sábado, 19 de julho de 2008

Languedoc, porque há dias assim.

Andava eu à procura do Peidoque perdido (by the way o "Le P'tit Canon" está vivo e recomenda-se, como eu suspeitava mudou-se para outra freguesia, na circunstância a 17ª, mas eu dei com ele, continua autêntico como antes, e com bastante mais espaço, mas isso agora não interessa nada) - perdão - andava à procura do Pays d'Oc perdido, para descobrir que o Pays d'Oc é afinal uma designação vaga e indefinida, no que toca ao vinho pelo menos. Pensaria então que Languedoc seria ainda mais vago e indefinido, pois se Pays d'Oc quer dizer o País da Occitânia e Languedoc a Língua da Occitânia, seria de esperar que se um território ou país fosse definido pelo menos com umas fronteiras geográficas, enquanto que a língua pode ser falada em territórios e por gentes mais difíceis de delimitar. Nada mais errado. Aliás, nunca tentem perceber o que quer que se passe em França com uma abordagem lógica, simples e linear (eles não gostam). Tudo isto para dizer que, nas minhas pesquisas sobre vinho francês, me chegou ao conhecimento a existência da região demarcada do Languedoc, também denominada de Roussillon, que é bem concreta e definida. Na minha escala cartesiana de classificação dos vinhos franceses, Bourgone nas abcissas e Bordeaux nas ordenadas, ou vice-versa, o Languedoc é o vinho mais equilibrado que já encontrei, diria mesmo que leva uma pontuação de 2,5:2,5. Não é nem muito escuro nem muito claro, nem demasiado leve nem demasiado pesado, robusto que chegue, com uns aromas agradáveis, enfim... equilibrado. É assim uma espécie do vinho ideal para aqueles dias especiais que têm de especial o facto de não terem nada de especial. Há dias assim. Há dias que não sabemos se somos de esquerda ou de direita, não sabemos se queremos ver um jogo de futebol ou ler um livro erudito, não sabemos se vai chover ou fazer sol, se o trabalho ata ou desata. Principalmente não sabemos se queremos carne ou peixe para o jantar, nem se vai ser cozido ou grelhado. E nesses dias, e há dias assim, acabamos sempre numa decisão salomónica, em que nos damos à cozinha criativa e conseguimos meter um chouriço no bacalhau. O difícil é escolher o vinho que vai com o prato acabado de nascer, nesses casos porque não experimentar um Languedoc? Tem a vantagem de ir bem com tudo, contudo. Há apenas um preceito a ter em atenção, quando se bebe um Languedoc, é bom que seja à base da cepa Grenache, e menos de 80% não é aceitável. E se tiver que escolher uma denominação eu iria para o Fitou, mas lá está, eu ainda conheço muito poucas denominações do Languedoc.

2 comments:

Fernando Vasconcelos disse...

Ora bem a minha costela francesa revolta-se contra este post. Então quer fazer um gráfico com vinhos? Juntar matemática à poesia ? Isso é que não pode ser de todo ... Na minha família bebíamos frequentemente Languedoc mas sinceramente não me lembro da denominação. Sei que tinha um rótulo preto ... vou ver se em alguma das fotos de família encontro uma garrafa inadvertidamente fixada :-)

Zèd disse...

Lamento mas a minha veia analítica é um defeito de formação, tem que ser mesmo na base do estudo sistemático e metódico. Mesmo o vinho.

Toda a informação sobre essa denominação Languedoc é bem vinda.