domingo, 30 de janeiro de 2011

Cortesia da Fox News

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O efeito dominó

Quem diria, apenas há umas semanas atrás, que a revolução tunisina iria contagiar toda a arábia? Ainda por cima, feita pelo povo, contra ditaduras que se eternizavam. Com coragem e dignidade. Com e pela internet e a Al-Jazira. Com e pela rua. Por direitos básicos, incluindo a paz e sem transições amnésicas.
Apesar de percalços perigosos, a liberdade está a passar por aqui...

Onde se devia cortar despesa

«Ajustes directos custaram 3,8 mil milhões de euros em 2010», por Luísa Pinto

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Olha, os juros da dívida estão a subir

Os juros da dívida pública portuguesa a dez anos estão a subir pelo segundo dia consecutivo (ver aqui). Se houvesse segunda volta das eleições presidenciais já sabíamos a explicação do professor Cavaco Silva, anunciada durante a campanha eleitoral: as segundas voltas sobem os juros da dívida. Como não há segunda volta, é legítimo perguntar: será uma reacção dos mercados à eleição presidencial?

PS: a minha pergunta era irónica, mas a realidade pode não o ser - os mercados são pouco dados a figuras de estilo. Ver aqui a notícia do El País sobre a vitória de Cavaco Silva. Uma citação: «El político equilibrado, comedido e institucional desapareció de un plumazo para dar paso a un orador resentido que descalificó a todos sus adversarios, sin excepción, en un tono tremendamente agresivo.»




segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Não nos esqueceremos, sr. presidente

«Serei um referencial de confiança, estabilidade e solidariedade» (Cavaco Silva dixit, 23/I/2011)

domingo, 23 de janeiro de 2011

Do horror

O escritor sueco Stig Dagerman colocou à entrada do seu romance A Ilha dos Condenados a seguinte epígrafe: «Há duas coisas que me enchem de horror: o carrasco dentro de mim e o machado por cima de mim.»

Também no meu país há muita gente cheia destes horrores. E ainda outros: a mesquinhez e o ressentimento exibidos na hora da vitória, a hipocrisia, a má fé, a indiferença perante o destino colectivo.

Mas…

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Dos homens e dos deuses

Nas montanhas da Argélia, um profundo discernimento, um tempo de reflexão conjunta, mostra-nos o filme Dos homens e dos deuses. Uma comunidade de monges que ameaçada por um grupo terrorista, encontra na urgência de uma decisão, partir ou ficar, tempo para pensar, para resolver em conjunto; que ao descontrolo da violência responde com a serenidade possível, assumindo a um tempo toda a impotência humana e a recusa de uma interacção baseada em relações de poder. E numa situação «sem escolha», aqueles homens abrem espaço para uma alternativa.
Filme inspirador bem para lá das montanhas da Argélia, num tempo das decisões apressadas, da urgência das escolhas e, sobretudo, na crença do afunilamento da capacidade de escolha. Há sempre outro caminho.

A Banda Sonora que se impõe

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Muda o disco e toca o mesmo

Uma peculiar relação com a despesa pública: vós poupais, eu gasto, a imprensa amocha, a coisa passará incólume.

As ligações perigosas de Cavaco: um esclarecimento definitivo, se ainda fosse preciso, sobre a particular fixação de um político não-político numa coisa distante chamada BPN, e que se declina em compra-vende, 140% e vivenda BPN.

A ideologia de Cavaco: o lugar da mulher na vida pública é... na cozinha, e, vá lá, no larzito, a cuidar da prole numerosa...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Cultura popular, ontem e hoje: o livro e a entrevista

O livro em apreço é A cultura popular no Estado Novo, editado pela Angelus Novus e que integra a colecção Biblioteca Mínima de História, dirigida por Rui Bebiano.
A entrevista a propósito da cultura popular, ontem e hoje, saiu hoje no blogue da mesma editora. Portanto, está fresquinha!

sábado, 15 de janeiro de 2011

A Intifada do Jasmin (e a Wikileaks)

