quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O flamenco-jazz de Chano Domínguez

Sebastián Domínguez Lozano, ou simplesmente Chano Domínguez, é hoje reconhecido como o melhor pianista de jazz da Espanha, ou melhor: do flamenco-jazz (ou vice-versa, como queiram). Domínguez faz uma perfeita fusão do jazz com o flamenco. De seu piano magistral, alegrías, bulerías, tangos, tanguillos, soleás e fandangos ganham uma sonoridade inovadora e ousada quando miscigenada ao jazz. Com ele, flamengo e jazz têm DNA próprios. Ouví-lo é quase uma obrigação.

Muitos dizem alhures que Domínguez é o pai do flamenco-jazz. Mas isso não corresponde à realidade. Na verdade, esse namorico teve início no fim dos anos de 1950, quando alguns jazzistas norte-americanos começaram a se interessar pela música tradicional espanhola. Entre eles, destaco Miles Davis e Gil Evans ao gravarem “Blues of Pablo”, um dos temas do álbum Miles Ahead (1957).

Em 1959, veio a música “Flamenco Sketches”, do mítico Kind of Blue, e logo em seguida, em 1960, o disco Sketches of Spain. Já pelo lado espanhol, não posso deixar passar em branco o nome de Paco de Lucia, que juntamente com Al di Miola e John McLaughlin gravou uma das obras-prima da música: o álbum Friday Night In San Francisco (1980). Como se vê, o namoro entre o flamenco e o jazz é antigo. Mas o que menos importa neste caso é quem é o pai desta criança maravilhosa. Vamos ouvir Chano Domínguez sem qualquer pudor. A boa música é quase sempre bastarda.

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