terça-feira, 12 de agosto de 2008

Um empate com sabor de derrota. E a Bolívia continua dividida.

Ao contrário do que se imagina, o referendo revogatório realizado no último domingo e que confirmou a continuidade do presidente Evo Morales e de 8 dos 9 governadores do país, não servirá para a reconciliação e pacificação do país andino, como esperam alguns. Independentemente dos números, esse resultado mostrou que a Bolívia continua dividida entre pobres e ricos. Entre a esquerda e a asquerosa direita xenófoba e golpista, contrária a qualquer mudança nas relações sociais e econômicas.

Se de um lado, Morales e seu vice-presidente, Álvaro García, foram ratificados no poder, com mais de 60 % votos, por outro, os governadores direitistas de oposição da chamada Meia Lua, principalmente os departamentos de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija - responsável por mais de 80% do PIB nacional - também se sentem fortalecidos, pois tiveram o mesmo êxito e continuarão com suas exigências de maior autonomia em relação ao governo central, postura que poderá levar o país a uma desintegração, separando o lado rico do lado miserável.

Se o ocidente boliviano (o lado mais pobre) permitiu a Morales superar os 54% que obteve na eleição presidencial de 2005, o oriente (o lado mais rico) devolveu na mesma moeda e sai dessa disputa com força suficiente pra endurecer o “diálogo” frente ao poder central, dificultando qualquer tentativa de unidade nacional. Sob uma ótica política, o que aconteceu na Bolívia foi um resultado com desdobramentos ainda imprevisíveis e talvez catastróficos para o pais e região. Em outras palavras: se Morales ganhou nova legitimidade para governar, os seus opositores mais ferrenhos também saem desse referendo com força suficiente para impedí-lo que presida um país de unidade nacional. A rigor, um empate que deixa tudo como está.

2 comments:

Anónimo disse...

uma análise curiosa: uma vitória que é um empate com sabor a derrota. Só ganha quem receia menos partir os dentes.

Sappo disse...

É isso mesmo, meu caro anónimo. A política tem uma lógica própria e pouco exata. Principalmente a latino-americana