terça-feira, 31 de agosto de 2010

Onde pára o temporizador?

Regressados de férias assalta-nos aquela sensação cíclica de fora de lugar.
O temporizador ainda não foi activado, o ritmo de trabalho está enferrujado, o tempo teima em ser de Verão… e, nós, que queríamos continuar lá no Verão e já não dá! Fomos despedidos das férias, sem contemplações.
Entretanto, retomam-se as notícias em atraso, em doses piquenas para não congestionar. Ainda assim, parece uma avalanche. Por onde começar?! O que vale é que são notícias do estio. Mas o mundo não pára.
À falta de imaginação e ritmo, opto por plagiar descaradamente uma vetusta canção duns bons metaleiros de hard rock português dos eighties:
Há quem diga que é por ser em Agosto,
eu cá digo não, é fogo posto
.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Às vezes é bom viajar devagar...

Na verdade, com o apelo à nossa consciência ecológica, o absurdo de andar o planeta inteiro metido em aviões da Ryannair, o incómodo causado por vulcões irados e o senhor que exige que tiremos os sapatos no check-in... viajar de avião perdeu a graça. Viajar devagar, contudo, parece-me mais interessante do que nunca. Aqui fica este site da Flightless Travel, cheio de ideias giras e originais.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A nova praga "ex-BBB" agora ataca a política tupiniquim

robozinhos-do-big-brother-brasil-0edecDesde a redemocratização do Brasil, nunca presenciei tanta sujeira na vida política tupiniquim. Com todo o meu respeito à arte e aos profissionais circenses, o Congresso Nacional vem se tornando paulatinamente num verdadeiro circo dos horrores, onde o que vale são os interesse pessoais e corporativos, transformando-se num verdadeiro balcão de negociatas e trambiques.

Os escândalos pipocam pra todos os lados e são tantos que não vou aqui me deter com eles. Basta dar uma rápida olhadela nos jornais, nos telejornais e na Internet pra se interar deles. Se é que você tem tempo pra essa sacal missão.

Lamentavelmente, o perfil da maioria dos políticos brazucas é formado por oportunistas de plantão que buscam na atividade política apenas pelas benesses do poder, sem qualquer projeto que beneficie a sociedade como um todo. São, na prática, verdadeiros parasitas sanguessugas dela.

São pessoas que fazem de seus mandatos mais um cabide de emprego e usam o poder conquistado como passaporte para o enriquecimento ilícito próprio e de seus aspones (para quem não sabe, “aspone” é o tal Assessor de Porra Nenhuma). Para eles, o trabalho parlamentar implica apenas na defesa de seus inconfessáveis interesses pessoas, dos familiares e dos compadrios.

Assim, é jogador de futebol de um lado. É cantor decadente do outro. E agora é vez da nova praga tupiniquim invadir o cenário político, os ex-BBBs da TV Globo. Veja notícia aqui.

São os caso, por exemplo, dos ex-participantes do programa global Jean Wyllys, Dhomini e Dilsinho Mad Max, que agora usam os seu 15 minutos de fama conquistados lá no passado para serem conduzidos a cargos públicos eletivos.

Não que eles não tenham esse direito. Claro que sim, como todo e qualquer brasileiro. Mas a pergunta que faço aos meus botões é a seguinte: o que esses caras têm a oferecer politicamente? Como botões não respondem a perguntas, o mais sensato a fazer é pensar muito bem antes de cair no conto das celebridades, que de célebres não têm nada.

É por essas e outras que o cidadão brasileiro deve pensar e repensar antes de votar em quem quer que seja, pois somente a força do voto é capaz de mudar democraticamente esta nefasta realidade política tupuniquim. Se é assim, use-a então.

Em suma, já que o voto é obrigatório, vote bem. Escolha os melhores dentro de suas concepções e ideário. A decisão é toda sua. A vida real não é feita de pedros biais, bundas e peitões siliconados (nada contra eles) ou de eunucos intelectuais compostos só de músculos. Fique de olhos bem abertos pra essa nova ameça à nossa vida política antes de lançar seu voto na urna. Politica não se faz com os ti-ti-tis dos reality shows.

sábado, 7 de agosto de 2010

O escritor fantasma


Em O escritor fantasma Polanksi mostra que aprendeu bem a lição de Hitchcock e também que aprendeu muito fora das salas de cinema. Num anúncio a um dos seus filmes, Hitchcock declarava: «Há filmes que são pedaços de vida, os meus filmes são fatias de bolo.» Os filmes dele continuam aí para vermos como é verdade. Mesmo quando conta histórias de espiões no contexto da Guerra Fria, a intriga política é sempre secundária nos filmes do mestre do suspense. Polanski, que não cresceu num colégio de jesuítas como Hitchcock mas no gheto de Varsóvia, serve-nos fatias de bolo com sabor a uma vida fisicamente ameaçada, ameaçada não só por causa da presença do mal na vida privada, mas da perversão do poder público, dos ventos da História que a qualquer momento se transformam em tempestade. Ou então, retomando a metáfora do bolo, «as fatias de bolo» servidas por Polanski teriam um efeito de aguçar os sentidos, levando o espectador letárgico, como se tomasse um café forte, a ver com mais nitidez as marcas e as potencialidades do mal na vida quotidiana e na vida política.

