sexta-feira, 25 de junho de 2010

O povo exposto

Inaugurou no sábado passado uma das melhores exposições mostradas aqui no rincão (e não só). Chama-se POVOpeople, tudo pegado, para parecer mais moderno, e tem bons trunfos.
Registe-se alguns deles: muita criatividade, na concepção, montagem e selecção de materiais. Uma excelente articulação entre textos, arte e audiovisual (respectivamente comissariados por José Neves, João Pinharanda e Diana Andringa). Uma apropriada interactividade, presente, por exemplo, na cabine de fotos tipo passe, onde se pode tirar fotos gratuitamente, que figurarão de seguida numa grande tela de final de mostra, quadriculada em dezenas de televisores.
Além disso, e facto invulgar por cá (e não só), a exposição vem acompanhada por um catálogo transpirando arte 70's (embora de difícil leitura e arrumação...) e por 3 livros: Como se faz um povo (ensaios de história contemporânea de Portugal); A política dos muitos (antologia de textos teóricos sobre a temática do sujeito colectivo); e O que é o povo (colectânea de depoimentos de políticos, gestores, intelectuais e artistas portugueses). Os dois primeiros arriscam-se a tornar obras de referência (bom, eu sou suspeito pois colaboro no primeiro, por isso, podeis folhear numa livraria estes livros da tinta-da-china e avaliar por vós mesmos).
Para finalizar, uma instalação de Pedro Cabrita Reis à beira-rio, no seu estilo conceptual-desconstrutivo, que já deu origem a inesperados mal-entendidos... Em época de pato-bravismo, este perfil de obra está mais exposto a equívocos indesejados, é o que é...
A coordenação geral coube a José Manuel dos Santos (director cultural da Fundação EDP), que está de parabéns, pela aposta, pelo arrojo, pela oportunidade. Esperemos que outras mostras do género acompanhem esta, nós merecemos!

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