História Contemporânea 1992-2011", numa edição conjunta do Conselho Cultural e do CITCEM (Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória»), o qual tem dado um apoio importante na organização do evento.
Obra sobre maoísmo, de Miguel Cardina, vence 20º Prémio Victor de Sá
Miguel Gonçalo Cardina Codinha ganhou a 20.ª edição do Prémio de História Contemporânea Dr. Victor de Sá com a obra "Margem de Certa Maneira. O Maoísmo em Portugal: 1964-1974". O júri atribuiu menções honrosas aos trabalhos apresentados pelos investigadores Alexandra Patrícia Lopes Esteves, Frederico Martins dos Reis Ágoas e Sílvia Adriana Barbosa Correia. A concurso estavam 19 obras, numa das edições mais participadas de sempre deste prémio, o que demonstra quer o prestígio alcançado quer a vitalidade da historiografia portuguesa contemporânea. 
Todos os premiados desta edição apresentaram a concurso teses de doutoramento. O júri do Prémio de História Contemporânea Dr. Victor de Sá foi presidido por Viriato Capela, professor catedrático de História da Universidade do Minho, tendo como vogais António Pires Ventura, da Universidade de Lisboa, e João Paulo Avelãs Nunes, da Universidade de Coimbra. O galardão atribuído periodicamente pelo Conselho Cultural da UMinho, de acordo com um regulamento próprio, teve origem na doação dos direitos de autor e de uma avultada verba em dinheiro por Victor de Sá.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Tributo a Luiz Pacheco (hoje, a não perder!)


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Não habia nexexidade, ou shim?

«Igreja católica alemã põe à venda a sua editora pornográfica!‏»

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Para não esquecer que a autonomia universitária é um bem precioso e muito recente

«Cerimónia de Homenagem aos docentes demitidos das universidades portuguesas durante o Estado Novo»

(29/XI, 18h, Reitoria da UL; 30/XI, 17h,  reitorias da UTL e UP; 19/XII, UC)
nb: para os interessados, eis a lista dos vitimados nos anos 1930-40.

domingo, 27 de novembro de 2011

Já foi dança de terreiro, vadia, de salão, canção de vencidos, música reaccionária, música de emigrante: agora é património imaterial da humanidade

Parece que resta lamentarmo-nos, que em tempos de desesperança imposta fica apenas a saudade de tempos airosos que já não voltam.

Não, não pode ser só isso, ou sobretudo isso. Tem que ser melhor.

Há uma encruzilhada de saber vivencial, de introspecção e interpelação colectivas, de pausa meditativa, de lirismo panteísta, de lugares vivos e vividos, de vozes singulares, que se construiu e persistiu.

A isso acresce, agora, a responsabilidade de passar das intenções aos actos, concretizando o Plano de salvaguarda integrada do património do fado, que esteve na base desta consagração da UNESCO.

Por tudo isso, estamos todos de parabéns, começando pelos seus feitores e apreciadores e concluindo nos organizadores da candidatura!

Ah, fadista!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Banqueiro amigo, os governos estão contigo

Faça favor de escolher: temos em versão pimba confort ou em versão internacional excelence, aqui em tributo à Goldman Sachs (via Eduardo Febbro, correspondente em Paris da agência Carta Maior).


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um dia na rua

A 3.ª greve geral unitária em Portugal faz-se amanhã, contra o austeritarismo assimétrico.

Vai ser um dia especial para mostrar reprovação pública face à actual orientação governativa e para mobilizar vontades e argumentos em prol duma política melhor. Espera-se que consiga sensibilizar as elites no poder, até agora inflexíveis na sua obstinação ideológica, para a questão da justiça social.
A greve que junta as duas centrais sindicais, CGTP e UGT, tem um sítio de internet. Algumas recentes tomadas de posição podem ser consultadas no site do SneSup, como a «Petição em defesa da democracia, da igualdade e dos serviços públicos».
A partir das 14h prepara-se no Rossio de Lisboa um desfile rumo ao parlamento. O esquerda.net emitirá noticiários especiais.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fausto completa a sua trilogia da deambulação lusíada

Chama-se «Em busca das Montanhas Azuis» e foi lançado hoje mesmo. É o fecho da trilogia iniciada em 1982 com «Por este rio acima» e continuada com «Crónicas da terra ardente» (1994).

Quem quiser um cheirinho pode ouver aqui o primeiro single, «Velas e navios sobre as águas».

Mais informações na página facebook do artista.

Parabéns ao autor, e agora, vamos lá ouvi-lo com atenção!!!

O serviço público de radiodifusão: um governo sem soluções consistentes, só agenda político-ideológica

Desconcertante é o mínimo que se pode dizer do relatório sobre o serviço público de televisão elaborado por uma comissão oficial. Daquilo que transpirou, e já foi demais, ressalta uma ideia que é puro harakiri: a comissão considera que a tv pública (leia-se, RTP) deve reduzir-se ao mínimo por ser susceptível de governamentalização, mas o seu canal externo (a RTP internacional) deve manter-se e ser «orientado» pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Diz-se que assim se segue o modelo inglês: nem isso é correcto, pois a BBC é completamente independente do governo em matéria editorial e institucional.

Mas o pior nem vem da comissão mas sim do governo: agora querem dar autonomia regional à RTP-Açores e à RTP-Madeira. Não chega já de instrumentalização e de desperdício de recursos? Dois canais nacionais não servem às regiões? Hoje soube-se que o governo quer que o canal interno que sobrevier (o outro principal será privatizado) seja sem publicidade nem informação, um nado-morto para acabar com qualquer serviço público de tv e dar mais dinheiro do bolo publicitário aos privados.

Resta-me dizer que até sou dos que sou a favor duma reforma profunda na tv pública, algo como uma semi-extinção, mas não assim. Eu proporia a extinção da RTP Memória (ninguém vê), a redução da RTP1, RTP2 e RTP-Internacional a um único canal, com um perfil resultante da fusão entre RTP2 e RTP-Informação, mas reforçado com serviço educativo e documentários, além de desporto diversificado. Já quanto à rádio, não me sinto suficientemente informado para opinar, embora considere que a Antena 1 e a Antena 2 têm bons programas, a questão é a sua divulgação.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A escola Dan Brown ainda é literatura?

Para António Guerreiro é a isto que parece resumir-se o sururu em torno do último livro de José Rodrigues dos Santos, O último segredo.

