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Uns anos mais tarde, já no 12.º ano, li no manual de Filosofia um poema de Torga: "Não sou livre, que nem a própria vida mo consente / mas a minha aguerrida teimosia / é quebrar dia-a-dia / um grilhão da corrente". Decorei-o e acompanha-me desde então, porque continua a fazer sentido para mim.
Mais tarde, ofereceram-me um livro de poemas de Miguel Torga. Li-o, gostei muito, mas perdi-o (coisa rara).
Recentemente, tomei conhecimento da sua actividade política de oposicionista à ditadura. Torga foi perseguido pela PIDE ( a Torre do Tombo já disponibilizou o volumoso processo). Renato Nunes publicou no passado mês de Maio um livro sobre Miguel Torga e a repressão aos escritores durante o Estado Novo, de que Daniel Melo falou aqui e aqui (blogue do movimento cívico Não apaguem a Memória!).
Vou voltar aos contos de Torga, ainda neste Verão, e reencontrar a sua poesia.
4 comments:
Se calhar Torga foi posto demasiado nos píncaros e normalmente quando é assim cai-se no esquecimento em pouco tempo (veja-se o Namora, por ex.), mas não há dúvida que Torga tem coisas muito interessantes. Gosto muito dos Novos Contos da Montanha, dos diários, de alguma poesia,...
A serie que Moita Flores produziu do livro,Quando os lobos uivam,para a RTP é muito interessante.Não ficava nada mal á estação pública que,porque já passou algum tempo,voltasse a transmitir a mesma.
Quando os lobos uivam (1958) é de Aquilino Ribeiro, outro grande escritor português do século XX, também ele oposicionista ao Estado Novo. Aliás, esse romance valeu-lhe na época um processo criminal, sendo acusado de «a coberto da ficção literária» «desacreditar as instituições vigentes».
Eu sei que é de Aquilino Ribeiro,no entanto retrate o Portugal Profundo que está presente em várias obras de Miguel Torga,seria bom que tambem fosse adaptado para televisão algumas obras de Torga.
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