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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Dez mandamentos do emigrante semibárbaro (1)


1 – Eu sou o euro (€), teu Deus, que te fez sair de Portugal, da casa onde chove. Não terás outros deuses pluviosos.
Manuel da Silva Ramos,
Três vidas ao espelho, P. D. Quixote, 2010, p. 206.


segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ferreira de Castro e a emigração, ontem como hoje

Começou hoje o Colóquio Internacional Ferreira de Castro e a Emigração, em Lisboa, que reúne especialistas de diferentes áreas para uma reflexão conjunta sobre a obra do escritor Ferreira de Castro relativa à emigração no Brasil e possíveis pontes com a actualidade.

Nele participam estudiosos como Antônio Dimas, Maria Eva Braz Letízia, Bernard Emery, Eugénio Lisboa, Miguel Real, Artur Anselmo, Luís Crespo de Andrade e Maria Beatriz Rocha-Trindade.

A iniciativa, que decorre até 4.ª feira no Auditório 1 da FCSH-UNL, é organizada pelo Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com o  Centro de Estudos Ferreira de Castro. O seu programa pode ser consultado aqui.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Três vidas ao espelho...

... é o título do novo romance de Manuel da Silva Ramos, que o crítico literário Miguel Real apresentará em Lisboa, ao entardecer da próxima sexta-feira, na livraria Barata (Av. Roma, 11A). A sessão começa às 18h30 e terá ainda a participação especial dos Jograis-U...Tópico.

Três vidas ao espelho é o 5.º livro que o escritor edita pelas Publicações D. Quixote e é-nos apresentado como um «romance alegre e reconfortante», «o elogio do emigrante português e dos contrabandistas da raia, que tiveram um papel crucial na economia das regiões portuguesas vizinhas da fronteira espanhola» (trecho da sinopse).

Quem ficou curioso pode ler esta recensão crítica de Rui Lagartinho (jornalista RTP) na revista Time Out ou sentir um cheirinho na oportuna pré-publicação pela revista A.23.

Com este evento o escritor covilhanense dá seguimento ao ciclo de apresentações iniciado na 11.ª edição das Correntes d'Escritas, tal como anunciei aqui.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Emigração e memória

Na sequência desta sessão em torno da emigração, fiquei a saber da divulgação de «Mémoires d'Europe», um interessante projecto da UE que «visa a recolha de testemunhos [de emigrantes] para assegurar a preservação e a difusão das suas narrativas e das suas experiências de vida no quadro dum modelo de cooperação e de aprentizagem inter-regional et inter-geracional».

Este projecto integra a formação ao longo da vida do Programa Sócrates/Grundtvig da Comissão Europeia, através duma parceria entre instituições universitárias, associações de emigrantes e autoridades locais e regionais europeias de 4 países de emigração (Espanha, Grécia, Portugal e Itália) e um país de imigração (Bélgica). A apresentação dos depoentes pode ver-se aqui, a lista de entidades aqui e o relatório de síntese aqui.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Os emigrantes do vulcão

O vulcão dos Capelinhos, situado na Ponta dos Capelinhos, na ilha do Faial, Região Autónoma dos Açores, entrou em erupção faz hoje 50 anos e manteve-se em actividade até Outubro de 1958.
A erupção deixou milhares de pessoas sem casa. O senador norte-americano John F. Kennedy, do Estado de Massachusetts (que viria a ser Presidente dos EUA) e o senador John O. Pastore, de Rhode Island, mobilizaram-se em favor das vítimas e propuseram o Azorean Refugee Act. Kennedy encabeçou o movimento em Washington, conseguindo 2000 vistos entre 1958 e 1962 para chefes de famílias do Faial imigrarem para os Estados Unidos. Nos anos seguintes, muitos mais se lhes juntaram. O Prof. Onésimo Almeida (Brown Univ.) considera que "a erupção dos Capelinhos deu a conhecer a Kennedy como as leis de imigração eram discriminatórias para os europeus dos países de sul", motivando-o a mudar a legislação (vd. o artigo de Luís Filipe Dias aqui).
Orlando Ribeiro que, na sequência da erupção do vulcão, tinha sugerido a ida dos camponenses sinistrados para os colonatos recém-criados em Angola e Moçambique, refere que aqueles, após um ano no colonato do Limpopo, exigiram o repatriamento. Explica que no Faial existe “talvez a sociedade mais democrática do território português, onde as relações humanas são simples e cordiais, destituídas de qualquer forma de subserviência”, por isso os faialenses que foram para o Limpopo “não se adaptaram à disciplina reverente e ao baixo nível de vida a que estariam condenados” (A colonização de Angola e o seu fracasso, Lisboa, INCM, 1981, p. 187).
Nos EUA, pelo contrário, os naturais do Faial encontraram terreno mais propício à sua livre iniciativa e por lá prosperaram.
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Imagens retiradas
daqui (Orlando Ribeiro, 1958) e daqui.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

A vez do táxi

Como contraponto ao racismo ordinário dos taxistas de que se falava há uns dias aqui no peão, eu tinha duas histórias de taxistas portugueses para contar. Um, em Lisboa, onde acabava de aterrar

(esta história de ser peão não podia ser mais contrária à vida real das minhas viagens este ano, em que, num esforço de síntese, já vejo comboios a entrar em autocarros que entram em pistas de aeroporto)

e outro em Massy-TGV (estação de comboios perto do aeroporto de Orly).

Em resumo: eram dois emigrantes portugueses simpáticos; um libertou-me da antipatia de um cliente ordinário, o outro quebrou-me a monotonia do trânsito em Lisboa com uma conversa sobre como tinha emigrado clandestinamente para França em 1967 ou 68.

(Há muitas histórias de imigrantes assim, muitos são taxistas, e eu estou com esta conversa não para dizer bem dos taxistas em geral, mas para dizer bem dos emigrantes portugueses de que nunca ninguém diz bem. Cada vez mais os vejo, àqueles que vieram, à distância destes 30 ou 40 anos, como determinados, valentes, épicos, todos os adjectivos que dariam grandes portugueses. Com o seu lado ordinário, racista, às vezes, certamente.)

Estive entretanto em Itália, onde o governo caiu e entretanto se está a tentar recompor, embora, infelizmente, pareça estar condenado a prazo e com ele a esperança que levantou. Apanhei um táxi na estação de Pisa, porque havia greve de comboios e não havia esperança já de apanhar o comboio que havia de me levar ao avião da easyJet.

(Os tipos da easyJet acham que são espirituosos e mandam o pessoal de bordo dizer umas piadas. Ontem disseram que estávamos a chegar a Paris em inglês e que Paris era uma "city of love, life and glamour". O pessoal parisiense que ia no avião olhou uns para os outros com aquele ar arrogantemente adequado à situação. Não é que não haja love, life e glamour, mas o pessoal vive em Paris como toda a gente, quer dizer, anda de metro, apanha com o patrão chato e a burocracia todos os dias, não sei se estão a ver.)

Em suma: na estação de comboios de Pisa havia um táxi novo modelo. É o carro normal, guiado por um imigrante, que se transforma em táxi quando a bicha para os táxis está demasiado grande e algumas pessoas se arriscam a perder o avião.

Foi caro, não deu para grandes conversas, mas foi muito útil. Uma profissão de futuro, muito europeia dos nossos dias.

(desculpem o desordenado do discurso, mas tenho andado em trânsito e isso afecta-me de uma maneira qualquer)