Segundo a Wikipédia, a Revolução do Jasmin é também conhecida pela "Revolta Sidi Bouzid" ou "Intifada de Sidi Bouzid". E porque não a "Intifada do Jasmin"? Intifada é um levantamento popular, e esta é-o na mais genunina das formas. Mas, por trágica que seja - e é - a morte de Mohamed Bouazizi, há algo de poético nesta revolta que começa pelo acto desesperado de um homem que se imola pelo fogo e acaba na queda da ditadura de Ben Ali. Se esta revolta se vai transformar em revolução é o que vamos ver nos próximos tempos. E já agora uma pequena questão acessória que me parece interessante: Qual a importância das revelações da Wikileaks sobre o regime de Ben Ali no desencadear desta revolta? Há pouco ouvi Mansouria Mokhefi (especialista em política do Margrébe) na BFM TV referir que as revelações da Wikileaks foram largamente retomadas pela blogosfera tunisina. Haverá uma ligação entre as duas coisas?

A revolução de jasmin

Foi preciso quase um mês de luta para derrubar 23 anos de ditadura na Tunísia. Caiu com dezenas de mortes, mas de modo pacífico pelo lado do povo. A luta foi por coisas simples: pão, trabalho, habitação, liberdade. O ditador, Ben Ali, fugiu e foi-se refugiar na Arábia Saudita. Onde é que já vimos isto?

Agora, o primeiro-ministro (e actual presidente interino) anunciou eleições dentro de meio ano.

Para o Magrebe e o mundo, é uma boa notícia. Os povos árabes têm aqui um bom motivo de esperança. Já os seus líderes têm um bom motivo de reflexão. Esta mesma opinião é avançada por estudiosos árabes. Melhor ainda; subscrevemos por baixo.

PS: para quem gosta de paralelismos, que tal pensar nesta frase dum manifestante: «Have you ever seeen!? A president who treats is people like idiots!!!».

Mistérios de Lisboa - o livro

O filme Mistérios de Lisboa de Raul Ruiz conduziu-me para as páginas de Mistérios de Lisboa, o romance de Camilo Castelo Branco. A adaptação do livro acentua os aspectos fantásticos e oníricos que estão mais presentes neste título do que noutros, mas não de uma forma evidente. Menos fantástico do que o filme, o livro consegue ter um enredo mais mirabolante, personagens mais trágicas e um negrume com laivos de humor.

Na polémica tradicional entre «camilianos e «queirosianos», Camilo é por vezes apresentado como um autor passional contra um Eça de Queirós «cerebral». O que não é exacto, pois os primeiros e grandes romances de Eça, O Crime do Padre Amaro e O Primo Basílio são bastante passionais, romances de amores funestos onde se mata ou morre por excesso de amor ou de crueldade. A grande diferença é que as personagens de Eça – mesmo as mais trabalhadas como o padre Amaro ou a criada Juliana – dão um corpo a tipos sociais. Sabemos donde eles vêm e quando caem a sua trajectória é em grande parte explicada por razões sociológicas e psicológicas. A origem de muitas personagens de Camilo é obscura e pode sempre surpreender-nos. E a vida das personagens está sujeita a constantes mudanças interiores e exteriores. A qualquer momento podem enriquecer, cair na miséria, apaixonar-se, naufragar, mudar de nome e de profissão, converter-se ou perder-se. Eça pretende ser «objetivo», realista, na análise dos males da sociedade. Camilo usa a sua imaginação prodigiosa para exprimir os tormentos de múltiplas personagens indissociáveis de um mal estar social. Eça coloca-se acima das suas personagens. Camilo declara que as conhece do inferno – o que é metafórico – ou da prisão – o que foi por vezes factual.

Mistérios de Lisboa foi publicado em 1853, aos 29 anos, pelo autor que escreveria, em 1862, Coração, Cabeça e Estômago. A obra de 1953 é um expoente da fase do coração, que é uma das suas imagens recorrentes: «A suprema desgraça é o coração grande, a riqueza dos brios, o instinto do sublime, quando estes generosos sentimentos, esterilizados no embrião da pobreza, são como se não existissem.» (Livro Segundo, Capítulo II); «O que devia decidi-lo não eram os conselhos paternais do velho ministro de Luís XVIII; mas o coração, motor despótico de todas as molas da máquina humana, esse sim.» (Quarto, XII).

