sábado, 31 de outubro de 2009

Claro que é apenas um pequeno passo insignificante (dirão os cínicos)

Administração Obama acaba com a interdição de portadores do HIV entrarem nos EUA (concluindo um processo iniciado pela administração Bush).

Como diz o próprio Obama, essa interdição há 22 anos, foi "baseada mais no medo do que em factos".


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Os melhores discos portugueses de 1960-2009?

A revista de música Blitz fez 25 anos e para celebrar a data, resolveu eleger os melhores discos de música portuguesa dos últimos 50 anos. Por que não se limitaram aos últimos 25 anos não me perguntem, que não sei, sou ignorante nas lides.

A eleição coube a uma «Academia Blitz», uma equipa de mais de 50 individualidades do mundo da música, deste críticos e músicos a promotores. Eles escolheram 5 álbuns por década desde 1960. Hoje, o Público resolveu divulgar 25 dos álbuns eleitos como se fosse a lista completa. Como todas as listas (rankings, olé!), esta também é discutível, pelo menos a dos 25, atenção. Numa primeira olhada, constatei a presença dalgumas referências incontornáveis (Paredes, Amália, Carlos do Carmo, Fausto, Rui Veloso, etc.), mas também a ausência de alguns compositores/autores/cantores incontornáveis, como Sérgio Godinho, Brigada Victor Jara, António Variações, já para não falar doutros com relavância, seja em termos «sociológicos» seja em termos de reformulação da música tradicional popular (Xutos & Pontapés, Amélia Muge, etc.). E a presença doutras discutíveis, como os Humanos. Contudo, a lista completa de 170 álbuns («de sempre»?!) parece que só será conhecida na edição de Novembro da Blitz. Ou seja, mais uma vez o Público pôs o pé na poça, ainda por cima tendo um dos seus críticos (Vitor Belanciano) no júri!!! Resta-nos aguardar para ver. Espero que a lista final também contemple álbuns pouco conhecidos como o de música instrumental de Nuno Canavarro & Carlos Maria Trindade («Mr. Wollogallu»), que, para mim, é um álbum único no campo da música instrumental a nível internacional.

Mini-lista dos discos portugueses eleitos pela revista Blitz (1960-2009)

Anos 60
1. Carlos Paredes - Guitarra Portuguesa
2. Amália Rodrigues - Busto
3. José Afonso - Cantares do Andarilho
4. Filarmónica Fraude - Epopeia
5. Alfredo Marceneiro - The Fabulous Marceneiro

Anos 70
1. José Afonso - Cantigas do Maio
2. Carlos Paredes - Movimento Perpétuo
3. José Mário Branco - Mudam-se Os Tempos, Mudam-se as Vontades
4. Amália Rodrigues - Com Que Voz
5. Carlos do Carmo - Um Homem na Cidade

Anos 80
1. Rui Veloso - Ar de Rock
2. Heróis do Mar - Heróis do Mar
3. GNR - Independança
4. Fausto - Por Este Rio Acima
5. Madredeus - Os Dias da Madredeus

Anos 90
1. Pedro Abrunhosa – Viagens
2. Mão Morta - Mutantes S. 21
3. Ornatos Violeta - O Monstro Precisa de Amigos
4. Rui Veloso - Mingos & Os Samurais
5. Ornatos Violeta - Cão

Anos 00
1. Humanos – Humanos
2. Camané - Esta Coisa da Alma
3. Dead Combo - Vol. 1
4. Sam The Kid - Beats (vol.1)
5. Rodrigo Leão - Cinema

Uma sedutora arma contra o terror

calcinhas _ clave do sul Bem, não sei se esta arma é eficaz contra o terrorismo, mas é bem sedutora e original a coisa. Indianos revoltados após um ataque contra mulheres que bebiam em um bar se uniram para mandar um presente a militantes extremistas: cuecas. Mais de 5 mil pessoas, incluindo muitos homens, aderiram ao grupo, que se autodenomina Consortium of Pub-going, Loose and Forward Women (em tradução livre, Associação de Mulheres Avançadas, Fáceis e Frequentadoras de Bares) ou CPLFW no site de relacionamentos Facebook. Continua.


Conversa pública contra a corrupção

A Direcção-Geral de Arquivos (DGARQ)* promove no dia 10 de Novembro, às 17h, uma conversa pública com o presidente do Tribunal de Contas e do Conselho de Prevenção da Corrupção, Guilherme de Oliveira Martins sobre «Accountability - Transparência administrativa - Arquivo».

Portugal viveu durante 48 anos sob uma ditadura que suprimiu os direitos políticos básicos dos cidadãos. Durante o período do Estado Novo, os portugueses estiveram, de facto, arredados da escolha e da definição das políticas públicas e do escrutínio da acção governativa. Depois da instauração da Democracia e, sobretudo, após a adesão de Portugal à CEE (1986) surgiu a preocupação de estabelecer mecanismos de controlo e de «public accountability» da acção de todos os representantes eleitos para os órgãos de soberania, governos regionais e autarquias locais. A obrigação de «prestar contas» à sociedade resulta do princípio da responsabilidade e da autoridade partilhadas (eleitores/eleitos).
Porém, no século XXI, verifica-se que no nosso país continua a existir um enorme fosso entre os quadros legais, entretanto ‘europeizados’, e as práticas concretas. Ora os arquivos (instituições e profissionais) têm um papel fundamental a desempenhar no reforço dos mecanismos de fiscalização da acção político-administrativa (tanto a nível central como a nível regional e local) por parte da sociedade civil. Os arquivistas e os arquivos públicos visam uma eficaz gestão da informação no seio das organizações onde se inserem, mas tendo como fim último uma gestão responsável e eficiente da ‘coisa pública’. Encontram-se ao serviço dos cidadãos e do bem comum e nunca ao serviço de interesses particulares deste ou daquele político/ governante/ superior hierárquico. Considero que os arquivistas devem afirmar-se como agentes pró-activos da imparcialidade e da transparência na Administração Pública, numa perspectiva de reforço da democracia participada e participativa.  
Saúdo a iniciativa DGARQ pois é urgente reflectir sobre o problema da falta de transparência na máquina do Estado e  "avaliar o papel e a qualidade dos sistemas de arquivo enquanto meios de contribuição para uma maior cidadania participativa e combate à corrupção".
O programa está disponível aqui.
Tudo indica que se seguirão outras conversas públicas  (o título é excelente!) promovidas pela DGARQ.  Espero que sejam muito participadas e  frutuosas.

