Se de um lado, Morales e seu vice-presidente, Álvaro García, foram ratificados no poder, com mais de 60 % votos, por outro, os governadores direitistas de oposição da chamada Meia Lua, principalmente os departamentos de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija - responsável por mais de 80% do PIB nacional - também se sentem fortalecidos, pois tiveram o mesmo êxito e continuarão com suas exigências de maior autonomia em relação ao governo central, postura que poderá levar o país a uma desintegração, separando o lado rico do lado miserável.
Se o ocidente boliviano (o lado mais pobre) permitiu a Morales superar os 54% que obteve na eleição presidencial de 2005, o oriente (o lado mais rico) devolveu na mesma moeda e sai dessa disputa com força suficiente pra endurecer o “diálogo” frente ao poder central, dificultando qualquer tentativa de unidade nacional. Sob uma ótica política, o que aconteceu na Bolívia foi um resultado com desdobramentos ainda imprevisíveis e talvez catastróficos para o pais e região. Em outras palavras: se Morales ganhou nova legitimidade para governar, os seus opositores mais ferrenhos também saem desse referendo com força suficiente para impedí-lo que presida um país de unidade nacional. A rigor, um empate que deixa tudo como está.
2 comments:
uma análise curiosa: uma vitória que é um empate com sabor a derrota. Só ganha quem receia menos partir os dentes.
É isso mesmo, meu caro anónimo. A política tem uma lógica própria e pouco exata. Principalmente a latino-americana
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