Há que ser justo: não foi esse o motivo da polémica iniciada pelo poeta e biblista Tolentino de Mendonça (sim, é ele o responsável pela nota crítica do Secretariado Nacional da Pastoral de Cultura*), mas sim a questão de se apresentar a interpretação do livro sobre o cristianismo como baseada em factos insofismáveis (e aqui acho legítima a intervenção em nome da Igreja católica). Esse sim, é o busílis: para alguns isso é desonestidade do autor (não da obra), enquanto para outros cada qual tem o direito a dizer as patranhas que quiser, que isso não significa que uma obra passa a estar rente ao real.

Todavia, e para complicar a coisa, sucede que a obra se filia no subgénero do romance histórico, onde a tensão entre real e ficção é constitutivo da sua identidade mas não só: integra ainda as principais lutas simbólicas em torno da sua apropriação, seja para sedução do leitor, para prestígio junto dos letrados, para ostentação pelo poder, para voz dos silenciados...

Para finalizar, até já havia um outro romance, este assumidamente de «mistério», com o mesmo título (tradução de 2008, por Lynn Sholes e Joe Moor), o qual tem a vantagem tentadora de se poder baixar... Já para não falar deste volume da série juvenil lusa «Os Invisíveis». Ou... Ou...

E esta, hein?

*Mas nem todos os cristãos têm exactamente o mesmo tom: veja-se a opinião de Anselmo Borges, que apresentou a obra, ou de Mário Avelar, que a reduz a um Dan Brown para tontos.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Também no Estado os cortes não chegam ao céu

Parece que os políticos apresentaram uma medida que os isenta, pelo menos aos deputados (resta saber se os assessores e afins também se põem ao fresco). Uma petição, que tem já 35 mil signatários, alerta para esta falta de equidade. Haja coerência, já que não há decência!

Petição Congelamento do Subsídio de Férias e Natal dos Deputados da Assembleia da República 

Para: Presidente da República, Assembleia da República, Primeiro-Ministro 

Exmo. Senhor Presidente da República 
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República 
Exmo. Senhor Primeiro Ministro

Proponho a suspensão do subsídio de férias e natal dos deputados da Assembleia da República e detentores de cargos públicos, por período idêntico ao congelamento dos mesmos subsídios aplicado a todos os funcionários públicos, de empresas do estado e pensionistas. 
Os senhores têm a obrigação moral de dar o exemplo nesta matéria uma vez que também estão ao serviço do estado sendo do estado que recebem os vossos vencimentos.

Fidalguia de calças rotas

«Deputados: comprem a água mineral com o vosso dinheiro», por Ricardo Garcia

Perseguição via asfixia financeira? (mas este teatro tinha taxa de ocupação de 90%!)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Que ondaça! É empolgante, sim sr., de rever, mas há coisas ainda mais empolgantes, digo eu

terça-feira, 8 de novembro de 2011

The show must go on: na Madeira continua a dar-se «tolerância de ponto» para se ouvir o pai dos povos na tv, como se nada tivesse ocorrido entretanto

«Jardim dá tolerância a funcionários para assistirem à posse do governo pela televisão»

Promiscuidade entre políticos e negócios (e de como o financiamento partidário se processa)

Falo do processo Face Oculta. Quanto a estes mega-processos envolvendo poderosos, já Vítor Malheiros sugeriu que fosse arquivados à partida para poupar dinheiro público e evitar molestar pessoas sérias. Por mim, apenas deixo aqui as hiperligações para duas infografias: a do Público e a do Expresso. Falam por si.

A industrialização da devassa

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

80% dos portugueses acha que políticos influenciam tribunais

O valor é assustador, de tão alto, e surge no último inquérito do European Social Survey. Esta tendência começou em 2002 e agravou-se a partir do caso Casa Pia. Ademais, o inquérito revela que 83% dos portugueses inquiridos acredita que o sistema judicial é um sistema de classe, ou seja, que os tribunais «protege mais os ricos do que as pessoas comuns». O caso Isaltino de Morais é apenas a peça mais recente do puzzle, mas não a derradeira. Por fim, 84% dá apenas nota 5 (em 10) em termos de confiança nas instituições. A coisa está feia, mesmo.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Para todos aqueles com demasiada cera nos ouvidos

«Em democracia, as comunidades afectadas pelas decisões políticas têm de ser ouvidas»: entrevista de Sofia Lorena ao juiz e especialista em direito público Sabino Cassese (nb: texto integral na p.17 deste dossiê)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Afinal os adolescentes não são uma confusão, apenas arriscam mais

«Há uma reorganização no cérebro na adolescência»: entrevista de Ana Gerschenfeld à neurocientista Sarah-Jayne Blakemore

domingo, 30 de outubro de 2011

Crise temporária deve tratar-se com empobrecimento estrutural?

Essa parece ser a receita do actual governo português, seguindo a prescrição da farmacêutica Merkel.

Além da receita só servir para piorar a saúde do paciente, o modo como foi apresentada é demagógica e subreptícia.

Demagógica, porque se busca passar a ideia do corte dos 13.º e 14.º salários na função pública como medida justa para reduzir os privilégios dos funcionários públicos, dando a entender que a nossa crise, e a da dívida soberana, é exclusivamente da dívida pública. Contra as falsidades, é preciso repetir: no essencial, tal dívida é dos sectores privados dos países europeus com problemas, como muitos peritos já o disseram, incluindo o social-democrata Silva Peneda (cf. aqui). É verdade que existe uma discrepância entre público e privado a nível salarial, mas ela deve-se unicamente a 2 factores (como refere o historiador económico Pedro Lains aqui): uma maior redistribuição nos salários na base (até €1500, i.e., dos «administrativos») e a igualdade salarial para homens e mulheres. Pois é, no privado nem isso é cumprido, em pleno século XXI e é aí que estão das desigualdades salariais mais imorais. Então é para compensar essas iniquidades existentes nos privados que se faz tais cortes no público?