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*Alameda da Universidade, 1649-010 Lisboa

Imagem retirada do blogue Imprensa Livre.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

No país esquecido

Na ressaca do DocLisboa, apercebi-me da importância dum documentário português que entretanto arrebanhara 6 prémios. Estou a falar de «Pare, Escute, Olhe», de Jorge Pelicano, que aborda o encerramento da linha ferroviária do Tua e o seu impacto nas populações locais. É que, entrementes, soube-se do encerramento (ainda que 'temporário') doutras linhas do Portugal das margens, isto é, daquele país que vale poucos votos. Lado a lado com a discussão sobre o TGV, as pontes rodo-ferroviárias ou só ferroviárias (Lisboa), etc.. Lado a lado: questões que deviam ser equacionadas em conjunto, correm em linhas paralelas, e não aparentam ir encontrar-se num futuro breve.

Ainda sobre o documentário, cujo trailer pode ser visto aqui, recomendo a leitura do post «Agora só falta aqui o cimento», do Daniel Oliveira.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Nuvens negras sobre o éden português

Recentemente, vários relatórios internacionais evidenciaram uma queda de Portugal em vários indicadores importantes, de 2008 para 2009. Refiro-me ao Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (34.º lugar, com queda de 1 lugar), ao ranking internacional de corrupção (32.º lugar, com descida de 4 lugares; ap. Transparência Internacional, ainda para 2008), ao ranking da liberdade de imprensa (40.º lugar, com queda de 14 posições, ap. Repórteres Sem Fronteiras), e ao índice global da desigualdade de género (46.º lugar, com queda de 5 lugares; ap. NoGlobal Gender Gap Index2009).

Para quem gosta tanto de estatísticas, de rankings e de «avançar Portugal», a performance foi sofrível. Nuvens negras sobre o éden português, ou muito trabalhinho de casa para o novo governo emendar.

Um simplex engripado

«Pais de alunos doentes devem ter dispensa de atestado médico» em caso de infecção dos seus filhos pelo vírus da gripe A, é o conselho sensato do vice-presidente da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral, Rui Nogueira.
Esperemos que o bom senso regresse, já que o Simplex parece ter engripado e esqueceram-se de desburocratizar uma situação que irá afectar milhares de pessoas. E pô-las em risco desnecessário, caso não se arrepie caminho.
Nb: o cartoon é, novamente, de Mel Calman.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Via rápida para um jornalismo diferente

A revista A.23, dirigida pelo Ricardo Paulouro, ressurgiu recentemente com redobrado fôlego.
Em primeiro lugar, com um n.º de Outono bem interessante: reportagem rara sobre o povo saharaui; notícia sobre o 10.º Festival de Cinema Imago, com um tema guloso: sexo; entrevista ao escritor Manuel António Pina; conto do fantástico Manuel da Silva Ramos; viagem de Tiago Salazar pelo terroir do atraente tinto Rioja; portefólio de José Manuel Rodrigues, etc., etc..
Em segundo lugar, surge com um site renovado, com bom grafismo, muitas rubricas novas, excelentes colaboradores e uma combinação única entre local, regional, nacional e internacional!!
Por fim, o n.º de Inverno é bem capaz de nos reservar melhores surpresas! É só uma questão de se estar atento. A distribuição é feita pela Vasp, por isso, a revista, em formato A3, está presente em muitas bancas, além da cadeia de livrarias da Colibri.
Para quem quiser dar uma olhada nos 5 n.ºs anteriores pode ir aqui.
Ao projecto e à equipa desejo boa sorte e perseverança, para bem dos leitores de imprensa!

Aline Calixto, o novo sabor do samba

aline calixto _ clave do sul O que há de novo na MPB? Musicalmente, nada de novo no Reino Tupiniquim. Apenas promessas. E de promessas o purgatório está cheio. O que realmente tem aparecido de novidades são as “inhas”: meninas bonitinhas, musiquinhas redondinhas, letrinhas quadradinhas e artistas fominhas (tipo multifacetadas - aliás, elas adoram usar esta maldita expressão durante as entrevistas para os globais Jô Soares e Serginho Não Sei O Que Das Coves). Mas tudo tem uma exceção. E essa exceção chama-se Aline Calixto, que há muito deixou de ser uma promessa pra se tornar uma grata realidade.

Graças ao bom Deus, Aline não é a dita artista multifacetada. Tem coisas próprias sim, mas também grava e recria outros bons compositores. Carioca de nascimento e mineira de criação (onde vive há mais de 20 anos – tem hoje 27), Aline trouxe novo sabor, brilho e frescor ao samba.

Nascida para o samba em Vicosa (MG) e consagrada na Lapa (RJ), ela sabe como ninguém a receita exata de como fundir o samba carioca ao das rodas mineiras, com ingredientes que vão desde os mais tradicionais, como compositores do calibre de Ataulfo Alves, Geraldo Pereira, Monarco e Nelson Sargento, com o sangue novo (e bom) dos mineiros Rodrigo Santiago, Toninho Geraes, Toninho Nascimento, Affonsinho e Renegado. Seu disco bem que poderia ser chamado de “Sabores”. Tem gosto original. Não é aquela mesmice de um prato requentado servido à la carte pela poderosa industria fonográfica. Enfim, é um disco para paladares exigentes.

Para aqueles que realmente gostam de novidades na MPB, Aline Calixto é o que de melhor surgiu em Pindorama nos últimos anos. O resto são coisinhas que o tempo se encarregará de esquecê-las. Para saber mais: site, blogue, MySpace e Twitter. Como se vê, ela também é uma verdadeira WEB 2.0. Saravá!

Passado e futuro nas urnas do Uruguai

Este domingo, o povo uruguaio foi chamado a pronunciar-se em várias eleições: presidenciais, legislativas e referendos. Nas presidenciais o candidato da coligação de esquerda, a Frente Amplio, quase evitou uma 2.ª volta (a realizar a 29/XI). Nas legislativas, a mesma coligação assegurou maioria parlamentar (e no Senado, caso ganhe as presidenciais). Na América do Sul, continuam a dominar os governos de esquerda ou centro-esquerda.
A outra votação foi a relativa a 2 referendos. Um destes respeitava à anulação da Lei da Caducidade (de 1986), a qual dificulta o julgamento de militares e polícias por crimes contra os direitos humanos cometidos durante a ditadura militar de 1973-85. Infelizmente tal proposta foi rejeitada, ainda que por pouco (teve 47,36% dos votos). Em 1989 fora ratificada, também em referendo, mas por mais votos (57%). A maioria dos eleitores uruguaios ainda não se predispôs a dar mais poderes à justiça no caso dos militantes de esquerda desaparecidos ou assassinados após tortura durante a ditadura e cujos familiares querem ver reabilitados a sua memória. Ainda assim, e por iniciativa do actual governo, já dois dos principais torcionários foram julgados e condenados, incluindo o ex-ditador Gregorio Alvarez, por crimes contra a humanidade. Esta lei, também conhecida como Lei da Impunidade, foi considerada inconstitucional pela Assembleia Geral do Congresso do Uruguai e pela Corte Suprema (Tribunal Constitucional), no início do ano. O que abriu caminho para o julgamento de vários processos (vd. aqui e aqui). E deu alento ao esforço de movimentos cívicos e de defesa dos direitos humanos para trazer a questão novamente para o debate público.
Nb: na imagem, a 14.ª Marcha do Silêncio, em Montevideo, a favor da realização do novo referendo pela revogação da Lei da Caducidade (retirada daqui).

