terça-feira, 26 de agosto de 2008

Vitória em toda a linha

Os Jogos Olímpicos foram um sucesso em todos as frentes para a ditadura chinesa. De boicotes nem se ouviu falar (o que até acho bem...). De protestos, de direitos humanos e do Tibete tampouco houve notícia (o que já me parece mal). Angela Merkel, entre outros, não foram à cerimónia de abertura, o que foi um bonito gesto, mas depressa passou ao esquecimento.
As medalhas de ouro, essas ficaram em casa, a R. P. da China deixou a concorrência a léguas. A organização parece ter sido impecável (afinal os chineses também percebem de logística, para lá das execuções em massa). Para cúmulo, daqueles fenómenos olímpicos que só aparecem uma vez por década, tipo Mark Spitz ou Carl Lewis, tivemos (pelo menos) dois - Michael Phelps e Usain Bolt - para compensar a pobreza dos últimos tempos, e garantir que os jogos de Pequim terão o seu lugar de destaque na história.
Acho que ninguém duvida que a motivação da R. P. da China de organizar estes jogos foi política (não é preciso debater este ponto pois não?). Tal como foi política a decisão de atribuir à R. P. da China a organização destes jogos. E a R. P. da China investiu a sério nesta organização, para aproveitar a oportunidade tão gentilmente concedida. Aproveitaram, e aproveitaram bem. Agora aturem-nos!


Nota - A ilustração é da Amnistia Internacional

2 comments:

Sappo disse...

Salve, salve Zèd.

40 bilhões de dólares gastos para conquistar corações e mentes. E conseguiram. Creio que estamos perto da nova revolução cultural chinesa.

Daniel Melo disse...

Oportuno post, Zèd.
Ficou-me na retina a presença destacada do presidente da China na cerimónia final dos mega-espectáculos de propaganda, a sós com o pres. do COI, quais comissários do povo numa sessão de reeducação das massas. Num país democrático, não acredito que tivessse havido aquele vontade pessoal e aquele destaque prolongado dado pela realização televisiva.
Só mais uma nota: houve alguma referência a iniciativas pró-Tibete, mesmo na imprensa mainstream, tendo até sido referido que tinha havido detidos que queriam participar numa manif em Pequim (pois a R.P. China criou um espaço para o efeito, mas depois prendia os cidadãos interessados...). ONG's internacionais como a AVAAZ organizaram iniciativas que tiveram muita adesão, como se pode ver aqui: http://www.avaaz.org/po/.
Além disso, houve logo bronca no início, com aquela tentativa de limitar o acesso à Internet para os jornalistas que iam cobrir o evento, tendo-se sabido que um dos sites que estava a ser interditado era o da Amnistia Internacional.