Subreptícia, porque a intenção é reduzir as remunerações de todos os assalariados (incluindo os do privado) e pensionistas em termos estruturais, começando pelo mais fácil. Sim, porque os do topo continuarão a ver crescer os seus vencimentos. No final desta semana, o ministro Relvas e o premiê assobiaram ao de leve nesse sentido: Relvas afirmou candidamente, como se enunciasse apenas um dado de cultura geral, que «Muitos países da União Europeia - cito-lhe a Holanda, a Noruega, a Inglaterra -, vários países da UE, só têm doze vencimentos». Esqueceu-se de dizer o resto: que aqueles países são dos que têm os salários médios anuais mais altos da OCDE, enquanto Portugal é dos que estão na cauda! A agenda vem toda desmontada no artigo «Governo abre a porta a mexidas nos subsídios do sector privado», do jornalista João Ramos de Almeida (vd. tb. caixas adjuntas). Nele se incluem os dados salariais, retirados do site da OCDE (vd. aqui os resultados por país).

Sobre os cortes, a sondagem do Expresso de sábado mostra um repúdio maciço: o tiro saiu pela culatra.

Nb: para quem quiser saber realmente que regime salarial vigora na Holanda, Noruega e Inglaterra pode ler este oportuno post.

sábado, 29 de outubro de 2011

Todo o Tintin em poucos segundos

Eis um magnífico genérico não oficial de tributo ao filme que Spielberg dedica a Tintim e estreado por estes dias. Tão incrível que o próprio convidou o seu autor, o animador e designer britânico James Curran, para ver o filme no cinema. Mais informação em notícia do jornalista Luís Salvado.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A não perder: Apocalipse da II Guerra Mundial (hoje, às 23h30, na RTP2)

Quem não puder ver pode ir ao blogue Segunda Guerra Filmes, que tem tudinho!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Professor de Física que não acreditava no aquecimento global

Isto é a história de um Professor de Física, Richard Muller, da Universidade de Berkeley (a tal que tem um parque de estacionamento para prémios Nobel) que não acreditava no aquecimento global. Vai daí e resolve analizar os dados ele próprio para demonstrar que o que se dizia p'r'aí do aqueveimento do planeta era uma fraude. Para esse projecto recolheu fundos, entre outros da Charles G. Koch Charitable Foundation - financiada essencialmente com dinheiro do petróleo, da família Koch. E qual foi a conclusão do Professor Muller? Que o planeta está mesmo a aquecer, como o afirmavam os estudos anteriores. Se até um céptico do aquecimento global, financiado pela indústria petrolífera chega à conclusão de que o planeta está a aquecer, quem serão os maluquinhos que vão continuar a negar as alterações climáticas? O Professor Muller ao menos teve a honestidade de reconhecer o seu erro, e rever a sua posição.

Podem ler a história toda no New York Times, ou ver a peça do Jon Stewart aqui em baixo - que tem muito mais piada.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Com a verdade m'enganas


domingo, 23 de outubro de 2011

Dia da libertação foi celebrado hoje na Líbia, enquanto a Tunísia se estreava em eleições livres

A queda de Khadafi foi na quinta-feira mas só hoje se celebrou a libertação oficial na Líbia. Assim, dia 23 de Outubro ficou a ser o dia da libertação neste país (imagens do evento na Al Jazeera). As eleições estão previstas para daqui a meio ano.

Na Tunísia, realizaram-se hoje as eleições para a Assembleia Constituinte, órgão que irá elaborar a nova Constituição e preparar as eleições livres posteriores. Quem quiser acompanhar o processo, pode seguir este blogue da campanha, sugerido pela Al Jazeera.

No Magrebe, as transformações vão-se sucedendo. Mais resolutamente do que na Europa. Quem diria? As coisas mudam.

sábado, 22 de outubro de 2011

Europa deixa de ter terrorismo interno

Parecia impossível, mas aconteceu: a intransigente ETA assumiu o fim dos seus actos de terrorismo em Espanha. Parte da proeza deve-se a Zapatero, que sai em queda no seu segundo mandato mas que foi quem deu o pontapé de partida para negociações em 2006.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ainda sobre a justiça do último aperto de cinto, Nicolau Santos em grande forma

Sr. primeiro-ministro, depois das medidas que anunciou sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes, como diria o Sérgio Godinho. V.Exa. dirá que está a fazer o que é preciso. ...Eu direi que V.Exa. faz o que disse que não faria, faz mais do que deveria e faz sempre contra os mesmos. V.Exa. disse que era um disparate a ideia de cativar o subsídio de Natal. Quando o fez por metade disse que iria vigorar apenas em 2011. Agora cativa a 100% os subsídios de férias e de Natal, como o fará até 2013. Lançou o imposto de solidariedade. Nada disto está no acordo com a troika. A lista de malfeitorias contra os trabalhadores por conta de outrem é extensa, mas V.Exa. diz que as medidas são suas, mas o défice não. É verdade que o défice não é seu, embora já leve quatro meses de manifesta dificuldade em o controlar. Mas as medidas são suas e do seu ministro das Finanças, um holograma do sr. Otmar Issing, que o incita a lançar uma terrível punição sobre este povo ignaro e gastador, obrigando-o a sorver até à última gota a cicuta que o há de conduzir à redenção. 
Não há alternativa? Há sempre alternativa mesmo com uma pistola encostada à cabeça. E o que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse, de forma incondicional, ao lado do povo que o elegeu e não dos credores que nos querem extrair até à última gota de sangue. O que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse a lutar ferozmente nas instâncias internacionais para minimizar os sacrifícios que teremos inevitavelmente de suportar. O que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele explicasse aos Césares que no conforto dos seus gabinetes decretam o sacrifício de povos centenários que Portugal cumprirá integralmente os seus compromissos - mas que precisa de mais tempo, melhores condições e mais algum dinheiro. 
Mas V.Exa. e o seu ministro das Finanças comportam-se como diligentes diretores-gerais da troika; não têm a menor noção de como estão a destruir a delicada teia de relações que sustenta a nossa coesão social; não se preocupam com a emigração de milhares de quadros e estudantes altamente qualificados; e acreditam cegamente que a receita que tão mal está a provar na Grécia terá excelentes resultados por aqui. Não terá. Milhares de pessoas serão lançadas no desemprego e no desespero, o consumo recuará aos anos 70, o rendimento cairá 40%, o investimento vai evaporar-se e dentro de dois anos dir-nos-ão que não atingimos os resultados porque não aplicámos a receita na íntegra. 
Senhor primeiro-ministro, talvez ainda possa arrepiar caminho. Até lá, sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes.
Nicolau Santos,
«Uma raiva a nascer-me nos dentes», Expresso, 17/X/2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Glamour e História

Mas não é a árvore que comemos e não é dela que nos lembramos na hora de comer, dos seus múltiplos ramos que não deram frutos, dos múltiplos frutos que nela ou no chão aprodeceram. A história é a fruteira que alguns compõem com frutos escolhidos. São esses, e apenas esses, os frutos cheios do glamour da História.