domingo, 25 de outubro de 2009

Festival de banda-desenhada da Amadora na 20.ª edição

O Festival Internacional de BD da Amadora regressou esta 6.ª feira, e com aniversário redondo. Em destaque, Astérix e a «turma da Mônica», e tributos a Vasco Granja e Adolfo Simões Müller, além do reforço do contingente português. O FIBDA é já um evento incontornável na área, mas com debilidades na programação e no projecto (vd. aqui a análise de Carlos Pessoa).

Com que voz

«Com que voz» é um grande, um imenso documentário de Nicolas Oulman sobre o seu pai, Alain Oulman, premiado na edição de 2009 do DocLisboa. Para mim, que sabia vagamente que Alain Oulman compusera músicas e escrevera letras para Amália Rodrigues, o documentário foi a oportunidade de descobrir uma grande figura do recente passado português, europeu, universal. Fiquei a saber que Alain Oulman foi também homem de negócios por condicionamento familiar, encenador, prisioneiro da PIDE e exilado, editor em Paris de Mário Soares, Patricia Highsmith e Amos Oz. O documentário é muito bom. Não é apenas uma história bem contada, tem momentos sublimes. As entrevistas não são simples depoimentos, possuem um tom de intimidade e pudor que talvez só pudesse ser captado por um filho do biografado. Para quando uma daqueles livros volumosos com uma biografia de Alain Oulman?

sábado, 24 de outubro de 2009

E Crumb recria o Universo

peao E não é que o santificado ícone da cultura underground dos comics resolveu recriar o Universo. É isso mesmo. Só que não foi em 7 dias. Tudo bem que o cara é também considerado por muitos um Deus lisérgico da Banda Desenhada. Mas tem lá os seus limites como qualquer outra criatura na face da Terra.

Depois de 4 anos de intensos estudos, Robert Crumb editará no próximo dia 29 sua tão aguardada versão ilustrada dos 50 capítulos do Livro do Gênesis. O lançamento ocorrerá simultaneamente nos Estados Unidos, 10 países europeus e Brasil.

Cheap Thrills Para aqueles que esperam do criador de “Mr. Natural” e “Fritz the Cat” uma adaptação livre tipo sexo, drogas e rock 'n' roll certamente quebrarão a cara. Nesse trabalho, o autor optou por seguir o texto original sem qualquer outro simbolismo ou perversão. “Delírios ou não, as histórias do Gênesis são maravilhosas, como todos os mitos. Por que mudá-las? Um Deus mulher. E preta, porque não. E, além disso, revelo, o desenhei como me apareceu num sonho... E olha que estou sóbrio há muitos anos”, diz Crumb. Enfim, parece-me que a Bíblia está na moda.

PS. Clumb também fez a famosa ilustração da capa do disco “Cheap Thrills” (1968), da sua grande amiga Janis Joplin.

Fonte e imagens La Vanguradia (ES).

«Dois homens de boa fé...»


«Dois homens de boa fé sempre se podem entender», conclui José Saramago no fim do debate com o teólogo, poeta e padre José Tolentino de Mendonça, moderado pelo jornalista do Expresso José Pedro Castanheira. Mas alguns desentendimentos do debate são bastante interessantes e vale a pena ouvi-los, e ver a cara dos interlocutores, neste vídeo.
Ontem só vi uma parte do debate entre José Saramago e o padre Carreira das Neves na SIC. Carreira das Neves teve em dificuldade de sair da pele de especialista que emprega termos inacessíveis ao grande público. E não foi capaz de explicar uma questão básica: por que é que a Igreja Católica não faz uma leitura literal da Bíblia. É que o cristianismo, em rigor, não é uma «religião do livro», como o islamismo. Antes do Corão não havia islâmicos. Quando os textos do Novo Testamento foram reunidos o cristianismo já existia há pelo menos um século. O cristianismo acredita numa pessoa – Jesus da Nazaré – que fez de outras pessoas o fundamento da Igreja. O Corão foi ditado por Alá. Cristo não escreveu uma linha da Bíblia. É à luz da passagem de testemunho sobre a vida de Cristo, da tradição e da tentativa de compatibilizar fé com razão que a Bíblia é interpretada pela Igreja Católica.
É claro que os textos da Bíblia podem ser interpretados de acordo com outras fés ou de nenhuma fé. Como tudo o resto nesta vida.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Nadav Kander vence Prix Pictet 2009

Nadav Kander O israelita radicado no Reino Unido, Nadav Kander, foi o grande vencedor da segunda edição do Prix Pictet para a sustentabilidade ambiental, cujo tema deste ano foi “Terra”. Kander foi escolhido pelo trabalho “Yangtze, The Long River Series (2006-07)”, que mostra as bruscas mudanças na paisagem nas localidades ao longo das margens do rio Yangtze. O anuncio foi feito hoje por Kofi Annan, ex-secretário geral da ONU e presidente honorário do Prix Pictet. Mais informação aqui.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Prix Pictet

Será divulgado amanhã o vencedor da segunda edição do Prix Pictet, concurso internacional de fotografia que destaca temas relativos à sustentabilidade. O tema deste ano foi “Terra” e reuniu mais de 300 trabalhos de todo o mundo. Clique na imagem pra ver todas as fotos finalistas ampliadas e detalhes sobre os respectivos fotógrfos.

Activismo Cultural


Martin Firrell é activista cultural e projecta mensagens digitais inesperadas em edifícios públicos, no caso da imagem que ilustra este apontamento, a St. Paul's Cathedral em Londres. Aqui fica!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A última peça do puzzle saramaguiano


«Saramago: Há muita coisa na Bíblia que vale a pena ler»

Nb: sobre esta polémica outonal com final feliz, entretanto a concorrência veio no nosso encalço e lá desenrascou vários posts interessantes, que recomendo - «Caim» e «Falta-lhe a pátina, ainda bem...» (jrd); «Versículos satânicos» (Ricardo Noronha); «Bíblia» (Bruno Sena Martins); «Parte do ‘manual de más práticas’ de que eu gosto» (Nuno Ramos de Almeida); «Ópio do Povo» (Zé Neves); «um herege dos pequeninos» (Pedro Vieira). A imagem reproduz um cartoon de Mel Calman e é repescada duma série de posts que publiquei no Peão, em IX/2008, e que teve início precisamente nessa «Insegurança celestial».