Eça podia, inicialmente, achar que era mais moderno do que Camilo por estar mais a par da filosofia, da política e da civilização europeia do seu tempo. Hoje sabemos que a modernidade de ambos está na suspeição precursora das verdades inquestionáveis acerca do homem e do seu papel na sociedade. Declara o padre Dinis, personagem de Mistérios..., à volta da qual se desenvolvem todos os enredos: «- Quem sou!...Duquesa, essa pergunta é-me feita há mais de cinquenta anos, tenho-me consultado para responder a ela, e nunca respondi ao meu próprio desejo de saber quem sou…» (Quarto, X). E interroga-se Alberto Magalhães, um dos nomes de uma personagem que finta sempre o destino até à tragédia final: «Quem eu sou? Pergunte-o à sociedade, e adopte a explicação que mais lhe convenha. Se me obriga a responder, por mim, digo-lhe que sou um misto de virtudes e de crimes.» (Quarto, XX)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Se isto é lealdade institucional, ou «cooperação estratégica», vou ali e já venho...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

São naturais mas com mãozinha humana cada vez mais notória...

... e quem o diz são os próprios cientistas:

«O planeta está mais vulnerável». Quase mil desastres naturais, 295 mil mortos, 100 mil milhões de prejuízos. O ano de 2010 foi um dos piores das últimas três décadas.

(entrevista da geógrafa Maria José Roxo a Ricardo Garcia)



terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Blasfémia: quando o Papa está do nosso lado isso é?

Evolução positiva da Igreja católica? Atrasos na conciliação entre vontade da maioria e direitos das minorias? Lição irónica de que religião e livre pensamento não têm que ser incompatíveis? Sinal dos tempos?
Formule a sua própria opinião lendo «Papa condena ataques a cristãos e pede ao Paquistão que revogue lei da blasfémia». Eu cá voto tripla...

Mistérios de Lisboa - o filme

Mistérios de Lisboa foi um dos filmes que marcou 2010 e será uma série de televisão a marcar 2011. O realizador chileno Raul Ruiz, que chega a este filme após um longo e marcante percurso no território fantástico, dá a conhecer Camilo Castelo Branco a muitos estrangeiros e permite aos portugueses vê-lo de um outro ângulo. Em primeiro lugar porque o romance que adapta não é o clássico Amor de Perdição, dado nas escolas portuguesas e objecto, pelo menos, de três adaptações cinematográficas, mas a obra de juventude de Camilo, escrita aos 29 anos, Mistérios de Lisboa. É um Camilo fascinado pelo seu poder de criar um universo povoado de personagens em ebulição, um Camilo que escreve mais com a imaginação do que, como fará mais tarde, com a memória de uma vida atribulada. Camilo narra uma memória imaginada que podia ser, na expressão de Camões, um «sonho imaginado», tão rocambolescas são as peripécias, tão insólitas são as personagens ou tão inesperadas as reviravoltas do enredo. A transposição do livro para cinema sublinha o filão onírico, insinuando que toda a história poderá ser um sonho do narrador, um menino que inicialmente é filho de pai incógnito, ou uma ficção que a criança constrói num teatro com personagens de papel.

Mas se o teatro é uma referência deste filme, como o é dos filmes de Manoel Oliveira inspirados pela obra e vida de Camilo Castelo Branco - Amor de Perdição e Francisca -, Raul Ruiz envereda por caminhos muito diferentes de Oliveira. O centenário realizador português, nessa fase camiliana pretendia um regresso aos primórdios do cinema declarando que este era apenas «teatro filmado», recorrendo por sistema ao plano fixo e pondo os actores a recitar textos, do modo mais imóvel e lento possível. Ruiz segue outro impulso primitivo neste filme, o de regresso às assombrações da lanterna mágica, lembrando que no início o cinema era luzes e sombras em movimento. As personagens são compostas de mudança – de palavras, de gestos, de corpos, de situação social. A nossa perspectiva sobre elas muda quase todos os minutos e a câmara está sintonizada com um mundo em permanente transformação, movendo-se com elegância, precisão e subtileza.

O filme possui um naipe de bons actores – alguns obrigados a interpretar as várias vidas de uma só personagem – e uma fotografia tão sensível às sombras de alguns cenários interiores como à beleza intensa de cenários exteriores localizados em Sintra ou no Alentejo. Trunfos na manga de um filme mágico que faz dos mistérios encenados no quarto de uma criança os mistérios de Lisboa e do mundo.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Democratizar a cultura em Portugal é preciso...