Paulo Varela Gomes, «Glamour e História», Público, 15/X/2011, p. 3-P2. 

Portugal na corrida ao Nobel da Física 2011

Este ano Portugal será um forte candidato ao prémio Nobel da Física! 
Depois da descoberta do átomo, do neutrão, do protão e do electrão, acabou de ser descoberto o Pelintrão.
E como se caracteriza o Pelintrão?
O pelintrão é um tuga sem massa e sem energia, mas que suporta qualquer carga! 

(anónimo ou talvez não)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Economia para totós

as recessões selvagens resultam sempre na queda da receita fiscal, atirando o orçamento para o "vermelho" e o custo dos bailouts aos bancos conduzem inevitavelmente ao aumento da dívida pública, o que resulta na perda de confiança nas economias. Por conseguinte, países como a Grécia, como Portugal, como a Inglaterra, o Japão, etc., encontram-se num ciclo vicioso, "a armadilha do défice" com baixo crescimento, com alto desemprego e com austeridade fiscal. Estas economias entraram em coma induzido em consequência das medidas profilácticas obrigatórias do triunvirato. Assim, a economia portuguesa irá ter um crescimento negativo de 2,5%, e só se verá a retoma económica ao fim de, pelo menos, uma década, ao contrário do que dizem os nossos governantes, afirmando que esta será já em 2013.

A austeridade é uma política ideológica mascarada de política económica. Ela assenta no mito, inteiramente falso, de que a despesa pública é um desperdício e uma perda de riqueza sem retorno e que não conduz a qualquer recuperação económica. Todavia, o Mundo é muito mais complicado e os factos, indesmentíveis, são os seguintes: os países social e economicamente mais equilibrados e que mais rapidamente saíram das respectivas crises foram aqueles onde houve um forte estímulo económico público, dado que nas presentes circunstâncias mais ninguém o fará e são aqueles onde há maior despesa em políticas sociais e maior equidade na repartição da riqueza.

Domingos Ferreira, «Economia para totós», Público, 19/X/2011, p. 39.

EDP censura crítica à electricidade mais cara do mundo

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A censura da EDP foi feita ao comentário que Joana Couve Vieira pôs no site daquela empresa, onde deixava link para uma página do facebook que ligava a uma reportagem crítica do plano nacional de barragens (actualmente parece que está indisponível, vd. esta notícia). A reportagem em apreço passou no programa Biosfera, da RTP2, a 12/X/2011 e pode ser vista em «Tudo o que precisa de saber - A fraude do plano nacional de barragens». Segundo peritos no assunto, as novas barragens em construção, incluindo a do Coa, custarão uma pipa de massa e terão um saldo energético nulo. O seu custo representa 20% do empréstimo da troika e 10% do aumento futuro na factura da electricidade. É por estas e por outras que os programas de ambiente são praticamente inexistentes na tv portuguesa. É que importunam interesses muito fortes.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A crise quando nasce é só para o mexilhão: JVV despede-se mas auto-indemniza-se em €12 mil por mês durante 2 anos

O peixe graúdo arranja sempre maneira de se pôr ao fresco. Ora, vejam lá este caso descarado, que o governo nem questionou, retirado do Facebook, relativo a alguém que se demitiu porque queria que a electricidade fosse ainda mais encarecida:
Mais uma golpada - Jorge Viegas Vasconcelos despediu-se da ERSE. É uma golpada com muita classe, e os golpeados somos nós....
Era uma vez um senhor chamado Jorge Viegas Vasconcelos, que era presidente de uma coisa chamada ERSE, ou seja, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, organismo que praticamente ninguém conhece e, dos que conhecem, poucos devem saber para o que serve.
Mas o que sabemos é que o senhor Vasconcelos pediu a demissão do seu cargo porque, segundo consta, queria que os aumentos da electricidade ainda fossem maiores. Ora, quando alguém se demite do seu emprego, fá-lo por sua conta e risco, não lhe sendo devidos, pela entidade empregadora, quaisquer reparos, subsídios ou outros quaisquer benefícios.
Porém, com o senhor Vasconcelos não foi assim. Na verdade, ele vai para casa com 12 mil euros por mês durante o máximo de dois anos, até encontrar um novo emprego. Aqui, quem me ouve ou lê pergunta, ligeiramente confuso ou perplexo: «Mas você não disse que o senhor Vasconcelos se despediu?».
E eu respondo: «Pois disse. Ele demitiu-se, isto é, despediu-se por vontade própria!».
E você volta a questionar-me: «Então, porque fica o homem a receber os tais 12 000 por mês, durante dois anos? Qual é, neste país, o trabalhador que se despede e fica a receber seja o que for?».

Se fizermos esta pergunta ao ministério da Economia, ele responderá, como já respondeu, que «o regime aplicado aos membros do conselho de administração da ERSE foi aprovado pela própria ERSE». E que, «de acordo com artigo 28 dos Estatutos da ERSE, os membros do conselho de administração estão sujeitos ao estatuto do gestor público em tudo o que não resultar desses estatutos».

Ou seja: sempre que os estatutos da ERSE forem mais vantajosos para os seus gestores, o estatuto de gestor público não se aplica.
Dizendo ainda melhor: o senhor Vasconcelos (que era presidente da ERSE desde a sua fundação) e os seus amigos do conselho de administração, apesar de terem o estatuto de gestores públicos, criaram um esquema ainda mais vantajoso para si próprios, como seja, por exemplo, ficarem com um ordenado milionário quando resolverem demitir-se dos seus cargos. Com a benção avalizadora, é claro, dos nossos excelsos governantes.

Trata-se, obviamente, de um escândalo, de uma imoralidade sem limites, de uma afronta a milhões de portugueses que sobrevivem com ordenados baixíssimos e subsídios de desemprego miseráveis. Trata-se, em suma, de um desenfreado, e abusivo desavergonhado abocanhar do erário público. Mas, voltemos à nossa história...