Protestos e protestantes



Estas reacções de um eurodeputado do PSD e «católico não-praticante» às declarações de José Saramago são uma parvoíce. Tenho de reconhecer que o baptista Tiago Cavaco reagiu com muito mais nível (ver aqui o poste de 2.ª feira). E estou à vontade para reconhecê-lo pois geralmente não estou de acordo com as posições religiosas ou políticas do Tiago Cavaco.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Outono

E esta canção que me invadiu o espírito com as primeiras chuvas e o primeiro frio, Rod Stewart, 'In a Broken Dream' -- Song Premiere - Spinner# .
Desculpem, não ter conseguido postar de uma maneira mais eficiente.

No que dão as maiorias absolutas...

(a acompanhar por este outro artigo: «Manuel Salgado e serviços contradizem-se nos números»)

Debater Saramago

Este post começou por ser um comentário ao post anterior do Daniel Melo, como o meu primeiro texto começou por ser um comentário ao JRD. Mas como o tema pedia um certo desenvolvimento decidi atirá-lo para a linha de frente do blogue. Esta entrevista que o Daniel Melo lincou não corresponde às declarações de Saramago no lançamento de Caim. Mas cá vai o meu comentário: acho piada o Saramago dizer que não se deve deixar a Bíblia nas mãos de um adolescente. Então um adolescente pode ler o Caim e não pode ler a Bíblia? Ou não pode ler nenhum dos livros? Isso não é um atentado à liberdade de informação e de formação? Segundo Saramago durante a minha adolescência não devia ter lido a Bíblia. Segundo algumas pessoas que conheci durante a minha adolescência não devia ler Saramago. Eu li ambos e por isso estou em condições de intervir sobre a polémica.
A visão da Bíblia como um livro repleto de violência não é nova nem é falsa. Basta pensar na personagem-narrador de Laranja Mecânica, a história de um jovem viciado na violência, na leitura do Antigo Testamento e na música de Beethoven, escrita pelo católico Anthony Burgess e levada ao cinema por Stanley Kubrick. Uma distopia em que a ambição de controlar o corpo e a mente não vem da Igreja, mas da ciência e em que a defesa do livre-arbítrio subjacente à narrativa se enraíza na formação católica do autor. Se pensarmos bem quem é que hoje em dia exerce maior controlo sobre o corpo dos portugueses: a Igreja Católica ou a ASAE?
Saramago tem toda a legitimidade para apresentar a sua visão da Bíblia, como eu tenho para o contestar. Vamos então às questões de fundo segundo o Daniel Melo: a irracionalidade das religiões e o seu carácter opressivo. A fé tanto pode ser um instrumento de dominação como de libertação. Uma das linhas narrativas fundamentais do Antigo Testamento é a libertação do povo hebraico do domínio egípcio e a busca da terra prometida. Mesmo dentro da sociedade hebraica descrita na Bíblia há uma forte tradição profética de denúncia dos abusos dos poderosos. Esta vertente libertadora das religiões não é exclusiva da tradição judaico-cristã. Recentemente os monges budistas têm desempenhado um papel importante na luta pela democracia no Myanmar, como se pode ler aqui (por acaso um site católico).
A condição humana tem um lado irracional. E as religiões, sendo vividas por humanos transportam essa irracionalidade. Há desenvolvimento religiosos patológicos, mas o que está na sua origem é uma busca de sentido. O que eu leio na Bíblia é um constante questionamento das razões de Deus – que tem um dos seus pontos mais radicais no Livro de Job – e das razões dos homens. Leio também na Bíblia uma racionalização da violência e uma apresentação das razões da não-violência. A primeira aparece de forma primitiva na lei do talião - «olho por olho, dente por dente», que era uma forma de interditar a morte ou a vingança sobre os familiares de quem partisse um dente ou arrancasse um olho a outra pessoa. O Novo Testamento vai mais longe ao propor «amar o próximo como a si mesmo» e «amar os inimigos.» Há outra frase que também se encontra por lá, da qual eu gosto muito e que não é estranha ao conceito de laicidade: «Dai a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.»

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O céu pode esperar

As declarações pirómanas de Saramago no lançamento mundial do seu último romance, em Penafiel, tiveram o condão de atear uma polémica brava. Para o escritor ser-lhe-á indiferente, ou mesmo desejado, segundo a lógica de que o que é polémico chama mais a atenção e, logo, lê-se mais. Mas, atendendo à progressão errática que bafeja a história das polémicas, receio que nos percamos no estilhaçar aleatório de faúlhas (sobre isso escrevi em post anterior).
João Miguel Almeida diz-nos, neste estimulante post, que o problema das declarações do nobelizado é serem inconsistentes, e não politicamente incorrectas ou infelizes. E, para o provar, procura mostrar-nos a debilidade dalguns dos seus argumentos, independentemente da validade do debate dos assuntos aventados.
Vou por outro caminho: há que procurar nessas declarações um fundo. E o fio condutor que topei, posso estar errado, é este: a irracionalidade das religiões. Sobre isto, o debate será muito difícil, pois os argumentos serão nano-mini-micro, piquenos, médios ou grandes consoante a posição do leitor, a sua fé ou falta dela. Entendamo-nos: o que Saramago nos quer transmitir não é uma leitura literal da Bíblia, mas sim dizer que os livros sagrados foram construídos como instrumentos abusivos de poder, de dominação (simbólica e não só) dos outros, e sem ligação a uma argumentação, a uma persuasão racional. E, por isso, provocaram e instigarão medo, violência, obscurantismo, subjugação, monolitismo. Basta ver a evolução histórica da questão da laicidade. Na minha opinião, esta é uma opinião legítima. Eu discordo dela, acho-a excessiva (por estas e outras razões), mas também a considero legítima. E mais, não só a acho legítima como a acho pertinente para debater a questão do uso político, social e cultural das religiões.
PS: para quem quiser tirar o filtro jornalístico dos resumos com soundbytes e confrontar uma declaração directa e sem cortes de Saramago, pode ver esta sua entrevista à Folha de S. Paulo.

Hortas no Museu do Traje

Ainda está aberta a admissão de candidaturas ao cultivo de talhões de horta no Museu do Traje. A ideia é genial e o espaço, no meio do Parque do Monteiro-Mor, maravilhoso.
A inscrição faz-se na bilheteira/loja do museu e convém levar envelope, porque a atribuição dos 100m de terra faz-se por licitação, ou seja, quem dá mais, começando por 0,10 euros por metro (o valor é pago ao ano).
O meu envelope já repousa no meio das outras candidaturas e parece que este ano a coisa está renhida.
Se tudo correr bem, acho que vou precisar de conselhos hortícolas e ajuda para cavar.
Imagem: Carl Larsson- La récotle des pommes, 1904-1906.

