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quarta-feira, 11 de abril de 2012

O grau zero da argumentação

Quando um ministro diz que fecha uma das melhores maternidades do mundo e recentemente alvo de obras de vulto por ser um «hospital monovalente» só nos resta uma coisa: o repúdio veemente. As reacções de indignação sucedem-se: ontem realizou-se uma concentração, a blogosfera desmultiplica-se em denúncias e a oposição política começa a fazer o seu trabalho. Contra esta lógica de rasura da história e de imposição dum mundo quadrado, econometrizado.

O anunciado encerramento injustificado da Maternidade Alfredo da Costa é mais um indício duma estratégia de desqualificação do Serviço Nacional de Saúde, uma das bandeiras da democracia portuguesa.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Lembram-se da frase «dizer a verdade»? Novamente quem paga é o mexilhão: onde está a justa redistribuição dos custos?

Anteontem diziam: os cortes nos subsídios de férias e Natal só vigorarão em 2012 e 2013.

Ontem disseram: «À semelhança do que o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, já tinha dito ontem, Vítor Gaspar salientou que o corte do 13º e 14º meses é temporário e vigorará apenas enquanto durar o programa de assistência económico-financeira, ou seja, até final de 2013».

Hoje dizem: «Função pública: Primeiro-ministro diz que subsídios de férias e Natal só serão repostos em 2015» (politiquês retorcido que significa que também vão retirar os subsídios salariais à função pública e aos reformados em 2014).

Que credibilidade tem um governo destes?

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mano, respeita as tuas raízes, já que não tens vergonha na cara

«Sarkozy diz que há demasiados estrangeiros em França».

E que tal começar por si e a sua família?

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A meter água desde 2010 (pelo menos)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Pieguice, chorinho ou submissão aos poderosos

***Neste estaminé temos cardápio para todos os gostos. Não nos contentamos com pratos únicos: temos vários, e combinados, para estômagos cosmopolitas! Nesta estação propomos o ratatouille troikó passos, com alho porro, couves-de-bruxelas, muita parra verde e umas ervinhas secas submissas. Bon appetit!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Enciclopédia do boy júnior

É um trabalho de sapa aquele que este blogue tem feito para nos revelar o maravilhoso mas intrincado mundo do assessor nova geração, pró-troika mas imune à partilha de penalizações salariais (isso é para o comum dos mortais).

Perante esta tendência com algum déjá vu, há quem ache que o perigo é a «esquerda caviar» ou, na expressão mais chã de Fátima Bonifácio, a «esquerda champagne». É que esta, se fosse poder, seria a «nomenclatura da nova situação». E, temor dos temores, concretizaria a ameaça letal: «Não fariam parte [os seus amigos ricos socialistas], como eu faria, se isso acontecesse, dos lumpen intelectuais a ganhar 25 tostões para dar dez horas de aulas por dia».

Pessoas como a insigne historiadora do século XIX dizem-se há muito vacinadas contra o esquerdismo dos anos 70, em que militou cegamente. No seu armário, contudo, é só fantasmas desse período. Aqueles que assim se expressam vivem todos nesse passado, como se não tivessem vivido mais nada, como se não houvesse mais referenciais do que um certo pensamento dualista desse tempo.

Entre o real e o imaginário, há todo um campo de opções. Optar pelo cenário mais inverossímil para neutralizar o dissenso político actual (ou, simplesmente, para evitar alongar-se sobre a situação actual) não deixa de ser o mais irónico possível para alguém que se «pela» por polémicas, gosta de política e se afirma provocadora.

Nb: para ler outras pérolas vd. aqui.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Um presidente falido...

... de decência.
De decência, simplesmente.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

The show must go on: na Madeira continua a dar-se «tolerância de ponto» para se ouvir o pai dos povos na tv, como se nada tivesse ocorrido entretanto

«Jardim dá tolerância a funcionários para assistirem à posse do governo pela televisão»

domingo, 30 de outubro de 2011

Crise temporária deve tratar-se com empobrecimento estrutural?

Essa parece ser a receita do actual governo português, seguindo a prescrição da farmacêutica Merkel.

Além da receita só servir para piorar a saúde do paciente, o modo como foi apresentada é demagógica e subreptícia.

Demagógica, porque se busca passar a ideia do corte dos 13.º e 14.º salários na função pública como medida justa para reduzir os privilégios dos funcionários públicos, dando a entender que a nossa crise, e a da dívida soberana, é exclusivamente da dívida pública. Contra as falsidades, é preciso repetir: no essencial, tal dívida é dos sectores privados dos países europeus com problemas, como muitos peritos já o disseram, incluindo o social-democrata Silva Peneda (cf. aqui). É verdade que existe uma discrepância entre público e privado a nível salarial, mas ela deve-se unicamente a 2 factores (como refere o historiador económico Pedro Lains aqui): uma maior redistribuição nos salários na base (até €1500, i.e., dos «administrativos») e a igualdade salarial para homens e mulheres. Pois é, no privado nem isso é cumprido, em pleno século XXI e é aí que estão das desigualdades salariais mais imorais. Então é para compensar essas iniquidades existentes nos privados que se faz tais cortes no público?