O senhor Vasconcelos recebia 18 mil euros mensais, mais subsídio de férias, subsídio de Natal e ajudas de custo.

Aqui, uma pergunta se impõe: Afinal, o que é - e para que serve - a ERSE? A missão da ERSE consiste em fazer cumprir as disposições legislativas para o sector energético.

E pergunta você, que não é burro: «Mas para fazer cumprir a lei não bastam os governos, os tribunais, a polícia, etc.?». Parece que não.
A coisa funciona assim: após receber uma reclamação, a ERSE intervém através da mediação e da tentativa de conciliação das partes envolvidas. Antes, o consumidor tem de reclamar junto do prestador de serviço.

Ou seja, a ERSE não serve para nada. Ou serve apenas para gastar somas astronómicas com os seus administradores. Aliás, antes da questão dos aumentos da electricidade, quem é que sabia que existia uma coisa chamada ERSE? Até quando o povo português, cumprindo o seu papel de pachorrento bovino, aguentará tão pesada canga? E tão descarado gozo? Politicas à parte, estou em crer que perante esta e outras, só falta mesmo manifestarmos a nossa total indignação.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O PREC de Passos Coelho

Também se chama PREC mas tem zero de glamour, ao invés do anterior. Agora, a sigla significa um abstruso Processo Reincidente de Estreitamento do Cinto.
Já não bastavam os cortes anteriores incidirem sobretudo nas classes média e popular; agora, o saque foca-se no funcionalismo público, buscando dividir a sociedade com o agitar do preconceito sobre os alegados privilégios do emprego público, omitindo-se o universo de situações que ele incorpora e o seu perfil (vd. post mais acima).
Sobre alternativas equitativas, vale a pena estar atento às que vão surgindo, como esta: «OE 2012: indignação e responsabilidade», por Paulo Trigo Pereira. Eis um excerto central do seu argumento:
A que defendo, seria uma situação mista (C) em que se cortaria apenas o 14º mês aos funcionários públicos e se aplicaria um imposto extraordinário a todos os rendimentos, incluindo uma subida da taxa liberatória sobre rendimentos de capitais de 0,5 pontos. Comparemos (A [proposta do governo]) com (C). Bem calibrado, o impacto no défice e na procura agregada seria o mesmo, sendo que em (C) a redução do défice se faria quer do lado da receita quer da despesa. A repartição de sacrifícios, no cenário proposto, cairia ainda sobretudo nos funcionários públicos, mas agora todos contribuiriam para o esforço nacional. Um argumento a favor da proposta do Governo, para quem defende um aumento da competitividade através da baixa de salários, é que esta redução brutal nos salários públicos induzirá semelhante comportamento no privado. É falacioso porque em média vai haver sempre diminuição de salários e subida do desemprego no privado devido à recessão. A proposta aqui apresentada, sendo neutra do ponto de vista do objectivo do défice evita degradar a qualidade dos serviços públicos, através da fuga dos melhores qualificados.

Ainda agora, ouvindo o ministro Vítor Raspar, se verifica como o facilitismo (mas com programa político) foi a solução para mostrar resultados à troika. E aquele «percebe» reiterado, às tantas, torna-se cansativo, de tão enfatuado. «O que... es-tou a di-zer é.... que.... dê-me só um mo-men-to»....
Alguém é capaz de lhe espetar um alfinete, a ver se o homem acorda? Credo!!

sábado, 15 de outubro de 2011

Os 40 de Roma: como ser 'representativo' no meio de milhões?

É fácil: basta estar contra o status quo, que cidadãos comuns em centenas de cidades de todo o mundo se mobilizem com o único propósito de se manifestarem pacificamente contra a actual crise geral, causada pela depradação financeira e pela demissão dos políticos de turno. Um movimento que vem de trás, do Cairo a N. York.
Para a tv é um retrato demasiado 'parado' e pouco apelativo, então bora lá pegar em incidentes despoletados por um grupo de 40 indivíduos em Roma (ap. noticiário da RTPi e RTP2) e fazer deles a entrada-chamariz sobre o assunto. E ainda se admiram por haver cada vez mais pessoas desinteressadas dum canal público tal como ele tem sido (que não do serviço público, coisa distinta).
Felizmente, nem todos os media afinam pelo mesmo diapasão. A coisa é já tão óbvia que não dá para menosprezar como antes: isso mesmo surge bem ilustrado em «Os ‘sem poder’ estão a fazer História», entrevista a Saskia Sassen, estudiosa da globalização.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A circulação transatlântica dos impressos e a globalização da cultura no século XIX (agenda)

Oportunidade única para aceder ao estado da questão pela voz de investigadores das mais desvairadas parte do Atlântico, e não só.
Começa amanhã e termina na sexta-feira. Aos interessados sugere-se uma leitura prévia do programa, pois vão ser dois dias cheios de comunicações e debate.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Calar ou falar, eis a questão (hei, tu, não fiques a falar só para o télélé)


domingo, 9 de outubro de 2011

Do Cairo a Nova York, da praça à internet

Um placard colocado em Wall Street passará os nomes dos cidadãos subscritores da petição da ong AVAAZ a favor da regeneração democrática no mundo. Eis parte do seu texto:
Para os cidadãos ocupando Wall Street e aos povos protestando em todo o mundo:
Estamos com vocês nesta luta pela democracia real. Juntos podemos acabar com a corrupção e o aprisionamento de nossos governantes pelas corporativas e ricas elites, e manter os nossos políticos responsáveis ​​para servir o interesse público. Estamos unidos - o tempo de mudança chegou!

São já 150 cidades que aderiram a este movimento pela democracia participativa e em defesa do bem comum.
Portugal retoma o testemunho a 15 de Outubro, com mais cidades envolvidas.
Watch live streaming video from avaazwallstreet at livestream.com

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ciência: Parlamento Europeu diz como deve ser pela voz da nova geração

Mesmo a tempo, quando o novo governo português corta nesta área estratégica, comandado pela ira neoliberal dos incendiários de serviço: Rui Curado Silva desmonta o estado a que se chegou num post de defesa da investigação científica em Portugal (já chegámos a este ponto, é verdade): «O populismo rasca de Medina Carreira a nu».
PS: Daniel Oliveira refere-se ao caso do cancelamento de bolsas e apoios à inv.º na FCUL, que muitos acham normal nos comentários; vd. tb. este post de R.C.Silva sobre o Manifesto Ciência.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Citações



Tenho o raro privilégio de ser citado por Manuel Loff, numa recensão que ele faz da biografia do Salazar de Ribeiro de Meneses na Análise Social, por uma frase que nunca escrevi numa recensão minha que foi publicada há meses no Público ! E logo na primeira frase do texto. Loff dá-me a paternidade do título dado à entrevista de Ribeiro Meneses feita por Maria José Oliveira.