Uma tarde literária

Feliz, o aniversário de Agustina Bessa Luís organizado pelo CCB. Num ambiente descontraído e pontualíssimo, Mega Ferreira apresentou a escritora e, para aquela tarde, os seus «leitores»: Maria João Seixas, Fanny Owen; Pedro Mexia, As fúrias; Leonor Silveira, Vale Abraão. O próprio Mega Ferreira leu excertos de A Sibila.
Cada um falou das razões da sua escolha e do seu gosto por Agustina, da narrativa em «roda livre» para Pedro Mexia, do «fino sarcasmo» para Maria João Seixas que nos deliciou e divertiu com o prefácio e início de Fanny Owen e das evidentes ligações cinematográficas para Leonor Silveira.
Só faltou a voz de Luís Miguel Cintra que, para mim, sempre parece soar na leitura de Agustina.
Uma belíssima tarde literária que espero se volte a repetir na evocação programada para Jorge de Sena.

A polémica antes do romance

Tenho uma certeza acerca de Caim: vou ler o romance e vou lê-lo em breve, abrindo uma excepção à disciplina auto-imposta de não perder muito tempo com leituras que não estejam directa ou indirectamente relacionadas com a minha investigação em curso. Vou lê-lo não por causa das declarações de José Saramago, mas apesar delas, confiante na capacidade narrativa e poética do escritor, atestada na leitura de outros romances como O Ano da Morte de Ricardo Reis e Ensaio sobre a Cegueira. O meu interesse foi aguçado pela leitura do início do romance, aqui. O problema com as declarações de Saramago não é serem politicamente incorrectas ou infelizes. A iconoclastia faz parte da tradição cristã. O próprio Cristo deu as suas chicotadas no templo e escandalizou muita gente. Luís Buñuel, que foi o realizador mais radical na sátira ao catolicismo, considerava-se «ateu pela graça de Deus» - cfr. O meu último suspiro, o livro de memórias do génio espanhol.
O problema é a inconsistência das declarações de José Saramago, que se podem ler aqui. Começa por não entender o estatuto do texto bíblico ao compará-lo ao Corão. Segundo a fé islâmica o Corão foi ditado por Deus. Os livros da Bíblia são testemunhos da fé, textos de sapiência, leis, cartas, etc. A carta de um apóstolo não tem o mesmo estatuto de um versículo ditado directamente pelo Deus. Essa é também uma das razões por que a exegese bíblica está muito mais desenvolvida do que a do Corão.
É irónico que Saramago cite Hans Küng, um dos maiores teólogos católicos, profundo conhecedor da Bíblia e que também escreveu um extenso volume sobre o Islão, para fundamentar as suas afirmações. Hans Küng pode ter dito que historicamente a ideia de Deus afastou as pessoas. Mas certamente a teologia que formulou não serve o mesmo desígnio.
Saramago ataca a ideia de inferno. Não sou eu que a vou defender. Há igrejas cristãs protestantes que não acreditam no inferno. Mas o exemplo que o escritor dá para refutar a ideia de inferno é ridículo: «Nós, os humanos somos muito mais misericordiosos. Quando alguém comete um delito vai cinco, dez ou quinze anos para a prisão e depois é reintegrado na sociedade, se quer.» Passo por alto pela hipótese da necessidade de perdão pregada pelo cristianismo ter influenciado a concepção da punição como forma de reabilitação do criminoso. Os humanos mais severos condenam, no máximo, um criminoso a quinze anos de cadeia? Então que pena é que devia ter Hitler? Ou, para citar um exemplo de Saramago, um instigador das Cruzadas? Na China, onde a influência judaico-cristã é mínima, a pena de morte é aplicada a crimes que nos parecem leves.
O romancista termina acusando de idiotia a concepção de que o mundo foi criado em sete dias, concepção que de facto se encontra na Bíblia, mas não é levada no sentido literal do termo nem pela Igreja Católica, nem pelo judaísmo, nem por várias igrejas protestantes.
Nota final: Saramago fala como se as pessoas fizessem guerras em nome de uma abstracção, de um ser nunca visto. Todas as teologias são antropologias e sociologias. E as ideologias ateias também. São concepções do homem e da sociedade que estão na origem dos conflitos. Se o trabalho intelectual pode evitar guerras ou atenuar conflitos é aí que tem de se focar.

Forma e conteúdo

O último romance de José Saramago, Caim, já está aí nos escaparates, e a coisa promete dar brado. Pelo menos quanto às suas declarações de lançamento - p.e., «a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana» (vd. mais aqui). As críticas bombásticas não se ficam pela Bíblia, alarga-as ao Corão, enfim, a todas as religiões. Sobre o livro, há que lê-lo. Sobre as declarações, há quem diga que foram infelizes, não na substância mas na forma: aqui levantará, seguramente, polémica (mas, atenção, JRV, que ele não qualificou ninguém de estúpido). Cabe relembrar que Saramago gosta de lançar debate e polémica nos seus lançamentos e noutras declarações, digamos, de intervenção política ou cívica. Seja como for, o contraproducente será se se ficar só pela forma destas declarações e não se olhar para o romance, o princípio de tudo isto.

domingo, 18 de outubro de 2009

Fogo acaba com acervo de Hélio Oiticica

Pelo menos 90% das obras do artista plástico tropicalista Hélio Oiticica foi destruída devido a um incêndio na noite de ontem no primeiro andar da casa da família. Lá estavam abrigadas mais de 1.000 peças do acervo do “Projeto Hélio Oiticica” e quase nada se salvou.

A expressão “Tropicália” teve origem em um projeto ambiental do então arquiteto Oiticica na exposição “Nova Objetividade Brasileira”, exposta no MAM no Rio de Janeiro em 1967. Esta mostra teve como objetivo a busca de uma linguagem estética puramente brasileira, confrontando-a com os grandes movimentos artísticos mundiais.

O vídeo “H.O” (aqui dividido em 2 partes), de Ivan Cardoso (1979), focaliza a obra de Oiticica, com texto poético de Haroldo de Campos. Participam também: Caetano Veloso, Carlinhos do Pandeiro, Ferreira Gullar, Lygia Clark, Nildo da Mangueira, Nininha e Waly Salomão. Mais.

sábado, 17 de outubro de 2009

Importa-se de repetir? - parte II

Só em jeito de adenda ao post anterior: Beth Humphrey e Terence McKay - a quem um juiz do Lousiana negou o casamento por serem um casal "inter-racial" - casaram-se mesmo. Bastou irem pedir a outra freguesia (literalmente, foram pedir a uma outra juíza de uma vila vizinha, e esta aceitou casa-los). Entretanto Beth e Terence apresentaram queixa contra Keith Bardwell, o primeiro juíz que lhes tinha negado o casamento.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A pantera mais famosa do universo anda por aí...

