A mais prestigiada revista científica na áreas das ciências biomédicas, a Cell, publicou dois artigos importantíssimos no seu mais recente número. O primeiro artigo relata a descoberta de uma proteína do sémen humano envolvida na infecção pelo HIV pela via sexual (a mais frequente). O segundo artigo descreve a descoberta de uma outra proteína envolvida na evolução da infecção da Malária. O que estes dois artigos têm de promissor é a descoberta de peças importantes no puzzle da infecção do HIV ou da Malária ao nível molecular. A prazo estas descobertas poderão conduzir ao desenvolvimento de novos medicamentos que possam ajudar a controlar as epidemias de SIDA e de Malária. Estas epidemias são seguramente os maiores problemas de saúde pública em África. Com um pouco de sorte as populações africanas vão beneficiar destas descobertas. Com um bocado de azar serão as grandes multinacionais da Indústria Farmacêutica quem vai tirar dividendos.
Note-se que estes dois artigos resultam do trabalho de investigação financiado pela União Europeia, pelo governo da Baixa Saxónia, pela Fundação Volks Wagen, pela Fundação Wilhelm-Sander, e pelo NIH dos EUA, o primeiro, e o segundo artigo pelo Welcome Trust e o Medical Research Council (ambos do Reino Unido) e pela União Europeia. Tudo organismos públicos ou (uma minoria) fundações beneméritas, nenhuma empresa farmacêutica contribuiu. Naturalmente. Ainda se está longe de descobrir medicamentos que possam ser eficazes, mas dão-se passos nessa direcção. E, obviamente, se estes passos não forem dados, nunca se chegará a descobrir medicamento nenhum. Mas isso não são coisas que preocupem as farmacêuticas. Quando se estiver perto dum medicamento eficaz, aí sim, elas entrarão finalmente em cena. Hão-de desencantar uma patente qualquer e colher os dividendos. Chegada essa hora a investigação que foi agora publicada, e que abriu o caminho, não terá peso rigorosamente nenhum na atribuição das patentes. Dirão as farmacêuticas que não teve contribuição directa para desenvolver o medicamento. E contra patentes não há argumentos. Hão-de estabelecer monopólios e recolher os lucros. As epidemias em África, essas talvez não mudem muito...
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Note-se que estes dois artigos resultam do trabalho de investigação financiado pela União Europeia, pelo governo da Baixa Saxónia, pela Fundação Volks Wagen, pela Fundação Wilhelm-Sander, e pelo NIH dos EUA, o primeiro, e o segundo artigo pelo Welcome Trust e o Medical Research Council (ambos do Reino Unido) e pela União Europeia. Tudo organismos públicos ou (uma minoria) fundações beneméritas, nenhuma empresa farmacêutica contribuiu. Naturalmente. Ainda se está longe de descobrir medicamentos que possam ser eficazes, mas dão-se passos nessa direcção. E, obviamente, se estes passos não forem dados, nunca se chegará a descobrir medicamento nenhum. Mas isso não são coisas que preocupem as farmacêuticas. Quando se estiver perto dum medicamento eficaz, aí sim, elas entrarão finalmente em cena. Hão-de desencantar uma patente qualquer e colher os dividendos. Chegada essa hora a investigação que foi agora publicada, e que abriu o caminho, não terá peso rigorosamente nenhum na atribuição das patentes. Dirão as farmacêuticas que não teve contribuição directa para desenvolver o medicamento. E contra patentes não há argumentos. Hão-de estabelecer monopólios e recolher os lucros. As epidemias em África, essas talvez não mudem muito...
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2 comments:
Salve, Zèd.
É reconfortante saber que, apesar das incontáveis decepções na busca por uma vacina contra o HIV, a Ciência não desistiu de procurar a cura definitiva da Sida. Já sobre a malária, parece-me que a Agência Européia de Medicamente já tem pronta a primeira geração de uma vacina, que já deverá ser aplicada em criança africanas agora em 2008. Acredita-se que ela poderá abrir o caminho para o controle definitivo da doença. Boas notícias estas.
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