Não vejo bem porquê tenho esta sorte e porquê o autor quer que eu tenha escrito isto. Parece-me que o Manuel Loff dá-me intenções que não penso ter. Dando-me uma frase que nunca escrevi, Loff pode assim pôr-me, parece, no réu dos culpados que participaram na, e vou citar sem tentar enganar-me, "tão boa aceitação" que obteve o livro do Ribeiro de Meneses. Bem relendo o meu texto, não me revejo nisto, mas isto pode ser debatido com verdadeiras citações.

E que não me parece oportuno iniciar um debate fazendo escrever coisas à pessoas que nunca as escreveram.

Apesar de esta falta de rigor (o que é sempre problemático para os historiadores), aqui está a continuação de um debate que deverá continuar.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Foi por desatinos como este que há 101 anos houve marosca


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Mário Alberto (1925-2011), o cenógrafo iconoclasta

Tem razão o Viriato Teles.
Com ditos como o que se segue, era este o homem que devia estar ao leme:
Chico-espertos deste país, ide todos à badamerda!

«Morreu o cenógrafo Mário Alberto, fundador de A Barraca», notícia da LUSA

Tanta compreensão está bastante ao lado da questão...

Não é só o desemprego, sr. Bernanke, é mesmo o tipo de política: «Presidente da Reserva Federal diz compreender manifestantes anti-Wall Street», por AFP e Isabel Gorjão Santos.

domingo, 2 de outubro de 2011

Quem é mais expedito, Álvares Cabral ou a Rainha de Inglaterra?

É o Cabral, segundo a polícia brasileira e para mal dos nossos pecados, pois significa que o procurador-geral da República, autodenominado Rainha de Inglaterra, anda a engonhar e bem.
A história é simples: para resolver o caso da viúva assassinada em que surge envolvido o político luso Duarte Lima, a polícia brasileira solicitou à Procuradoria-Geral da República portuguesa a audição daquele político, então testemunha. O pedido foi feito por e-mail mas demorou 4 meses a ser respondido, e mesmo assim com má vontade. O procurador disse então a um jornal que ignorava um termo que aí vinha escrito, oitiva, que é um sinónimo de audição e é usado na linguagem jurídica no Brasil. É português e vem nos dicionários. A coisa foi tão ridícula que um polícia brasileiro desabafou o seguinte para a correspondente do Público, Alexandra Lucas Coelho: «É mais tempo do que Cabral levou a vir para o Brasil».

sábado, 1 de outubro de 2011

Para memória futura


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

É fartar vilanagem

Afinal a dívida da Madeira ao Estado português não é de €5800 milhões, como dizia Jardim e o seu sec.º regional do Plano e Finanças há 7 dias atrás, mas de €6328 milhões, anunciou esta noite o ministro das Finanças. Ou seja, uma diferença de quase €500 milhões.
Jardim dissera ainda que a dívida (directa) da região da Madeira não excedia os 60% do PIB da região, contrapondo-a à do Estado Português, que é 106% do PIB de Portugal, porém, o ministro das Finanças disse que a dívida da Madeira vale 123% do PIB da região, o dobro!!!
Ou seja, além de insultuoso e eleitoralista, Jardim é um demagogo incorrigível. Arrecada todas as receitas da região (sem ter que as repartir com as administrações central e local), mais compensações para os municípios, mais para as empresas públicas nacionais que operam na região, mais para a PSP, a Universidade da Madeira, a RTP-Madeira e um rol infindo de serviços. Não só não lhe chega o que recebe como supera em proporção o défice nacional, já para não falar do dos Açores, a outra região existente.
O buraco que criou representa 1/4 do tal «desvio colossal» no défice orçamental para 2010 que o governo português ainda há umas semanas imputava ao PS. O resto cabe às empresas públicas. Ou seja, 25% directamente ligado a apenas 5% da população nacional (enfim, ao seu manda-chuva).
Ainda há dúvidas de que o rei da Madeira anda a fazer pouco de todos os cidadãos portugueses?

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Esta reforma administrativa é válida?

Pelo que deu para ler sobre o respectivo livro verde, sim e não. Eu ex-pi-li-co.

Sim, porque pretende cortar em desperdício de fundos públicos e em racionalizar parte da máquina da administração local, como p.e., reduzindo os executivos camarários via lógica monocolor, cortando no absurdo de vereadores da oposição (essa tem espaço próprio na assembleia municipal). A extinção dos governadores civis é de aplaudir, mas já fora aprovada há umas semanas atrás.

Não, porque mantém um n.º elevado de vereadores (8 para executivos monocolores não é demais?), porque corta nas freguesias aparentemente sem um critério coerente e adequado, porque não avança um critério adequado para a fusão dos municípios. Mas os principais limites são outros.

Em primeiro lugar, porque mantém o princípio das empresas municipais, que são o grande cancro da administração local, pois é daí que vem o grande buraco, isto segundo a troika. Devia-se, pura e simplesmente, extinguir TODAS as empresas municipais, as direcções-gerais servem perfeitamente para o serviço.

Em segundo e último lugar, porque recupera a figura das comunidades intermunicipais, que nada fizeram nos tempos dos governos Durão Barroso/ Santana Lopes, e que são, sobretudo, um modo demagógico de ocultar a necessidade da existência dum poder político-administrativo intermédio legitimado entre os poderes central e local para a boa racionalização dos recursos públicos e para o envolvimento dos cidadãos na coisa pública, dois pontos fulcrais de qualquer democracia digna desse nome.

E mais não digo, já deve chegar para meditação.