Definitivamente, este é o mês da 'bonecada', aqui no Peão. Depois da Mafalda, Rat race, Astérix, Picha, Marge Simpson, GoRRo (este em tributo não-póstumo, a contra-corrente dos costumes lusos), eis a vez da Pantera Cor-de-rosa!! Faz 45 anos que começou a sua saga em cinema de animação, após a estreia e êxito imediato enquanto genérico do filme humorístico homónimo, no ano anterior. Este filme devia o nome ao facto do seu enredo girar em torno dum valioso diamante desaparecido, que visto à luz reflectia uma pantera.

The Pink Panther é um filme de Blake Edwards que ficou célebre por 4 razões: a comicidade do seu argumento, o desempenho do protagonista (um Peter Sellers no memorável papel dum desastrado inspector francês, o inspector Clouseau), o genérico inicial com a tal animação da Pantera Cor-de-rosa (pelo talentoso animador Friz Freleng, o mesmo dos Looney Tunes) e a fabulosa música da banda sonora, por Henry ManciniPink Panther Theme»).

Depois disso, a saga continuou, tanto em filme como em animação. Na animação, deu origem a 124 curtas-metragens em 16 anos. Estas foram entretanto editadas em dvd pela produtora. A partir de amanhã, e até 16/XII, o jornal Público lança em Portugal a colecção completa em 10 dvd's. Para quem não pode adquirir mas tem saudades, aqui fica um dos sites possíveis para ver, com boa imagem, uma parte da gostosa colecção do felino mais famoso do universo.

Deixo ainda outros destaques: no vídeo ao lado segue o trailler do filme original, na vez do genérico (pois está inacessível devido aos copyrights); em 2006, surgiu um novo filme da saga, desta feita com Steve Martin e também com um excelente genérico animado; por essa altura, Bobby McFerrin cantou, no seu modo único, o «Pink Panther Theme». É também imperdível esta versão ao vivo da mesma música, aqui fiel ao original, com excelentes solos de jazzmen.

Importa-se de repetir?

Um juíz do Louisiana recusa casamentos a casais inter-raciais. E - surpresa das surpresas - o dito cujo juíz diz que não é racista, que até tem montes de amigos negros, e que até concordam com ele. Ele acha simplesmente que os casais inter-raciais não duram muito tempo. E mais, os filhos desses casais sofrem muito por serem mestiços, porque não são aceites nem pela sociedade branca nem pela sociedade negra (de caminho ficamos a saber que na cabeça desta gente há uma sociedade branca e outra negra). Mas esperem lá, o presidente dos EUA não é filho de um casal inter-racial?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

História de Lisboa

Outra proposta para a agenda cultural, embora mais desorganizada que as boas sugestões que o Daniel nos tem dado (aqui e aqui), porque a série de conferências já começou é a do ciclo Em torno da História de Lisboa: tempos fortes no Gabinete de Estudos Olisiponenses.
A que vi, que apanhei a informação com atraso, sobre Lisboa quinhentista analisava, sobretudo, as escolhas do urbanismo.
Acabei por ficar com a imagem dos quase diários passeios de barco entre o Terreiro do Paço e Santos que D. Manuel fazia para ir apanhar bons ares ao Palácio de Santos-o-Velho.
Mas como cada conferência tem o seu orador, imagina-se que a perspectiva vá variando.
Além disso, qualquer pretexto é bom para um passeio de fim de tarde até ao Palácio do Beau Séjour; sendo as conferências no Salão Dourado ainda se pode admirar O Carnaval de Veneza de Columbano.
E como é organizado pelo Gabinete de Estudos Olisiponenses também se pode ir fazendo pressão sobre a abertura e acesso ao Arquivo Municipal (queixa, aliás, reforçada pelo conferencista).

Tck Tck Tck Tck (Beds Are Burning)

“Como podemos dançar se o mundo está virando?” “Como podemos dormir se a nossa cama está queimando?”. São com estas perguntas que a campanha “Tck, Tck, Tck, Tck” pretende sensibilizar o mundo perante as mudanças climáticas.

O Fórum Humanitário Global lançou o vídeo da sua campanha "Beds Are Burning" e conta com o apoio de mais de 60 estrelas musicais e celebridades internacionais, entre eles Duran Duran, Mark Ronson, Jamie Cullum, Melanie Laurent, Marion Cotillard, Milla Jovovich, Fergie, Lily Allen, Manu Katche, Bob Geldof, Youssou N'Dour, Yannick Noah e outros.

Toda música baixada contará como uma petição digital exclusiva com as pessoas assinando seus nomes para exigir que os líderes mundiais cheguem a uma negociação ambiciosa, justa e global na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança climática em Copenhague, que começa no dia 6 de dezembro.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

DocLisboa regressa amanhã

O maior festival português de cinema e referência no documentário a nível mundial regressa às salas de Lisboa entre 15 e 25/X.

Da 7.ª edição do DocLisboa destaco, à vol d'oiseau, a ante-estreia da última provocação de Michael Moore (Capitalism: a love story), documentários sobre a bola (p.e., Garrincha, alegria do povo, de Joaquim Pedro de Andrade), bola e resistência (Futebol de causas, de Ricardo Antunes Martins), fotografia, memória e resistência (48, de Susana Sousa Dias) e música (o samba em Saravah, de Pierre Barouh).

Além disso, haverá um ciclo de histórias de amor (afinal, não são coutada da ficção), uma homenagem ao norte-americano Jonas Mekas e uma retrospectiva sobre o documentário pós-jugoslavo.
Para quem estiver interessado em dar uma olhada na programação pode ver «Filmes de A a Z» ou a ordenação por dias aqui.

Talvez por os organizadores do DocLisboa terem rompido com a RTP, pretextando não promover o evento, o canal 2 programou para esta semana um documentário sobre a vida e a obra do arq.º Nuno Teotónio Pereira (sáb., 21h).

Uma útil lista de festivais de cinema em Lisboa no ano 2009/2010 pode ser vista aqui.

