O presidente francês - mailo seu pressuroso ministro da Imigração e da Identidade Nacional (sic) Éric Besson - acha que o debate sobre a identidade nacional é necessário.
Eu não podia, se o texto acabasse aqui, estar mais de acordo com Sarkozy. E até podia continuar 100% de acordo, se retirasse certas frases do seu contexto:
É com esta política da avestruz sobre a identidade nacional que deixamos o terreno livre para todos os extremismos".
Mas o contexto é tudo - e o debate necessário de que agora se fala é pura poeira atirada para os olhos (de la poudre aux yeux). A identidade nacional de Sarkozy é baseada na exclusão da diferença cultural, a qual diferença é logo amalgamada com o extremismo religioso (junto à conversa sobre a identidade nacional vem agora, como "soundbyte", a conversa sobre a proibição da "burka" na rua).
Pois é: eu não podia estar mais de acordo com Sarkozy. A identidade nacional tem de ser debatida. Mas não porque esteja demasiado ameaçada. E o debate teria de ser todo diferente, não telecomandado pelo ministro da expulsão dos imigrantes (é o verdadeiro nome do ministério).
Política da avestruz é não perceber que a identidade nacional entrincheirada em si mesmo, na tal da aldeia global, para além de ser uma forma vil de fazer salivar o eleitorado xenófobo, se torna em mais uma forma de comunitarismo.
PS: continuando a descarregar a bílis, sugestão de lema épico para o sarkozysmo (não só francês) em versão europeia. Extraído dos Lusíadas, canto I, estância 64, fala Vasco da Gama:
"não sou da terra, nem da geração
das gentes enojosas de Turquia,
Mas sou da forte Europa belicosa"
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Eu não podia estar mais de acordo com Sarkozy
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1 comments:
É a "atitude politica de avestruz" do eleitorado, que deixa o terreno livre para o extremismo do Sarkozy
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