Um yes man dos especuladores em discurso directo, ou como funciona a cabecinha dos tipos que estão a afundar a economia mundial

domingo, 25 de setembro de 2011

Mudanças no mapa político europeu

Depois do ciclo eleitoral nos land alemães (com última paragem em Berlim), as recentes vitórias da esquerda na Dinamarca e, agora, em França, para o Senado, parecem ser o indício de que os povos europeus confluem para a percepção de que as receitas neo-liberais só agravam os problemas em vez de os resolverem. As crises do euro e da dívida soberana despertaram mais os eleitorados das suas inércias e da aposta na continuidade do que a anterior crise de 2008.
Resta aditar que em França o volte-face segue as eleições regionais e deverá prolongar-se nas presidenciais, pois todas as sondagens dão vitória ao candidato da esquerda contra Sarkozy.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Júlio Resende (1917-2011): o pintor da ribeira

Júlio Resende, que hoje faleceu, teve uma longa vida como artista plástico, com parte da sua obra ocultada pela nobre pintura: refiro-me à ilustração e bd para diários portuenses nos anos 40-50, com personagens como «Matulão e Matulinho», «O Fagundes Arrepiado», «O Senhor Freitas» e «O Feli-Feli». Para a revista O Papagaio fez uma bd adaptando Robinson Crusoe. Nada mau. Merece uma retrospectiva na BD Amadora.
Já o muralismo teve melhor sorte e grande acolhimento, em obras como a da «Ribeira Negra», no túnel para a Ponte D. Luís (Porto), este «Vida em família» (na Pasteleira, 1964), em Leça, Lisboa (Palácio da Justiça, Metro do Jardim Zoológico), etc. E viva o azulejo!

A esquerda no seu labirinto

Discutiu-se hoje uma proposta de Lei de Bases da Economia Social no parlmento português. A ideia não foi lançada pela esquerda, mas sim pelo PSD. Para maior espanto, toda a esquerda parlamentar (PS, BE, PCP e Verdes) recusou em Fevereiro passado esta mesma proposta.

A proposta visa «delegar mais atribuições ao sector social» quanto a oferta e creches, centros de dia e lares de idosos. Neste momento, o Estado apenas cobre 4,6% destas áreas (leram bem). Isto já é assim há décadas. Tenham sido os governos PS, PSD, PREC ou Estado Novo. Leram bem, novamente.

Neste âmbito, o PSD quer dar um novo enquadramento jurídico às associações voluntárias que mais colam com o seu ideário, i.e., IPSS, ong's, fundações, além de associações ambientalistas e cooperativas.

A oposição, pela voz do PCP, é contra, porque acha a proposta de lei «desnecessária» e porque «o funcionamento destas organizações está consagrado na Constituição», além de significar «uma desresponsabilização do Estado».

É verdade que é um alheamento do Estado, mas ele vem do PREC, quando o PCP também era governo. Quanto à Constituição, é o PCP o partido que mais se bate para que haja regulamentação do articulado referente às organizações da sociedade civil, às organizações populares de base territorial. E esta hein?

A ideia de que uma posição de esquerda implica obrigatoriamente um intervencionismo estatal só serve para reforçar quem há muito tem o poder através do Estado, e não é a esquerda. O jacobinismo pavloviano é o alibi perfeito para quem tem uma noção paternalista dos povos, acha que tudo tem que ser dirigido do topo (sejam elites ou vanguardas esclarecidas) e não quer pensar o mundo tal qual ele existe hoje e não há 200 anos atrás.

sábado, 17 de setembro de 2011

Até quando continuará este sr. impune?

O forróbodó continua na Jardimlândia, agora com a ajuda da administração pública regional na ocultação de despesas desde 2008, caso inédito em Portugal.
O rombo é tal que vai chegar aos bolsos do mexilhão, aguardem só os próximos capítulos. Entretanto, podem dar uma olhada nas notícias em baixo, são elucidativas.
Foi preciso fiscalização externa, do estrangeiro, para se perceber a real dimensão da afronta. Até quando durará a impunidade?
Não tenham dúvidas: se ninguém o travar, a gula é eterna: «Eleições na Madeira: Jardim garante que vai continuar a fazer obras e não despede ninguém».

«Desvio [nas contas da Madeira] igual ao dobro da sobretaxa do Natal»

«Dívidas da Madeira obrigam a revisão dos défices entre 2008 e 2010», por Ana Rita Faria

Adenda: para se perceber até que ponto isto só foi possível com muitas altas cumplicidades vd. o ex. do PR: «Cavaco Silva entre o silêncio e o elogio à Madeira».

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Isto é uma democracia?! A sério?!

«Tribunal condena 17 manifestantes angolanos a penas de prisão»

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Pé-ro-las do mi-nis-tro Ras-par

«Tem de se começar por reconhecer que é fundamentalmente diferente anunciar medidas de corte de despesa e efectivar cortes de despesa» [1-0 contra La Palisse]

«neste momento, essa possibilidade [novas subidas de impostos] não faz parte do cenário central» [prémio de encenação 2011]

«Existem sempre limites aos sacrifícios. Estou convencido que os limites que os portugueses estão dispostos a aceitar para resolver esta verdadeira crise nacional são elevados. Os portugueses estão determinados a fazer o que for necessário para superar a crise e para colocar Portugal num caminho de prosperidade e afirmação na Europa e no Mundo» [então, existem limites ou não?]

Fonte: «Medidas do lado da receita são as únicas concretizáveis em tempo útil».

domingo, 4 de setembro de 2011

Fim de férias




sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Um stakhanovista inesperado

Ele foi o folhetim da semana, à míngua de revelações pelas bandas telenovelescas. Saiu, foi empurrado, fugiu, emboscado. A coisa tinha todo o suspense do mundo. A sombra pairava sob uma estrela.

Até que... Até que o mister tranquilidade veio dizer que a pessoa em causa desertara. Oh! Que coisa feia!!

Contudo, há algo de errado neste desfecho ingrato. A bem dizer, algo de deslocado. Na origem esteve uma genuína e indesmentível vontade de trabalhar em prol da pátria, ressoando a gesta produtiva dos stakhanoves de outrora.

Abelhinha workaholic, talvez. Agora, militar desertor? Vindo dalguém também conhecido por ser formiguinha no meio do campo?

Vá, revejam lá o guião, que a coisa está mal contada. Mereceis melhor.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Um dia de vassalagem em Berlim

O passeio do premiê luso à capital da Eurolândia fica como aquele em que aceitou a derradeira cláusula do diktat germânico.

Para finalizar bem o dia, um esclarecimento urgente: as novas medidas que retiram uns tostões aos ricos são só por 2 anitos. Doutro modo, os pobres e remediados ainda podiam ficar mal habituados...