Subreptícia, porque a intenção é reduzir as remunerações de todos os assalariados (incluindo os do privado) e pensionistas em termos estruturais, começando pelo mais fácil. Sim, porque os do topo continuarão a ver crescer os seus vencimentos. No final desta semana, o ministro Relvas e o premiê assobiaram ao de leve nesse sentido: Relvas afirmou candidamente, como se enunciasse apenas um dado de cultura geral, que «Muitos países da União Europeia - cito-lhe a Holanda, a Noruega, a Inglaterra -, vários países da UE, só têm doze vencimentos». Esqueceu-se de dizer o resto: que aqueles países são dos que têm os salários médios anuais mais altos da OCDE, enquanto Portugal é dos que estão na cauda! A agenda vem toda desmontada no artigo «Governo abre a porta a mexidas nos subsídios do sector privado», do jornalista João Ramos de Almeida (vd. tb. caixas adjuntas). Nele se incluem os dados salariais, retirados do site da OCDE (vd. aqui os resultados por país).

Sobre os cortes, a sondagem do Expresso de sábado mostra um repúdio maciço: o tiro saiu pela culatra.

Nb: para quem quiser saber realmente que regime salarial vigora na Holanda, Noruega e Inglaterra pode ler este oportuno post.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O PREC de Passos Coelho

Também se chama PREC mas tem zero de glamour, ao invés do anterior. Agora, a sigla significa um abstruso Processo Reincidente de Estreitamento do Cinto.
Já não bastavam os cortes anteriores incidirem sobretudo nas classes média e popular; agora, o saque foca-se no funcionalismo público, buscando dividir a sociedade com o agitar do preconceito sobre os alegados privilégios do emprego público, omitindo-se o universo de situações que ele incorpora e o seu perfil (vd. post mais acima).
Sobre alternativas equitativas, vale a pena estar atento às que vão surgindo, como esta: «OE 2012: indignação e responsabilidade», por Paulo Trigo Pereira. Eis um excerto central do seu argumento:
A que defendo, seria uma situação mista (C) em que se cortaria apenas o 14º mês aos funcionários públicos e se aplicaria um imposto extraordinário a todos os rendimentos, incluindo uma subida da taxa liberatória sobre rendimentos de capitais de 0,5 pontos. Comparemos (A [proposta do governo]) com (C). Bem calibrado, o impacto no défice e na procura agregada seria o mesmo, sendo que em (C) a redução do défice se faria quer do lado da receita quer da despesa. A repartição de sacrifícios, no cenário proposto, cairia ainda sobretudo nos funcionários públicos, mas agora todos contribuiriam para o esforço nacional. Um argumento a favor da proposta do Governo, para quem defende um aumento da competitividade através da baixa de salários, é que esta redução brutal nos salários públicos induzirá semelhante comportamento no privado. É falacioso porque em média vai haver sempre diminuição de salários e subida do desemprego no privado devido à recessão. A proposta aqui apresentada, sendo neutra do ponto de vista do objectivo do défice evita degradar a qualidade dos serviços públicos, através da fuga dos melhores qualificados.

Ainda agora, ouvindo o ministro Vítor Raspar, se verifica como o facilitismo (mas com programa político) foi a solução para mostrar resultados à troika. E aquele «percebe» reiterado, às tantas, torna-se cansativo, de tão enfatuado. «O que... es-tou a di-zer é.... que.... dê-me só um mo-men-to»....
Alguém é capaz de lhe espetar um alfinete, a ver se o homem acorda? Credo!!

sábado, 15 de outubro de 2011

Os 40 de Roma: como ser 'representativo' no meio de milhões?

É fácil: basta estar contra o status quo, que cidadãos comuns em centenas de cidades de todo o mundo se mobilizem com o único propósito de se manifestarem pacificamente contra a actual crise geral, causada pela depradação financeira e pela demissão dos políticos de turno. Um movimento que vem de trás, do Cairo a N. York.
Para a tv é um retrato demasiado 'parado' e pouco apelativo, então bora lá pegar em incidentes despoletados por um grupo de 40 indivíduos em Roma (ap. noticiário da RTPi e RTP2) e fazer deles a entrada-chamariz sobre o assunto. E ainda se admiram por haver cada vez mais pessoas desinteressadas dum canal público tal como ele tem sido (que não do serviço público, coisa distinta).
Felizmente, nem todos os media afinam pelo mesmo diapasão. A coisa é já tão óbvia que não dá para menosprezar como antes: isso mesmo surge bem ilustrado em «Os ‘sem poder’ estão a fazer História», entrevista a Saskia Sassen, estudiosa da globalização.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