... e o próximo passo devia ser o da aprovação duma Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, pois falta a merecida consagração político-jurídica do papel central destes institutos da democracia e centros polivalentes de cultura.
A proposta é do Bloco de Esquerda, mas, independentemente da sua proveniência político-partidária, o que conta é que a iniciativa representa um consenso progressista, donde, vai ao encontro duma larga base de apoio.
Ademais, o projecto de lei que lhe subjaz é de grande rigor, exigência e qualidade. Recomendo a sua leitura, pois está, de facto, muito bem elaborado.
Para quem quiser saber mais detalhes, pode ir amanhã à audição pública no parlamento (aud.º da Casa Amarela, às 11h). O projecto de lei 468-XI, da Criação da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, será apresentado pelo líder da bancada parlamentar, José Manuel Pureza, e pela deputada Catarina Martins, especialista na área cultural. Na sessão estarão presentes os peritos Maria José Moura e Henrique Barreto Nunes, bem como representantes da Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas.
A ser aprovada esta iniciativa, estaremos perante o fecho duma aventura iniciada há mais de 1/4 de século, em meados dos anos 1980, uma faceta de que a democracia se pode orgulhar.

Agenda cultural

O início do ano é sempre um tempo mais ou menos penoso, excepto quando se preenche a agenda nova e se começa a programar o que fazer. A minha agenda já tem um círculo à volta do dia 5 de Maio - Paolo Conte no CCB.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Uma boa proposta, agora só falta aprová-la e assegurar retribuição pelo trabalho

Malangatana Valente Ngweny (1936-2011)

Faleceu ontem Malangatana, um dos mais conhecidos e admirados pintores moçambicanos.

Para quem o quiser revisitar em Portugal, estão actualmente patentes duas mostras com obras dele: «Novos Sonhos a Preto e Branco», na Casa da Cerca, em Almada, com desenhos inéditos; e «As Áfricas de Pancho Guedes», no Mercado de Santa Clara, junto à Feira da Ladra, em Lisboa.

Obituário a ler em «O pintor da identidade moçambicana», por Sérgio C. Andrade.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Debatendo a construção da cidade

Em boa hora surge este Colóquio Políticas de Habitação e Construção Informal (14/I, ISCTE-IUL, aud.º B203, Edifício II).

O referido evento inclui ainda a exibição de documentários na Casa da Achada (vd. o programa).

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Agora a sério...

Já está disponível de forma universal e gratuita a legislação portuguesa publicada em Diário do Governo / Diário da República desde 5/X/1910. Uma coisa inimaginável ainda há poucos anos. Mais, passaria despercebido se não fôssemos nós, sempre na vanguarda do serviço público internético-blogosférico-ufa.
É uma ferramenta única para estudiosos e demais masoquistas desta pátria. É favor conferir aqui.
Parece que, afinal,  o dvd de baixo fica só para coleccionadores. Ainda assim, valeu a informação especial para esse nicho tão simpático de cidadãos.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Você não vai querer perder!

Um dvd histórico que não pode deixar de adquirir, mesmo que já tenha passado o Natal e o subsídio de férias, para alguma coisa serve o crédito ao consumo...

Falo-vos do dvd Diário da República 2000-2009!!!

Além do mais, tem desconto de 50% sobre o preço. Simplesmente imperdível.

Do que é que está à espera?

domingo, 2 de janeiro de 2011

Dez filmes de 2010

Os dez melhores filmes que vi em 2010 foram:

Lola, de Brillante Mendonza;

O laço branco, de Michael Haneke;

O Escritor Fantasma, de Roman Polanski;

Dos homens e dos Deuses, de Xavier Beauvois;
Mistérios de Lisboa, de Raúl Ruiz;

Inside Job, de Charles Ferguson;
Líbano, de Shmulik Maoz;

Facebook, de David Fincher;
O Mágico, de Sylvian Chomet

Nota: não consegui ver o Filme do Desassossego, de João Botelho. Gostei muitíssimo, e só não os incluí na lista porque não me deu na mona, de Shutler Island, de Scorsese, e Gigante, do promissor Adrián Biniez. A Origem, de Christopher Nolan, parte de uma ideia genial e o resultado fica muito abaixo das suas potencialidades. Achei piada a Histórias da Idade de Ouro (em romeno «Amintiri din época de aur»), de Christian Mungiu, Whatever Works, de Woody Allen, Greenberg, de Noah Baumbach.

Polícia sem lei, de Werner Herzog;