Filme sobre a aparência do poder e as suas sombras, O escritor fantasma coloca em confronto não tanto a luz e a sombra, como seria de esperar de um filme do mainstream norte-americano, mas dois tipos de sombra, antagónicos e facilmente confundíveis: a sombra dos sem poder (o «escritor fantasma») e a sombra voluntária dos realmente poderosos (os serviços secretos). Neste filme rigoroso, em que nada é deixado ao acaso ou improviso, são de destacar as interpretações de Ewan MacGregor, Pierce Brosnan e Olivia Williams. Esta última, no papel da mulher do primeiro-ministro Adam Lang, compõe uma personagem forte e inesperada no universo de um realizador que frequentemente colocou no centro das suas histórias adolescentes vulneráveis e jovens mulheres inseguras.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Pianos e Ping-Pong!


A mesma organização que espalhou pianos pela cidade, teve agora esta ideia fantástica e espalhou mesas de ping-pong por todo o lado, chama-se Ping! Festival e o barulhinho das bolas de ping-pong aqui e ali é mesmo engraçado e dá à cidade um ar sempre em festa. Combina com a inauguração do projecto duas rodas que está a ser um sucesso... enfim, ideias engraçadas quando o regresso da Cornualha me fazia pensar que afinal não se pode viver em Londres com outros 10 milhões de habitantes e um sistema de metro para sempre em obras a combinar com a eterna renovação da canalização vitoriana. Estou quase reconciliada com a urbe! Se vierem cá não deixem de visitar o pavilhão da Serpentine em Hyde Park, é absolutamente fantástico e, claro, há por lá umas mesas de ping-pong também!

Zé Paulo, um exemplo da boa bd portuguesa

Retomando a rubrica dedicada à bd e ilustração, na qual falei há uns dias atrás do Zé Manel, cabe agora destacar outro Zé, o Zé Paulo.

José Paulo Abrantes Simões, seu nome civil, nasceu em 1937, em Lisboa e, como muitos artistas nativos, fez a sua formação na Escola de Artes Decorativas António Arroio (nem todos podiam ascender à universidade...). Tem uma obra abundante e, à imagem doutros colegas portugueses, publicou no estrangeiro, p.e., na revista alemã Pardon (várias bd's), em 1974. Porém, e segundo Geraldes Lino, a sua produção mais relevante saiu na revista Visão (1975/6). Para ela fez «várias obras de grande nível e variados temas, algumas delas realizadas em colaboração»*.
Embalado nesta onda criativa, estreia-se no formato de álbum em 1977, com aquela que se tornaria uma das referências da bd lusa do PREC, A direita de cara à banda (desenhada), recolha da rubrica «Os direitinhas», saída no jornal o diário, com o qual se identificava ideologicamente, enquanto militante comunista (vd. aqui). Ainda respeitante ao PREC, é dele uma das séries de cartazes cívicos mais interessantes da época, «Vão a escola? Não, vão votar» (1975), com o pseudónimo M. Tavares (para +inf. vd. aqui). Pelo estilo, suspeito que seja ainda o autor de muitos outros, como o da campanha do «suplemento alimentar» nas escolas públicas (do IASE).
Pouco depois escreve e desenha uma bd a preto e branco dedicada a Lisboa, Memórias do último eléctrico do Carmo (1979), originalmente editada no suplemento «DL Fanzine», do Diário de Lisboa.
Tal como Zé Manel, também colaborou com bd's para crianças na revista O Fungagá da Bicharada.
Participou ainda notras revistas/ fanzines portuguesas de bd (Lx Comics, 1991; Tertúlia BDzine; 2007; Eros, 2007; Efeméride, 2007-8) e com outros editores (episódio «Satanás 3, Deus 1» em Novas 'fitas' de Juca e Zeca, 2000).

Faleceu no final de 2008, vítima de cancro. Para quem estiver interessado na sua opinião sobre o início da sua fase mais profícua, pode ler esta entrevista ao autor.

*Abril águas mil e Os loucos da banda, no n.º 1; Fábula de um passado recente, no n.º 4; H20, no n.º 5; A batalha de Rzang, no n.º 7; Histórias que a minha avó contava para eu comer a sopa toda, nos n.ºs 7-9;  O espantalho, no n.º 8; A família Slacqç, nos n.ºs 9-10; O teu amor e uma cabana, nos n.ºs 11-12.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O buraco negro do Google

Trabalho descartável, tendência lusa

«Portugal é o terceiro país da Europa com mais contratos a termo», por Ana Rute Silva

Nova época de estrelas

cartoon de GoRRo (c) 2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Já se sabia que era um grande mosteiro, mas assim tão grande não

«Mosteiro de Alcobaça perde directora», por Ana Henriques

Ainda se espera pelo resultado final mas o caldinho está preparado há muito


cartoon de GoRRo (c) 2010
nb: acompanhe o evoluir do cozinhado em «A Federação deve despedir Carlos Queiroz?»

E já que é tempo de férias e viagem, eis outra boa exposição

Itinerário em 5 núcleos: 1. Turistas - o prazer e a arte de viajar; 2. A República e o turismo; 3. Turismo e identidade nacional: uma nova imagem para Portugal; 4. Os lugares turísticos e os projectos da República; 5. Férias em Portugal.

Local e prazos: Lisboa, no torreão nascente do Terreiro do Paço, até 26/X.

Cobertura pela imprensa («recortes») aqui.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Lá vai ela, formosa e segura


Uma interessante exposição, mesmo para quem não é fã, esta das Scooters da Colecção João Seixas, no MUDE - Museu do Design e da Moda, em Lisboa (junto ao Arco da R. Augusta), até 24/X.