É fartar vilanagem

Afinal a dívida da Madeira ao Estado português não é de €5800 milhões, como dizia Jardim e o seu sec.º regional do Plano e Finanças há 7 dias atrás, mas de €6328 milhões, anunciou esta noite o ministro das Finanças. Ou seja, uma diferença de quase €500 milhões.
Jardim dissera ainda que a dívida (directa) da região da Madeira não excedia os 60% do PIB da região, contrapondo-a à do Estado Português, que é 106% do PIB de Portugal, porém, o ministro das Finanças disse que a dívida da Madeira vale 123% do PIB da região, o dobro!!!
Ou seja, além de insultuoso e eleitoralista, Jardim é um demagogo incorrigível. Arrecada todas as receitas da região (sem ter que as repartir com as administrações central e local), mais compensações para os municípios, mais para as empresas públicas nacionais que operam na região, mais para a PSP, a Universidade da Madeira, a RTP-Madeira e um rol infindo de serviços. Não só não lhe chega o que recebe como supera em proporção o défice nacional, já para não falar do dos Açores, a outra região existente.
O buraco que criou representa 1/4 do tal «desvio colossal» no défice orçamental para 2010 que o governo português ainda há umas semanas imputava ao PS. O resto cabe às empresas públicas. Ou seja, 25% directamente ligado a apenas 5% da população nacional (enfim, ao seu manda-chuva).
Ainda há dúvidas de que o rei da Madeira anda a fazer pouco de todos os cidadãos portugueses?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Pé-ro-las do mi-nis-tro Ras-par

«Tem de se começar por reconhecer que é fundamentalmente diferente anunciar medidas de corte de despesa e efectivar cortes de despesa» [1-0 contra La Palisse]

«neste momento, essa possibilidade [novas subidas de impostos] não faz parte do cenário central» [prémio de encenação 2011]

«Existem sempre limites aos sacrifícios. Estou convencido que os limites que os portugueses estão dispostos a aceitar para resolver esta verdadeira crise nacional são elevados. Os portugueses estão determinados a fazer o que for necessário para superar a crise e para colocar Portugal num caminho de prosperidade e afirmação na Europa e no Mundo» [então, existem limites ou não?]

Fonte: «Medidas do lado da receita são as únicas concretizáveis em tempo útil».

quarta-feira, 2 de março de 2011

Citizen Murdoch, o manipulador global

Em 24 horas, quase metade da mídia britânica poderá ser comprada por um dos piores magnatas da mídia global. 
Rupert Murdoch explorou o seu vasto império midiático para forçar a guerra no Iraque, eleger George W Bush, espalhar ressentimento contra muçulmanos e imigrantes, alimentar o ceticismo climático e enfraquecer a democracia ao atacar impiedosamente políticos que não obedecem suas ordens. 
O controle sobre a mídia britânica irá expandir massivamente a influência do Murdoch em enfraquecer esforços globais pela paz, direitos humanos e o meio ambiente. O Reino Unido está em pé de guerra sobre as aquisições do Murdoch e até o governo aliado ao Murdoch está dividido ao meio, mesmo há horas de terem que tomar uma decisão. A solidariedade global impulsionou os protestos pró-democracia no Egito - agora ela pode ajudar a Grã-Bretanha. Vamos gerar um chamado global urgente contra o Rupert Murdoch. Assine a petição para os líderes do Reino Unido.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Se isto é lealdade institucional, ou «cooperação estratégica», vou ali e já venho...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O Pai Natal de Portugal, Boliqueime e Ilhas

Afinal, o Pai Natal existe! E não só existe como vive na Tugalândia, para gáudio dos seus residentes!!

Desde há umas semanas para cá que se vem confirmando: o presidente Cavaco Silva é só coisas boas para todos os seus compatriotas. Está a chover? Não faz mal, rega a horta. Faz frio? Ajuda a manter a pele do rosto esticadinha. E por aí fora.

Hoje foi a vez do seu frente-a-frente com Manuel Alegre, na RTP1. E, novamente, se viu o senhor-tudo-de-bom-peace-and-love.

Alguns exemplos. Quanto à crítica de Alegre de que é cúmplice do projecto de direita de esvaziamento do Estado social em Portugal, Cavaco riposta que ele não está a destruir o Estado social e que o oponente anda a enganar os nativos nesse particular. Se lhe perguntam se é a favor das taxas moderadoras, responde que é a favor duma saúde pública de qualidade para todos. Sobre o BPN e a promiscuidade entre política e negócios, o problema é a actual administração do banco que não fez uma recuperação rápida, à inglesa. Em suma, é tudo ao lado.

Não sei se uma atitude assim seria aceitável em países com debates incisivos, como os EUA, o Reino Unido ou o Brasil. Parece que por cá ainda vale. É a mística dos sempre-em-pé, de que é feito também o Pai Natal. Pois claro. Então não vai aparecendo, um bocadinho todos os anos, para não se cansar muito? Ai os votos, os votos. Meus ricos sofás de Belém...