E prontos, pessoal, aqui fica um cheirinho do que aí vem...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A política para além da política

Começou hoje o ciclo de conferências «A política para além da política», organizado pela Unipop e pelo Teatro Maria Matos. O ciclo decorre semanalmente, às terças-feiras, até 24/XI, e o programa pode ser consultado aqui. Cada sessão conta com duas palestras, seguidas de debate. Eis o menu, e respectivas sugestões prévias de leitura:
Para o debate de dia 20 de Outubro…
ERIC HOBSBAWM E AS POLÍTICAS DE IDENTIDADE

Para o debate de dia 27 de Outubro…
A MULTIDÃO DE E.P.THOMPSON

Para o debate de dia 3 de Novembro…
PIERRE BOURDIEU E O MISTÉRIO DO MINISTÉRIO

Para o debate de dia 10 de Novembro…
POLÍCIA, POLÍTICA, FOUCAULT E RANCIÈRE

Para o debate de dia 17 de Novembro…
PETER PÀL PELBART, BIOPOLÍTICA E BIOPOTÊNCIA NO CORAÇÃO DO IMPÉRIO

Para o debate de dia 26 de Novembro…
BADIOU, FILOSOFIA & POLÍTICA
Nb: na 1.ª sessão abordou-se «O populismo» e os textos recomendados, de Ernesto Laclau, podem ser consultados aqui.

“Picha” e “Os Mágicos Olhos das Américas” no Afro Brasil

pichaA inédita exposição “Picha”, com obras de roteiristas e desenhistas de 16 países africanos, será apresentada no Museu Afro Brasil (São Paulo), de 15 de outubro a 8 de novembro. O evento reunirá originais de desenhos, álbuns, revistas e publicações de jornais e revistas, além de um grande banco de dados com informações sobre diversos desenhistas, chargistas e caricaturistas. Picha é uma corruptela de “picture” e quer significa “desenho” na língua suali.

os magicos olhos das americasTambém no mesmo local, já está em andamento a mega exposição “Os Mágicos Olhos das Américas”. A mostra reúne cerca de 300 obras de artistas brasileiros e estrangeiros, destacando as potencialidades da cultura ibero-americana e a produção cultural como elo de países como Brasil, Espanha, Portugal, demais países da América Latina e da África. Mais informações no site do Museu Afro Brasil. Saravá!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

No rescaldo das eleições locais portuguesas

Logo que fecharam as urnas, às 20h de ontem, disparou a corrida às leituras político-partidárias dos resultados das eleições locais para um nível nacional. É compreensível, embora o jogo mediático chegue a ser tão afunilado (em termos de posicionamento político dos comentadores, das questões colocadas, etc.) e ininterrupto que causa cansaço. Como independente, estou fora desses jogos de poder, que me parecem estreitos, empobrecedores (by the way, este post de Tiago Mota Saraiva ajuda a desconstruir o dilúvio de comentários e análises interesseiramente bipolarizadoras, no estilo boxeur).
Seja como for, parece-me importante partilhar alguns contentamentos e desapontamentos.
Do lado positivo, o facto do centro-direita e direita coligados não lograrem expandir uma estratégia que muitos pensavam imparável (vd. análise aqui). Isso ficou bem patente em Lisboa, onde saiu vitorioso o acordo coligatório que reconciliou a família socialista alargada (incluindo aqui a corrente alegrista de Roseta e dos Cidadãos por Lisboa), ainda que sem maioria na assembleia municipal, o que felizmente permitirá fiscalizar eventuais desvarios. Por fim, o facto dos movimentos independentes terem tido algum destaque, ainda que, por ora, muito centrados na figura de autarcas desavindos com os seus anteriores partidos. Aqui ainda há muito caminho a trilhar, a começar pela necessidade dos projectos superarem um presidencialismo excessivo e, frequentemente, caciquista. Presidencialismo esse que, note-se, foi fomentado pelo próprio sistema eleitoral, que até 1995 não permitia candidaturas independentes e até 2014 não colocava prazos para mandatos, gerando o fenómeno dos chamados autarcas «dinossauros» e tirando pressão para a necessidade de coligações partidárias e/ou com movimentos independentes (sobre as entorses geradas pelo sistema eleitoral vd. ainda este post).
Do lado negativo, a habitual desvalorização mediática (ou semi-ocultamento) dos partidos da esquerda assumida, sob o pretexto da bipolarização (a desculpa habitual), condicionando ainda mais as escolhas onde o «voto útil» foi mais agitado, casos do Porto e de Lisboa. E, quanto a partidos, o facto do Bloco de Esquerda ter seguido uma má orientação global para estas eleições, ensimesmada, sem abertura a compromissos precisos ou coligações, sem rasgo nem projecto autárquico, e com um défice de envolvimento e divulgação atempadas. Ou seja, reincidiu no erro de concentrar as suas energias no parlamento e numa linha de irredutibilidade, de pureza programática. Em Lisboa, isso associou-se a outros erros de palmatória: após a ruptura (inevitável e lamentável) com Sá Fernandes apagou-se a sua intervenção municipal, não procuraram acordos (com a CDU, p.e.), quase não fizeram campanha, o programa foi pouco divulgado, e mostraram-se indisponíveis para aceitar um possível pelouro (ao invés da CDU, mais hábil), ou seja, para dar o salto para o poder e seus compromissos num quadro de separaçao entre níveis local e nacional, mesmo num caso especial como é o da capital, onde já houve coligações de esquerda vitoriosas e onde nas eleições intercalares de 2007 a esquerda à esquerda do PS obteve c. de 1/3 dos votos (Roseta, CDU e BE+Sá Fernandes). Por tudo isso, foi fortemente penalizado em Lisboa, onde o «voto útil» à esquerda predominou por falta duma alternativa forte, reduzindo em muito as representações do BE e da CDU (com menor efeito nesta) a favor da travagem dum Santana Lopes de má memória (e da derrota do «voto útil» à direita, note-se). Sobre tudo isto, Daniel Oliveira fez já uma oportuna análise crítica, enquadrada num debate político-partidário interno, ainda que discorde dalguns pontos, como o de omitir a necessidade de dar prioridade à procura de entendimentos com a CDU e certos movimentos cívicos e de independentes.
Mas esses erros de orientação têm consequências mais vastas, que deveriam ser reflectidas. A questão é esta: se este partido quer ser charneira, dinamizador à esquerda e ter uma implantação nacional consolidada não pode apostar só no parlamento. Tem que reflectir seriamente numa implantação nacional a outros 2 níveis: social local, criando e apostando em dinâmicas locais e enraizando as suas estruturas; e cultural, reforçando o debate e circulação de ideias, valores e representações e a partilha e circulação de mundividências e actos culturais - revistas, centros culturais, atenção aos movimentos associativos e eventos transversais de debate e cultura fazem falta. Quanto a coligações, e já que a sua prioridade é travar maiorias absolutas de direita, então tem necessariamente que procurar negociar com a CDU (e certos movimentos de cidadãos) nos municípios em que essa situação se coloca (e são muitos!).
E termino por aqui, pois o post já vai longo.
ADENDA: entretanto, topei com outros 5 posts sobre o assunto, cuja leitura recomendo: «E agora?», de Rui Bebiano; «Bloco de Esquerda», de Zé Neves; «12 problemas para um debate», de Daniel Oliveira; «Lisgoa e outras observações», de Ricardo Noronha; «O Bloco nas autarquias», de Margarida Santos.

domingo, 11 de outubro de 2009

Um adeus saudoso (e diferente!) à propaganda de campanha

Já que estamos em final de noite eleitoral, despedimo-nos com outro cartaz antológico, este do PSD-Almada. Neste caso, não tanto pelo cartaz em si, mas mais pela 'mensagem', o slogan: «A diferença de fazer diferente». Em Almada, a CDU também deu luta neste item, com um slogan que só vi em cartaz e, misteriosamente, não topei na Internet: «Confiança [...] e certeza mais» (faltam-me algumas palavras do meio, que não consegui reter).
Sobre o primeiro, pode ler-se aqui uma avaliação crítica construtiva e pedagógica: é verdade, ainda há quem se dê a esse trabalho, para bem da língua portuguesa. E quiçá, na esperança de evitar futuros acidentes rodoviários, pois ler estes cartazes na estrada distrai qualquer condutor...

Marge Simpson aparece nua na capa da Playboy

“The Devil in Marge Simpson” (O Diabo em Marge Simpson). Assim é a chamada de capa da edição norte-americana da revista Playboy que circulará em novembro. Não, não é piada. Esta é uma homenagem da revista para comemorar o 20º aniversário dos “The Simpsons”.

Ainda não foi divulgado o quanto Marge irá mostrar nas páginas da revista, mas, segundo o diretor editorial, James Jellinek, as imagens serão “muito, muito ousadas”. E tudo sem as famosas photoshopadas com que a revista destaca os atributos naturais das mulheres de carne e osso. Assim creio eu.

Fonte Abril.com

sábado, 10 de outubro de 2009

50 anos dum poder local especial...

...o da aldeia gaulesa de Astérix e Obélix!! Isso mesmo, as Aventuras de Astérix festejam o redondo feito este mês, e já têm festa a preceito: o lançamento da bd comemorativa O aniversário de Astérix e Obélix - o livro de ouro, com estreia mundial às 0h00(,01s?) de 22 deste mês.

Os contornos do futuro 'banquete' foram anteontem revelados pelo desenhador Albert Uderzo e pela filha do argumentista René Goscinny, Anne Goscinny.

O pequeno mundo dos «irredutíveis gauleses» teve a sua estreia a 29/X/1959, no 1.º n.º da revista francesa Pilote. A dupla Goscinny & Uderzo prosseguiu com esta epopeia em forma de bd até 1977, ano da morte do argumentista.

Mais info no blog Astérix, e no site oficial.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A regra do jogo

Para além da morte anunciada dos 'dinossauros' políticos nas próximas autárquicas, pouco se falou nesta campanha sobre as distorções ao pluralismo, à democraticidade e à racionalização administrativa provocadas pelo actual sistema institucional e eleitoral autárquico.
Por isso recomendo a leitura de «Mudar as regras», do Daniel Oliveira. Para que se possa reflectir e construir uma agenda reformista que não se fique apenas pela gestão do status quo, mas que vá mais além. Que, por exemplo, procure trazer para o debate público, atempadamente, soluções para bloqueamentos com teias de aranha.

Marselha (notas das férias II)

Tive sobre Marselha um olhar deslumbrado. Edifícios de uma imponência desbotada, basílicas de arquitectura de imitação entre o Sacré-Coeur e São Marcos e praças de uma limpeza mais do que duvidosa, todos se parecem precipitar para os dois pontos mais vibrantes da cidade que são os portos; o moderno com o movimento dos navios de carga (legal e clandestina), cruzeiros e, sobretudo, o tráfego dos ferries para destinos que fazem logo planear outra viagem – Córsega, Sardenha, Tunísia e Argélia; e o velho porto que domina toda a cidade. Aí, entre o pequenos veleiros, lanchas e botes, partem também «cacilheiros» para o literário Chateau d’If, prisão do Conde de Monte Cristo e do Máscara de Ferro, e para as populares praias das ilhas de Frioul e turistas, franceses e emigrantes embarcam ruidosamente para um dia de férias, de folga ou de desemprego.
Sair e entrar de barco pelo velho porto é de uma beleza indescritível, uma sensação de viajante do séc. XIX no seu tour pela Europa.
Agora, leio Le Clézio, Deserto, e Marselha aparece menos fulgurante e antes como uma cidade cheia de medo e de ódio: «Estão todos prisioneiros do Panier. Talvez não o saibam realmente. Talvez julguem que poderão ir-se embora um dia, ir para outro lado, regressar às suas aldeias das montanhas e dos vales lamacentos, reencontrar aqueles que deixaram, os pais, os filhos, os amigos. Mas é impossível. As ruas estreitas de velhas paredes decrépitas, os apartamentos sombrios, os quartos húmidos e frios onde o ar cinzento pesa no peito, as oficinas abafadas onde as raparigas trabalham diante das máquinas que fazem calças e vestidos, as salas de hospital, os estaleiros, as estradas onde explode o estrondo dos martelos pneumáticos, tudo os segura, tudo os cerca, os faz prisioneiros, e nunca poderão libertar-se» (p.191).
Percebo que o meu olhar de turista ofuscado não corresponde a outras tantas vivências da cidade e que Marselha não é um sítio simples.
Impossível é, também, não fazer comparações com o Terreiro do Paço, fria praça ministerial para onde não se vislumbram soluções. Talvez aqui, igualmente, o olhar dos turistas vá mitigando o olhar desiludido dos lisboetas.

Activistas Greenpeace protestam nus no Sul de França

Com a cimeira de Copenhaga mesmo à porta, aqui fica mais uma iniciativa radical que une arte e ambientalistas num protesto que visa alertar para os efeitos do aquecimento global na agricultura.

Hein?!


O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu hoje o Prêmio Nobel da Paz "pelos esforços diplomáticos internacionais e cooperação entre povos".

Fuck Buttons, um potente Gardenal musical

Andrew Hung e Benjamin John Power formam o dueto Fuck Buttons, banda inglesa cujo som minimalista da eletrônica noise se propaga no ar num simples girar de botões. São rajadas de sintetizadores gagos que reproduzem as mesmíssimas notas, repetidas à exaustão até que a coisa toda penetre o ciberespaço dos nossos ouvidos indefesos e acabe por se alojar em nossa medula como um invasor ET. E esta não é nenhuma crítica construtiva.

Pra quem gosta do gênero, os Fuck Buttons acabam de lançar o segundo álbum (do primeiro não tenho sequer a ideia do nome). Trata-se do “Tarot Sport”, um disco pra ser ouvido na face oculta da lua, acompanhado de uma dose cavalar de Fenobarbital (o popular Gardenal). No mínimo.