Portanto, nada de modernices como as pedidas por milionários dos EUA, Alemanha e França, que exortaram os respectivos governos a cobrarem uma taxa sobre as grandes fortunas. Ou pelo inesperado presidente Cavaco Silva. Segundo a imprensa, «a posição do primeiro-ministro português é um "não" rotundo». E porquê? Ora, muito simples: «"porque precisamos de atrair fortunas, investimento e capital externo", argumenta Passos Coelho, numa entrevista publicada hoje pelo diário espanhol El País».

E prossegue: «Em relação à assimetria fiscal em Portugal entre os rendimentos do trabalho e do capital (a taxa dos primeiros é o dobro da dos segundos para o mesmo nível de rendimentos), Passos lembra que "a assimetria fiscal é patente em toda e UE"».

Ainda bem que há puros que não sabem que países como Portugal têm muito mais desigualdade que a maioria dos restantes países. Corriam o risco injusto de os apelidarem de anti-patrióticos...

domingo, 28 de agosto de 2011

À descoberta do arinto (para o Sérgio)

Não é fácil topar o vinho pretendido quando se procura uma casta em particular, isto em Portugal e Espanha, que noutros países não sei o que se passa. A maior parte das empresas não identifica as castas, ou as percentagens, ou então há pouca informação na imprensa especializada sobre os chamados vinhos varietais ou monocastas.
Tudo isto a propósito duma casta bem portuguesa, a Arinto, que apesar da sua distribuição nacional, é pouca usada de modo isolado. Ainda assim, algumas casas apostaram neste tipo de uva branca bem seca, cítrica e mineral. Além das que refiro nestes 2 posts de 2007, destaque ainda para o Quinta da Murta (Bucelas), Casa de Paços Reserva (Porto), o Grand'Art (Estremadura) e o Quinta do Avelar (Bucelas). Aproveito para ressalvar que o Quinta da Murta corrente é agora distribuído pelo Pão de Açucar, o reserva surgindo noutros pontos.
Dizer ainda que a Região Demarcada de Bucelas, hoje em dia o espaço por excelência dos arintos, fez recentemente 100 anos e teve uma mostra específica em espaço público (vd. imagem ao lado).
Misturada com outras castas há uma infinidade de arintos. Mas para quem quer apenas ter uma ideia do que há esta é já uma boa ajuda.

sábado, 27 de agosto de 2011

Dois povos, dois Estados, dois países, agora!

Hoje o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para discutir o apelo da Palestina para se tornar o 194.º país do mundo. No entanto, governantes de países de destaque ainda estão em cima do muro. Somente um esforço gigantesco da opinião pública pode mudar a situação.
A Avaaz fez um pequeno, mas emocionante vídeo [vd. em baixo] mostrando que essa proposta legítima é de fato a melhor oportunidade para acabar com o beco sem saída das infinitas negociações mal-sucedidas e abrir um novo caminho para a paz.


Se concordar com esta causa, pode assinar a petição que a ong internacional Avaaz lhe dedica.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Depois da Tunísia e do Egipto, a Líbia, finalmente...

Deu-se ontem a tomada de Trípoli pelos líbios revoltosos. Menos um ditador a poluir o meio ambiente. Menos uma ditadura a pesar no ainda desfavorável balanço entre ditaduras e democracias no mundo. Demorou meio ano, 4 meses após a participação da NATO no esforço de guerra dos insurrectos.

O jornal Público pergunta na sua manchete de hoje se «Está o país preparado para governar sem Khadafi?». Como sucede no imediato pós-ditadura em muitos países, surge um vazio de poder. Acontece e costuma ser bem aproveitado para o combate democrático. Parece-me que a pergunta mais importante a fazer é qual o papel que os Estados democráticos estão dispostos a desempenhar para ajudar a Líbia a seguir no bom caminho. Essa sim, parece-me a questão certa. Já chega de sacudirem a água do capote.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A palavra a quem percebe da poda

«Zona euro em risco: Soros culpa Merkel e a Alemanha e fala de crise existencial para a Europa»

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Afinal, estava certo quem contestava a negociata do terminal de Alcântara

«Alargamento do terminal de contentores de Alcântara chumbado por razões ambientais», por Ana Henriques

nb: vd. historial do caso aqui.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A propósito de desportos radicais e de pilhagens, doutro jaez, claro (não sei porquê mas acho que conheço este tipo...)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

E entretanto no Pacific Northwest

Suquamish Tribe makes same-sex marriage legal.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Um bom Ramadão!

Desejo aos amigos muçulmanos por esse mundo fora um bom Ramadão. Esperemos que no fim do mês o Kadhafi, o Salem e o Bashar já tenham ido à vida.

... entretanto há mais um país do Médio Oriente que é atingido por uma vaga de contestação social. Isto vai ser interessante de seguir.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Uma descoberta fresca, do álbum English Riviera

Metronomy - The Look

Metronomy | Myspace Music Videos

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Pela Palestina, pela paz, uma oportunidade histórica

Dentro de quatro dias, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá e o mundo terá oportunidade de aceitar uma nova proposta capaz de reverter décadas de fracasso nas negociações para a paz entre Israel e Palestina: o reconhecimento da Palestina como Estado pela ONU.
Mais de 120 países do Oriente Médio, África, Ásia e América Latina já endossaram essa iniciativa, mas o governo de direita de Israel e os Estados Unidos opõem-se veementemente a ela. Portugal e outros importantes países europeus ainda estão indecisos, mas uma gigantesca pressão pública agora poderá convencê-los a votar a favor dessa importante oportunidade de dar fim a 40 anos de ocupação militar.
As iniciativas de paz lideradas pelos EUA têm fracassado há décadas, enquanto Israel tem confinado o povo palestino a pequenas áreas, confiscando suas terras e impedindo sua independência. Esta nova e corajosa iniciativa poderá ser a melhor oportunidade de impulsionar a solução do conflito, mas a Europa precisa assumir a liderança. Vamos construir um apelo global em massa para que Portugal e outros importantes países europeus endossem imediatamente a proposta de soberania e vamos deixar claro que cidadãos de todos os cantos do mundo apoiam essa proposta legítima, não-violenta e diplomática. Assine a petição e envie esta mensagem a todos os seus contatos: